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CAPÍTULO 2 − DANÇA E EDUCAÇÃO FÍSICA

2.2 CONCEITOS E CARACTERÍSTICAS DA DANÇA

Sendo a dança fruto das necessidades de expressão do homem, como

afirma Faro (2004), quando se menciona o termo ‘dança’, cada pessoa pode atribuir a ele um valor, um conceito ou uma característica específica, pois o mesmo acaba abrangendo um universo bastante amplo.

Quando a dança é pensada, ela apresenta uma forma, um padrão que pode ser classificado em quatro formas distintas: étnica, folclórica, social e teatral, que historicamente descendem uma da outra.

As danças étnicas são manifestações expressivas dos povos, cujas características principais distinguem uma nação ou religião. Como por exemplo, a

tarantela, na Itália, a valsa, em Viena (Áustria), o tango, na Argentina, o samba, no

RANGEL, 2008). Essas danças são difundidas em outras nações e podem ser praticadas por outros povos que não os de sua origem. Porém, é importante ressaltar que as danças étnicas são consideradas como identidade nacional, e apesar de serem conhecidas mundialmente (como o samba e o tango), cada uma delas se desenvolveu como parte dos costumes e tradições de um povo.

As danças folclóricas são aquelas que abordam os costumes e tradições dos povos de uma mesma nação. Geralmente não são compostas para serem desenvolvidas em palco e sim em festas, eventos populares, festas típicas e épocas festivas. Vêm do povo e são transmitidas de geração a geração, e estão ligadas a determinados momentos da vida dos povos. Embora as danças folclóricas sejam preservadas pela repetição, gradualmente vão sendo transformadas com o tempo. São as danças que festejam a boa colheita, exaltam passagens importantes como as estações do ano, matrimônio, nascimento e morte.

No Brasil, as danças folclóricas são bastante ricas e, ao mesmo tempo, segundo Faro (2004), são pouco exploradas. De acordo com especialistas, o folclore brasileiro divide-se em dois grupos principais: o urbano – parte integrante da vida da população citadina e que está localizada principalmente na região Norte e Nordeste;

o rural – que se localiza na maior parte do Sul e Centro-Oeste, mas que se

desenvolve principalmente nos vilarejos e zonas rurais, fora do alcance dos grandes centros urbanos (FARO, 2004, p. 25).

Podem-se citar como exemplos de danças folclóricas a quadrilha, as

rancheiras, o maxixe, o maracatu, entre tantas outras manifestações que são a pura

exaltação dos costumes regionais do povo brasileiro.

As danças sociais ou de salão resultam da evolução da própria dança que seguiu o seguinte trajeto: o templo, a aldeia, a igreja, a praça, o salão e o palco. O salão inclui todas as danças que passaram a fazer parte da vida social dos nobres europeus da Idade Média em diante. Com a transferência de locais onde as danças eram realizadas, também houve uma distinção bastante acentuada entre as danças encenadas pela população menos favorecida e pela nobreza, que, por sua vez, utilizava a dança e não a relacionava a um evento distinto, como acontecia nas classes baixas. Os nobres consideravam-na como pura diversão. As danças de salão surgiram entre a nobreza europeia, porém são descendentes diretas das danças populares (FARO, 2004, p. 30, 31).

Os minuetos, as mazurcas, as valsas e as polcas são alguns dos registros das danças de salão das épocas da corte. Ao se pensar no mundo contemporâneo, pode-se indicar como danças de salão aquelas praticadas socialmente em festas e danceterias, como o forró, o axé, pagode e até o funk, denominadas pelos próprios gêneros musicais (DARIDO; RANGEL, 2008).

Pode-se também dizer que as danças de salão – sociais − são representações do povo e que, em sua maioria, representam uma moda passageira, ligada a determinada época de sucesso. No início do século XIX, por exemplo, as pessoas consideravam a valsa como sendo deselegante, em virtude de que exigia maior contato entre os pares. Hoje pode-se dizer que a lambada está fora de moda e que o funk é a nova sensação, até que surja um novo estilo para se dançar.

A dança teatral ou artística iniciou sua trajetória no século XVII, quando Luis XIV fundou a Academia Nacional da Dança, em 1661 (ainda em pleno funcionamento); porém, nos dias atuais ela é conhecida como a Escola da Ópera de Paris. Desde então, na França ocorre ininterruptamente a sucessão de professores e bailarinos “A dança teatral nasce como privilégio de uma nobreza vazia e fútil, que encontrava nos faustosos espetáculos uma forma de preencher o vácuo de sua existência”. (FARO,2004 p. 32). .

O ballet Comic de La Reine, de Beaujoieux, foi a primeira montagem

profissional do gênero, que, a partir do reinado de Luis XIV, ganhou maiores incrementos e transformou-se em espetáculo artístico. As danças artísticas ou teatrais têm como objetivo principal o entretenimento, ou seja, são encenadas com este objetivo, e os bailarinos são preparados com técnica previamente codificada e demonstram grande prazer em mostrar performances, técnicas, coreografias e espetáculos.

Entre as formas de dança teatral estão o balé clássico, a dança contemporânea, a dança moderna, o sapateado, os musicais, o jazz, entre tantas outras. É importante enfatizar que, atualmente, muitas danças folclóricas e étnicas são encenadas em palcos como espetáculo artístico, portanto, passam a ser classificadas como danças teatrais, pois o objetivo passa a ser a preparação cênica que entretém o público.

A história mostra que o progresso técnico, social e cultural caminha de mãos dadas com a dança; assim, suas inúmeras possibilidades e combinações não

poderiam ficar de fora da escola, como forma de movimento e, principalmente, como forma de conhecimento.

Existem diferentes estilos de dança presentes na sociedade: a dança do lazer, as coreografias dos grupos musicais, as danças de salão, das casas noturnas, as danças do carnaval, as danças vinculadas na mídia televisiva, assim como todas as artísticas e performáticas. As categorias descritas acima, embora de maneira resumida, servem como diretrizes para uma escolha propícia e diversificada que venha a compor os conteúdos desenvolvidos na escola.

No entanto, enfatiza Marques (2007), não faz sentido o professor propor algum desses estilos de dança na escola sem levar em consideração a quem ele está ensinando, sem estar atento aos aspectos sociais, cognitivos e motores dos alunos. Além do mais:

Os alunos na sala de aula têm seus próprios repertórios de dança, suas escolhas pessoais de movimento para improvisar e criar, assim como formas diferentes de apreciar danças trabalhadas em sala de aula ou sociedade. Para que possamos fazer escolhas significativas para nossos alunos e para a sociedade, seria interessante levarmos em consideração o contexto dos alunos. [...] Estes contextos nos dão elementos para a escolha de conteúdos (MARQUES, 2007, p. 32).

Acredita-se que os apontamentos da referida autora devem ser considerados, pois se o professor ficar atento aos contextos onde seus alunos estiverem inseridos, conseguirá trabalhar de forma dialógica com os pressupostos escolares e sociais. Nessa direção será ser um criador, articulador e interlocutor entre os contextos sociais e os conteúdos dançados, proporcionando-se, então, conexões reflexivas entre os conteúdos de dança, as representações sociais dos alunos sobre diversos estilos de dança e o conhecimento da área propriamente dito.

Dessa forma, muitos autores e educadores dedicam-se a estudar, conceituar e classificar a dança no processo de ensino formal, e a dança na escola passa então a ser denominada dança-educação.

2.3 A ESCOLARIZAÇÃO DA DANÇA E SUAS RELAÇÕES ENQUANTO