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6. AUDITORIA INTERNA NAS IFES

6.1 CONCEITOS E CLASSIFICAÇÃO

Este capítulo irá tratar sobre conceitos e classificações da Auditoria Interna, bem como sobre as normas para o exercício profissional do auditor interno.

6.1 CONCEITOS E CLASSIFICAÇÃO

A Norma Brasileira de Contabilidade TI (NBC TI) 01– Da Auditoria Interna, aprovada pelo Conselho Federal de Contabilidade, Resolução CFC 986, de 21 de novembro de 2003, dispõe:

A Auditoria Interna compreende os exames, análises, avaliações, levantamentos e comprovações, metodologicamente estruturados para a avaliação da integridade, adequação, eficácia, eficiência e economicidade dos processos, dos sistemas de informações e de controles internos integrados ao ambiente e de gerenciamento de riscos, com vistas a assistir à administração da entidade no cumprimento de seus objetivos. (CFC, 2003)

O Código de Ética e Normas de Auditoria da Intosai (2005) conceitua auditoria interna como “meio funcional que permite aos dirigentes de uma entidade receber de fontes internas a segurança de que os processos pelos quais são responsáveis funcionam com as probabilidades de ocorrência de fraudes, erros ou práticas ineficientes e antieconômicas reduzidas ao mínimo”.

O Instituto dos Auditores Internos, entidade de referência na profissão, define a auditoria interna como:

Atividade independente e objetiva de avaliação e consultoria, desenvolvida para agregar valor e melhorar as operações de uma organização. Auxilia a organização a alcançar os seus objetivos a partir da aplicação de uma abordagem sistemática e disciplinada para avaliar e melhorar a eficácia dos processos de gestão de riscos, controle e governança. (IIA, 2015)

Alinhada com as normas e práticas internacionais, o Referencial Técnico da Atividade de Auditoria Interna Governamental do Poder Executivo Federal, norma base que deve ser observada pelos auditores internos das IFES, traz a seguinte definição:

A auditoria interna governamental é uma atividade independente e objetiva de avaliação e de consultoria, desenhada para adicionar valor e melhorar as operações de uma organização. Deve buscar auxiliar as organizações públicas a realizarem seus objetivos, a partir da aplicação de uma abordagem sistemática e disciplinada para avaliar e melhorar a eficácia dos processos de governança, de gerenciamento de riscos e de controles internos. (BRASIL, 2017a)

Desta definição, extraem-se as duas principais atividades que devem ser desempenhadas pela Auditoria Interna, qual seja: avaliação e consultoria. Segundo o referencial:

17. Os serviços de avaliação compreendem a análise objetiva de evidências pelo auditor interno governamental com vistas a fornecer opiniões ou conclusões em relação à execução das metas previstas no plano plurianual; à execução dos programas de governo e dos orçamentos da União; à regularidade, à economicidade, à eficiência e à eficácia da gestão orçamentária, financeira e patrimonial nos órgãos e nas entidades da Administração Pública; e à regularidade da aplicação de recursos públicos por entidades de direito privado.

18. Por natureza, os serviços de consultoria representam atividades de assessoria e aconselhamento, realizados a partir da solicitação específica dos gestores públicos. Os serviços de consultoria devem abordar assuntos estratégicos da gestão, como os processos de governança, de gerenciamento de riscos e de controles internos e ser condizentes com os valores, as estratégias e os objetivos da Unidade Auditada. Ao prestar serviços de consultoria, a UAIG não deve assumir qualquer responsabilidade que seja da Administração. (BRASIL, 2017a, grifo nosso)

Os serviços de avaliação normalmente se materializam com as ações de auditoria propriamente ditas, nas quais se utilizam as técnicas de auditoria e cujo produto final é um relatório contendo recomendações ao gestor.

Em relação ao serviço de consultoria, sempre houve dúvidas por parte dos gestores sobre essa possibilidade, normalmente com viés jurídico. As atividades de orientação da auditoria interna não se confundem com as de consultoria e assessoramento jurídico, que competem a Advocacia-Geral da União e a seus respectivos órgãos e unidades, consoante estabelecido no art. 17, inciso II, Lei

Complementar nº 73/1993 (Lei Orgânica da AGU). Assim, na parte que ficou destacada na definição, esclarece-se que tais serviços de consultoria são possíveis, mas estão restritos aos assuntos estratégicos da gestão, como governança, gestão de riscos e controles internos, os quais os auditores internos devem possuir expertise e proficiência necessárias.

Quanto à classificação das auditorias realizadas no setor público, temos:

a) Auditoria de Avaliação da Gestão: esse tipo de auditoria objetiva emitir opinião com vistas a certificar a regularidade das contas, verificar a execução de contratos, acordos, convênios ou ajustes, a probidade na aplicação dos dinheiros públicos e na guarda ou administração de valores e outros bens da União ou a ela confiados, compreendendo, entre outros, os seguintes aspectos: exame das peças que instruem os processos de tomada ou prestação de contas; exame da documentação comprobatória dos atos e fatos administrativos; verificação da eficiência dos sistemas de controles administrativo e contábil; verificação do cumprimento da legislação pertinente; e avaliação dos resultados operacionais e da execução dos programas de governo quanto à sua economicidade, eficiência e eficácia.

b) Auditoria de Acompanhamento da Gestão: é realizada ao longo dos processos de gestão, com o objetivo de se atuar em tempo real sobre os atos efetivos e os efeitos potenciais, positivos e negativos, de uma unidade ou entidade, evidenciando melhorias e economias existentes no processo ou prevenindo gargalos ao desempenho da sua missão institucional.

c) Auditoria Contábil: compreende o exame dos registros e documentos e a

coleta de informações e confirmações, mediante procedimentos específicos, pertinentes ao controle do patrimônio de uma unidade, entidade ou projeto. Objetivam obter elementos comprobatórios suficientes que permitam opinar se os registros contábeis foram efetuados de acordo com os princípios fundamentais de contabilidade e se as demonstrações dele originárias refletem, adequadamente, em seus aspectos mais relevantes, a situação econômico-financeira do patrimônio, os resultados do período administrativo examinado e as demais situações nelas demonstradas. Tem por objeto, também, verificar a efetividade e a aplicação de recursos externos, oriundos de agentes financeiros e organismos internacionais, por unidades ou entidades públicas executoras de projetos celebrados com aqueles organismos com vistas a emitir opinião sobre a adequação e fidedignidade das demonstrações financeiras.

d) Auditoria Operacional: consiste em avaliar as ações gerenciais e os procedimentos relacionados ao processo operacional, ou a parte dele, das unidades ou entidades da Administração Pública Federal, de programas de governo, projetos, atividades, ou segmentos destes, com a finalidade de emitir opinião sobre a gestão quanto aos aspectos da eficiência, eficácia e economicidade, procurando auxiliar a administração na gerência e nos resultados, por meio de recomendações que visem aprimorar os procedimentos, melhorar os controles e aumentar a responsabilidade gerencial. Este tipo de procedimento auditorial consiste numa atividade de assessoramento ao gestor público, com vistas a aprimorar as práticas dos atos e fatos administrativos, sendo desenvolvida de forma tempestiva no

contexto do setor público, atuando sobre a gestão, seus programas governamentais e sistemas informatizados.

e) Auditoria Especial: objetiva o exame de fatos ou situações consideradas relevantes, de natureza incomum ou extraordinária, sendo realizadas para atender determinação expressa de autoridade competente. Classificam-se nesse tipo os demais trabalhos auditoriais não inseridos em outras classes de atividades. (CHAVES, 2011)

Para Castro (2011), da atuação da Auditoria Interna resultam, entre outros, os seguintes benefícios:

a) Identificação de situações onde ocorre excesso de controle, ocasionando dispersão dos esforços, morosidade nas operações e elevação desnecessária de gastos;

b) Identificação de situações onde os controles são inadequados, gerando risco (perdas/prejuízo) para a entidade;

c) Identificação de oportunidades de melhoria de eficiência e economia das operações (incluindo simplificação e racionalização dos procedimentos); d) Identificação de causas de quaisquer ineficiências ou desperdícios,

incluindo inadequações nos sistemas de informações da Administração nos procedimentos administrativos ou estruturas organizacionais;

e) Melhoria da execução dos trabalhos; e

f) Apoio e relacionamento com os órgãos de controle externo.

No contexto da administração pública federal indireta, como as universidades federais, a existência das auditorias internas se tornou obrigatória por força do Decreto nº 3.591/2000, que dispõe sobre o Sistema de Controle Interno do Poder Executivo Federal, com o objetivo de fortalecer a gestão e racionalizar as ações de controle.

Apesar de integrantes da estrutura da organização, as auditorias internas das IFES estão sujeitas à orientação normativa e supervisão técnica do Órgão Central do Sistema de Controle Interno do Poder Executivo Federal, ou seja, surgindo aí um “conflito de subordinação e interesses”. Este conflito surge, por exemplo, no planejamento dos trabalhos, onde tanto o Conselho de Administração (CONSAD) como o Órgão Central do Sistema de Controle Interno devem aprová-lo. Por um lado, o CONSAD, conselho presidido pela Reitora e com participação das Pró-Reitorias e Diretores de Centro, tendem a destinar mais ações de “assessoramento” e/ou

“consultoria” para os gestores, enquanto do ponto de vista do órgão de controle, pelo viés mais técnico, irá buscar mais destinação do tempo para ações de auditoria propriamente ditas. Há uma correlação de forças que deve ser equilibrada, mas que invariavelmente gera conflitos e expõe a Auditoria Interna a situações desconfortáveis.

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