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4. GOVERNANÇA NO SETOR PÚBLICO

4.4 NÍVEIS DE ANÁLISE DA GOVERNANÇA

Em seu referencial, o TCU estabeleceu quatro níveis de análise, devidamente alinhados e estruturados de modo a permitir melhor compreensão e organização da metodologia utilizada. São eles: mecanismos de governança, componentes, práticas e itens de controle.

Figura 4 – Níveis de análise do referencial básico de governança

Fonte: BRASIL (2014a)

4.4.1 Mecanismos de governança

O primeiro nível de análise é o mecanismo de governança. Este nível está diretamente alinhado com as funções básicas de governança: avaliar, direcionar e monitorar. Assim, os mecanismos propostos pelo TCU são: liderança, estratégia e controle.

Figura 5 – Mecanismos de governança

Fonte: BRASIL (2014a)

O mecanismo da liderança está relacionado com práticas que visam assegurar as condições para o exercício da boa governança, por exemplo, buscando garantir que as pessoas que ocupam os principais cargos e lideram os processos de trabalho mais

relevantes das organizações sejam íntegras, capacitadas, competentes, responsáveis e motivadas.

Esses líderes são responsáveis por conduzir o processo de estabelecimento da

estratégia necessária à boa governança, envolvendo aspectos como: escuta ativa de

demandas, necessidades e expectativas das partes interessadas; avaliação do ambiente interno e externo da organização; avaliação e prospecção de cenários; definição e alcance da estratégia; definição e monitoramento de objetivos de curto, médio e longo prazo; alinhamento de estratégias e operações das unidades de negócio e organizações envolvidas ou afetadas (BRASIL, 2014a). Para fins de avaliação da governança torna-se imprescindível que a estratégia esteja explícita e documentada.

Entretanto, para que esses processos sejam executados, existem riscos, os quais devem ser avaliados e tratados. Para isso, é conveniente o estabelecimento de

controles e sua avaliação, transparência e accountability, que envolve, entre outras

coisas, a prestação de contas das ações e a responsabilização pelos atos praticados (BRASIL, 2014a)

4.4.2 Componentes, práticas e itens de controle

Para cada um dos mecanismos de governança, o TCU definiu um conjunto de componentes que contribuem direta, ou indiretamente, para o alcance dos objetivos. (BRASIL, 2014a). A Figura 6 ilustra tais componentes.

Figura 6 – Componentes dos mecanismos de governança

Fonte: BRASIL (2014a)

Novamente, para cada componente existem práticas de governança a elas relacionadas e itens de controle que permitem inferir se a referida prática está sendo adotada ou não em uma organização.

Considerando que as práticas apresentadas pelo TCU em seu referencial básico não são exaustivas e o enfoque deste trabalho, voltado para o aperfeiçoamento da função auditoria interna, vamos detalhar as práticas e itens de controle do componente C2 – Auditoria Interna, constituído por três práticas com vistas à existência, independência e utilidade da função de auditoria interna.

Quadro 2 – Práticas e itens de controle do componente C2 – Auditoria Interna

Prática Itens de controle

C2.1 - Estabelecer a função de auditoria interna

C2.1.1 - O propósito, a autoridade, o mandato e a responsabilidade da auditoria interna estão definidos em estatuto.

Prática Itens de controle

C2.1.2 - Normas estabelecem a posição da função auditoria interna na organização, autorizam o acesso aos recursos organizacionais (p. ex. informações, acesso a sistemas) relevantes à realização do trabalho de auditoria e definem o escopo de suas atividades.

C2.1.3 - A função de auditoria interna está implantada.

C2.1.4 - A auditoria interna produz relatórios destinados às instâncias internas de governança.

C2.2 – Prover condições para que a auditoria interna seja independente e proficiente

C2.2.1 - A auditoria interna se reporta funcionalmente à mais alta instância interna de governança e administrativamente à alta administração.

C2.2.2 - Diretrizes para o tratamento de conflitos de interesse (p. ex. não participação em atos de gestão) na função de auditoria interna estão definidas.

C2.2.3 - As competências necessárias ao desempenho das responsabilidades da auditoria interna estão identificadas.

C2.2.4 - Condições são providas para que os auditores internos possuam, coletivamente, as competências necessárias ao desempenho das atribuições da função de auditoria interna.

C2.3 - Assegurar que a auditoria interna adicione valor à organização

C2.3.1 - Diretrizes para que a função de auditoria interna contribua para a melhoria dos processos de governança, de gestão e de gerenciamento de riscos e controles, utilizando abordagem sistemática estão definidas.

C2.3.2 - Diretrizes para o planejamento dos trabalhos de auditoria interna estão definidas e levam em consideração os riscos relevantes para a organização.

C2.3.3 - Objetivos, indicadores e metas de desempenho para a função de auditoria interna estão estabelecidos.

C2.3.4 - Plano de auditoria interna, elaborado com base nos objetivos, riscos e metas da organização, está aprovado.

C2.3.5 - Trabalhos de auditoria interna são executados em conformidade com as diretrizes e os planos definidos.

Prática Itens de controle

C2.3.6 - O desempenho da função de auditoria interna é mensurado e avaliado com base nos indicadores e metas definidos.

C2.3.7 - Medidas visando o aprimoramento da função auditoria interna são implementadas sempre que necessário.

Fonte: Elaborado pelo autor, adaptado do Referencial Básico de Governança do TCU (BRASIL, 2014a)

As práticas e itens de controle descritos no Quadro 2, além de constar no Referencial Básico de Governança, foram utilizados por ocasião do Levantamento realizado pelo Tribunal em 2014.

Em 2017, o TCU fez um novo ciclo de levantamento da governança pública denominado “Levantamento Integrado de Governança Organizacional Pública (ciclo 2017)”, trazendo mudanças na estrutura até então utilizada, o que sugere uma nova análise/visão a cerca de alguns aspectos da governança tendo em vista se tratar de uma segunda etapa (ciclo). Diferentemente de levantamentos realizados entre 2013 e 2016, com temas específicos (tecnologia da informação, pessoas, contratações, e governança pública), o tribunal resolveu reunir os quatros temas em um único levantamento. O Quadro 3 demonstra os aspectos relacionados diretamente com a auditoria interna neste último levantamento.

Quadro 3 – Questões relacionadas com auditoria interna no Levantamento de 2017

Prática/Questão Itens de verificação

3120 – Assegurar a efetiva atuação da auditoria interna.

3121 - A organização definiu o estatuto da auditoria interna. 3122 - A organização elabora Plano Anual de Auditoria Interna.

3123 - A auditoria interna produz relatórios destinados às instâncias internas de governança.

3124 - A organização avalia o desempenho da função de auditoria interna com base em indicadores e metas.

Fonte: Elaborado pelo autor, adaptado do Levantamento Integrado de Governança - TCU5.

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Disponível em: http://portal.tcu.gov.br/governanca/governancapublica/organizacional/ levantamento- 2017/orientacoes.htm

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