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Equação 4.1: Equação do desvio padrão

3.1 Conceitos e Definições de Mobilidade e Acessibilidade

Segundo Alves et al., (2009) a mobilidade urbana pode ser compreendida como a facilidade de deslocamentos de pessoas e bens dentro de um espaço urbano, e a acessibilidade como o acesso da população para realizar suas atividades e deslocamentos. As necessidades de deslocamentos são essenciais ao dia-a-dia da população, assim, é importante garantir a mobilidade de forma segura, eficiente de forma a ser acessível para todos. O conceito de mobilidade então se relaciona com os deslocamentos diários (viagens) de pessoas no espaço urbano, não apenas da maneira como ocorre, mas também na sua facilidade e possibilidade de ocorrer.

Corroboram para esta perspectiva, Campos et al., (2005) que explicitam que o conceito de mobilidade está intimamente ligado às relações que se estabelecem entre transporte e uso do solo, o que torna necessário conhecer melhor as relações que podem ser identificadas quando se implementam medidas que visam intervir nos transportes ou na ocupação do território,

permitindo identificar o desempenho das atividades desenvolvidas, para um melhor planejamento na mobilidade e, logo, contribuindo para o desenvolvimento urbano.

Dessa forma, para o planejamento de transportes a mobilidade está relacionada com os deslocamentos cotidianos das pessoas no espaço urbano, tanto sob aspectos do efetivo deslocamento ocorrer, quanto sua facilidade e possibilidade de ocorrência. Portanto a mobilidade está relacionada com medidas de comportamentos, enquanto que a facilidade e possibilidade do deslocamento são indicadores de potencial, em que a acessibilidade seria essencialmente uma medida de potencial, caracterizada pela facilidade de acesso à atividade ou destino de interesse pelo sistema de transporte (SALES FILHO, 1996).

O governo brasileiro, em 3 de janeiro de 2012, sancionou a Lei Federal nº 12.587 que dispõe sobre as diretrizes da Política Nacional de Mobilidade Urbana, estabelecendo a definição de mobilidade urbana em seu Artigo 4º, inciso II, como a “condição em que se realizam os deslocamentos de pessoas e cargas no espaço urbano” (BRASIL, 2012).

Já a acessibilidade, apresenta a habilidade de um indivíduo para alcançar bens desejados, serviços, atividade e destinos, no que se converte coletivamente em oportunidades. No entanto, a acessibilidade depende não só da localização das oportunidades, mas igualmente da facilidade de vencer a separação espacial entre indivíduos e locais específicos (MENDES, 2001). Sob esta perspectiva, os fatores relacionados com a acessibilidade tornaram-se essenciais para identificar e avaliar a localização de equipamentos e infraestruturas.

Segundo Raia Jr (2000), não é recente o conceito de acessibilidade, sendo que em 1826, Von Thunen realizou o primeiro trabalho abordando aspectos relacionados a modelos teóricos de processos espaciais. Em 1959, Walter G. Hansen lançou o primeiro conceito analítico sobre acessibilidade dentro do contexto de planejamento de transportes. Para o autor a acessibilidade é entendida como o potencial de oportunidades de interação espacial e está ligada à habilidade e desejo das pessoas em superar a separação espacial que é a medida de distribuição espacial das atividades em relação a um ponto (HANSEN, 1959; KNEIB, 2012). A partir do trabalho de Hansen, um grande número de estudos e pesquisas considerando a acessibilidade vem sendo desenvolvidos, nos quais são bastante variáveis as definições e índices utilizados (LEMOS, 2008).

Assim, Ingram (1971) definiu a acessibilidade como a característica própria a um lugar com relação à superação de alguma forma de fricção que se verifica espacialmente, como tempo e

distância, ou seja, como a vantagem inerente a um local no que diz respeito a vencer alguma forma de resistência ao movimento.

Já Morris et al. (1979), apresentam uma classificação e formulação de medidas de acessibilidade relativa e acessibilidade integral. Na última, inclui medidas de separação entre todos os pontos de uma rede, medidas de separação incorporando a influência da distância, medidas de separação incorporando restrições de capacidade na rede e medidas compostas de separação e oferta/procura. A classificação proposta por Morris et al., (1979) abriu caminho para vários outros autores definirem medidas de acessibilidade de acordo com objetivos específicos a alcançar e de formas muito diversificadas (ver ALLEN et al., 1993; MENDES, 2001; AGUIAR, 2010; KNEIB, 2012).

A acessibilidade a destinos é uma forma de superar um obstáculo espacial (que pode ser medido pelo tempo e/ou distância) e que é uma característica inerente a um determinado local. A facilidade dos usuários alcançarem os destinos pretendidos, traduzida pela coincidência dos itinerários dos meios de transporte público coletivo com os desejos dos usuários, pode ser expressa através de redução do tempo necessário para se efetuarem os deslocamentos através da rede de linhas (CARDOSO, 2008; ARAÚJO et al, 2011).

A acessibilidade é afetada também por outros fatores além da oferta de transporte, como a organização espacial da cidade e as oportunidades de localização da residência das pessoas frente aos destinos desejados; a confiabilidade pode ser afetada, também, pelas deficiências da operação do serviço de transporte em si (VASCONCELLOS, 1996).

A ABNT (2004, p. 2), por meio da NBR 9050, define a acessibilidade como sendo a “possibilidade e condição de alcance, percepção e entendimento para utilização com segurança e autonomia de edificações, espaço, mobiliário, equipamento urbano e elementos”. Araújo et al. (2011), definem, ainda, a acessibilidade como uma relação entre as pessoas e os espaços, e que, independentemente da realização de viagens, mede o potencial ou oportunidade para deslocamentos às atividades escolhidas. Portanto, a acessibilidade está diretamente relacionada à qualidade de vida da população, de forma a possibilitar o aumento e a facilidade com que as pessoas possam participar de atividades do seu interesse. Também pode ser considerada uma das questões-chave de transporte e ordenamento do território, e estudos que revelem maiores informações sobre este tema nos diferentes espaços, pode vir a contribuir de forma significativa para um desenvolvimento com maior sustentabilidade, em que as pessoas podem ter acesso às oportunidades de forma mais equitativa e justa.