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Equação 4.1: Equação do desvio padrão

5.5 Caracterização do local quanto à acessibilidade: a percepção dos produtores

5.5.1 Principais problemas apontados

Com relação ao acesso aos locais de comercialização, dos produtores pesquisados, quando questionados se possuem e quais os problemas que encontram com o escoamento da produção relacionado ao transporte, 69,70% relatam que possuem dificuldades principalmente com as condições ruins das estradas não pavimentadas, 13,48% a distância a ser percorrida aos locais

de entrega e 4,54% mencionaram a falta de infraestrutura das dependências do local de escoamento (não tem cobertura).

Segundo a compilação dos relatos, a chuva é um fator a ser considerado por 81% dos entrevistados, pois interfere na questão da piora das estradas de terra, no tempo gasto com a mão de obra para o transporte e deslocamento, e também após todas as dificuldades, quando chega ao local de entrega, se não há cobertura, a produção ainda pode ser perdida.

Os principais problemas com relação às condições de acesso citados foram atoleiros (Figura 26b), excesso de buracos e afloramento de rochas no leito da estrada (Figura 27c). As dificuldades com desmoronamentos ou pontos de deslizamento de terra são citadas em 27% dos casos (Figura 27a), e 27% dos entrevistados sofrem com quedas de barreira como árvores, rocha, pedras e pontes.

(a) (b) (c)

Figura 27: Condições das estradas

Conforme IGA (2010) a ocupação de encostas com agropecuária na região, provoca erosões que comprometem a qualidade e a estabilidade do solo e contribuem para o assoreamento dos cursos d’água e a impermeabilidade do solo às águas pluviais. Observou-se, durante o trajeto realizado na área rural, que as áreas de pastagem (Figura 28a) de fato estão contribuindo com a erosão e até surgimento de voçorocas e, ainda, com uma maior velocidade de escoamento de água na superfície do solo, que acaba facilitando a perda de solo desses terrenos (Figura 28b) na época das chuvas.

a) Desmoronamento de terra em área de pastagem b) Desmoronamento de terra na pista com risco de queda de árvores.

Na região, o clima tropical de altitude, possui verões brandos e chuvas concentradas nesta estação. Por isso, o produtor, quando questionado sobre a frequência que sente dificuldade de acesso ou deslocamento, 56% relatam que no verão, época de alta precipitação, onde as condições das estradas costumam piorar e sentem durante este período, muitas dificuldades relacionadas às pioras das condições das estradas e às maiores incidências de desmoronamentos e quedas de barreiras e atoleiros. Contudo, para 20%, as condições ruins das estradas são observadas durante o ano inteiro, sobretudo por causa de falta de manutenção, ou quando ela é feita, não é feita da forma eficaz. Para 24% dos entrevistados que declararam não ter nenhuma dificuldade ao longo do ano, foi observado que, em sua maioria, estes entrevistados estão bem localizados e possuem fácil acesso aos locais de interesse ou a alguma rodovia.

Pode-se observar que um dos problemas mais comuns existentes nos percursos realizados e apontados pelos entrevistados (buracos, encaixamento da pista, falta de valas e valas com obstáculos) ocorrem, principalmente, devido ao crescimento da vegetação e estrangulamento da seção transversal, que em épocas de chuvas colaboram para formar atoleiros, e pista com patinação, conforme mostra a Figura 29.

Segundo Moreira (2003), é comum que o crescimento da vegetação avance em direção ao centro da pista, diminuindo sua largura em períodos chuvosos, fato que contribui para agravar o escoamento superficial das águas, também pela falta de dispositivos de drenagem ao longo da via, dificultando a mobilidade dos veículos por aumentar, consideravelmente, o tempo de viagem.

a) Pista com excesso de buracos e atoleiros b) Pista com atoleiros e risco de patinação

Figura 29: Condições das estradas

Quanto às perdas de produção devido às condições de acesso, 12% dos entrevistados perdem produção por não ter o acesso adequado para escoar ou comercializar a produção. Neste caso, considera-se que estes produtores sofrem diretamente com a falta de acesso, com a impossibilidade de deslocamento devido à queda de barreira, queda de ponte ou enchente,

ficando o produto inviabilizado para comercialização, sendo os produtores de leite e hortícolas quem mais sentem os prejuízos.

Em todo sistema ou processo produtivo ocorrem perdas, e quanto maior forem essas perdas, menos eficiente é o processo. Assim, pode-se considerar que o desempenho ou a eficiência do processo produtivo é determinado pelas perdas ocorridas. O transporte é uma das etapas durante a comercialização (pós-colheita), que mais somam custos e prejuízos à produção agropecuária, tanto em termos ambientais, com maior consumo de combustíveis fósseis no processo, quanto econômicos, onerando o preço dos alimentos ao consumidor final e interferindo na qualidade final do produto.

É no transporte também que podem ocorrer as maiores perdas, quando não realizado corretamente, com a danificação ou injúrias tanto quantitativas, como qualitativas do produto. Os valores com relação às perdas de produção aumentam quando essas perdas se dão por causas indiretas, porém, relacionadas com a acessibilidade, tais como aumento de custos na manutenção do veículo que fica danificado pela má conservação das estradas, com maiores gastos com combustíveis para percorrer um trajeto alternativo, muitas vezes mais longo, com maior gasto de tempo, e mesmo no valor obtido pelo produto, quando este perde sua qualidade. Assim, 33% dos entrevistados declararam ter o custo com o transporte aumentado por causa desses fatores e, consequentemente, o aumento do custo de produção e redução do ganho líquido. A figura 30a e 30b ilustram condições que dificultam o deslocamento e escoamento da produção agropecuária e contribuem para o aumento de manutenção de veículos.

a) Leito da estrada com irregularidades, com rachaduras e buracos.

b) Afloramento de rochas

Figura 30: Condições das estradas

Durante a realização da coleta de dados, foi possível vivenciar algumas dificuldades existentes, aonde o acesso de automóvel nas principais vias de acesso (vicinais) não foi possível. Assim, conforme o percurso ia sendo realizado, foram feitas observações quanto à

localização das propriedades e as condições das estradas, com registro fotográfico dos problemas apontados nas entrevistas.

O mapa da Figura 31 localiza as propriedades que declararam sofrer perdas por causa da falta de acesso, e a elevação representada no modelo digital do terreno. Observa-se que a região possuiu o relevo consideravelmente acidentado, sobretudo na região leste (serra dos Toledos e bacia do rio Lourenço Velho) e ao sul do município, propiciando os problemas com as estradas de terra e encostas.

Figura 31: Localização das propriedades que têm perdas de produção por falta ou condições precárias de acesso,

em mapa o modelo digital do terreno.

Atualmente, são imprescindíveis os mecanismos para evitar a perda ou o desperdício de alimentos. Sendo assim, o transporte para comercialização é uma das etapas da pós-colheita, que mais podem somar custos e prejuízos à produção agropecuária, interferindo tanto no valor dos alimentos ao consumidor final, como na qualidade final do produto. Portanto sua eficácia está associada à segurança alimentar da população, com o abastecimento adequado dos mercados consumidores locais e regionais. Considera-se, que ao se reduzir as perdas, os produtores e intermediários, possam disponibilizar maiores quantidades a menores preços para os consumidores, beneficiando tanto o produtor, quanto o consumidor.

Outro fator problemático apontado foram as pontes em condições precárias de passagem, tanto pontes para passagem de veículos, como pontes de acesso a pedestres, com falta de segurança, podendo até impedir o acesso. Foram encontradas pontes com madeira em estado de decomposição avançado, pregos expostos e buracos, como mostram as imagens da Figura 32. Ao observar a morfologia do terreno e seus recursos hídricos, é possível verificar a relação

da ocupação residencial e de estabelecimentos junto aos cursos da água, sendo que as pontes que permitem a passagem para atravessar os cursos da água são de suma necessidade, e o estado de conservação é essencial para que essa travessia seja realizada com segurança.

a) Ponte para passagem de veículos em más condições de conservação

b) Ponte de acesso da população

c) Ponte de acesso de moradores, em más condições

Figura 32: Imagem de pontes encontradas nos bairros rurais.