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4 PROCESSAMENTO AUDITIVO

4.1 CONCEITOS E DEFINIÇÕES

A definição do Processamento Auditivo (PA) na visão da American Speech-

Language-Hearing-Association (ASHA), em 1996, consiste nos

[...] mecanismos e processos do sistema auditivo responsáveis pelos seguintes fenômenos comportamentais:

• Localização sonora e lateralização. • Discriminação auditiva.

• Reconhecimento de padrões auditivos. • Aspectos temporais da audição, incluindo:

- Resolução temporal. - Mascaramento temporal. - Integração temporal. - Ordenação temporal.

• Performance auditiva ante sinais acústicos competitivos.

• Performance auditiva ante sinais acústicos degradados (MOMENSOHN-SANTOS & BRANCO-BARREIRO, 2004, p. 553-554).

O PA é a capacidade de o indivíduo analisar e interpretar aquilo que ouve. Musiek (1994) definiu muito bem quando disse que o processamento auditivo é [...] “o resultado da conversa que a orelha tem com o cérebro.” (SCHETTINI et al, 2011, apresentação).

Por se tratar do sistema auditivo a nível central, inicialmente, o termo se denominou Processamento Auditivo Central (PAC).

Lasky e Katz, 1983, consideram o PAC como a manipulação e utilização dos sinais sonoros pelo sistema nervoso central: ‘o que fazemos com o que ouvimos’. Enfatizam que o PAC envolve uma gama de atividades que varia desde a consciência da presença de um som até a análise linguística da informação. O processamento de um sinal sonoro tem início quando este atinge o pavilhão auricular ou entra no meato acústico externo (MAE), mas o PA começa no nível do núcleo coclear no tronco encefálico. O sistema auditivo ascendente dirige a informação auditiva por meio de um complexo de núcleos, secções de núcleos, camadas destas secções e várias células dentro destas camadas. O resultado destes processos alcança o giro de Helsch no lobo temporal pelas radiações auditivas. Neste ponto, a informação é distribuída para muitas partes do cérebro. A via auditiva descendente (eferente) é bastante complexa e

permite que os centros mais superiores afetem e controlem os níveis mais inferiores (MOMENSOHN-SANTOS & BRANCO-BARREIRO, 2004, p. 556-557).

O conceito de PA ganhou um novo significado a partir das pesquisas cada vez mais modernas, correlacionais e consensuais.

Em 2000, um novo encontro de cientistas e clínicos buscou um consenso sobre o diagnóstico das dificuldades no processamento central da informação auditiva em crianças em idade escolar. Tendo em vista que o processamento auditivo seria um termo mais amplo e que o sistema auditivo envolve muito mais que as vias auditivas centrais, além de que o transtorno de processamento auditivo seria um déficit no processamento da informação específico à modalidade auditiva, sugeriu-se uma mudança na terminologia, adotando o termo processamento auditivo (PA) em vez de processamento auditivo central (PAC) – (Consenso de Dallas – American Speech-Language- Hearing Association (ASHA), 1996 apud MOMENSOHN-SANTOS E BRANCO-BARREIRO, 2004 p. 554).

Para Pereira e Cavadas (2003, p. 141-143), o PA se refere a todos os processos que fazem parte da detecção e interpretação dos sons.

Boothroyd (1986), conceituando PA, levantou algumas etapas do processamento auditivo, ou seja, [...] “atenção seletiva, detecção do som, sensação sonora, discriminação, localização sonora, reconhecimento, compreensão e memória.” Para ele, essas habilidades dependem da integridade e maturação dos sistemas auditivos periférico e central, assim como da vivência acústica da criança (MARGALL, 2004, p. 266).

Será demonstrado, a seguir, um breve conceito de cada uma dessas habilidades:

• A atenção seletiva é a capacidade de se concentrar em um determinado som, independentemente dos sons ambientais competitivos;

• Na detecção do som, o bebê, desde o quinto mês intrauterino, já consegue realizá-la, melhorando progressivamente seu desempenho na capacidade de identificar presença de som;

• Na sensação sonora, o indivíduo tem a capacidade de caracterizar os sons ouvidos;

• Na discriminação, é observada a habilidade em poder distinguir pequenas diferenças entre os sons no que se refere à intensidade, à frequência e duração;

• A localização sonora permite que o indivíduo saiba de onde está vindo determinado som;

• No reconhecimento, o indivíduo relaciona aquilo que ouve a sua experiência contextual, reagindo aos sons conhecidos previamente;

• A compreensão consiste na habilidade de se entender a mensagem ouvida;

• A memória tem a capacidade de armazenar e arquivar informações que serão recuperadas nos momentos necessários e adequados. (PEREIRA & CAVADAS, 2003, p. 141-143; SCHOCHAT, 1996, p. 17).

O PA se desenvolve desde os primeiros anos de vida e relaciona-se à capacidade de codificar, decodificar, classificar e organizar os sons ouvidos. Algumas habilidades do PA envolvem detecção do som, atenção seletiva, atenção dividida, figura fundo, fechamento auditivo, discriminação auditiva, localização sonora, resolução temporal, resolução de frequência, intensidade e duração, reconhecimento de fala, identificação, síntese sonora, ordenação temporal, interpretação e compreensão (MENDONÇA & LEMOS, 2010, p. 59; PEREIRA, 2004, p. 547-548; ALMEIDA, 2009, p. 110; SCHETTINI et al, 2011, p. 12-13).

Mendonça e Lemos (2010), citando Pereira (2004), elencaram e conceituaram algumas habilidades que fazem parte do processamento auditivo:

detecção do som: capacidade de identificar a presença ou ausência

de som; atenção seletiva: habilidade de selecionar o estímulo sonoro sobre outro estímulo sensorial; atenção dividida: habilidade de partilhar atenção entre dois estímulos; figura-fundo: habilidade de se selecionar um estímulo auditivo na presença de ruído de fundo;

fechamento auditivo: habilidade de identificar sons da fala

acusticamente incompletos; localização sonora: habilidade de identificação do local de origem do som; discriminação auditiva: habilidade de perceber as diferenças e semelhanças entre sons verbais (habilidades de resolução temporal, de frequência, intensidade e duração); resolução temporal: habilidade de identificar quantos sons estão ocorrendo sucessivamente considerando o intervalo de silêncio entre eles; resolução de frequência, intensidade,

duração: habilidade de identificar variação de frequência, intensidade

de fala no silêncio; identificação: habilidade de memorizar padrões de frequência e duração de um ou mais sons; síntese sonora: habilidade de identificar sons de fala de forma distorcida, porém complementar;

ordenação temporal: capacidade de identificação da ordem em que

os eventos sonoros ocorreram; compreensão: habilidade de interpretação de eventos sonoros integrados a outras formas sensoriais. Implica o estabelecimento de significados para a informação auditiva e envolve os de memória, análise e síntese auditiva e fechamento (PEREIRA, 2004) (MENDONÇA & LEMOS, 2010, p. 59).

“O desenvolvimento do processamento auditivo depende da integridade do sistema auditivo ao nascimento e da experienciação acústica no meio ambiente.” (PEREIRA & CAVADAS, 2003, p. 143). O desenvolvimento dessas habilidades ocorre de acordo com os aspectos anatômicos e maturacionais individuais que compõem a capacidade biológica inata e com os fatores ambientais, a partir das experiências sonoras vivenciadas. Essas experiências podem ser modificadas por fatores influenciadores: família, estilo de vida, educação, emoções, condições socioeconômicas e culturais. Todo esse conjunto de aspectos influencia a aquisição de diferentes habilidades e percepções (PEREIRA, 2005 apud MENDONÇA & LEMOS, 2010, p. 59; MOMENSOHN-SANTOS & BRANCO-BARREIRO, 2004, p. 561; ILARI, 2003, p. 10-11).

Pelo fato do sistema auditivo analisar fundamentalmente o desenvolvimento e funcionamento da linguagem, sendo nomeado por profissionais afins como percepção da fala ou processamento auditivo, qualquer alteração no mesmo pode provocar disfunções no ato da linguagem oral (MACHADO, 2003, p. 80). Machado (2003) refere que o PA é multidimensional e não segue etapas fixas nos aspectos comunicativos, educacionais e psicossociais; a cada experiência nova, se manifesta de forma única e diferenciada e acrescenta novos dados às informações preexistentes (MACHADO, 2003, p. 81-82).

O processo auditivo inclui funções neuropsicológicas como atenção, memória e cognição. Por ser uma função cerebral, não pode ser estudada como um fenômeno unitário, mas como uma resposta multidimensional aos estímulos recebidos através da audição. Nos processos perceptivos auditivos, diferentes áreas estão sendo envolvidas ao mesmo tempo como atenção (relacionadas à fala e som ambiental), discriminação (distinção entre características diferenciais entre os sons), memória (de acordo com as regras da linguagem, cognição, etc). A integração funcional para essa tarefa acontece de maneira rápida e precisa mesmo que existam interferências de ruídos e outras alterações do sinal, como diferentes

formas no falar e ruídos do próprio ambiente. Esse fenômeno neurológico é conhecido como processamento auditivo central (ALMEIDA, 2009, p. 110).

Para Pereira (2004), o PA pode ser definido como um complexo de operações mentais realizadas pelo indivíduo, após ter sido apresentado a vários estímulos e informações auditivos, que dependem da capacidade biológica e da vivência e experimentação acústica do meio em que vive. Para o desenvolvimento da capacidade de manejar com as mais variadas informações, é fundamental a experiência em lidar com os eventos sonoros do seu próprio ambiente (PEREIRA, 2004, p. 550).

Sabe-se que todos os movimentos musculares voluntários presentes no ser humano são realizados a partir de comandos cerebrais ocasionados por conexões neurais processuais. O sistema auditivo não tem a função apenas de ouvir e localizar os sons, mas também de identificá-los, compreendê-los, codificá-los e interpretá-los para a produção de respostas consistentes pelo indivíduo que recebe a informação auditiva.

O sentido da audição é parte importante para a comunicação do ser humano; quando se descobre alguma falha ou alteração nesse processo, a sociabilidade muitas vezes se torna comprometida. Para que haja uma boa audição é necessário que o órgão auditivo esteja em perfeito estado e que haja integridade e neuromaturação das várias estruturas do sistema nervoso relacionadas ao sentido da audição (PEREIRA, 2004, p. 547). A detecção e identificação dos sons podem estar envolvidas mecanicamente apenas com a audição em si, assim como a processos de informações para a aprendizagem.

[...] Dessa forma, tendo por base a literatura especializada consultada, é que se define o processamento de informação como a assimilação de informações do ambiente, transformação destas informações, e uso dessa informação transformada em futuros comportamentos (PEREIRA, 2004, p. 548).

As informações sonoras são processadas e amadurecidas no sistema nervoso central, sendo transformadas e utilizadas nos demais processos comportamentais do indivíduo. As habilidades de compreensão dos sons não envolvem apenas a modalidade auditiva, mas processos gerais que atuam em conjunto, na concretização da capacidade de compreender e reagir aos sons. Pode-se falar sobre

a atenção seletiva e dividida, a memória e o aprendizado. Esses comportamentos se combinam entre si e ajudam na interpretação dos eventos sonoros (PEREIRA, 2004 p. 549).

Os mecanismos fisiológicos auditivos que explicam o funcionamento do cérebro para as funções de audição de sons se referem a discriminações de sons em modalidades distintas e ao reconhecimento destes em distintas formas comportamentais de audição. São eles:

• Discriminação da direção da fonte sonora, onde o indivíduo demonstra sua habilidade em localizar de que lado vem o som;

• Discriminação de sons em sequência utilizando sons não verbais e verbais, em que o indivíduo consegue responder a sons diferentes sucessivos em um determinado tempo (ordenação temporal simples); esses mesmos sons poderão ser apresentados concomitantemente, cada um em uma orelha, permitindo que o indivíduo reconheça e interprete os sons separadamente;

• Discriminação de padrões sonoros, em que o indivíduo percebe as diferenciações dos sons em seus elementos: frequência, intensidade e duração;

• Reconhecimento de sons fisicamente distorcidos em escuta monótica (em uma única orelha) e dicótica (em ambas as orelhas), que correspondem às habilidades de fechamento e de síntese binaural;

• Reconhecimento de sons verbais em escuta monótica e reconhecimento de sons verbais e não verbais em escuta dicótica, que correspondem às habilidades de figura fundo para sons verbais e não verbais em processo de atenção seletiva e atenção sustentada (PEREIRA, 2004, p. 548-550; PEREIRA & CAVADAS, 2003, p. 143).

Esses mecanismos sonoros estão relacionados a conceitos psicológicos de habilidades de figura fundo e de fechamento, assim como a conceitos de aprendizagem. Não há como se estudar a funcionalidade e compreensão do comportamento auditivo, na detecção, localização e interpretação dos sons, de forma isolada e estanque; se faz necessário reunir as demais áreas (neurologia, psicologia, fisiologia, linguística, educação, acústica) que contribuem de forma

distinta e interacional na facilitação da compreensão deste comportamento como um todo (PEREIRA, 2004, p. 547). Para Hartmann (1998), a percepção de qualquer som físico em nossa mente se torna um processo complexo que envolve, ao mesmo tempo, aspectos acústicos, eletromecânicos, nervosos e psicológicos (MOMENSOHN-SANTOS & BRANCO-BARREIRO, 2004, p. 558).

A avaliação da função auditiva central se baseia na teoria de Luria (1966), que dividiu o cérebro em três unidades funcionais interdependentes. Objetiva avaliar as funções auditivas, integrando-as a outras modalidades sensoriais, para compreender o funcionamento global da compreensão auditiva do paciente, sem subdividir as falhas identificadas como disfunção do processamento auditivo central. Através da avaliação se procura descobrir formas específicas e preferenciais de maneiras de aprendizagem e habilidades preservadas, sem a rotulação limitada de déficits funcionais (ALVAREZ et al, 2003, p. 115). Cada unidade funcional proposta por Luria se subdivide em zonas corticais hierárquicas. As três unidades colaboram intimamente nos aspectos cognitivos do indivíduo, inclusive a fala e a linguagem. A unidade I é a mais primitiva que regula a estimulação, a atenção, a vigília e o estado de consciência. As estruturas se situam no tronco cerebral e nas superfícies mediais dos hemisférios cerebrais. Por sua interligação entre as estruturas subcorticais e o córtex cerebral, esta unidade funciona como matriz para organização de todo o funcionamento mental. As unidades II e III são neocorticais (MURDOCH 1997, p. 74; KAGAN & SALIN, 1997, p. 19-20; MACHADO, 2003, p. 88).

A segunda unidade funcional tem a função de receber, processar e analisar e registrar informações advindas do meio externo; situa-se nas regiões laterais e são os lóbulos occipital, temporal e parietal. Através da visão, da audição e da sensação tátil cinestésica, o indivíduo assimila, processa e armazena as informações que recebe do ambiente. A unidade III consiste nos lóbulos frontais, antecedendo a unidade II; é responsável em programar, controlar e verificar as atividades realizadas, controlando toda a atividade mental (MURDOCH, 1997, p. 74; KAGAN & SALIN, 1997, p. 20; MACHADO, 2003, p. 88).

Um dos mais importantes postulados da teoria de Luria é afirmar que a cognição depende da colaboração intrínseca destas três unidades, apesar de considerar suas especificidades funcionais. As unidades II e III se referem a funções

essencialmente corticais e se subdividem em zonas: primária, secundária e terciária (KAGAN & SALIN, 1997 p. 21).

Em relação a unidade II, a zona primária é a mais elementar e media a percepção de mudança física básica; a secundária sintetiza as informações recebidas pelos córtices primários da audição, da visão e da cinestesia tátil e a terciária é o nível mais complexo de processamento, pois integrará as funções dos analisadores e modalidades (KAGAN & SALIN, 1997, p. 24). Existem processos linguísticos e cognitivos tão complexos que precisam ser explicados através de uma síntese intermodal.

A síntese intermodal implica que tipos de informação qualitativamente diferentes são simultaneamente integrados. Essa integração simultânea forma a base de um processo denominado síntese espacial concreta, que forma a base de complexos processos linguísticos e cognitivos, como o entendimento de complexas estruturas gramaticais e operações aritméticas (KAGAN E SALIN, 1997, p. 25).

Na unidade III também existem três zonas corticais, porém, em vez de possuir canais de entrada onde as informações fluem da periferia para o córtex, possui apenas um canal de saída com fluxos de informação do córtex terciário, passando pelos primário e secundário e indo para os efetores (KAGAN & SALIN, 1997, p. 26). Para Luria, os processos aferentes e eferentes estão altamente relacionados sem possibilidade de separação, formando o “anel reflexo” (KAGAN & SALIN, 1997, p. 27).

A partir deste modelo proposto por Luria, as habilidades do processamento auditivo foram divididas em três áreas funcionais:

• Habilidades de atenção e alerta: que incluem a atenção seletiva, ou seja, a habilidade para responder a um sinal-alvo na presença de ruído competitivo ou ruído de fundo, alerta ou atenção para um novo sinal auditivo, e a habilidade para localizar uma fonte sonora no espaço.

• Habilidades de recepção sensorial: que incluem detecção do sinal, memória de curta duração, discriminação, reconhecimento, identificação, análise sensorial acústica, percepção, associação, integração e coordenação da informação.

• Habilidades de planejamento de resposta: que incluem tarefas do processamento auditivo associadas com integração, memória de longa duração, evocação, resgate verbal e organização e sequencialização de informações (MOMENSOHN-SANTOS & BRANCO-BARREIRO, 2004, p. 560).

Qualquer lesão ocorrida nas unidades II e III pode levar o indivíduo a apresentar afasia, conceituada como a perda ou a deficiência nos aspectos da linguagem (MURDOCH, 1997, p. 60-61).

Para o processamento da fala, a mesma trajetória de som é utilizada a partir da cóclea passando ao sistema nervoso central. É uma atividade complexa, em constante pesquisa pelos fisiologistas (SCHOCHAT, 1996, p. 17).

Para haver a audição da fala, redundâncias intrínsecas e extrínsecas são utilizadas. As intrínsecas se referem às vias e tratos auditivos do sistema nervoso auditivo central, com seus impulsos nervosos, responsáveis pelo processamento da fala. As extrínsecas compreendem pistas diversificadas, sobrepostas na própria fala, e que são acústicas, sintáticas, semânticas, lexicais e morfológicas. São valiosas para se alcançar maior inteligibilidade da fala, acionadas de acordo com a necessidade, principalmente em casos de excesso de ruído ambiental, que mascaram a mensagem principal (SCHOCHAT, 1996, p. 17).

4.2 A ABORDAGEM NEUROPSICOLÓGICA DE ALEXANDER ROMANOVICH

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