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2.3 INOVAÇÃO

2.3.1 Conceitos

Com uma visão focada no mercado, Rogers (1962) define a inovação como o produto, processo ou método que pode ser percebido como novo pelo mercado consumidor, não importando que já tenha existido há algum tempo do ponto de vista técnico. Ou seja, para este autor, a inovação pode existir para as organizações, porém

49 ela somente será realmente considerada uma inovação no momento em que for inserida no mercado consumidor.

No entanto, ao contrário do que cita Rogers (1962), autores definem a inovação como a adoção de um dispositivo, sistema, política, programa, processo, produto o serviço gerado ou comprado internamente que seja novo para a organização adotante (DAFT, 1982; DAMANPOUR; EVAN, 1984; ZALTMAN; DUNCAN; HOLBECK, 1973). Desta forma, a inovação pode ser considerada quando é a adoção de algo novo para a empresa adotante, sem a necessidade que seja nova para o mercado consumidor, evidenciando a visualização da inovação a partir de níveis de análise.

Sem destacar o nível de análise da inovação, mas com uma visão do resultado que a inovação pode oferecer à organização, Teece (1986) afirma que a inovação consiste no conhecimento técnico sobre como fazer as coisas melhor do que o estado da arte existente e relaciona o conceito com o lucro.

Diante de uma perspectiva de atitude ao abordar a inovação e trazendo elementos relacionados ao processo para que ela seja gerada, Dosi e Orsenigo (1988) citam que ela está, em sua essência, relacionada à busca, descoberta, experimentação, desenvolvimento, imitação e adoção de novos produtos, processos de produção ou ferramentas organizacionais.

Nesta mesma linha de raciocínio, Damanpour (1991) ressalta que a inovação envolve a geração, desenvolvimento e implementação de novas ideias ou comportamentos, podendo ser um novo produto ou serviço, tecnologia de processo de produção, nova estrutura ou sistema administrativo ou novo plano ou programa feito por membros da organização. E cita ainda que a inovação exige dos funcionários um elevado nível de envolvimento e participação, evidenciando a importância dos indivíduos neste processo.

Tendo em vista a importância da participação dos funcionários no processo de inovação, Brockbank (1999) complementa que em virtude de o processo de inovação ser muitas vezes demorado, incerto e multidisciplinar, as empresas devem sinalizar a importância e o valor da inovação como uma prioridade corporativa e fornecer mecanismos formais de avaliação para medir os comportamentos e resultados da inovação.

50 O autor destaca aspectos que podem levar à desmotivação por parte dos funcionários para que gerem inovação, e evidencia a necessidade de a empresa deter mecanismos e processos que forneçam claramente aos funcionários o foco da organização para a inovação. Além desses aspectos vale destacar que o autor fala em comportamentos, ou seja, existe um aspecto individual que deve ser avaliado, e que muitas vezes é ignorado pelas organizações.

Outros autores também contribuíram com definições sobre a inovação, algumas delas podem ser visualizadas no Quadro 5.

Quadro 5 – Conceitos de inovação

Autores Definição de Inovação

Muller (1962) Inovação consiste num processo econômico e social no qual novos produtos ou processos são desenvolvidos, ou produtos e processos existentes são melhorados por meio da inserção de conhecimento.

Gibbins e Johnston (1974)

A ciência e a tecnologia são aliadas no processo de geração de inovações, de modo que o conhecimento cientifico ultrapassa os limites do método e recai no desenvolvimento por meio de saltos significativos de mudança social e

econômica.

Freeman (1979) A inovação diz respeito a um conjunto de processos, nos quais algumas mentes imaginativas interligam ciência, tecnologia e mercado, no intuito de desenvolver novas tecnologias e produtos.

Shumpeter (1982)

A inovação consiste num processo de destruição criativa, em que antigos elementos dão lugar a outros.

Rogers (1995 A inovação, mais do que a criação de algo novo, constitui um processo pelo qual uma ideia criativa é difundida na sociedade.

OCDE (2005) A inovação é a implementação de um produto (bem ou serviço), processo ou

método de marketing novo ou significativamente melhorado ou um novo método organizacional em práticas de negócios, local de trabalho ou relações externas.

Xia e Roper (2008

A inovação envolve a criação de rotinas que permitam às empresas absorver e desenvolver as capacidades internas e externas em conjunto, a fim de gerar aprendizado.

Bessant e Tidd (2009)

A inovação pode ser considerada uma habilidade em estabelecer relações, observar oportunidades e criando processos com base no conhecimento, de maneira a extrair aprendizado e vantagem competitiva.

Koulopoulos (2011)

A inovação pode ser entendida como um processo de mudança que contém um valor mensurável; exige investimento e desenvolvimento sustentado; transforma comportamentos e culturas.

Terra et al. (2012)

De maneira geral, a inovação representa a utilização do capital humano para geração de riquezas e valores é caracterizada pela combinação de

conhecimentos que possuem uma aplicação prática e útil para um público específico.

Trott (2012) A inovação é a gestão de todas as atividades envolvidas no processo de geração de ideias, desenvolvimento de tecnologias, fabricação e marketing de um produto novo (ou aperfeiçoado) ou de um processo de fabricação ou equipamento.

Tidd e Bessant (2015)

A inovação é algo novo que agrega valor e o desenvolvimento de novos valores aumenta a posição competitiva da empresa, sendo movido pela sua capacidade de formar relacionamentos, detectar oportunidades e se beneficiar delas.

51 Ao analisar a definição Schumpeteriana, Vidal (2014) cita que a inovação consiste em uma nova forma de combinação de fatores os quais o mercado atribui algum valor econômico e que leva o inovador a obter lucros extraordinários por meio de um monopólio temporário. A autora complementa que a inovação pressupõe agregação de valor, ou seja, a concretização de uma ideia que tem respaldo em alguma necessidade do mercado.

No entanto, a autora não específica se a inovação deve ser nova para o mercado ou para a empresa adotante conforme proposto por autores anteriores. A autora evidencia que a inovação deve agregar valor para a organização, ou seja, não basta implantar algo novo, mas sim, este novo produto, serviço, processo, etc. deve estar atrelado a alguma necessidade que o mercado possui.

Diante do exposto em diversas definições, percebe-se a inovação está sendo entendida como um processo, que é resultado de um nível complexo de interações em nível local, nacional e mundial entre indivíduos, empresas e outras organizações voltadas a busca de novos conhecimentos. Sendo as inovações um processo complexo, obter conhecimento não está limitado à compra de equipamentos, mas sim, há um sistema complexo que passa por diferentes modalidades de gestão da inovação (CASSIOLATO et al., 2005; SCHILER, 2008)

Assim como outros autores citados anteriormente, Dammanpour et al. (2009) citam que uma inovação pode pertencer a um novo produto, serviço, mercado, estruturas operacionais e administrativas, processos e sistemas. E ainda, ratificam com autores que defendem que a inovação pode ser nova para empresa adotante (DAFT, 1982; DAMANPOUR; EVAN, 1984; ZALTMAN; DUNCAN; HOLBECK, 1973), e amplia o entendimento ao citar que uma inovação pode ser considerada nova para o adotante individual, para uma subunidade organizacional, para a organização como um todo, para um setor, indústria ou população.

Em relação ao nível de análise da inovação, nesta pesquisa será abordada a inovação no nível da empresa, sendo a inovação nova para a organização adotante, desta forma, corroborando com os autores acima, e defendendo que a maioria das pesquisas sobre o tema abordam a inovação neste nível.

Por último, de acordo com o Manual de Oslo (2012) a inovação se refere a implementação de um produto ou serviço novo ou significativamente melhorado, um

52 processo, um novo método de marketing, um novo método organizacional nas práticas de negócios, na organização local de trabalho ou nas relações externas.

Na presente pesquisa será utilizada a definição conforme a Lei 10.973, de dezembro de 2004 no qual a inovação é vista como a introdução de novidade ou aperfeiçoamento que resulte em novos produtos, processos, serviços. Esta definição foi escolhida em virtude de ser uma definição oriunda da legislação brasileira.

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