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Na seção anterior ficou evidenciada a adequação do modelo estrutural e desta forma inicia-se a avaliação das hipóteses testadas. Na Tabela 17, são apresentadas as hipóteses testadas e pode-se visualizar aquelas que avaliaram a relação do capital humano com a PACAP e RACAP, e a hipótese que avaliou a relação entre o capital relacional e a RACAP não encontraram suporte empírico, as demais foram suportadas. Na Figura 8, são apresentados os resultados do modelo teórico.

Tabela 17 – Resultados das hipóteses Hipóteses Relações estruturais

Coeficiente Estrutural

Erro

Padrão t-student Resultados

1A CAPHUM -> PACAP 0,184 0,0989 1,8655 NÃO SUPORTADA 1B CAPHUM -> RACAP 0,173 0,0896 1,9256 NÃO SUPORTADA

1C CAPEST -> PACAP 0,535 0,0842 6,3512*** SUPORTADA

1D CAPEST -> RACAP 0,311 0,1063 2,931*** SUPORTADA

1E CAPREL -> PACAP 0,217 0,0634 3,4196*** SUPORTADA

1F CAPREL -> RACAP 0,041

0,0686 0,5958 NÃO

SUPORTADA

2 PACAP -> RACAP 0,402 0,09 4,4632*** SUPORTADA

3A PACAP -> INOVINC 0,597 0,0671 8,8877*** SUPORTADA

3B RACAP -> INOVRAD 0,718 0,053 13,5511*** SUPORTADA

*** = nível de significância 1% (=>2,57). ** = nível de significância 5% (=>1,96).

86 Figura 8 – Resultados do Modelo Teórico

Fonte: elaborado pelo autor conforme dados da pesquisa (2017)

H1A - O Capital Humano tem efeito positivo na Capacidade Absortiva Potencial – Não suportada

H1B - O Capital Humano tem efeito positivo na Capacidade Absortiva Realizada – Não suportada

Ao analisar as hipóteses formuladas, podemos identificar que as hipóteses 1A, que evidencia a relação entre o capital humano e a PACAP, e a hipótese 1B que aborda a relação entre o capital humano e a RACAP, não foram suportadas na pesquisa.

Este resultado apresenta-se diferente dos achados de Machado (2014) que identificou uma influência positiva na relação entre o capital humano e as capacidades (aquisição, assimilação, transformação e aplicação) em indústrias de todos os portes do Rio Grande do Sul. Vale ressaltar que a autora analisou a influência nas capacidades e não nos componentes. O estudo de Nazarpoori (2017) também avaliou o impacto do capital humano na PACAP e RACAP em uma indústria de grande porte e confirmou a relação entre os construtos.

As pesquisas de Machado (2014) e Nazarpoori (2017) foram realizadas em amostras que continham empresas de grande porte, o que pode ser um fator que influenciou na diferença entre os resultados, tendo em vista, as diferentes características entre as PMEs e empresas de grande porte.

87 A partir desse resultado, é interessante identificar quais fatores podem ter influenciado neste resultado. Stewart (1997) destaca que o capital humano é formado e empregado quando a maior parte do tempo e do talento das pessoas que trabalham na organização é dedicado as atividades que resultam em algum tipo de inovação. O autor cita ainda que este capital pode crescer de duas formas: quando a empresa utiliza mais o que as pessoas sabem, e quando um número maior de pessoas sabe mais coisas úteis para a organização.

Stewart (1998) salienta ainda que o trabalho rotineiro, que exige pouca habilidade, mesmo que feito manualmente, não geraria e nem empregaria o capital humano, na medida em que, desta forma, não se constrói o conhecimento tampouco se desenvolve mudanças e inovações para as empresas. Vale destacar que o trabalho rotineiro muitas vezes realizado manualmente, é uma característica importante de grande parte das indústrias de pequeno e médio porte. Isto pode ser evidenciado em indústrias do setor da construção civil e têxtil que representam aproximadamente 46% da amostra pesquisada.

Empresas que investem no desenvolvimento da sua ACAP empregam sete vezes mais funcionários diplomados e funcionários de P&D (JULIEN; ANDRIAMBELOSON; RAMANGALAHU (2004), este fato corrobora com os estudos de Zahra e George (2002) onde eles propõem as fontes de conhecimento como antecedentes da ACAP.

Autores salientam que para as empresas usufruirem de sua ACAP, alguns fatores internos são relevantes, tais como: número de funcionários diplomados e número de funcionários de P&D (JULIEN et al., 2004), funcionários qualificados (COHEN; LEVINTHAL, 1990, DAGHFOUS, 2004, HERVAS-OLIVER et al., 2012 SCHMIDT, 2005), nível educacional dos gestores (TALEBIN, TAJEDDIN, 2011), limitação de recursos internos (HERBAS-OLIVER et al., 2009), características do empresário e gestores (BINDA et al., 2014, NGAH; IBRAHIM, 2009). A partir dessas características, Tenconi (2015) cita ainda que essas as indústrias de pequeno e médio porte têm escassez de recursos, tempo e funcionários qualificados.

A importância da qualificação dos funcionários e gestores estaria relacionada com uma visão mais apurada dos mesmos para adquirirem e assimilarem os conhecimentos externos (PACAP), e também para transformar e aplicar esses

88 conhecimentos (RACAP).

Wong e Aspinwall (2005) citam que os trabalhadores nas pequenas empresas, geralmente, são generalistas, realizando uma série de tarefas com um grau mínimo de especialização. Os autores destacam que é provável que isso conduza à falta de conhecimento profundo e, portanto, em virtude desse fator as hipóteses podem não ter obtido suporte.

Yao et al. (2011) observam também que uma parte dos funcionários dentro das PMEs não estão dispostos a compartilhar os seus conhecimentos devido à falta de um senso de benefício ou falta de recompensa por tais esforços. Este fator está relacionado com a PACAP, principalmente na capacidade “assimilação”, e com a RACAP, na capacidade “transformação”, onde o compartilhamento das informações dentro da organização é fundamental para o seu desenvolvimento.

Kamal e Flanagan (2012) citam que a ACAP em PMEs é muito influenciada pelas suas características e pelo ambiente externo, e salientam a limitação de pessoas e capital, a motivação para sobreviver e completar os projetos em andamento.

Ndiege, Herselman e Flowerday (2012) destacam que a ACAP das PMEs é influenciada pela ACAP individual dos proprietários ou gerentes. Outro ponto de destaque é que a gestão dessas empresas é realizada a partir do proprietário que é responsável pelas decisões estratégicas e existe dependência do conhecimento do proprietário ou gerente nessas empresas (AYYAGARI; BECK; DEMIRGÜC-KUNT, 2007, LING et al., 2008, KAMAL; FLANAGAN, 2012, VIDAL, 2014). Ruíz et al. (2017) destacam que nas PMEs, os gestores são os responsáveis por criarem um contexto para implementar novos conhecimentos para seus funcionários.

Desta forma, essas empresas são dependentes dos indivíduos (equipes) sobre como eles adquirem o novo conhecimento e como eles desenvolvem seus conhecimentos. Neste aspecto destaca-se a forte influência que os gestores têm nos processos da PACAP e RACAP, principalmente relacionado ao intercâmbio de conhecimentos entre setores e no apoio ao desenvolvimento de novos produtos/serviços, evidenciando a forte dependência do papel dos gestores nessas etapas.

89 PACAP e RACAP, no contexto estudado essas relações não foram suportadas, que podem ter sido influenciados pelas características dessas empresas e o contexto nos quais estão inseridas.

Desta forma, diante da falta de suporte nas relações do capital humano com a PACAP e RACAP é possível estabelecer algumas relações com estudos setoriais realizados pela FIESC. Ainda que os gestores/proprietários dessas empresas possuam, em sua maioria, nível superior, de acordo com a FIESC (2017), o volume de trabalhadores com escolaridade básica incompleta nos setores predominantes desta pesquisa está acima da média estadual que é de 40,7% dos trabalhadores, representando 45,8% do setor da construção civil, 44,3% do setor têxtil e 42,1% do setor de alimentos.

Pode-se identificar que este fato pode influenciar a relação entre o capital humano e os componentes da ACAP, na medida em que a falta de qualificação dos funcionários nessas indústrias pode não fornecer uma visão apurada para que eles possam adquirir e assimilar o conhecimento externo, e posteriormente, transformar e aplicar para gerar inovações para a organização.

Outro fator importante é a característica dos gestores que deve ser desenvolvida para promover a melhor utilização dos conhecimentos dos funcionários, e ainda, recompensar os funcionários pelo compartilhamento dos conhecimentos.

H1C - O Capital Estrutural tem efeito positivo na Capacidade Absortiva Potencial - Suportada

H1D - O Capital Estrutural tem efeito positivo na Capacidade Absortiva Realizada – Suportada

Com relação às hipóteses 1C e 1D, que tratam da relação entre o capital estrutural com a PACAP e RACAP, ambas foram suportadas na pesquisa. Este resultado reafirma os achados de Machado (2014) que avaliou esta relação com as capacidades da ACAP e de Nazarpoori (2017) que também encontrou relações positivas entre o capital estrutural e os componentes da ACAP e a PACAP e RACAP. A relação entre o capital estrutural e a RACAP também é significativa nas pesquisas de Jansen, Van Den Bosch e Volberda (2005), Zander e Kogut (1995) e Zollo e Winter (2002).

90 O capital estrutural, conforme Roos et al. (1997), está relacionado a todos os sistemas computacionais, bases de dados, organogramas, descrições de processos, propriedade intelectual e/ou qualquer outro item cujo valor para a empresa seja superior ao seu valor material.

O capital estrutural conforme Schmidt e Santos (2002) é formado pelas ferramentas utilizadas para transformar o conhecimento individual em ativo da organização, dentre essas ferramentas os autores destacam: cultura (SAINT-ONGE, 1996), processo organizacional (SAINT-ONGE, 1996), sistemas de informação (SAINT-ONGE, 1996, STEWART, 1994, 1997) e propriedade intelectual (BROOKING, 1996, STEWART, 1994, 1997).

Conforme Barney (1986, 1991), a cultura de uma organização se reflete na orientação de mercado, direção estratégica, politicas e práticas de recursos humanos, redes internas e distribuições de informações de uma empresa. Ou seja, ela esta ligada com os processos da ACAP, principalmente no aspecto da distribuição das informações dentro da empresa. É interessante perceber possivelmente existe uma forte relação entre o capital estrutural e o capital humano, tendo em vista que, a cultura é criada e gerenciada pelas pessoas da organização, principalmente pelos gestores.

É interessante notar nos resultados o maior impacto do capital estrutural na PACAP do que na RACAP, demonstrando que a formalização dos processos e os processos definidos são importantes para estas organizações, ratificando com diversas pesquisas (COHEN; LEVINTAL, 1990, DAGHFOUS, 2004, SCHIMIDT, 2005, VAN DEN BOSCH; VOLBERDA; DE BOER, 1999, VAN DEN BOSCH; WIJK; VOLBERDA, 2003).

Ou seja, a PACAP, que é onde ocorrem os processos de aquisição de assimilação do conhecimento, requer processos formais mais bem definidos do que a RACAP, onde existem processos de transformação e aplicação do conhecimento que não são lineares, e desta forma, a formalização não é tão importante.

Este resultado pode estar relacionado à formalização dos processos, ao trabalho rotineiro executado pelos funcionários dessas organizações, o que impede o desenvolvimento do capital humano, porém facilita o desenvolvimento do capital estrutural, tendo em vista que a formalização de processos e a retenção de conhecimentos auxiliam no desenvolvimento deste capital.

91 Os sistemas de informação citados por Saint-Onge (1996) e Stewart (1994, 1997), podem ser expressos pela tecnologia empregada para que o conhecimento dentro da organização possa ser formalizado e acessado por todos de forma fácil e rápida. Neste aspecto o avanço da informática nas últimas décadas, principalmente com o desenvolvimento e barateamento da tecnologia para a gestão deste conhecimento pode ter facilitado esse desenvolvimento nessas empresas.

Por último, a propriedade intelectual proposta por Brooking (1996) e Stewart (1994, 1997), pode estar fortemente relacionada em países desenvolvidos, no entanto, no Brasil este aspecto ainda é pouco desenvolvido, sendo a proteção dessas propriedades por meio de patentes e outros meios de proteção intelectual ainda carente de melhorias. Binda et al. (2014) citam que são poucos os registros de patentes nas PMEs.

De acordo com a FIESC (2017), o estado de Santa Catarina registrou apenas 510 patentes em 2014, representando 7% das patentes no Brasil. Este baixo número pode estar relacionado com falhas na legislação existente, com a falta de percepção de segurança da propriedade intelectual pelos gestores, ou ainda, por falta de conhecimento do processo e da importância desse registro perante os órgãos competentes. A partir disso, é evidente a necessidade de que as indústrias de pequeno e médio porte desenvolvam a sua propriedade intelectual, principalmente por meio do registro de patentes.

Corroborando com outras pesquisas, os resultados suportam a influência do capital estrutural na PACAP e RACAP. Estes resultados sugerem que apesar da menor disponibilidade de recursos dessas empresas em relação às empresas de grande porte, o avanço da tecnologia facilitando a formalização de processos e melhorando a estrutura da empresa pode ser determinante para essas organizações. Diante disso, existem evidências de que essas empresas investem em maior volume em tecnologias do que em outros fatores do capital estrutural.

O resultado desta pesquisa sugere que o capital estrutural é importante para o desenvolvimento da PACAP e da RACAP, a partir disso é importante que as indústrias da amostra desenvolvam uma cultura organizacional focada neste aspecto, que os processos e os sistemas organizacionais fomentem o armazenamento e acesso dos conhecimentos, e ainda, que a propriedade intelectual, principalmente na sua

92 proteção, seja desenvolvida.

H1E - O Capital Relacional tem efeito positivo na Capacidade Absortiva Potencial – Suportada

A hipótese 1E, que avalia a relação entre o capital relacional e a PACAP foi suportada, reforçando os achados de Nazarpoori (2017). No entanto, esse resultado contradiz os achados de Machado (2014) que rejeitou a relação entre o capital relacional e as capacidades “aquisição” e “assimilação”, que compõe a PACAP.

Machado (2014) encontrou uma influência negativa na relação entre o capital relacional e as capacidades “aquisição” e “assimilação”, relação esta que já havia sido hipotetizada por Jansen, Van Den Bosch e Volberda (2005), porém não conseguiram comprová-la. A existência dessa hipótese foi baseada no argumento de que redes de relacionamento densas poderiam aumentar a redundância de informações e reduzir o acesso a perspectivas divergentes (NAHAPIET; GHOSHAL, 1998) e desta forma inibir o desenvolvimento das capacidades “aquisição” e “assimilação” (PACAP).

A presente pesquisa refuta que o capital relacional exerça influência negativa em indústrias de pequeno e médio porte de Santa Catarina, corroborando com o estudo de Fosfuri e Tribo (2008) que complementa afirmando que esta relação possui influência positiva, principalmente influenciada por mecanismos de integração social. Léon e Navarro (2003) citam que o capital relacional surge quando a organização estabelece relações com stakeholders externos à organização, porém contempla também os relacionamentos entre as pessoas da própria empresa, e também as relações com outras organizações.

Os resultados sugerem que o capital relacional influencia a ACAP na medida em que os conhecimentos são acessados, por meio da relação dos indivíduos com o ambiente externo. Este capital pode ter influência nas fontes de conhecimento, antecedente da ACAP, que trata sobre a variedade e complementariedade dos conhecimentos acessados.

Ou seja, quanto mais relacionamento com clientes, parceiros, associações as indústrias tiverem, mais fontes de conhecimento serão acessadas, desenvolvendo a ACAP, principalmente nas capacidades relacionadas à PACAP, conforme Zahra e George (2002). A partir disso é interessante avaliar de que forma as indústrias

93 catarinenses que geraram inovação percebem a importância das fontes de conhecimento, conforme se pode visualizar no Tabela 18.

Tabela 18 – Importância das fontes de conhecimento

ORIGEM FONTE ALTA MÉDIA BAIXA OU NÃO RELEVANTE

Fontes internas Departamento de P&D 305 134 119

Outras áreas 1 542 1 494 1 540

Fontes Externas

Outra empresa do grupo 106 33 94

Fornecedores 1 722 1 508 1 346

Clientes ou Consumidores 2 363 1 139 1 074

Concorrentes 1 401 1 295 1 880

Empresas de consultoria 377 728 3 470

Universidades ou outros centros 265 743 3 568

Institutos de pesquisa 451 604 3 521

Centros de capacitação profissional 539 940 3 097

Instituições de testes 587 905 3 084

Conferências e encontros 568 687 3 322

Feiras e exposições 1 568 1 269 1 739

Redes de informação 2 616 985 975

Fonte: Adaptado pelo autor com base em PINTEC (2014)

A partir da Tabela 18, é possível identificar que as empresas que responderam sobre o departamento de P&D detêm alta relevância no desenvolvimento de inovações. Com relação às outras áreas da empresa há um equilíbrio nas respostas. Este resultado pode estar relacionado ao fato de que grande parte dessas empresas não possui um departamento exclusivo de P&D, tendo em vista o baixo número de empresas respondentes neste aspecto. Diante disso, evidencia-se a importância dos relacionamentos entre setores da organização.

A PACAP esta relacionada com a aquisição e assimilação de conhecimento a partir de fontes externas. As redes de informação e os clientes e fornecedores são percebidos como os mais importantes para gerar inovações. Essas fontes fornecerão a estas empresas conhecimentos, direcionados à feedback sobre o produto ou novas tecnologias que podem ser incorporados que foram desenvolvidos pelos fornecedores. Vale ressaltar que as empresas analisadas podem estar inseridas em contexto de redes, ou ainda, com forte relação e apoio de instituições como a FIESC e o SEBRAE, o que poderia facilitar a aquisição de conhecimento.

É interessante destacar que as fontes externas que poderiam fornecer soluções para o desenvolvimento de inovações, tais como: universidades, centros de pesquisa, empresas de consultoria e instituições de testes são consideradas com baixa importância ou não relevantes. Desta forma, percebe-se que há uma lacuna a ser

94 desenvolvida tanto pelas empresas quanto por essas instituições no desenvolvimento desses relacionamentos.

Ainda que Machado (2014) tenha confirmado a influência entre o capital relacional nas capacidades “aquisição” e “assimilação” que compõem a PACAP, no contexto estudado essas relações não foram suportadas. Sugere-se que esse resultado pode ter influência da importância que essas empresas empregam nas relações com clientes e fornecedores que são fundamentais para os processos da PACAP. No entanto, relacionamentos, por exemplo com universidades, centros de pesquisa, concorrentes, entre outros podem ser importantes neste processo de aquisição e assimilação do conhecimento.

A validação das hipóteses H1E sugere que o capital relacional é importante para o desenvolvimento da PACAP, e em função disto as empresas devem desenvolver mecanismos para adquirir e assimilar informações em diversos níveis e fontes de informação.

H1F - O Capital Relacional tem efeito positivo na Capacidade Absortiva Realizada – Não suportada

Já a hipótese H1F que avalia a relação entre o capital relacional e a RACAP não foi suportada. Este resultado confirma, em parte, os achados de Machado (2014). O autor avaliou esta relação e confirmou que existe relação entre o capital relacional e a transformação, porém rejeitou a relação entre o capital relacional e a aplicação. Este resultado contradiz os resultados de Nazarpoori (2017) e Jansen, Van Den Bosch e Volberda (2005) que encontraram relação positiva entre o capital relacional e a RACAP.

O resultado obtido pode estar relacionado com a falta de disposição de parte dos funcionários das PMEs para compartilhar os seus conhecimentos, devido à falta de senso de benefício ou falta de recompensa por tais esforços, conforme os achados de Yao et al. (2011). Isto evidencia a necessidade das empresas em promoverem e recompensarem os funcionários por seus esforços, principalmente relacionados ao compartilhamento de conhecimentos.

Este resultado sugere que os processos relacionados à transformação e aplicação do conhecimento, que necessitam ser recombinados dentro da organização, são afetados indiretamente pelo capital relacional, pois ele irá ampliar a base de

95 conhecimento da organização por meio dos relacionamentos entre os indivíduos.

O capital relacional pode afetar a RACAP nos relacionamentos internos da organização, relacionados à troca de informações dentro da organização. Estes relacionamentos são representados pelos mecanismos de integração social que moderam a influência da PACAP na RACAP, conforme o modelo e Zahra e George (2002). Ou ainda, essas empresas necessitam desenvolver o capital relacional nos processos relacionados à RACAP, além de aprimorar os seus relacionamentos internos dentro da organização.

Desta forma, este resultado pode ter sido influenciado pelo questionário que mediu apenas o capital relacional referente às relações da empresa com clientes e fornecedores, que conforme a Tabela 18 tem um papel considerado muito importante para essas empresas. No entanto, deve-se salientar que os processos de transformação e aplicação do conhecimento envolvem processos internos da organização, nos quais são necessários relacionamentos entre os setores da organização.

Além disso, a Tabela 18 mostrou também que existem outros relacionamentos que poderiam influenciar nessa relação e apresentar resultados diferentes. Ou seja, para desenvolver a RACAP a empresa necessita desenvolver mais do que relacionamentos apenas com clientes e fornecedores.

Embora outros trabalhos tenham aceitado a relação entre o capital relacional e a RACAP, no contexto estudado essa relação não foi suportada. Sugere-se que esses resultados estejam relacionados à importância dos relacionamentos entre setores dessas empresas, que necessitam ser melhorados. Um destaque deste resultado é que ele pode ter sido influenciado pelo questionário que não avaliou diretamente os relacionamentos entre setores no capital relacional da empresa.

H2 – A Capacidade Absortiva Potencial (PACAP) tem efeito positivo na Capacidade Absortiva Realizada (RACAP) - SUPORTADA

A hipótese 2 avaliou a influência da PACAP na RACAP. Esta relação foi proposta por Zahra e George (2002) em seu modelo de ACAP. Os autores citam que esses dois componentes têm papéis distintos, mas complementares. Eles citam ainda que a PACAP e RACAP coexistem e cumprem uma condição necessária, mas insuficiente para melhorar o desempenho da empresa.

96 Ainda de acordo com Zahra e George (2002) isto está relacionado com a impossibilidade da empresa em aplicar um conhecimento sem antes adquiri-lo, assim como o conhecimento pode ser adquirido e assimilado, mas não transformado e aplicado. Assim como, um elevado desenvolvimento da PACAP não indica uma melhora no desempenho da empresa. A RACAP envolve a transformação e aplicação do conhecimento assimilado e incorporado às operações da empresa, dessa forma, melhorando o desempenho. Cabe ressaltar que os autores afirmam que é a PACAP que oferece a flexibilidade estratégica para que as empresas possam se adaptar em ambientes dinâmicos.

Com relação à PACAP e RACAP, Zahra e George (2002) exemplificam que, uma empresa não pode explorar um conhecimento sem antes adquiri-lo. No entanto, uma empresa pode ter a capacidade de adquirir e assimilar (PACAP) o conhecimento, mas não ter a capacidade de transformar e aplicar (RACAP) esse conhecimento.

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