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PROGRAMA DE MESTRADO PROFISSIONAL EM Administração Gestão, Internacionalização e Logística PMPGIL

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PROGRAMA DE MESTRADO PROFISSIONAL

EM Administração – Gestão, Internacionalização

e Logística – PMPGIL

ITAJAÍ 2018

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

Programa De Mestrado Profissional

Em Administração – Gestão, Internacionalização

e Logística – PMPGIL

MAURICIO DIAS DA SILVA

CAPITAL INTELECTUAL, CAPACIDADE ABSORTIVA E INOVAÇÃO: UMA ANÁLISE EM PEQUENAS E MÉDIAS INDÚSTRIAS DE SANTA CATARINA

ITAJAÍ 2018

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MAURICIO DIAS DA SILVA

CAPITAL INTELECTUAL, CAPACIDADE ABSORTIVA E INOVAÇÃO: UMA ANÁLISE EM PEQUENAS E MÉDIAS INDÚSTRIAS DE SANTA CATARINA

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado Profissional em Administração: Gestão, Internacionalização e Logística da Universidade do Vale do Itajaí, como requisito à obtenção do título de Mestre em Administração.

Orientador: Prof. Dr. Carlos Ricardo Rossetto

ITAJAÍ 2018

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MAURICIO DIAS DA SILVA

CAPITAL INTELECTUAL, CAPACIDADE ABSORTIVA E INOVAÇÃO: UMA ANÁLISE EM PEQUENAS E MÉDIAS INDÚSTRIAS DE SANTA CATARINA

Esta dissertação foi julgada adequada para a obtenção do título de Mestre em Administração e aprovada pelo Curso de Mestrado Profissional em Administração: Gestão, Internacionalização e Logística da Universidade do Vale do Itajaí,

Área de Concentração: Gestão, Internacionalização e Logística

Itajaí, 08 de maio de 2018.

Profa. Dra. Dinorá E. Floriani Coordenadora do Programa

Banca Examinadora:

Prof. Dr. Carlos Ricardo Rossetto UNIVALI – Orientador

Prof. Dr. Roberto Lima Ruas UNINOVE

Profa. Dra. Tatiana Ghedine UNIVALI

Dra. Gloria Charão Ferreira Universidade da Beira Interior

Dr. Marcondes da Silva Cândido Notório Saber

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Dedicatória Dedico esta pesquisa aos meus pais que sempre me forneceram apoio incondicional nesta trajetória.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço ao Grande Arquiteto do Universo, Deus.

Ao professor Dr. Carlos Ricardo Rossetto, sempre com conselhos e orientações precisas, fundamentais para o desenvolvimento do mestrado.

À professora Dra. Gloria Charão Ferreira que em todos os momentos esteve à disposição para conversar, tirar duvidas, dar risadas, enfim, gratidão por tudo o que representou nesse processo.

À professora Dra. Dinorá Eliete Floriani pelos conselhos, conversas e condução do PMPGIL.

Aos professores M.Sc. Júlio César Schmitt Neto e Manoel Antônio dos Santos por todo o apoio, oportunidades e conselhos.

Aos mestres, doutores, colegas de mestrado e amigos que conquistei nesta caminhada, que contribuíram para a minha formação.

Aos meus alunos e orientandos que me motivaram cada dia a progredir no caminho do mestrado e docência.

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Epígrafe

Para se ter sucesso, é necessário amar de verdade o que se faz. Caso contrário, levando em conta apenas o lado racional, você simplesmente desiste. É o que acontece com a maioria das pessoas. -Steve Jobs

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RESUMO

O dia a dia das indústrias tem se tornado cada vez mais complexo e, desta forma, elas necessitam inovar para sobreviverem. O capital intelectual e a capacidade absortiva são fatores que podem propiciar o desenvolvimento de inovações nessas indústrias. Para identificar esta relação foi delimitado como objetivo: verificar a relação entre o capital intelectual, a capacidade absortiva e a inovação em indústrias de pequeno e médio porte de Santa Catarina. A pesquisa foi realizada por meio do método quantitativo, com aplicação de questionário para 119 indústrias. Os dados foram tratados por meio da realização de uma análise fatorial exploratória unidimensional do construto capital intelectual e posteriormente foi realizada a análise do modelo com o uso do PLS. As hipóteses H1a e H1b buscaram identificar a influência do capital humano na capacidade absortiva potencial e na capacidade absortiva realizada, respectivamente, e não foram suportadas. Com relação a influência do capital estrutural na capacidade absortiva potencial e realizada, testadas nas hipóteses H1c e H1d, foram suportadas. Ao testar a influência do capital relacional na capacidade absortiva potencial, na hipótese H1e, foi suportada. Já a hipótese H1f que testou a influência do capital relacional na capacidade absortiva realizada, não foi suportada. A hipótese H2, testou a influência da capacidade absortiva potencial na capacidade absortiva realizada, e foi suportada. A hipótese H3a, relacionou o efeito da capacidade absortiva potencial nas inovações incrementais e foi suportada. Por último, a hipótese H3b, testou o efeito da capacidade absortiva realizada nas inovações radicais, e também foi suportada. A partir dos resultados obtidos, a pesquisa contribui teoricamente ao cobrir o gap de pesquisas envolvendo estes construtos teóricos no contexto das indústrias de pequeno e médio porte. Empiricamente, a pesquisa apresenta pontos em que as indústrias pesquisadas podem desenvolver para gerar mais inovações. O estudo apresenta limitações tendo em vista que os resultados obtidos são aplicáveis às empresas pesquisadas, e ainda, por ser um estudo transversal, representa a realidade das empresas em determinado momento, desta forma os resultados não podem ser generalizados. A partir disso sugere-se aos futuros pesquisadores que desenvolvam estudos qualitativos para compreender com maior profundidade e identificar processos/rotinas que podem influenciar nas relações pesquisadas. Outras pesquisas podem abordar também a relação entre o capital intelectual e a inovação, e verificar o efeito moderador ou mediador da capacidade absortiva nesta relação.

Palavras Chave: Capital Intelectual; Capacidade Absortiva; Inovação; Pequenas e Médias Indústrias.

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ABSTRACT

The day-to-day business of companies has become increasingly complex; therefore, they need to innovate in order to survive. Intellectual capital and absorption capacity are factors that can foster the development of innovations in these companies. In order to identify this relationship, the following objective was defined: to investigate the relationship between intellectual capital, absorption capacity and innovation in small and medium-sized companies in Santa Catarina. The research was performed using the quantitative method, with a questionnaire which was applied to 119 companies. The data were analyzed by performing one-dimensional exploratory factorial analysis of the construct intellectual capital, then the model was analyzed using PLS. Hypotheses H1a and H1b sought to identify the influence of human capital on the potential absorption capacity and realized absorption capacity, respectively, and were not supported. Regarding the influence of structural capital on the potential and realized absorptive capacity, tested in the hypotheses H1c and H1d, were supported. By testing the influence of relational capital on potential absorption capacity, hypothesis H1e was supported. Hypothesis H1f tested the influence of relational capital on the absorbed capacity, and was not supported. Hypothesis H2 tested the influence of potential absorption capacity on realized absorption capacity, and was supported. Hypothesis H3a tested the effect of potential absorption capacity on incremental innovations, and was supported. Finally, hypothesis H3b tested the effect of realized absorption capacity on radical innovations, and was also supported. Based on the results, this research contributes theoretically to covering the research gap involving these theoretical constructs in the context of small and medium-sized companies. Empirically, the research presents some areas in which the companies surveyed can develop, to generate more innovation. The study presents limitations in that the results only relate to the companies surveyed, and because it is a cross-sectional study, it represents the reality of the companies at just one given moment, therefore the results cannot be generalized. It is therefore suggested that qualitative studies be developed in future, to understand the topic in greater depth, and to identify processes/routines that can influence the relations researched. Other studies could also address the relationship between intellectual capital and innovation, and the moderating or mediating effect of absorption capacity on this relationship.

Key words: Intellectual capital; absorptive capacity; innovation; Small and medium-sized companies

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Modelo de Cohen e Levinthal (1990) ... 40

Figura 2 - Modelo de Zahra e George (2002) ... 41

Figura 3 - Modelo de Lane, Koka e Pathak (2006) ... 43

Figura 4 - Modelo de Todorova e Durisin (2007) ... 44

Figura 5 - Modelo Conceitual... 56

Figura 6 - Modelo de Mensuração Inicial... 78

Figura 7 - Modelo de Mensuração Final... 80

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Classificação do Capital Intelectual... 26

Quadro 2 - Definições de Capital Humano... 29

Quadro 3 - Definições de Capital Estrutural... 32

Quadro 4 - Definições de Capital Relacional... 36

Quadro 5 - Conceitos de inovação... 50

Quadro 6 - Graus e tipologias da inovação utilizadas na pesquisa... 54

Quadro 7 - Definição de porte de estabelecimentos segundo o número de empregados. 61 Quadro 8 - Empresas em Santa Catarina... 62

Quadro 9 - Variáveis do Capital Intelectual... 65

Quadro 10 - Variáveis da capacidade absortiva... 66

Quadro 11 - Variáveis da inovação... 69

Quadro 12 - Síntese dos ajustes do Modelo... 71 Quadro 13 - Sugestões para as Indústrias de Pequeno e Médio

Porte.

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Distribuição dos respondentes quanto ao porte... 72

Tabela 2 - Ramos de atuação... 73

Tabela 3 - Cargos dos respondentes... 73

Tabela 4 - Tempo de atuação dos respondentes... 74

Tabela 5 - Grau de escolaridade dos respondentes... 74

Tabela 6 - Inovação incremental em relação aos concorrentes... 75

Tabela 7 - Inovação radical em relação aos concorrentes... 75

Tabela 8 - Validade discriminante do modelo completo... 76

Tabela 9 - Indicadores excluídos na análise fatorial exploratória unidimensional do construto capital intelectual. 77 Tabela 10 - Validade discriminante do modelo de mensuração inicial. 79 Tabela 11 - Resultados da AVE e CR do modelo... 81

Tabela 12 - Cross Loadings... 81

Tabela 13 - Validade discriminante (critério de Fornell-Larcker)... 82

Tabela 14 - R2 das VLs... 83

Tabela 15 - Significância das Relações Estruturais... 84

Tabela 16 - Relevância Preditiva e Tamanho do efeito... 85

Tabela 17 - Resultados das Hipóteses... 85

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LISTA DE ABREVIATURAS

SIGLA SIGNIFICADO

ACAP Capacidade Absortiva AVE Average Variance Extracted CR Capital Relacional

FIESC Federação das Indústrias de Santa Catarina PACAP Capacidade Absortiva Potencial

P&D Pesquisa e Desenvolvimento PINTEC Pesquisa de Inovação

PME Pequenas e Médias Empresas PLS Partial Least Squares

RACAP Capacidade Absortiva Realizada

SEBRAE Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas SPSS Statistical Package for the Social Sciences

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SUMÁRIO RESUMO ... 8 ABSTRACT ... 9 LISTA DE FIGURAS ... 10 LISTA DE QUADROS ... 11 LISTA DE TABELAS ... 12 LISTA DE ABREVIATURAS ... 13 SUMÁRIO ... 14 1 INTRODUÇÃO ... 16 1.1 Contextualização do Tema ... 16

1.2 Justificativa e Problema de Pesquisa ... 16

1.3 Objetivo Geral ... 20

1.4 Objetivos Específicos... 20

1.5 Contribuição Teórica e Empírica ... 20

1.6 Estrutura do Trabalho ... 21 2 FUNDAMENTAÇÃO TEORICA ... 22 2.1 CAPITAL INTELECTUAL ... 22 2.1.1 Conceito ... 22 2.1.2 Classificação ... 24 2.1.2 Capital Humano ... 27 2.1.3 Capital Estrutural ... 31 2.1.4 Capital Relacional ... 34 2.2 CAPACIDADE ABSORTIVA ... 37 2.2.1 Conceito e Evolução ... 37 2.2.2 Modelos Teóricos ... 40

2.2.3 Capacidade Absortiva Potencial (PACAP) ... 45

2.2.4 Capacidade Absortiva Realizada (RACAP) ... 47

2.3 INOVAÇÃO ... 48

2.3.1 Conceitos ... 48

2.3.2 Classificação da Inovação ... 52

2.4 MODELO TEORICO DA PESQUISA ... 55

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3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ... 59

3.1 Natureza e Tipo de Pesquisa ... 59

3.2 Universo ou População ... 60

3.3 Procedimentos, Instrumentos e Técnicas de Coleta de Dados ... 63

3.4 Procedimentos, Técnicas e Sistemas Utilizados para Análise de Dados ... 70

4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ... 72

4.1 Estatística Descritiva ... 72

4.2 Análise Fatorial Exploratória Unidimensional ... 75

4.3 Análise PLS (Partial Least Squares) ... 77

4.3.1 Modelo de Mensuração ... 78

4.3.2 Modelo Estrutural ... 83

4.4 Discussão das hipóteses ... 85

4.5 Aplicabilidade e Replicabilidade ... 100

5 CONSIDERAÇÕES ... 105

5.1 Limitações e Recomendações Futuras ... 106

REFERÊNCIAS ... 110

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16 1 INTRODUÇÃO

Nesta primeira parte do trabalho são tratados itens relativos a contextualização do tema da dissertação, justificativa e problema de pesquisa, contribuição teórica e empírica, objetivos e estrutura do trabalho.

1.1 Contextualização do Tema

O ambiente competitivo em que as empresas estão inseridas é caracterizado pelo aumento da demanda de clientes e pelo rápido crescimento da base de conhecimento, no qual cada vez mais se valoriza os talentos e, o volume de informações que as empresas têm que lidar no ambiente se tornou um desafio.

E ainda, o ambiente em que as indústrias brasileiras viveram nos últimos anos, caracterizado por crises políticas e econômicas, elevou, ainda mais, o desafio dessas empresas, e dificultou a sua sobrevivência. A partir disso, gerar inovações se tornou fundamental para a sobrevivência das empresas. Neste ponto, cabe ressaltar que as inovações afetam diretamente o resultado financeiro das empresas.

Dentro desse contexto, a sobrevivência das pequenas e médias empresas é fundamental para às economias, principalmente pelo número dessas empresas que existem no país, mas também, pelo volume de renda e empregos que geram. Diante deste desafiador contexto, esta pesquisa analisa esta realidade vivenciada pelas empresas a partir de três grandes construtos teóricos: capital intelectual, capacidade absortiva e inovação.

Portanto, neste estudo define-se o capital intelectual como os ativos intangíveis da empresa, dentre eles, o capital humano, o capital estrutural e o capital relacional. Da mesma forma, compreende-se a capacidade absortiva como sendo a capacidade das empresas adquirem, assimilam, transformam e aplicam o conhecimento para gerar inovações. E por último, a inovação é aqui percebida como sendo aquelas que envolvem o desenvolvimento de pequenas ou significativas melhorias em produtos, processos, tecnologias e métodos de gestão.

1.2 Justificativa e Problema de Pesquisa

Em um estudo realizado por Ienciu e Matis (2011) onde abordaram o capital intelectual enquanto ativo da organização, seus resultados reforçaram a importância

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17 do construto enquanto ativo da organização. Além disso, enquanto ativo intangível, vem recebendo destaque no meio acadêmico e empresarial em virtude de seu potencial em agregar valor às empresas (BINDA et al., 2014; LARA; GUIMARÃES, 2014; CERCHIONE; ESPOSITO, 2017).

Apesar da importância do construto citada pelos autores, Verma e Dhar (2016) destacam que a pesquisa sobre o capital intelectual, que vai além dos indicadores financeiros, ainda está em fase de exploração e interessa aos pesquisadores e empresas em todo o mundo. No entanto, os efeitos do capital intelectual necessitam ser compreendidos em profundidade, especialmente na realidade brasileira, que em grande parte é formada por pequenas e médias empresas (PMEs) (JORDÃO; SANTOS, 2017).

A literatura enfatiza a importância do capital intelectual principalmente em PMEs, tendo em vista que essas empresas dependem muito mais dos seus ativos intangíveis do que tangíveis para competir no mercado (SALOJÄRVI et al., 2005; NGAH; IBRAHIM, 2009; RODRIGUES; ALVES, 2013; BINDA et al., 2014; KHALIQUE et al., 2015, JORDÃO; NOVAS, 2017).

Ao competir no mercado algumas empresas obtêm desempenhos superiores do que as outras, e a ACAP pode ajudar a compreender como empresas do mesmo setor possuem desempenhos distintos (ZAHRA; GEORGE, 2002). Ao analisarem a ACAP, Fritsch e Santos (2015) destacam a atualidade do tema “capacidade absortiva” na literatura internacional e citam ainda o potencial e necessidade de novos estudos abordando o tema em Pequenas e Médias Empresas.

Ao destacarem a necessidade de pesquisas em empresas de diferentes portes, Mariano e Walter (2016) e Albort-Morant (2018) defendem também que elas precisam contemplar as inclusões propostas por Zahra e George (2002), principalmente relacionadas aos componentes, capacidade absortiva potencial e capacidade absortiva realizada, que ainda foram pouco exploradas empiricamente. Os autores salientam ainda que a análise destes componentes poderia contribuir para o desenvolvimento e aplicação do construto.

Assim como os autores anteriores que evidenciaram o contexto em que as pesquisas sobre a ACAP vêm sendo realizadas Flatten et al. (2011) destacam a necessidade de estudos relacionando a capacidade absortiva em PMEs. Vidal (2014)

(18)

18 e Colet, Zambenedetti e Breda (2015) complementam afirmando que no Brasil há uma lacuna e que há necessidade de realizar estudos neste sentido.

Ao realizar pesquisas acerca da ACAP, alguns autores (MACHADO, 2014, JORDÃO; SANTOS, 2017, NAZARPOORI, 2017) têm como foco os seus resultados, sendo o mais investigado empiricamente a inovação. Esses autores já mostraram uma relação positiva entre a ACAP e a inovação, e assim como relatado sobre a ACAP, em se tratando do construto inovação, Ren, Eisingerich e Tsai (2015) afirmam que atenção especial deve ser dada à gestão da inovação das PME´s, pois estas são, muitas vezes, a espinha dorsal, ou seja, de importância fundamental para um grande número de economias em todo o mundo.

Em especial nos países em desenvolvimento, as PME´s são o motor do crescimento, essencial para o desenvolvimento de mercados e eficientes no auxílio à redução da pobreza (INAN; BITITCI, 2015). Neste contexto, a inovação torna-se amplamente reconhecida como sendo importante para que as PME´s possam competir no mercado (REN, EISINGERICH e TSAI, 2015).

Em um estudo mais recente os autores Jordão e Santos (2017) destacam que a inovação é fundamental para aumentar as chances de sobrevivência das empresas, na medida em que se constitui em uma importante forma das empresas aproveitarem novas oportunidades e sustentarem suas vantagens competitivas.

Em relação ao desenvolvimento de pesquisas acerca do tema, Mariano e Walter (2016) destacam que existe um amplo espaço para o desenvolvimento de pesquisas relacionando o capital intelectual e a capacidade absortiva, principalmente abordando empresas de diferentes portes. Complementam defendendo que pesquisas empíricas abordando os construtos devem fornecer contribuições gerenciais para as organizações.

Ao abordar os fatores que influenciam a capacidade absortiva, Soo et al. (2017) e Machado et al. (2017) salientam que eles ainda são considerados uma “caixa preta” e são necessários estudos para compreender quais fatores e de que forma eles influenciam o desenvolvimento da capacidade absortiva. Sob este aspecto, este estudo defende que os ativos intangíveis (capital intelectual) podem influenciar a capacidade absortiva das empresas que poderá torná-las mais (ou menos) inovadoras.

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19 Ao citar as pesquisas que tratam sobre a relação entre a capacidade absortiva e a inovação Moré, Vargas e Gonçalo (2014) citam que esta relação foi abordada em outros estudos, e que as capacidades (aquisição, assimilação, transformação e aplicação), podem ser indutores da inovação. Pesquisas evidenciam a necessidade de estudos abordando a ACAP e a inovação (CAMISON; FORÉS, 2010; FERREIRA; FERREIRA, 2017; FLOR et al., 2017; MORÉ et al., 2014; RANGUS et al., 2017).

Complementar a isso, Machado (2014) defende que devem ser realizadas pesquisas relacionadas à influência da capacidade absortiva nas inovações incrementais e radicais. Forés e Camisón (2015) destacam que são necessárias pesquisas teóricas e empíricas adicionais abordando os aspectos-chaves que possibilitam o desenvolvimento de inovações com base nas capacidades de acumulação de conhecimento (ACAP).

E ainda, Fritsch e Santos (2015) citam que são necessárias novas pesquisas relacionando a capacidade absortiva e inovação nas pequenas e médias empresas, tendo em vista que, neste contexto, não há consenso se esta relação é direta. Por último, Albort-Morant (2018) defende que são necessários estudos empíricos envolvendo os componentes da capacidade absortiva (PACAP e RACAP) e a inovação, tendo em vista, que ainda não há uma base sólida de pesquisas relacionando estes construtos nesta perspectiva.

Embora as pesquisas de Cassol (2014, 2015) e Machado (2014) já tenham analisado a relação entre estes construtos no Brasil, elas foram realizadas em empresas de grande porte, a análise foi realizada nas capacidades e não nos componentes da ACAP, e por último, não levaram em consideração os graus de inovação. Nazarpoori (2017) ressalta ainda a falta de estudos relacionando os três construtos teóricos (capital intelectual, capacidade absortiva e inovação).

A partir do descrito acima, a presente pesquisa busca verificar até que ponto diferentes tipos de inovação dependem de capacidades específicas de acumulação de conhecimento. Ou seja, busca-se compreender de que modo diferentes formas de acumulação de conhecimento, neste estudo representados pela capacidade absortiva e analisada a partir dos seus componentes (PACAP e RACAP), influenciam na inovação em diferentes graus (incremental ou radical).

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20 poucos estudos relacionando o capital intelectual, a capacidade absortiva e as inovações no contexto das pequenas e médias indústrias, principalmente no Brasil, a presente pesquisa tem como pergunta: Existe relação entre capital intelectual, capacidade absortiva e inovação em indústrias de pequeno e médio porte de Santa Catarina?

1.3 Objetivo Geral

Como objetivo geral desta pesquisa foi definido: Verificar a relação entre o capital intelectual, capacidade absortiva e inovação em indústrias de pequeno e médio porte de Santa Catarina.

1.4 Objetivos Específicos

Para isso foram traçados os seguintes objetivos específicos:

(a) Identificar a relação entre as dimensões do capital intelectual e os componentes de capacidade absortiva propostos por Zahra e George (2002).

(b) Investigar o efeito da capacidade absortiva potencial na capacidade absortiva realizada.

(c) Discutir sobre os efeitos diretos dos componentes da capacidade absortiva nas inovações incrementais e radicais.

1.5 Contribuição Teórica e Empírica

Em primeiro lugar esta pesquisa contribui com as discussões relacionadas aos microfundamentos da ACAP, tendo em vista a análise da influência individual de cada dimensão do capital intelectual na ACAP conforme proposto por Machado e Fracasso (2012), Machado (2014), Aprilliyanti e Alon (2017) e Nazarpoori (2017), este último que também propõe a análise incluindo a inovação.

Em seguida, há um contributo na discussão da ACAP na medida em que os resultados desta pesquisa apontam-na como um importante preditor da inovação incremental e radical, assim como Machado (2014), Forés e Camisón (2015) e Ferreira e Ferreira (2017).

E ainda, a pesquisa contribui com as discussões teóricas acerca do modelo proposto por Zahra e George (2002) ao realizar uma análise empírica dos seus

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21 componentes, assim como Ferreira e Ferreira (2017) e Albort-Morant (2018).

Empiricamente, o estudo contribui ao identificar fatores que podem contribuir com o desenvolvimento do capital intelectual, a ACAP e inovações incrementais e radicais. A partir dos resultados, foi organizado um quadro com sugestões para os gestores dessas indústrias implementarem em suas organizações para desfrutarem dos benefícios da ACAP. Desta forma, pode-se identificar que esta pesquisa e os seus resultados podem ser aplicados e replicados, tanto nas empresas pertencentes à amostra, como também em outros contextos.

A partir dos autores citados anteriormente, pode-se identificar que esta pesquisa inova em relação aos já realizados à ponto de que realiza a análise desses três construtos teóricos no contexto das pequenas e médias indústrias de Santa Catarina que podem fornecer contribuições importantes tanto para a academia, quanto para essas empresas.

1.6 Estrutura do Trabalho

No primeiro capítulo, são abordados aspectos teóricos sobre a capacidade absortiva, capital intelectual e inovação. Em seguida, são abordados os detalhes metodológicos da pesquisa. Após, serão apresentados os resultados da pesquisa. Por último, são apresentadas as conclusões e sugestões para pesquisas futuras.

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22 2 FUNDAMENTAÇÃO TEORICA

Neste capítulo serão abordados os aspectos teóricos da pesquisa, na primeira parte apresentando o capital intelectual, em seguida a capacidade absortiva e por último a inovação. Ao final deste capítulo é realizada a relação entre os construtos e as hipóteses.

2.1 CAPITAL INTELECTUAL

Inicialmente, o termo Capital Intelectual se referia a uma forma de mensuração dos recursos intangíveis de uma empresa, que surgiu da necessidade de mensurar estes ativos, embora exista uma grande dificuldade para realizar a mensuração desses ativos. O pioneiro a pesquisar mais intensamente o Capital Intelectual foi Sveiby em 1989.

Diante disso, cabe salientar que o capital intelectual supera os recursos naturais, maquinário e até mesmo o próprio capital financeiro, sendo ele o principal ativo da organização na nova economia, e possui características de ativo intangível representado pelo valor das ideias (CRAWFORD, 1994), demonstrando a importância deste construto.

Sob a perspectiva de Ross et al. (1997) o capital intelectual inclui todos os processos e ativos, inclusive os ativos intangíveis, dessa forma, sugere-se que o capital intelectual é muito mais que o conhecimento, afinal ele incorpora marcas e patentes, relacionamentos externos, ou seja, dimensões da criação de valor. Autores complementam que essas relações de mercado vão mais além dos descritos, reportando o capital intelectual para o valor das relações internas e externas de uma organização (EDVINSSON; MALONE, 1997, SVEIBY, 1997).

2.1.1 Conceito

Diversos autores já buscaram definir o capital intelectual. Em sua pesquisa, Stewart (1998) define capital intelectual como a soma do conhecimento de todos em uma empresa, que acaba proporcionando vantagem competitiva à organização. O autor ressalta ainda que, o capital intelectual é construído pela interação que possa existir entre capital humano, capital estrutural e capital relacional, de modo a não tratar de forma isolada cada um deles.

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23 Na mesma linha de raciocínio onde o capital intelectual proporciona vantagem competitiva à organização, Edvinsson e Malone (1998, p.40) o definem como “a posse de conhecimento, experiência aplicada, tecnologia organizacional, relacionamentos com clientes e habilidades profissionais que proporcionam à empresa uma vantagem competitiva no mercado.”.

Stewart (1998) e Edvinsson e Malone (1998) destacaram também em suas definições o conhecimento como parte fundamental do capital intelectual das organizações. Porém, na visão de Nahapiet e Ghoshal (1998), a definição de Capital Intelectual compreende várias visões, e traduz-se no conhecimento, no entanto, nem todo o tipo de conhecimento pode ser considerado como tal. Para estes autores, o capital intelectual pode ser considerado como a união de todos os conhecimentos que são necessários para as empresas obterem vantagens competitivas. Ou seja, nesta definição os autores excluem os conhecimentos que não são utilizados para obter vantagem competitiva.

Ampliando a definição proposta pelos autores acima, Barbosa e Gomes (2002) conceituam o capital intelectual como conhecimento acadêmico e tácito de seus funcionários, processos facilitadores de transferência e aquisição de conhecimento, relacionamento com clientes, fornecedores e mercado de trabalho e capacitação em pesquisa e desenvolvimento. Nesta definição os autores incluem dois tipos de conhecimento, mas também processos e relacionamentos que formariam o capital intelectual.

Com uma visão do capital intelectual diretamente relacionado ao conhecimento, Pablos (2004) cita que o capital intelectual compreende todos os recursos baseados no conhecimento que podem criar valor para a organização, mas que não estão incluídos nas demonstrações financeiras das mesmas. Ou seja, nesta abordagem o autor destaca a intangibilidade do capital intelectual e sua natureza estratégica na criação de valor para a empresa.

Diante dessas abordagens, pode-se identificar que a maioria dos autores parece concordar que o capital intelectual é um conceito multidimensional que é útil para descrever os ativos de conhecimento de uma empresa e como eles mudaram, ou espera-se que mudem, ao longo do tempo (CAMPBELL e RAHMAN, 2010). Vale

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24 destacar também que os autores destacam a característica estratégica deste construto ao defender que ele fornece vantagem competitiva à organização.

O capital intelectual pode ser definido de diversas maneiras, porém apesar dessas definições se diferenciarem em alguns aspectos, elas detêm as mesmas características realçadas. De acordo com Cassol (2014), essas definições reforçam que o capital intelectual: (a) refere-se a algo invisível, ou seja, intangível; e (b) estaria intimamente relacionado ao conhecimento.

Na presente pesquisa, será utilizado o conceito de Stewart (1998), onde o capital intelectual é definido como a soma do conhecimento de todos em uma empresa, e que isso acaba proporcionando vantagem competitiva à organização, pela interação entre o capital humano, capital estrutural e capital relacional. Este conceito foi escolhido tendo em vista o alinhamento teórico com a pesquisa, relacionando o capital intelectual com o desenvolvimento de vantagem competitiva por meio da interação de três dimensões: capital humano, capital estrutural e capital relacional.

2.1.2 Classificação

Ao compreender o capital intelectual como uma combinação de ativos intangíveis, Brooking (1996) cita que ele é dividido em quatro categorias: ativos de mercado, ativos humanos, ativos de propriedade intelectual e ativos de infraestrutura O autor se refere ainda a uma combinação de ativos intangíveis, que a cada dia tem sido mais valorizado pelas mudanças ocorridos no processo de gestão do conhecimento, principalmente nas áreas da tecnologia da informação, mídia e comunicação.

A partir de uma linguagem metafórica, Edvinsson e Malone (1998) comparam o capital intelectual com a empresa com uma árvore, onde a parte visível como tronco, galhos e folhas como o que está descrito em organogramas, demonstrações contábeis, entre outros. Já o que se encontra abaixo da superfície, no sistema de raízes, como o Capital Intelectual que são os fatores ocultos, também chamados de ativos intangíveis, que formam a base das empresas.

Neste contexto os autores dividem os fatores ocultos das organizações em duas categorias: (a) Capital Humano, onde são considerados o conhecimento, expertise, poder de inovação e habilidade dos empregados, valores e cultura da

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25 organização; e (b) Capital Estrutural, que são considerados os equipamentos de informática, softwares, banco de dados, patentes, marcas registradas, relacionamento com os clientes e outros componentes da capacidade organizacional que apoiam a produtividade.

Na classificação realizada por Edvinsson e Malone (1998) o relacionamento com clientes está incluído no Capital Estrutural. Reforçando a classificação proposta, Bontis (1998) contribui com as pesquisas sobre o tema e desdobra o relacionamento de clientes em uma nova categoria denominada “Capital do Cliente” (capital relacional), que significa o conhecimento intangível incorporado em clientes, fornecedores, governos ou associações que possuem relações com a organização.

Nesta mesma linha, Stewart (1998) cria uma nova categoria a partir do Capital Estrutural, e a define como Capital Organizacional, desta forma o capital intelectual é dividido em: (a) Capital Social, sendo as relações existentes dentro da organização; (b) Capital Estrutural, sendo as estruturas que permitem a integração pessoal; (c) Capital Organizacional, que são as tecnologias e processos integrados; (d) Capital Relacional, que é toda a rede de conhecimento da organização e suas relações.

Outras pesquisas também realizam a classificação do capital intelectual. De acordo com Fasb (2001), o capital intelectual pode ser classificado em sete categorias: tecnologia, clientes, mercado, trabalho, contratos, entidades e ativos estutários. Gu e Lev (2003) abordam cinco dimensões para o capital intelectual: pesquisa e desenvolvimento, publicidade, despesas de capital, sistemas de informação e aquisições tecnológicas. Marr e Moustaghfir (2005) apontam nove perspectivas sob as quais o capital intelectual é avaliado: economia, estratégica, contabilidade, finanças, evidenciação, marketing, gestão de recursos humanos, sistemas de informação e direito.

Ratificando a classificação proposta por Edvinsson e Malone (1998), Tovstiga e Tulugurova (2009) apresentam o capital intelectual formado por duas dimensões: (a) Capital Humano, formado pela competência (capacidades, conhecimentos e habilidades), atitude (motivação, comportamento e humor do indivíduo) e a habilidade intelectual (capacidade para agir com rapidez e flexibilidade para se adaptar às mudanças do mercado); e (b) Capital Estrutural, que se refere à infraestrutura da organização e inclui as relações que ela possui, os mecanismos organizacionais que

(26)

26 contribuem para a criação de valor (processo, estruturas e cultura), e os mecanismos de pesquisa e desenvolvimento.

O Quadro 1 apresenta uma síntese nas classificações do capital intelectual adotada pelos autores no decorrer do tempo.

Quadro 1 – Classificação do Capital Intelectual

AUTOR CLASSIFICAÇÃO

Brooking (1996) Ativos de Mercado, Ativos Humanos, Ativos de Propriedade Intelectual e Ativos de Infraestrutura

Edvinsson e Malone (1998)

Capital Humano e Capital Estrutural

Bontis (1998) Capital Humano, Capital Estrutural e Capital Relacional

Stewart (1998) Capital Social, Capital Estrutural, Capital Organizacional e Capital Relacional Fasb (2001) Tecnologia, Clientes, Mercado, Trabalho, Contratos, Entidades, Ativos Gu e Lev (2003) Pesquisa e Desenvolvimento, Publicidade, Despesas de Capital, Sistemas de

Informação e Aquisições Tecnológicas Marr e Moustaghfir

(2005)

Economia, Estratégica, Contabilidade, Finanças, Evidenciação, Marketing, Gestão de Recursos Humanos, Sistemas de Informação e Direito

Tovstiga e

Tulugurova (2009)

Capital Humano e Capital Estrutural Fonte: Elaborado pelo Autor

Na presente pesquisa será utilizada a classificação com base no capital intelectual formado por três dimensões: Capital Humano, Capital Estrutural e Capital Relacional. Esta escolha foi realizada com base no argumento de Rodrigues (2009), o qual defende que os elementos inseridos por Brooking (1996), Sveiby (1997), Edvinsson e Malone (1998), Stewart (1998), Bontis, Keow e Richardson (2000), entre outras pesquisas, em sua maioria, são referentes a três dimensões do capital intelectual: Capital Humano, Capital Estrutural e Capital Relacional.

E ainda, outros estudos que avaliaram a influência do capital intelectual na capacidade absortiva, utilizaram também esta classificação (CASSOL, 2014, MACHADO, 2014, NAZARPOORI, 2017) evidenciando a aderência dessa classificação em pesquisas relacionadas com a ACAP.

Para fins de nomenclatura, Coser (2012) cita que os elementos do capital intelectual podem ser denominados conforme abaixo, na presente pesquisa eles serão abordados como “capital humano”, “capital estrutural” e “capital relacional”:

a) Capital Humano: “recursos humanos”, “competência dos empregados”, “pessoas”.

b) Capital Estrutural: “capital organizacional”, “ativos intelectuais”, “estrutura interna”.

(27)

27 c) Capital Relacional: “capital cliente”, “estrutura externa”.

2.1.2 Capital Humano

Pesquisas baseadas na Visão baseada em Recursos destacam que o capital humano é um fator-chave para explicar porque algumas organizações superam outras (ACEDO; BARROSO; GALAN, 2006, BARNEY, 1991, BARNEY; WRIGHT; KETCHEN, 2001, COFF, 1999). Cabe ressaltar, neste ponto, que as empresas que possuem recursos valiosos e difíceis de imitar, tem maiores possibilidades de superarem os concorrentes e obterem melhores desempenhos (BARNEY, 1991; PETERAF, 1993). Desta forma, destaca-se a importância do construto que será apresentado no decorrer deste capítulo.

Ainda que este conceito tenha sido originariamente associado ao valor econômico da educação, Schultz (1961) considera o capital humano como indispensável para o crescimento econômico das organizações. O autor cita ainda que o capital humano é composto pelas habilidades, conhecimento e características do ser humano, e suas capacidades para produzir que podem ser resultado da sua educação e/ou formação. Ele compreende a noção de que as pessoas possuem um conjunto de capacidades, competências, know-how e experiência com valor econômico para as organizações (HUSELID et al., 1997).

Diante do destaque promovido pelos autores em relação às habilidades, conhecimentos e características dos indivíduos, Stewart (1997) defende que o capital humano é formado e empregado quando a maior parte do tempo e do talento das pessoas que trabalham na organização é dedicado a atividades que resultam em algum tipo de inovação, o autor cita que este capital cresce de duas formas: (a) quando a empresa utiliza mais o que as pessoas sabem; e (b) quando um número maior de pessoas sabe mais coisas úteis para a organização.

Reforçando visão de utilização do conhecimento dos indivíduos pela organização, Stewart (1998) cita que o trabalho rotineiro que exige pouca habilidade, mesmo que feito manualmente, não geraria nem empregaria o capital humano para a organização, afinal desta forma, não se constrói conhecimento e desenvolve mudanças e inovações para as empresas.

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28 É interessante destacar a importância do desenvolvimento deste capital nas organizações, tendo em vista que de acordo com Bontis (1998), o capital humano é fonte de inovação e renovação estratégica, com destaque para a pesquisa, novos processos e a melhoria de competências pessoais.

E diante disso, Edvinsson e Malone (1998) corroboram com os autores citados e consideram o capital humano da organização o conhecimento intrínseco nas pessoas, que estaria relacionado à capacidade, habilidade, experiência, criatividade e inovação dos empregados.

Reforçando essas visões, Carvalho e Souza (1999) citam que o capital humano é a capacidade, conhecimento, habilidade, criatividade e experiências individuais dos empregados e gestores transformados em produtos e serviços, motivo pelo qual os clientes procuram a empresas e não os concorrentes. Nesta definição os autores salientam a importância de utilização deste capital em produtos e serviços para que gere valor para a organização.

Assim como propôs Stewart (1997, 1998) que destacou aspectos-chaves para o desenvolvimento deste capital, Stewart (2002) cita que o capital humano é dissipado com facilidade e que é necessário gerenciar de acordo com uma estratégia e visão organizacional bem definidas, para evitar que se dissipem e para transforma-los em ações que agreguem valor ao negócio da empresa, destacando o aspecto estratégico do construto para as empresas.

Ratificando o destaque dos autores em relação aos conhecimentos dos indivíduos da organização, Bozzolan et al. (2003) citam que o capital humano consiste na competência dos colaboradores, e inclui o know-how do empregado, a educação, o conhecimento e a competência relacionados ao trabalho, e destaca a idade e a rotatividade. Segundo Gil e Arnosti (2007), o capital humano é o que envolve os conhecimentos e a capacidade de aprendizagem dos colaboradores que constituem a organização.

Ainda que os autores destaquem o conhecimento dos indivíduos da organização, Brás (2007) afirma que o capital humano são as pessoas, os recursos humanos, e estes não são propriedade da empresa. As organizações deverão transformar o conhecimento e as inovações produzidas pelas pessoas que constituem os recursos humanos em ativos, de maneira a criar mecanismo de transferência de

(29)

29 qualidade do capital humano das pessoas. De acordo com Martins (2009), a inovação e a criatividade também podem ser muitas vezes incluídas no âmbito do capital humano.

Ainda na linha de utilização do conhecimento, porém com uma abordagem focada nas características de cada indivíduo, Cricelli et al. (2014) citam ainda que o capital humano é o conhecimento de uma organização que os funcionários criam pela competência, atitude e agilidade intelectual.

Nesta mesma linha, Jordão et al. (2017) definem o capital humano como o conhecimento inerente ao próprio indivíduo, contendo a verdadeira fonte de valor, bem como os talentos, as habilidades e atitudes necessárias para gerar melhorias para a organização. O Quadro 2 apresenta uma síntese das definições de capital humano. Quadro 2 – Definições de Capital Humano

AUTOR DEFINIÇÃO

Schultz (1961)

O capital humano é composto pelas habilidades, conhecimento e características do ser humano, e suas capacidades para produzir que podem ser resultado da sua educação e/ou formação.

Stewart (1997)

O capital humano é formado e empregado quando a maior parte do tempo e do talento das pessoas que trabalham na organização é dedicado a atividades que resultam em algum tipo de inovação, o autor cita que este capital cresce de duas formas: (a) quando a empresa utiliza mais o que as pessoas sabem; e (b) quando um número maior de pessoas sabe mais coisas úteis para a organização. Edvinsson e

Malone (1998)

O capital humano da organização é o conhecimento intrínseco nas pessoas, que estaria relacionado à capacidade, habilidade, experiência, criatividade e inovação dos empregados.

Carvalho e Souza (1999)

O capital humano é a capacidade, conhecimento, habilidade, criatividade e experiências individuais dos empregados e gestores transformados em produtos e serviços, motivo pelo qual os clientes procuram a empresas e não os concorrentes. Bozzolan et

al. (2003)

O capital humano consiste na competência dos colaboradores, e inclui o know-how do empregado, a educação, o conhecimento e a competência relacionados ao trabalho, além da idade e da rotatividade.

Gil e Arnosti (2007)

O capital humano é o que envolve os conhecimentos e a capacidade de aprendizagem dos colaboradores que constituem a organização.

Brás (2007) O capital humano são as pessoas, os recursos humanos, e estes não são propriedade da empresa.

Cricelli et al. (2014)

O capital humano é o conhecimento de uma organização que os funcionários criam pela competência, atitude e agilidade intelectual.

Jordão et al. (2017)

O capital humano é o conhecimento inerente ao próprio indivíduo, contendo a verdadeira fonte de valor, bem como os talentos, as habilidades e atitudes necessárias para gerar melhorias para a organização.

Fonte: Elaborado pelo autor.

Para esta pesquisa, será utilizado o conceito proposto por Edvinsson e Malone (1998), onde o capital humano da organização estaria intrínseco em seus colaboradores, seja por meio da capacidade, habilidade, experiência, criatividade ou inovação. Foi escolhido este conceito tendo em vista o foco nos funcionários e também

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30 pela relevância científica dos autores, tendo em vista que eles são citados em diversas pesquisas envolvendo o tema, e também foi utilizado em outras pesquisas envolvendo os três construtos abordados nesta pesquisa.

A partir dos conceitos apresentados, percebe-se que o capital humano está relacionado ao conhecimento tácito ou explícito que os empregados possuem, e também está relacionado à sua capacidade de gerar conhecimento útil para a empresa. Ele inclui também, valores individuais, comportamentos e atitudes, educação e formação, experiências, habilidades e know-how, desta forma ele está diretamente relacionado com a capacidade dos funcionários. (CABRITA; BONTIS, 2008; DELGADO-VERDE et al., 2011; EDVINSSON; MALONE, 1998; MARTIN-DE-CASTRO et al., 2011, SUBRAMANIAM; YOUNDT, 2005).

Com relação à capacidade dos funcionários Dulewicz e Herbert (1999) e Mayo (2000) citam que ela inclui: competências individuais, habilidades comportamentais, qualificação explícitas e criatividade. Com relação a satisfação dos funcionários, pode-se relacionar ao comprometimento organizacional (LANCE, 1991; CRAMER, 1996; CURRIVAN, 1999) e a sua retenção (MOWDAY; PORTER; STEERS, 1982).

Por último, a sustentabilidade dos funcionários se refere principalmente à retenção deles (LIMA; ANTUNES, 2011), afinal, de acordo com Bontis e Fitzen (2002), a rotatividade voluntária pode ser uma ameaça à estabilidade de uma empresa, tendo em vista que, o conhecimento organizacional acumulado pode ser perdido com a saída de membros organizacionais experientes.

A importância da sustentabilidade é evidenciada por Barroso et al. (2013). Os autores salientam que o capital humano da organização começa em cada indivíduo, mas não permanece nela, permanece com o indivíduo. Neste contexto pesquisas demonstram que o capital humano sofre influência do tipo de negócio e também do perfil do gestor (BINDA et al., 2014, JORDÃO et al., 2017, NGAH; IBRAHIM, 2009, RUÍZ et al., 2017).

E ainda, Jordão et al. (2017) evidenciam ainda que a valorização do capital humano significa perceber as pessoas como elemento essencial das organizações, destacando desta forma a importância deste capital para as organizações.

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31 2.1.3 Capital Estrutural

Ao analisar o capital estrutural, Putnam (1996) inclui em sua definição todos os processos e rotinas, a cultura da organização, os sistemas, as estruturas, as marcas e a propriedade intelectual, entre outros intangíveis que não são mensuráveis, mas que conferem o valor a empresa, mesmo depois de as pessoas saírem dela, mostrando indícios de que este capital pertence à organização e não aos indivíduos.

Evidenciando que o capital estrutural pertence à organização, Roos et al. (1997) definem que o capital estrutural está relacionado a todos os sistemas computacionais, bases de dados, organogramas, descrições de processos, propriedade intelectual e/ou qualquer outro item cujo valor para a empresa seja superior ao seu valor material.

De acordo com Stewart (1998) o capital estrutural está relacionado com a retenção do conhecimento humano na organização, a fim de que se torne propriedade da organização. Ou seja, este capital está relacionado ao conhecimento do capital humano da organização que fica na empresa e se torna propriedade dela.

Seguindo nesta linha, Edvinsson e Malone (1998), citam que o capital estrutural está relacionado com o esboço, o empowerment e a infraestrutura que apoiam o capital humano. Os autores citam que este capital é tudo o que fica para trás na empresa quando os empregados vão para casa, desta forma, se tornando propriedade da organização.

Tendo em vista a abordagem centrada na retenção do conhecimento pela organização, Schmidt e Santos (2002) definem o capital estrutural como as ferramentas utilizadas para transformar o conhecimento individual em ativo da organização, ou seja, reter o conhecimento dos indivíduos (capital humano). Para que isso ocorre ele deve ser estruturado com o auxílio da tecnologia da informação e das telecomunicações, bancos de dados e descrições de processos, ou seja, meios de formalização do conhecimento para que este seja retido pela organização e se torne um ativo.

Nesta mesma linha, Youndt et al. (2004) definem o capital estrutural como o conhecimento institucionalizado e a experiência codificada residente nas empresas utilizadas por meio de bancos de dados, patentes, manuais, estruturas, sistemas e processos. Carson et al. (2004) citam que o capital estrutural é utilizado para se referir

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32 aos processos e procedimentos formados pelo input intelectual dos funcionários da empresa. Cabrita e Bontis (2008) defendem que o capital estrutural são as ferramentas e a arquitetura que uma organização fornece para a retenção e transferência de conhecimento ao longo das atividades de negócio.

Tendo em vista as ferramentas e a arquitetura da organização, Cabrita (2009) complementa citando que o capital estrutural inclui os processos, as rotinas, a cultura, os sistemas, as estruturas, as marcas, a propriedade intelectual e outros ativos intangíveis não relevados contabilisticamente e que permanecem na empresa, ainda que as pessoas decidam retirar-se, assim como proposto por Edvinsson e Malone (1998). Corroborando com os autores citados, Martin-de-Castro et al. (2011) citam que enquanto o capital humano é gerido pelos trabalhadores, o capital estrutural é possuído e gerido pela organização.

Tendo em vista que este capital é gerenciado pela organização, Jordão et al. (2017) defendem o capital estrutural pode ser entendido como o suporte ou a estrutura para que cada organização possa desenvolver o seu capital humano, incluindo elementos físicos, como: computadores, secretárias, escritórios, e ativos intangíveis como: sistemas de informação, softwares, estruturas, modelos e procedimentos já estabelecidos. Nesta definição os autores destacam que o capital estrutural pode ser utilizado também para desenvolver o capital humano, e não apenas, para reter o conhecimento, evidenciando uma possível correlação entre eles. O Quadro 3 apresenta uma síntese das definições de capital estrutural.

Quadro 3 – Definições de Capital Estrutural

AUTOR DEFINIÇÃO

Putnan (1996)

Todos os processos e rotinas, a cultura da organização, os sistemas, as estruturas, as marcas e a propriedade intelectual, entre outros, intangíveis que não são mensuráveis, mas que conferem o valor a empresa, mesmo depois de as pessoas saírem dela.

Roos et al. (1997)

O capital estrutural está relacionado a todos os sistemas computacionais, bases de dados, organogramas, descrições de processos, propriedade intelectual e/ou qualquer outro item cujo valor para a empresa seja superior ao seu valor material. Stewart

(1998)

O capital estrutural está relacionado com a retenção do conhecimento humano na organização, a fim de que se torne propriedade da organização.

Edvinsson e Malone

(1998)

O capital estrutural está relacionado com o esboço, o empowerment e a

infraestrutura que apoiam o capital humano. Os autores citam que este capital é tudo o que fica para trás na empresa quando os empregados vão para casa. Schmidt e

Santos (2002)

As ferramentas utilizadas para transformar o conhecimento individual em ativo da organização.

Youndt et al. (2004)

O conhecimento institucionalizado e a experiência codificada residente nas empresas utilizadas por meio de bancos de dados, patentes, manuais, estruturas, sistemas e processos.

(33)

33

AUTOR DEFINIÇÃO

Cabrita e Bontis (2008)

São as ferramentas e a arquitetura que uma organização fornece para a retenção e transferência de conhecimento ao longo das atividades de negócio.

Cabrita (2009)

Inclui os processos, as rotinas, a cultura, os sistemas, as estruturas, as marcas, a propriedade intelectual e outros ativos intangíveis não relevados contabilisticamente e que permanecem na empresa, ainda que as pessoas decidam retirar-se.

Jordão et al. (2017)

O capital estrutural pode ser entendido como o suporte ou a estrutura para que cada organização possa desenvolver o seu capital humano, incluindo elementos físicos, como: computadores, secretárias, escritórios, e ativos intangíveis como: sistemas de informação, softwares, estruturas, modelos e procedimentos já estabelecidos.

Fonte: Elaborado pelo autor.

Para a presente pesquisa, será utilizada a definição de Roos et al. (1997) no qual o capital estrutural está relacionado a todos os sistemas computacionais, bases de dados, organogramas, descrições de processos, propriedade intelectual e/ou qualquer outro item cujo valor para a empresa seja superior ao seu valor material.

Esta escolha foi realizada tendo em vista que abrange formas de formalização do conhecimento por parte da organização, e itens que podem construir a arquitetura da empresa para transformar o conhecimento individual em ativo para ela. A partir da definição, é importante compreender alguns elementos da definição proposta por Roos et al. (1997) que serão abordados a seguir.

Os sistemas de informação e bases de dados estão relacionados a tecnologia da informação utilizada na gestão do conhecimento. Se esses sistemas forem utilizados estrategicamente combinados com os processos organizacionais, podem se tornar cruciais para alavancar a influência do capital intelectual no valor de uma empresa (SOH; MARKUS, 1995).

A denominação “processos”, é constituída de processos, técnicas e programas direcionados aos empregados com o objetivo de maximizar a eficiência da produção ou a prestação de serviços. Já com relação ao aspecto “organizacional”, ele pode abranger o investimento da empresa em sistemas, instrumentos e filosofia operacional que pode agilizar o fluxo de conhecimento pela organização (EDVINSSON; MALONE, 1998).

Ao abordar os processos organizacionais, Hobley e Kerrin (2004) defendem que eles estão relacionados à maneira como as pessoas realmente utilizam o recurso de informação e conhecimento disponíveis a elas no local de trabalho, e citam ainda que eles podem afetar de forma direta as ações frequentes da organização.

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34 Com relação à propriedade intelectual Brooking (1996) e Stewart (1998) defendem que ela se refere ao ponto inicial para o desenvolvimento da administração do capital intelectual. Edvinsson e Malone (1998) utilizam a denominação “inovação”, citando que ela se refere à capacidade de renovação e aos resultados da inovação sob a forma de direitos comerciais amparados por lei, propriedade intelectual e outros ativos e talentos tangíveis utilizados para criar e colocar no mercado novos produtos e serviços.

Ao abordar a propriedade intelectual, Lima e Antunes (2011) este é o recurso mais explícito e tangível do capital intelectual, tendo em vista que ele é legalmente protegido, auxiliando a organização a proteger os seus investimentos de capital por meio da aquisição de patentes e marcas registradas.

Por último, Nazarpoori (2017) cita que no nível organizacional, o conhecimento é gerado a partir de operações internas ou de fontes externas que se comunicam com a estrutura corporativa. As tecnologias de informação adotadas pelas organizações apoiam a gestão dos ativos intelectuais para melhorar a criação de valor dos empregados. Jordão et al. (2017) destacam ainda que os processos e sistemas da empresa podem auxiliar no desenvolvimento e utilização do capital estrutural da empresa, no entanto, eles não podem criar conhecimentos.

2.1.4 Capital Relacional

O capital relacional é considerado pelos autores, um tipo de conhecimento acumulado entre uma empresa e seus clientes, tendo em vista que custa mais vender um determinado produto para um cliente novo do que um antigo. Eles consideram que uma base sólida e leal de clientes pode ser fundamental para o sucesso econômico da organização (AAKER, 1991, 1996; FORNELL et al., 1996; KELLER, 1993).

Neste sentido, de acordo com Edvinsson e Malone (1998), ao tentar atingir metas, as empresas aplicam quantidades significativas de recursos corporativos, por meio de uma ampla gama de ferramentas tecnológicas, a fim de manter os clientes satisfeitos pelo maior período de tempo possível.

Estes autores defendem que o relacionamento de uma empresa com seus clientes pode ser diferente das relações mantidas com trabalhadores e parceiros estratégicos, e que esses relacionamentos podem ser fundamentais para a criação de

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35 valor para a empresa. Nesta visão os autores demonstram a importância deste capital para as relações externas à organização, e citam que elas se diferem daquelas relações mantidas com o ambiente interno à organização e parceiros estratégicos.

Seguindo a linha baseada nos relacionamentos externos da empresa, Stewart (1998) ao abordar o capital relacional defende que ele esta ligado aos relacionamentos contínuos com pessoas e organizações para as quais a empresa vende seus produtos e serviços. O autor considera este o mais valioso ativo intangível da organização. Neste aspecto o autor salienta exclusivamente os relacionamentos com clientes da empresa para as quais elas vendem seus produtos e serviços.

No entanto, ao abordar o capital relacional, Nahapiet e Ghoshal (1998) o definem como o conhecimento incorporado, disponível e utilizado pelos indivíduos nas suas interações com outros indivíduos e suas redes de inter-relações. Desta forma, o autor não aborda os relacionamentos exclusivamente com clientes da organização e trata este capital de forma mais genérica em relação aos sujeitos com os quais a organização mantém interações.

Tendo em vista que este capital está relacionado com as interações entre os indivíduos, Knight (1999), com uma visão focada nas relações externas à organização, defende que o capital relacional abrange o cliente, o parceiro e a comunidade sendo os parceiros as alianças estratégicas, relações colaborativas, joint ventures, associações de indústrias e parcerias com universidades. Ao abordar o “parceiro”, Lev (2001) cita que eles se configuram como as alianças estratégicas, relações colaborativas, parcerias de negócios, joint ventures e associações de indústrias que podem ajudar a criar reputação no mercado.

Complementando essas visões, Léon e Navarro (2003) destacam não somente as relações externas, mas também as internas, e afirmam que o capital relacional é gerado quando a organização estabelece relações com stakeholders externos à organização, porém contempla também os relacionamentos entre as pessoas da própria empresa, e também as relações com outras organizações.

Ratificando com a visão de que este capital contempla as interações internas e externas à organização, Subramaniam e Youndt (2005) citam o capital relacional é o conhecimento incorporado no interior da organização de forma coletiva, disponível por

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36 meio das interações entre os indivíduos, grupos de trabalho e suas redes de relacionamento, porém sem a formalidade e a rigidez do capital estrutural.

No entanto, outros autores também corroboram com Knight (1999) e consideram somente as relações externas, como Malavski et al. (2010) que definem o capital relacional como a soma de todos os recursos associados às relações externas da empresa. E Bueno et al. (2011) que defendem que este capital se trata do conhecimento que é incorporado à organização como consequência do número e da qualidade das relações com diferentes agentes de mercado e a sociedade em geral.

Reforçando o entendimento de autores que entendem este capital como as relações internas e externas, Jordão et al. (2017) defendem que o capital relacional compreende as relações pessoais e organizacionais dentro das empresas ou entre as empresas. O Quadro 4 apresenta uma síntese das definições de capital relacional. Quadro 4 – Definições de Capital Relacional

AUTOR DEFINIÇÃO

Stewart (1998)

Esta ligado aos relacionamentos contínuos com pessoas e organizações para as quais a empresa vende seus produtos e serviços. O autor considera este o mais valioso ativo intangível da organização.

Nahapiet e Ghoshal (1998)

O conhecimento incorporado, disponível e utilizado pelos indivíduos nas suas interações com outros indivíduos e suas redes de inter-relações.

Knight (1999)

Abrange o cliente, o parceiro e a comunidade sendo os parceiros as alianças estratégicas, relações colaborativas, joint ventures, associações de indústrias e parcerias com universidades.

Subramaniam e Youndt (2005)

É o conhecimento incorporado no interior da organização de forma coletiva, disponível por meio das interações entre os indivíduos, grupos de trabalho e suas redes de relacionamento, porém sem a formalidade e a rigidez do capital

estrutural. Malavski et al.

(2010)

A soma de todos os recursos associados às relações externas da empresa. Jordão et al.

(2017)

Compreende as relações pessoais e organizacionais dentro das empresas ou entre as empresas.

Fonte: Elaborado pelo autor.

A presente pesquisa considera o capital relacional referente às relações entre as organizações e seus stakeholders, e de que forma é possível utilizar essas trocas de conhecimento entre eles, afim de desenvolver uma relação duradoura. Desta forma, na presente pesquisa será utilizado o conceito desenvolvido por Knight (1999). Esta escolha foi realizada tendo em vista o alinhamento teórico do conceito com os objetivos da pesquisa que busca identificar os relacionamentos das organizações com seus clientes, conforme proposto por Edvinsson e Malone (1998).

(37)

37 2.2 CAPACIDADE ABSORTIVA

2.2.1 Conceito e Evolução

O conceito de capacidade absortiva se originou na pesquisa de Adler (1965) com base na macroeconomia, onde o termo se referia à capacidade de uma economia em utilizar e absorver informações e recursos externos.

De acordo com Ferreira e Ferreira (2017), foi a partir do trabalho de Cohen e Levinthal (1990) que o conceito da ACAP começou a ser aplicado no contexto das organizações, no nível de análise organizacional. A partir desse trabalho, os autores colocaram grande ênfase no papel do ambiente externo na determinação da ACAP de uma empresa.

Cohen e Levinthal (1990), adaptaram o conceito da ACAP do contexto macroeconômico proposto por Adler (1965) para as organizações com foco no desenvolvimento dos setores de P&D e o definiram como a “habilidade da firma em reconhecer o valor de uma nova informação externa, assimila-la e aplica-la a fins comerciais” (COHEN, LEVINTHAL, 1990, p. 128). O termo constitui-se da capacidade da empresa em adicionar conhecimentos ao pré-existentes. A ACAP surgiu com a necessidade de obter conhecimento do ambiente externo e incorporá-los nas organizações a fim de manter a competitividade.

A ACAP, sob a abordagem organizacional e processual, teve sua origem teórica baseada nas dimensões da capacidade dinâmica (TEECE; PISANO; SHUEN, 1997; ZOLLO, WINTER, 2002), a aprendizagem organizacional (EASTERBY-SMITH, 1997), e foi refinada com a teoria da gestão do conhecimento (CHIVA, ALLEGRE, 2005). A capacidade absortiva, em sua essência, refere-se à capacidade da organização em buscar informações e transformar em conhecimento aplicável.

Cohen e Levinthal (1989) citam que estudiosos da área da mudança tecnológica como Tilton (1971), Allen (1977), Mowery (1983), encontraram evidencias de que as empresas investem em seu próprio setor de pesquisa e desenvolvimento para serem capazes de utilizar as informações que estão disponíveis no ambiente externo, evidenciando o foco do modelo proposto por estes autores no departamento de P&D das empresas. Tsai (2001), ao analisar a transferência de conhecimento interorganizacional, demonstrou que a capacidade absortiva tem influência direta na inovação e no desempenho das empresas.

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38 Ao realizar uma análise sob a absorção de conhecimento das empresas de um mesmo setor, Cohen e Levinthal (1989, 1990) sugerem que, o desenvolvimento da ACAP de uma organização é baseado em investimentos nas capacidades de absorção dos seus membros, e que esta capacidade tende a ser desenvolvida cumulativamente, além de ser dependente da trajetória e da capacidade da organização para compartilhar conhecimento e comunicá-lo internamente.

Caso os custos para adquirir os conhecimentos externos sejam pequenos no momento da aprendizagem, é em razão de a empresa já ter investido no desenvolvimento da capacidade de identificar, assimilar e explorar o conhecimento do ambiente. Vale ressaltar que organizações com um elevado nível de ACAP terão maiores chances de compreender e aproveitar os novos conhecimentos gerados em outras organizações. (CHEN, 2004; COHEN; LEVINTHAL, 1989)

Alguns anos mais tarde, Lane e Lubatkin (1998) a partir de uma análise interorganizacional, realizaram uma análise sobre a absorção de conhecimento de outras organizações. Estes autores citam que a aprendizagem organizacional e a ACAP são dependentes da experiência da empresa em reconhecer e valorizar os novos conhecimentos externos, assimilar e utilizá-los para gerar inovação e vantagem competitiva.

Com uma análise organizacional, assim como Cohen e Levinthal (1990), a partir de pesquisas anteriores e com base nas capacidades dinâmicas, Zahra e George (2002) fizeram uma profunda reconceituação do construto capacidade absortiva. Em sua pesquisa, os autores definem a ACAP como “um conjunto de rotinas organizacionais e processos pelos quais as organizações adquirem, assimilam, transformam e aplicam o conhecimento para produzir uma organização dinâmica” (ZAHRA; GEORGE, 2002, p. 185). Nesta perspectiva a ACAP é um construto multidimensional formado por rotinas e processos organizacionais.

O conceito desenvolvido por Zahra e George (2002) teve sua origem na capacidade dinâmica, onde a empresa utiliza os recursos disponíveis para gerar vantagem competitiva, adaptando o ambiente interno como principal elemento para o sucesso do desenvolvimento da capacidade. Estes autores apresentam um modelo baseado nos processos internos e argumentam que a etapa crucial da absorção de

(39)

39 conhecimentos é onde haverá a disseminação e interiorização do conhecimento da organização.

Em seu modelo, os autores ainda diferenciam a ACAP em dois componentes: capacidade absortiva potencial (PACAP) e capacidade absortiva realizada (RACAP) e propõe dois antecedentes e três fatores moderadores da ACAP, que serão detalhados no próximo item.

Com relação à capacidade absortiva potencial (PACAP) a empresa tem a capacidade de adquirir e assimilar o conhecimento, porém este fato não garante a transformação e aplicação desse conhecimento. Já a capacidade absortiva realizada (RACAP), demonstra a capacidade da empresa em transformar e aplicar os conhecimentos para gerar inovações e vantagens competitivas. É importante ressaltar que os dois componentes exercem funções distintas, porém complementares (ZAHRA; GEORGE, 2002).

Outros autores também realizaram o desenvolvimento de novos modelos da ACAP, Lane, Koka e Pathak (2006) criaram um novo modelo a partir da revisão dos trabalhos anteriores desenvolvidos. Os autores observaram que estudos anteriores geralmente mensuravam a ACAP como simples proxies de pesquisa e desenvolvimento, por exemplo Cohen e Levinthal (1989; 1990), desta forma ignorando a variedade de dimensões e implicações dessa capacidade para os diferentes resultados organizacionais.

Todorova e Durisin (2007) também trabalharam o conceito de capacidade absortiva a partir da revisão de trabalhos anteriores, o qual propõe alterações ao modelo de Zahra e George (2002) sugerindo uma retomada ao modelo de Cohen e Levinthal (1990), principalmente relacionada à uma nova interpretação para a capacidade transformação. Os modelos completos serão apresentados no próximo subcapitulo.

Apesar das adaptações e evoluções que o conceito da capacidade absortiva sofreu ao longo dos anos, ainda persiste um consenso entre os pesquisadores sobre o conceito de capacidade absortiva como a habilidade em utilizar conhecimento como recurso eficaz para o sucesso da organização.

A partir dessa revisão optou-se por utilizar o conceito de Zahra e George (2002), tendo em vista que este estudo entende a ACAP como uma capacidade dinâmica e

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