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Esta tradução é a primeira na língua portuguesa, que nos traz uma noção de como Kepler se utiliza da astronomia copernicana para explicar como Marte e principalmente a Terra fazem suas revoluções. Embora a tradução do Livro IV não esteja completa, fizemos questão de destacar as três principais partes do texto: a primeira parte que trata sobre os corpos, a segunda parte é sobre os movimentos destes corpos e a terceira que é sobre os acidentes reais dos movimentos destes corpos.

O Epitome é a última e a mais madura das grandes obras de Kepler. Um livro com uma complexidade incrível e dotado de uma enorme dinâmica, também sobre a negação do infinito do mundo, mostrando que não podemos perceber com os olhos a matéria da aura etérea, não há nada, porém, que nos impeça de acreditar que ela se espalhe por toda a amplitude do mundo, por todos os lados, cercando a esfera elementar. Que o exército das estrelas circunda completamente a Terra e forma, assim, uma abóboda quase circular é demonstrado pelo fato de que, embora a Terra seja redonda, os homens, onde quer que estejam, veem as estrelas acima de suas cabeças, como nós. Esta parte coloca-se contra a infinitude de G. Bruno, ou coloca-seja, para Kepler a infinitude do mundo implica necessariamente numa perfeita uniformidade de sua estrutura e conteúdo. Uma disseminação irregular, irracional, das estrelas fixas no céu que é impensável, finito ou infinito, onde o mundo tem de exprimir uma estrutura geométrica.

Através desta estrutura geométrica que Kepler se utiliza é um resgate das demonstrações matemáticas do Livro de Platão, Timeu. Nesta obra Platão se utiliza de um grande organizador para definir o caos instalado no universo, utilizado de uma linguagem matemática, Platão utiliza-se dos modelos geométricos para centralizar o mundo em uma bela harmonia.

No livro IV, Kepler coloca sobre a criação do mundo, como um bom cristão, não deixa de lado os seus dogmas, fazendo inúmeras relações entre a bíblia e os cálculos astronômicos, fazendo assim uma relação entre ambas. O Deus para Kepler é um Deus de espírito geométrico, assim como é para Platão, ou seja, um grande arquiteto.

Neste trecho Kepler esclarece a criação do mundo através dos modelos geométricos platônicos, ou seja, através da complexidade do mundo vai ganhando uma dinâmica e os cálculos vão tendo uma complexidade de alto valor.

Para Kepler a astronomia contempla três regiões, e faz isso em relação a trindade: o centro um símbolo do Pai, da superfície, do Filho e do espaço intermediário, do Espírito Santo. Esta demonstração é colocada para afirmar que não existe uma separação entre astronomia e teologia, pois Deus é o grande arquiteto do universo, através disso Kepler resgata o Demiurgo platônico para realizar tal proposta.

A primeira parte trás a composição do mundo, a sua divisão através de partes e regiões, mas como a principal colocação o Sol no centro, o número, magnitude e também a ordem ou a posição das orbitas planetárias, em ultimo lugar os índices de todos os corpos para o outro.

Na segunda parte trata-se sobre a revolução do Sol. Kepler nesta parte mostra como o Sol faz a revolução em torno do seu eixo, e os efeitos em fazer os planetas girarem. Esta parte centraliza a proporcionalidade dos movimentos entre si, dos tempos periódicos, tendo como principal ponto o movimento do centro da terra em volta do Sol, e como faz a revolução em seu eixo e tendo consequência sobre a lua, ou seja, a revolução da Terra tem efeito direto sobre o movimento uniforme lunar, as causas do movimento da terra sobre a lua tem efeito sobre as marés, são colocadas por fim como são desenvolvidos os dias, meses e anos.

A terceira parte divulga todos aqueles casos de irregularidades tríplice da altitude, longitude e latitude dos planetas singulares, com isto, através destas irregularidades são dobradas na lua pela força da iluminação do Sol.

A importância do livro IV é mostrar a física celeste em si mesma, ou seja, afirmar as proporções e as formas verdadeiras das causas dos movimentos. Este capítulo traz a principal função dos astrônomos, ou seja, demonstrar as hipóteses.

Para Kepler a perfeição do mundo consiste em quatro pontos: luz, calor, movimento e harmonia de movimentos. Cada um deles corresponde as faculdades da alma, a luz por exemplo, esta relacionada ao sensível, o calor é a vida na Terra, o movimento para os animais e tendo como fato último a harmonia que esta relacionada para o racional. O ponto fundamental das principais obras era colocar o Sol no centro, não foi diferente com Kepler, ao falar sobre a centralidade do Sol novamente se utiliza dos pitagóricos, ao mostrar que é a lareira do universo, é o cérebro de um corpo, é a parte fundamental dos movimentos, isto ficara claro em suas leis.

As leis de Kepler estão no livro Astronomia Nova, são elas: Os planetas descrevem órbitas elípticas, com o Sol em um dos focos; O raio vetor que liga um planeta ao Sol descreve áreas iguais em tempos iguais. ( lei das áreas); Os quadrados dos períodos de revolução (t) são proporcionais aos cubos das distâncias médias.

Em todas elas o Sol é o foco, ou seja, é uma teoria heliocêntrica, mas este modelo foi criticado por falta de simetria decorrente do fato do Sol ocupar um dos focos da elipse e outro simplesmente ser preenchido com o vácuo.

A primeira lei o Sol ocupa um dos focos, define que as órbitas não eram circunferências, como se supunha até então, mas sim, elipses. A distância de um dos focos ( f1) até o objeto, mais a distância do objeto até o outro foco ( F2), é sempre igual, não importanto a localização do objeto ao longo da elipse.

A segunda lei determina que os planetas se movem com velocidades diferentes, dependendo da distância a que estão do Sol.

O Periélio é o ponto mais próximo do Sol, onde o planeta órbita mais rapidamente. O Afélio é o ponto mais afastado do Sol, onde o planeta move-se mais lentamente. A terceira lei mostra que os quadrados dos períodos de translação dos planetas são proporcionais aos cubos dos semi-eixos maiores de suas órbitas. Ou seja, sendo T o período de revolução (ano do planeta) e D o semi- eixo maior da órbita de um planeta, tem-se: T2: D3=k, com k constante.

Esta lei indica que existe uma relação entre a distância do planeta e o período de translação (tempo que ele demora para completar uma revolução em torno do Sol). Portanto, quando mais distante estiver do Sol, mais tempo levará para completar sua volta em torno desta estrela.

Para Kepler a noção do posicionamento do Sol, segundo a teoria copernicana, tinha alguns pontos de extrema complexidade, ou seja, Copérnico estabeleceu a teoria do heliocêntrico em uma obrigação, pois não utilizou nenhuma observação, mas esta utilização se tornou uma necessidade para ele, era um sistema novo não podia ser igual ao sistema ptolomaico.

Kepler divide os planetas em: primário e secundário. Os planetas primários são aqueles que estão no periélio, os secundários estão no afélio. Esta demonstração é a teoria kepleriana, ou seja, ele os divide em dois pontos: aqueles em que a sua revolução é mais rápida, pois estão próximos ao Sol ( periélio) e aqueles em que a sua revolução é mais demorada, pois estão afastados do Sol ( afélio). Esta demonstração é colocada por Copérnico em suas tabelas astronômicas.

Ao definir o raciocínio de Copérnico dos antigos, Kepler mostra que os argumentos dos antigos são meramente prováveis, ao passo que o de Copérnico traz uma necessidade dinâmica. Os antigos mostram que a construção do céu se dá um em cima do outro como camadas de cebola, a teoria copernicana não está relacionada com estas propostas, mas sim, em uma criação do céu em harmonia.

Para Copérnico o movimento e o tempo são iguais para todos os planetas. Segundo ele, no centro do universo temos o Sol, com isso, a revolução de cada planeta está relacionada com a aproximação ou o distanciamento, foi esta proposta que levou Kepler a formular suas leis: as das órbitas elípticas, as leis das áreas e as leis dos períodos. De fato que Kepler se utilizou das observações de Brahe, pois os cálculos da órbita marciana foram de enorme importância para tal desenvolvimento astronômico.

Para Kepler, a astronomia copernicana foi de um grande valia para explicar as suas teorias, mesmo não tendo a importância que outros astrônomos tiveram, a sua contribuição foi de enorme valor para futuras investigações, por exemplo Newton em seu De Motu corporum in gyrum ( obra em que Isaac Newton fez com uma introdução

ao Principia ), onde centraliza as leis keplerianas, ou seja, mostra como pode explicar a mecânica com tais leis.

De fato que sem o De Revolutibus, Kepler não conseguiria mostrar suas colocações, isto fica claro no Epitome, esta obra de grande cunho astronômico, um resumo da maior revolução da astronomia, uma obra madura e didática, onde fica clara a aproximação de dois enormes nomes da humanidade, uma obra que responde as grandes questões e que deixa Copérnico na história.

Este livro IV mostra a colocação do Sol no centro e as revoluções celestes, e ainda centraliza o distanciamento de Copérnico dos antigos, pois para muitos existia uma certa relação, mas no Epitome isto fica claro e Kepler separa estes fatos.

Neste livro Kepler se utiliza das figuras platônicas para explicar a criação do mundo, mas não deixa Deus em segundo plano, e sim, o deixa como o grande arquiteto.

Com isto, esta obra fica à nossa disposição para uma nova investigação, devemos colocar Kepler no seu devido lugar, ou seja, num patamar de infinda magnitude na Ciência, pois este astrônomo nos deixou uma grande contribuição, a qual devemos passar a diante e fazê-la perpetuar nas futuras gerações.

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