O tributo é de fundamental importância não só para possibilitar a vida em sociedade, mas também para promover o desenvolvimento humano.
O Direito Penal, por sua vez, é o ramo do Direito que visa proteger os atos atentatórios aos valores de maior relevância social. Sua finalidade, portanto, deve ser justamente a proteção do bem jurídico penal.
Os princípios da intervenção mínima e da proporcionalidade devem nortear o Direito Penal, no sentido de não permitir o tratamento penal de informa indevida, exagerada, insuficiente ou, ainda, desnecessária.
Ainda, há certo desrespeito ao princípio da igualdade, tendo em vista a existência de dois institutos díspares - de um lado, a extinção da punibilidade e, de outro, a redução da pena - destinadas a mesma situação, a saber, a restituição da coisa ou reparação do dano em favor da vítima associadas a um benefício para o delinquente.
Neste passo, posto que a finalidade do Direito Penal, nos crimes contra a ordem tributária é distorcida, apresentando sua face de mero meio de coerção estatal para forçar o pagamento do tributo, não há que se falar em proteção de bem jurídico algum.
A finalidade do Direito Penal, nos crimes contra a ordem tributária praticados pelo contribuinte, não é a proteção de bem jurídico, e sim a arrecadação de tributo.
Posto como está, o tratamento penal, para as condutas em questão, demonstra um Estado “em cima do muro”, ao relativizar a gravidade da sonegação fiscal, quando oferece extinção da punibilidade pelo pagamento.
Afinal, o Direito Penal tem como escopo a punição de condutas tipificadas e não de meros resultados, como o não pagamento do tributo. Assim, não deveria se consentir com a existência de institutos que permitam desconstituir um crime.
Posto isto, conclui-se que o Estado pode aprimorar seus meios alternativos de proteção da ordem tributária, aumentando e qualificando a fiscalização, possibilitando assim a descriminalização de condutas que atentem contra o dever de pagar tributo.
Por outro viés, o Estado pode legitimar o Direito Penal, eliminando o instituto da extinção da punibilidade pelo pagamento e resgatando a clássica finalidade de proteção do bem jurídico penal - neste caso, a ordem tributária.
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