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A implementação de um SGA é um processo que requer a utilização de recursos por parte da organização, sendo encarada como um investimento. A implementação do SGA resulta numa melhoria do desempenho da organização a nível ambiental, visto que leva a reduções nos consumos (ex: energia, papel, etc.) que resultam no aumento de eficiência em determinados processos e na diminuição das despesas, trazendo deste modo várias vantagens à organização.

Muitas organizações ainda não consciencializaram que há benefícios, mesmo em termos de negócio, ao implementarem processos que levam à proteção do ambiente. Os colaboradores das PME’s, que tendem a recear as grandes mudanças, veem o SGA como uma ameaça, encarando o sistema com uma atitude cética antecipando serem designados para a realização de novas tarefas adicionais. No entanto, depois de apresentados os resultados admitem as vantagens.

No caso concreto da ArqPais, o desenvolvimento do projeto decorreu na generalidade de acordo com o planeado. O presente projeto permitiu, em contexto real, o desenvolvimento e a implementação do SGQA, mais concretamente a integração do SGA no SGQ, que estava a ser desenvolvido em paralelo com o SGA da ArqPais, tendo como referência normativa para o SGA a ISO 14001:2012 e para o SGQ a ISO 9001:2008.

A integração do SGA no SGQ é uma realidade no que se refere particularmente à política, ao suporte documental, aos recursos, atribuições, responsabilidades e autoridade, à formação e sensibilização, aos objetivos e metas dos processos de gestão, ao controlo operacional a nível ambiental e à seleção e avaliação de fornecedores, constatações também identificadas pelos autores Karapetrovic et al. (2006). A integração revelou-se uma mais-valia, pois houve uma redução significativa no tempo de implementação de ambas as normas, isto é, se as normas fossem aplicadas em separado era necessário mais tempo para a elaboração dos documentos do SGA que foram integrados no SGQ.

Ao longo do projeto atingiram-se os objetivos propostos, destacando-se a definição da política do sistema de gestão, a identificação e avaliação dos aspetos ambientais, a identificação dos requisitos legais aplicáveis à ArqPais, o estabelecimento de objetivos e

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metas quer da qualidade, quer do ambiente, e a identificação de possíveis situações de emergência.

Na fase de identificação e avaliação de aspetos ambientais salienta-se a aplicação de várias metodologias de avaliação de aspetos ambientais, na qual se destaca a aplicação da metodologia ACV. A aplicação da metodologia ACV para avaliação dos aspetos ambientais apresentou algumas dificuldades, podendo-se concluir que a sua aplicação é complexa e demorada, visto ser necessário efetuar-se uma análise mais cuidada na recolha dos dados de entrada. As principais limitações verificaram-se principalmente na obtenção de aspetos ambientais quantificáveis para análise ACV, e na seleção de processos compatíveis com os processos realizados na ArqPais. Esta metodologia exige um tempo de aplicação elevado e um custo acrescido devido à necessidade de disponibilidade de recursos humanos. Estas limitações não desqualificam a metodologia ACV, no entanto, a sua utilização em SGA’s requer maior tempo de análise para se efetuarem as simplificações necessárias.

A implementação do SGQA na ArqPais permitiu dar a conhecer aos colaboradores os aspetos ambientais significativos associados às atividades da organização bem como as medidas para a sua redução. Todos os colaboradores foram sensibilizados para novas responsabilidades na realização das suas tarefas, sempre com intuito de minimizar os impactes ambientais. Para tal, foi ministrada uma formação aos colaboradores da empresa onde lhes foi transmitida a política e os aspetos ambientais significativos da empresa, bem como algumas práticas que iriam ser implementadas na empresa a nível de ambiente. Desta forma, os colaboradores ficaram mais sensibilizados para a proteção do meio ambiente, passando a executar algumas práticas ambientais importantes no seu dia-a-dia como, por exemplo, a separação dos resíduos urbanos.

Na fase final do projeto realizaram-se as auditorias, interna e externa. Foi possível acompanhar ambas as auditorias como observadora.

A auditoria interna foi realizada em 15/07/2013, a qual teve como não conformidades, associadas ao SGA, as seguintes: 1) a organização não disponibilizou ao público a política de qualidade e ambiente; 2) Relativamente à identificação de requisitos legais e avaliação da conformidade legal, a organização: a) não evidenciou a análise da aplicabilidade de todos os requisitos, por exemplo, aplicabilidade da inscrição no SIRAPA e SCE ou respetiva justificação em caso de não aplicável, b) Deverá clarificar as obrigações legais a cumprir para os requisitos legais que identificou como aplicáveis (Ex: Decreto-Lei (DL) 56/2011 (relativo a determinados gases fluorados com efeito de estufa));

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3) a organização efetua o encaminhamento dos resíduos de toners e tinteiros para o operador BlackToner através do Projeto Tinteiro, não foi evidenciada a respetiva licença de operador de resíduos.

Foi ainda possível colaborar na resolução das não conformidades, associadas ao SGA, detetadas na auditoria interna.

A auditoria externa foi realizada em 27/09/2013 na qual participaram dois auditores. Em relação ao SGA não se verificaram não conformidades. Para a resolução das constatações que surgiram relativamente ao SGQ foi desenvolvido e enviado um plano de ações corretivas.

A implementação do SGQA possibilitou a identificação de algumas das vantagens mencionadas por vários autores que realizaram estudos sobre esta temática, nomeadamente a nível interno da organização como o aumento da motivação por parte dos funcionários na implementação do SGQA, a redução dos resíduos indiferenciados através da separação dos mesmos, vantagens identificadas por Boudouropoulos e Arvanitoyannis (1999), outro aspeto a ressalvar foi a implementação de metodologias para dar resposta a situações de emergência (Potoski e Prakash, 2004; Gavronski et al., 2008).

A pesquisa e análise dos requisitos legais aplicáveis à organização mostrou-se importante visto que a ArqPais adquiriu o conhecimento necessário para cumprir os requisitos legais, evitando custos relativos a coimas.

Salienta-se que um dos principais objetivos da ArqPais consistia na obtenção da certificação do SGA, considera-se que foi um dos principais benefícios alcançados pela ArqPais.

A certificação ISO 14001:2012 foi concedida em 11 de Novembro de 2013, com o certificado de conformidade PT13/04555 apresentado no Anexo XV.

As principais limitações deste projeto estão associadas à mudança de comportamento dos colaboradores, inicialmente mostraram-se muito reticentes à implementação do SGQA devido à designação de novas tarefas e à implementação de novos procedimentos e registos. Ao longo do tempo e com a ação de formação e sensibilização começaram a consciencializar-se da importância da implementação do SGQA.

Outra limitação a ressalvar foi o facto de se tratar de uma empresa pequena que trabalha essencialmente num escritório, dificultando a definição de objetivos e metas. Este fator também limita a obtenção de reduções significativas ao nível dos consumos, o

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que faz com que o retorno do investimento seja mais demorado. Contudo, a empresa vai- se apresentar para as partes interessadas como uma empresa “verde” e amiga do ambiente, o que lhe pode trazer mais-valias em termos de competitividade, já que poderá facilitar a entrada em alguns mercados bem como em concursos públicos

Para finalizar considera-se que a realização deste projeto foi importante pois proporcionou uma experiência profissional a nível da implementação de sistemas de gestão ambiental, permitindo a aquisição e aplicação de conhecimentos na área ambiental e na área de qualidade. A realização do estágio curricular foi importante pois para além do conhecimento que permitiu adquirir originou um estágio profissional da Vexillum.

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