• Nenhum resultado encontrado

Identificação e avaliação de aspetos ambientais

3 Caso de Estudo – Implementação de um SGA na ArqPais

3.6 Identificação e avaliação de aspetos ambientais

Esta fase é crucial para a implementação do SGA necessitando de uma atenção reforçada para a compreensão de toda a informação recolhida.

Com a realização do diagnóstico ambiental da organização foi efetuado o levantamento de todas as atividades e serviços com impactes/ interações ambientais. Neste ponto foram consideradas não só as atividades de funcionamento normal mas também as atividades de funcionamento anormal (situações de paragem e de arranque) e as situações de emergência.

O levantamento dos aspetos ambientais diretos foi realizado tendo em conta as atividades desenvolvidas em cada um dos setores da empresa: escritório, instalações sanitárias, refeitório, manutenção das instalações, deslocações, elaboração de projeto. No que respeita aos aspetos ambientais indiretos, o levantamento foi realizado de acordo com os diferentes serviços prestados pelos subcontratados.

Para cada setor foram indicadas as atividades desenvolvidas associando-se os aspetos ambientais e os respetivos impactes ambientais. Os aspetos ambientais são

22

obtidos sobre a forma de entradas (consumos) e saídas (produções e emissões). Para facilitar a identificação dos aspetos ambientais recorreu-se a fluxogramas, onde para cada setor foram descritas as entradas e saídas. Nesta fase identificam-se também as possíveis situações de emergência.

Todos os aspetos ambientais identificados, bem como os impactes ambientais associados foram inseridos numa folha de registo, IP.GQA.12. – Registo de Aspetos Ambientais, que é apresentada no Anexo II, metodologia de avaliação de aspetos ambientais de Pires (2012).

Atendendo a que cada aspeto ambiental e respetivo impacte têm um peso diferente em matéria de contaminação ambiental, os aspetos ambientais devem ser avaliados relativamente à sua significância.

No requisito 4 da norma ISO 14001 não é indicada uma metodologia a adotar para a avaliação dos aspetos ambientais, tendo por essa razão sido analisadas várias metodologias possíveis.

De seguida são apresentadas algumas das metodologias de avaliação de aspetos ambientais existentes. Esta exposição é fruto de uma pesquisa extensa, recorrendo a artigos científicos e manuais de SGA’s. São apenas apresentadas as metodologias que foram consideradas mais adequadas para adaptação ao caso de estudo. A seleção das metodologias de avaliação de aspetos ambientais baseou-se nos seguintes critérios:

 Apresentarem critérios de avaliação de aspetos ambientais gerais, isto é que se podem aplicar a qualquer tipo de organização;

 Apresentarem a aplicação das metodologias em organizações com serviços semelhantes à ArqPais;

 Apresentarem um método de avaliação que mesmo sendo específico pode ser adaptado à ArqPais.

Metodologias de avaliação de aspetos ambientais 1. Métodos baseados em critérios definidos

1.1. Seiffert (2008) – Este método foi utilizado na Implementação de SGA’s em

pequenas e médias empresas. O estudo teve por base a análise de quatro empresas com ramos de atividade diferentes, nomeadamente na hotelaria, na produção de mobiliário para exportação, na extração de substâncias minerais e na transformação de granito, e produção de telhas.

23

De acordo com esta metodologia a identificação dos aspetos ambientais deve ter em consideração as entradas e saídas de todas as atividades da empresa, bem como os seus processos, indicando a sua ocorrência (passado, presente e futuro).

Após a identificação dos aspetos ambientais é essencial identificar a situação operacional em que o aspeto ocorre, ou pode ocorrer (situação normal, anormal ou de emergência); é ainda indicada a sua incidência (direta, controlada diretamente pela empresa ou influenciado pela empresa) e é referido também o tipo de impacte (adverso ou benéfico).

Relativamente à avaliação da significância dos aspetos ambientais, a metodologia segue um método quantitativo, isto é, a avaliação dos aspetos ambientais é realizada tendo por base vários critérios com uma escala de pontuações definida.

Um dos critérios considerados para a avaliação dos aspetos ambientais é a magnitude do impacte ambiental, sendo deste modo possível identificar os danos do impacte ambiental, como descrito na Tabela 2.

Tabela 2 - Magnitude do impacte

Descrição

Magnitude (pontuação) Severidade Extensão

Local Regional Global Impacte ambiental de magnitude negligenciável Baixo 20 25 30 Danos ambientais sem consequências para a imagem da empresa

ou para o negócio, reversível recorrendo a ações de controlo. Impacte ambiental que embora não seja classificado como baixo ou elevado, é capaz de alterar a qualidade ambiental.

Médio 40 45 50

Dano ambiental, com consequências para o negócio e imagem da empresa, reversível através de ações de controlo / mitigação. Aumento de reivindicações por parte das partes interessadas.

Impacte ambiental de magnitude elevada. Elevado 60 65 70 Impacte ambiental, com consequências irreversíveis para a

empresa quer ao nível financeiro quer para a sua imagem, mesmo recorrendo a ações de controlo.

24

Para a determinação da magnitude é fundamental conhecer a extensão do impacte (local, regional ou global). Contudo, indicar a extensão do impacte ambiental pode suscitar dúvidas, assim sendo para facilitar esta seleção é apresentada a Tabela 3, onde se indica o nível de extensão dos impactes ambientais. Sabendo a extensão do impacte pode-se selecionar a magnitude através da Tabela 2.

Tabela 3 - Nível de extensão dos impactes ambientais

Global: impacte que pode ultrapassar os limites de um estado ou país, com potencial para afetar a

qualidade ambiental a nível global.  Depleção da camada de Ozono;  Chuvas ácidas;

 Aquecimento global;

 Poluição atmosférica derivada às emissões dos veículos.

Regional: Impacte que ocorre dentro de um estado ou na região.

 Deflorestação;

 Redução da biodiversidade;  Consumo de recursos naturais;  Contaminação da água potável;

 Poluição da água devido a resíduos industriais;

 Poluição da água devido a estações de tratamento de resíduos;  Poluição da água devido a estações de tratamento;

 Contaminação da orla marinha.

Local: Ultrapassa os limites da organização, causando incómodo por parte da comunidade.

 Deflorestação;

 Redução da biodiversidade;  Consumo de recursos naturais;  Erosão dos solos;

 Poluição da água devido a derrames de óleos;

 Contaminação dos solos devido a resíduos provenientes da agricultura (herbicidas, pesticidas, etc.);

 Poluição de áreas devido a descargas de resíduos (ativos, inativos);  Descarte de resíduos não perigosos;

 Radiação de resíduos nucleares;

 Alterações da qualidade do ambiente interior devido a ruídos e vibrações;  Poluição atmosférica devido à emissão de partículas.

A metodologia recorre ainda aos critérios Frequência e Probabilidade para avaliação dos aspetos ambientais. A Frequência está associada às situações de funcionamento de atividade normal ou anormal, à qual é atribuída uma pontuação descrita na Tabela 4.

25

Quanto ao critério Probabilidade, que corresponde às situações de emergência, foi atribuída uma pontuação que se apresenta na Tabela 5.

Tabela 4 - Frequência do aspeto ambiental (situação de ocorrência normal ou anormal).

Frequência Descrição Pontuação

Baixa

- Ocorre uma vez por mês ou menos;

- Poucos aspetos ambientais relacionados com o impacte ambiental.

10

Média

- Ocorre mais de uma vez por mês;

- Número considerável de aspetos ambientais relacionados com o impacte ambiental.

20

Alta

- Ocorre diariamente;

- Elevado número de aspetos ambientais relacionados com o impacte ambiental.

30

Tabela 5 - Probabilidade do aspeto ambiental (situação de emergência).

Probabilidade Descrição Pontuação

Baixa

- Ocorre uma vez por mês ou menos;

- Existem procedimentos/ controlos/ medidas de gestão para os aspetos ambientais.

10

Média

- Ocorre mais de uma vez por mês;

- Não existem procedimentos/ controlos/ medidas de gestão para os aspetos ambientais.

20

Alta

- Ocorre diariamente;

- Não existem procedimentos/ controlos/ medidas de gestão para os aspetos ambientais;

- Elevado número de aspetos ambientais relacionados com o impacte ambiental.

30

Para finalizar determina-se a significância dos aspetos ambientais, somando-se os valores atribuídos ao critério magnitude e ao critério frequência para situações normais ou anormais, ou somando-se os valores atribuídos ao critério magnitude e ao critério probabilidade para situações de emergência, o resultado é posteriormente comparado com os dados apresentados na Tabela 6.

26

Tabela 6 - Significância dos aspetos ambientais.

Significância do aspeto Pontuação

Negligenciável (N) Pontuação obtida < 50

Moderado (M) Pontuação obtida entre 50 e 70

Crítico (C) Pontuação obtida > 70

No entanto, para avaliação da significância dos aspetos ambientais é também necessário ter em conta a legislação aplicável a cada um deles (Tabela 7), isto é, é essencial verificar se existe legislação aplicável e se existem não conformidades; caso existam, os aspetos ambientais correspondentes são considerados significativos independentemente do resultado do cálculo descrito anteriormente.

Tabela 7 - Critério requisitos legais.

Requisitos Legais (RL) Classificação

Cumpre a Legislação S

Possibilidade de não cumprimento, ocasionalmente N

Não existe NA

São também considerados significativos os aspetos ambientais:

 Cuja produção relacionada ao aspeto ambiental ofereça uma oportunidade de produção mais limpa (PML);

 Que sejam alvo de reclamações efetuadas pelas partes interessadas (RPI);

 Que ofereçam opções estratégicas para a organização (OE).

1.2. Ljubas e Sabol (2011) – Este artigo aborda uma metodologia para identificação e

avaliação de aspetos ambientais aplicada na universidade de Zagreb.

Os aspetos ambientais da Faculdade de Engenharia Geotécnica foram identificados combinando quatro metodologias de identificação de aspetos ambientais, nomeadamente:

27

 Método da cadeia de produção/ serviço: foca-se nos aspetos ambientais mais fáceis de identificar na organização e nos fornecedores, passando pela produção e distribuição dos produtos/ serviços.

 Método de identificação de materiais: incide sobre identificação dos materiais e substâncias utilizados na produção, nomeadamente agentes perigosos ou produtos químicos etc.

 Cumprimento dos requisitos legais: debruça-se sobre as exigências legais que são propostas pelo governo ou por órgãos ambientais locais. Os aspetos ambientais que não são regulados por diplomas legais não são tidos em conta.  Método de fluxogramas dos processos: permite dividir a organização em partes/

processos menores.

Das quatro metodologias anteriormente referidas os autores focaram-se especialmente na identificação dos materiais e no cumprimento dos requisitos legais.

Para avaliar os aspetos ambientais em significativos ou não significativos foram utilizados os seguintes critérios: frequência (FREQ), o nível de controlo do aspeto (CONT), severidade a nível ambiental (SEV-ENV), severidade para os funcionários (SEV- EMP), legislação (LEG), a exposição pública (PUB). Estes critérios e a respetiva pontuação são apresentados na Tabela 8.

Tabela 8 - Critérios de avaliação dos aspetos ambientais.

Descrição do Critério Pontuação

a) Frequência (FREQ)

Nunca aconteceu, mas é possível que aconteça 1

Raro, menos de uma vez por ano 2

Ocasionalmente, 1-4 vezes por ano 3

Frequentemente, mais de 4 vezes por ano 4

Continuamente 5

b) Nível de controlo do aspeto (CONT)

Controlo total 1

O controlo dos aspetos ambientais é muito raro, e a curto prazo são perdidos 2

Não é feito o controlo periódico 3

28

Não existe controlo 5

c) Severidade a nível ambiental (SEV_ENV)

(Incluindo os seres humanos fora da Faculdade. Este critério depende tanto da qualidade dos efluentes/ resíduos, por exemplo, materiais perigosos, como da quantidade, por exemplo, utilização de energia no aquecimento, grande quantidade de matérias-primas, etc.)

Sem impacte mensurável 1

Impacte extremamente baixo 2

Impacte moderado 4

Impacte significativo (uso de recursos não-renováveis, o uso de materiais perigosos,

sem recorrer às medidas de gestão de resíduos) 6 Impacte crítico (Local de perigo para o ambiente e para os seres humanos por um

longo período de tempo) 8

Impacte catastrófico (Contaminação irreversível, possível morte de seres humanos) 10

d) Severidade ao nível dos funcionários (SEV_EMP)

Sem impacte mensurável 1

Impacte extremamente baixo 2

Impacte moderado (recorrendo a medidas de segurança não causa nenhum impacte

mensurável) 4

Impacte significativo (recorrendo a medidas de segurança, os impactos estão sob

controle) 6

Impacte muito significativo (influencia a segurança e a saúde dos funcionários,

embora se recorra a medidas de segurança). 8

e) Legislação (LEG)

Não existem requisitos legais 1

Existem requisitos legais 6

f) Exposição pública (PUB)

Não existe exposição pública 1

Existe exposição pública 2

Existe exposição pública com interesses bem definidos 3

A significância dos aspetos ambientais da Faculdade de Engenharia Geotécnica foi determinada através de dois métodos: método de adição e método de multiplicação.

29

A determinação da significância dos aspetos ambientais através do método de adição (SIGNADD) foi calculada através da seguinte equação:

SIGNADD = FREQ + CONT + SEV_ENV + SEV_EMP + LEG + PUB (Equação 1)

onde, a pontuação dos critérios FREQ (Frequência), CONT (Nível de controlo do aspeto, SEV_ENV (Severidade a nível ambiental), SEV_EMP (Severidade ao nível dos funcionários), LEG (Legislação) e PUB (Exposição pública) é apresentada na Tabela 8.

A significância dos aspetos ambientais utilizando o procedimento de multiplicação (SIGNMUL) foi determinada através da equação abaixo referida:

SIGNMUL = FREQ x CONT x SEV_ENV x SEV_EMP x LEG x PUB (Equação 2)

onde, a pontuação dos critérios FREQ (Frequência), CONT (Nível de controlo do aspeto, SEV_ENV (Severidade a nível ambiental), SEV_EMP (Severidade ao nível dos funcionários), LEG (Legislação) e PUB (Exposição pública) é apresentada na Tabela 8.

Relativamente ao método de adição SIGNADD, um aspeto ambiental é considerado significativo se o resultado do cálculo for superior a 20. Para o método da multiplicação SIGNMUL, um aspeto ambiental é considerado significativo se o resultado for superior a 2000.

1.3. Pires (2012). Este manual indica várias metodologias de avaliação de aspetos

ambientais. De seguida apresenta-se uma das metodologias mencionadas no manual, a qual foi selecionada por conter critérios de avaliação adequados para aplicação ao caso de estudo e por ser uma metodologia fácil de aplicar.

Avaliação da significância dos aspetos ambientais

Após a identificação dos aspetos e impactes ambientais, utiliza-se um sistema simplificado para avaliar quais os que são significativos. Deste modo, a avaliação dos aspetos ambientais é estabelecida de acordo com os seguintes critérios:

i. Funcionamento

Para a identificação dos aspetos ambientais é necessário dividir as atividades segundo as condições de funcionamento:

 Normal (N);  Anormal (A);  Emergência (E).

30

ii. Tipo de impacte

Neste ponto são definidos os impactes ambientais consoante o seu tipo, isto é, indica- se se se trata de impactes ambientais negativos (Neg) ou positivos (Pos).

Em relação aos impactes ambientais positivos, estes não são sujeitos a avaliação da significância; no entanto são registados para poderem constituir pontos de melhoria.

No que respeita aos impactes ambientais negativos, estes podem ser classificados de acordo com critérios ambientais ou empresariais, descritos abaixo.

iii. Critérios ambientais

a) Frequência/Probabilidade de ocorrência

A Frequência diz respeito aos aspetos ambientais que ocorrem em situações normais ou anormais, para os aspetos ambientais associados a situações de emergência deve ser indicada a probabilidade de ocorrência.

A classificação considerada é descrita na tabela seguinte:

Tabela 9 - Frequência/ Probabilidade de ocorrência do aspeto ambiental.

Frequência/ probabilidade de ocorrência (P) Classificação

Baixa (provável, mas nunca ocorreu) 1

Moderada (provável, já ocorreu) 2

Elevada (já ocorreu várias vezes) 3

b) Severidade

Este critério refere-se ao impacte ambiental e expressa o nível de perturbação no ambiente, através da seguinte classificação:

Tabela 10 - Severidade do impacte ambiental.

Severidade (S) Classificação

Baixa (impacte não significativo no ambiente) 1 Média (impacte moderado no ambiente) 2 Elevada (impacte significativo no ambiente) 3

31

iv. Critérios empresariais

a) Requisitos legais

Este critério indica a existência ou não de legislação aplicável para cada aspeto ambiental identificado e ainda se a mesma é cumprida. A indicação deste critério baseia- se na tabela seguinte:

Tabela 11 – Critério Requisitos Legais aplicáveis.

Requisitos Legais (RL) Classificação

Cumpre a Legislação/ Não existe S

Possibilidade de não cumprimento, ocasionalmente N

b) Opinião das Partes Interessadas

Este critério permite verificar a preocupação de todas as partes interessadas, e tem por base a seguinte tabela:

Tabela 12 – Critério Opinião das Partes Interessadas.

Opinião das partes interessadas (RL) Classificação

Indiferente (não existem reclamações/observações relativas a

aspetos ambientais) I

Negativa (existem reclamações/observações relativas a aspetos

ambientais) N

v. Determinação da significância

A avaliação do nível de significância pode ser determinada através do seguinte cálculo:

Resultado= (P Error! Reference source not found. S), o qual se considera: Não significativo – Se o resultado for inferior a 6;

Significativo – Se o resultado for igual ou superior a 6; OU

Um aspeto ambiental pode ainda ser considerado significativo se obtiver classificação negativa nos critérios: requisitos legais e opinião das partes interessadas.

32

2. Método da Análise do Ciclo de Vida (ACV) Conceitos Básicos:

ACV - De acordo com a ISO 14040 (1997), a ACV é uma ferramenta que permite compilar os fluxos de entrada (material ou energia que entra num processo, isto é, consumos) e saída (material ou energia que sai de um processo, isto é, emissões, resíduos, etc.), e avaliar os potenciais impactes ambientais associados a um produto/processo ao longo de todo o seu ciclo de vida, ou seja, desde a extração das matérias-primas, até à deposição final no ambiente.

Metodologia ACV orientada para temas ou “mid-points” - Refere-se aos efeitos finais dos impactes ambientais no emissor (categorias ambientais). Isto é, mostra os resultados consoante as contribuições dos impactes ambientais para os problemas ambientais como o aquecimento global ou depleção da camada de ozono.

Metodologia ACV orientada para danos ambientais ou “end-points” – Refere-se aos efeitos finais dos impactes ambientais no recetor (danos ambientais). Isto é, avalia o dano resultante dos problemas ambientais (ex: dano para a saúde humana resultante da depleção da camada de ozono, nomeadamente o cancro da pele).

Categorias de impacte ambiental – São um conjunto de problemas ambientais. As principais categorias de impacte são: potencial de acidificação (PA), potencial de aquecimento global (PAG), potencial de depleção de ozono estratosférico (ODP), potencial de formação de oxidantes fotoquímicos (PFOF), potencial de eutrofização (PE), toxicidade humana (HT), ecotoxicidade (ET) e potencial de depleção de recursos abióticos (PDA).

Metodologia ACV: De acordo com a norma ISO14040 a metodologia ACV envolve quatro fases: definição de objetivos e âmbito, análise de inventário de ciclo de vida, avaliação de impactes e interpretação.

 Definição do objetivo e âmbito: Uma clara e inequívoca definição do “Objetivo” e “Âmbito” é fundamental para a condução do estudo de ACV (ISO 14041).

Em relação ao objetivo deve-se definir: o O sistema a ser estudado;

o A sua finalidade;

33 No âmbito deve-se referir:

o Quais as fronteiras do estudo (a extensão da ACV)

o Quantos e quais os subsistemas a incluir (a largura da ACV) o Qual o nível de detalhes do estudo (a profundidade da ACV)

Nesta fase é ainda definida a unidade funcional, esta é uma referência com a qual os dados de entrada (consumos) e saída (emissões, resíduos, etc.) serão relacionados.

 Análise do Inventário de Ciclo de Vida (ICV): O inventário é a fase de recolha e quantificação de todos os dados de entrada (consumos) e saída (emissões, resíduos, etc.). A abordagem comum na metodologia ACV é realizar o inventário de cada unidade do processo em separado, obtendo-se por fim o resumo dos fluxos totais.

 Avaliação de impactes de Ciclo de Vida (AICV): Nesta fase pretende-se avaliar a magnitude e o significado do impacte ambiental potencial dum produto/processo.

A avaliação de impactes consiste na transformação dos dados recolhidos no ICV (quantificação dos consumos, das emissões, dos resíduos, etc.) em efeitos ambientais potenciais.

Há várias metodologias para realizar ACV’s, mas estas são basicamente de 2 tipos gerais:

o Orientadas para temas ou “mid-points”, ou categorias ambientais. o Orientadas para danos ambientais ou “end-points”.

 Interpretação: Análise dos resultados obtidos durante o estudo ACV.

2.1. Gernuks et al. (2007) - Este artigo utiliza a metodologia de Análise do Ciclo de

Vida (ACV) para avaliação dos aspetos ambientais num Sistema de Gestão Ambiental. É importante referir que os SGA’s focam a empresa e a ACV foca o produto, deste modo, é necessário ajustar a ACV ao caso de estudo efetuando algumas adaptações aos princípios da ACV.

Neste artigo a Volkswagen recorreu à metodologia ACV para avaliação dos aspetos ambientais.

34

Avaliação dos aspetos ambientais

2.1.1. Seleção de aspetos ambientais

A identificação dos aspetos ambientais foi realizada com base nas diretrizes EMAS. Segundo este referencial a organização deve identificar os aspetos ambientais que podem ser controlados diretamente pela organização. O EMAS fornece um anexo com uma listagem dos aspetos ambientais que devem ser considerados, auxiliando desta forma a identificação dos aspetos ambientais. Neste ponto, também são considerados os aspetos ambientais derivados de emergências e acidentes. Além destes, são ainda incluídos os aspetos ambientais indiretos.

2.1.2. Avaliação dos aspetos ambientais quantificáveis a) Métodos de Avaliação dos aspetos ambientais

Para avaliação dos aspetos ambientais Gernuks et al. (2007) analisaram as seguintes abordagens:

 Orientada para temas ou categorias de impacte:

- CML 2001 (Guinée, 2001) – é uma ferramenta de avaliação de impactes ambientais do ciclo de vida de um produto/ serviço desenvolvida por um grupo de cientistas sob a liderança da CML (Centro de Ciências Ambientais da Universidade de Leiden) no ano de 2001. Estes cientistas desenvolveram um conjunto de categorias de impacte e métodos de caracterização para a etapa de avaliação de impactes ambientais. Com esta ferramenta os aspetos ambientais são submetidos à fase de ICV. Os resultados do ICV (emissão CO2, SO2, etc.) são associados à categoria de impacte correspondente. Isto é,

todas as emissões são classificadas numa categoria de impacte, sendo caracterizadas tendo em conta o seu impacte ambiental em relação a uma substância de referência. (Exemplo: o metano contribui 21 vezes mais que o CO2 para o efeito de estufa que é a

substância de referência para o aquecimento global). Assim o fator de caracterização para o metano é 21 equivalentes de CO2.

 Orientada para danos ambientais:

- Eco-Indicador 99 (Goedkoop e Spriensma, 2000) – é uma ferramenta de avaliação de impactes ambientais do ciclo de vida de um produto/processo desenvolvida por PRÈ Consultants BV. Os dados referentes a esta ferramenta são recolhidos e publicados pelo Instituto de Ciências Ambientais da Universidade de Leiden, na Holanda. Estes dados

35

são disponibilizados através de folhas de cálculo que contêm a informação do impacte ambiental de um produto/ serviço. Os aspetos ambientais são submetidos à fase de ICV. Os resultados do ICV (emissão CO2, SO2, etc.) são associados às categorias de danos ambientais (saúde humana, qualidade dos ecossistemas e quantidade de recursos). A informação do impacte ambiental é apresentada através de um número (pontos) tendo em conta a contribuição de um impacte ambiental nas três categorias de danos

Documentos relacionados