Em relação ao objetivo geral desta pesquisa, que pretendia analisar as possibilidades de práticas de Comércio Justo em cadeias produtivas/organizações no Ceará, comprovou-se, através de estudo de caso em dois locais do estado, que muito dos requisitos necessários para a participação no Comércio Justo ainda não são atendidos pela Associação dos Produtores Ecológicos do Maciço de Baturité (APEMB), bem como não atendidos também pela Associação Cooperativista do Projeto de Assentamento Coqueirinho (ACOOPAC). Da associação A percebeu-se que: Na situação atual eles não consideram um pagamento justo ao da saca de café recebido aqui no Ceará, diferentemente da ACOOPAC que considera um preço justo cobrado nos seus produtos; a presença de atravessadores ainda é uma constante pra muitos produtores, principalmente na época de colheita do café, na ACOOPAC não existe a presença do atravessador tem em vista a pequena produção e o uso da bodega que faz essa ponte entre o proudutr e o consumidor final; percebeu-se também que o pagamento de bônus foi realizado apenas na época em que os produtores eram certificados. É comum, nas áreas rurais, a participação de todos os membros da família no cultivo e economia de subsistência da mesma; existe a necessidade de financiamento de uma fábrica de beneficiamento de produtos tanto na área dos cosméticos como para os alimentos produzidos.
Em relação à análise dos objetivos específicos, propõem-se: Com base na revisão bibliográfica é possível identificar os principais requisitos para se praticar o Comércio Justo, tais requisitos são mostrados no Quadro abaixo:
Organizações dos produtores em cooperativas e associações. Pagamento de preços justos aos pequenos produtores.
Redução da intermediação especulativa, até chegar à sua eliminação. Quanto mais forte e direta for a ligação entre produtor e consumidor, melhores serão os resultados. Relações duradouras tanto de compra e venda como de contratos.
Pagamento no ato do recebimento do produto. Não é admitida a venda em consignação, na qual o produtor só recebe do vendedor ou do intermediário o valor referente ao que foi vendido.
Pagamento de bônus ou Premium. A palavra tem, neste caso, o sentido de algo extra. No comércio justo, além de pagar o preço combinado, o comprador oferece um bônus, uma quantia que deve ser aplicada em algo que vá beneficiar, toda a comunidade produtora em iniciativas que ela mesma decidir.
Rejeição à discriminação de raça, gênero e religião nas relações comerciais, mulheres não devem receber menos do que os homens, quando executam a mesma tarefa.
Rejeição ao trabalho infantil. Rejeição ao trabalho escravo.
Respeito aos direitos trabalhistas de produtores e vendedores, de acordo com padrões estabelecidos pela Organização Internacional do Trabalho (OIT).
Demandas de longo prazo e uma política de relações éticas que vai desde a contratação de uma compra até a entrega final do produto.
Corresponsabilidade entre os diversos elos da cadeia produtiva. Um gerente de loja e um colhedor de palha de palmeira têm a mesma importância profissional.
Financiamento de produção ou do plantio, ou a antecipação do pagamento da safra, quando necessário.
Respeito à legislação e às normas nacionais e internacionais referentes à qualidade do produto.
Garantia de segurança e um ambiente de trabalho seguro para todos os participantes. Isso inclui uso de equipamentos adequados para a execução das tarefas e para prevenção de acidentes.
No que diz respeito ao objetivo específico de identificar a importância de certificação do comércio para os pequenos agricultores, conclui-se que a aquisição de certificação aumenta o grau de inserção social de pequenos agricultores, à medida que recebem uma melhor remuneração pelo trabalho que fazem; as técnicas de produção tendem a respeitar mais o meio ambiente, tal como a produção orgânica, além disso, modos tradicionais de produção são preservados, o que significa a preservação da produção local. A certificação (selos) garante o comprometimento com o desenvolvimento social do trabalhador e da comunidade na qual está inserido. O “preço justo” de cada produto não é somente decidido pelo produtor ou pelo comércio final (direito ao consumidor), mas por comissões que analisam toda a cadeia produtiva, para que não haja qualquer tipo de exploração do trabalho. Além disso, as estruturas produtivas devem assegurar que não há, em momento algum, uso de mão de obra infantil ou de agrotóxico, por exemplo.
Em relação ao objetivo específico de identificar quais são as instituições promotoras e os participantes do Comércio Justo: os participantes do Comércio Justo são os produtores, consumidores, empresas, organizações colaboradoras, as instituições do Comércio Justo, as organizações de produtores, as organizações de consumidores, as agências de certificação, as centrais de compras, as lojas do Comércio Justo, as distribuidoras e pontos de venda, e os agrupamentos internacionais.
Como último objetivo específico, buscou-se identificar e caracterizar as organizações de Fortim e Mulungu; no presente trabalho foram apresentadas pesquisas de campo realizadas em duas organizações no Ceará que apresentavam indicativos de que poderiam se encaixar como aplicadoras do Comércio Justo: a primeira organização pesquisada foi a Associação do Produtores Ecológicos do Maciço de Baturité (APEMB) localizado na serra de Baturité, mais especificamente na região de Mulungu, próximo de
53 Guaramiranga, uma associação que tem em torno de 45 produtores que produzem, além do café agroecológico, frutas das mais variadas possível; A segunda organização escolhida para pesquisa foi a Associação Cooperativista do Projeto de Assentamento Coqueirinho (ACOOPAC) que se localiza em Fortim, no interior do Ceará, onde existe um grupo de agricultores que vieram de outra localidade para tentarem ter seu espaço de terra e poderem produzir em seus “quintais ecológicos” diversas frutas, como o mamão, a manga, a banana entre outras; possuem uma mini fábrica de cosméticos e existe também o projeto TUCUM, que é o Turismo Comunitário, onde pessoas vem visitar a região e saborear de uma culinária caprichada no restaurante do assentamento.
ANEXO
1-O quanto você conhece o conceito de:
Nada Um pouco Bastante Muito Completamente Fair Trade
Organico
Economia Solidária
2-MATRIZ DE OPÇÕES (SIM/NÃO)
A sua organização trabalha com produtos orgânicos ou Fair Trade? Desenvolve algum projeto social atualmente?
É certificada por alguma agência externa? => Empresa certificadora (se houver) 3-VÁRIAS CAIXAS DE TEXTO
Desde quando trabalha na área agrária?
Desde quando trabalha na área de orgânicos e FT? Quais produtos a empresa produz?
Qual o tamanho da área cultivada? Orgânica _____
FT ______ ES______
4-Como é feito o controle de resíduos e químicos agrícolas? é feito formalmente pela empresa (acompanhado por técnicos) informalmente (julgamento do produtor)
através de auditoria conforme certificação conforme apoio técnico não é feito
5-O desenvolvimento da produção Org/FT/ES foi iniciativa: da organização (que depois procurou um mercado/comparador) dos compradores (que passaram a exigir)
sugestão dos compradores
55 Econômica
6-Qual o mercado pra que a organização vende Distribuidor que revende para terceiros
Pequeno Varejista (e.g. direto para mini mercados) Grande Varejista (e.g. redes de supermercado) Feira
7-Como é feita a logística para a entrega dos produtos? Você entrega e arca com as despesas
Você entrega e o comprador arca com as despesas O comprador vem buscar
Qual....
8-Qual foi o lucro em 2010?
Houve uma melhoria no resultado financeiro depois de adotarem orgânicos? A organização tem interesse de crescer, expandir (grande varejista, exportar) A organização tem capacidade de crescer, expandir (grande varejista, exportar) Qual parece ser o maior obstáculo para o sucesso e expansão da organização? Social
8.5/9-Quantos funcionários emprega?
Os produtores têm voz nas tomadas de decisão da organização? 3 9/9.5?-Os contratos de trabalho são baseados em relações
Formais Informais Temporárias familiares 10 10-Dados demográficos: Contato (respondete) Nome da Empresa: Função/cargo Endereço: Cidade: Estado:
Há disponibilidade para entrevista nos próximos meses? Telefone:
ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. Disponível em:
<http://www.abnt.org.br/m3.asp?cod_pagina=1012>. Acesso em: 07 out. 2014
ALVES, FLÁVIA KELLER. Arranjo socioprodutivo de base comunitária (apl.com): um projeto piloto na comunidade do entorno da micro-bacia do rio sagrado (Morretes/PR).2008. Dissertação (Mestrado em Administração)-Universidade Regional de Blumenau.
BBC. As dez tendências globais de consumo em 2014. 2014. Disponível em: <
http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2014/01/140115_relatorio_euromonitor_dez_tende ncias_globais_de_consumo_lgb>. Acesso em: 07 out. 2014
BOSSLE, M.B. Comércio justo no Brasil e a comercialização de produtos do algodão ecológico. 2011. 118 f. Dissertação(Mestrado em Administração) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2011.
BOUROULLEC, Melise Dantas Machado. Governanças Híbridas no Comércio Justo Citrícola entre o Brasil e a Europa: Arranjos Institucionais complementares aos contratos 2010, 224 f. Tese (Engenharia de Produção) – Universidade Federal de São Carlos.
BSD Consulting. Disponível em: <http://www.bsd-net.com>. Acesso em:
EFTA.2010. Disponível em: < http://www.eftafairtrade.org/>. Acesso em: 07 out. 2014 FACES DO BRASIL. Contexto atual. Disponível em:
<http://www.facesdobrasil.org.br/contexto-atual.html>. Acesso em: 12 nov. 2014.
FAIRTRADE Internacional. Critério do Comércio Justo Fairtrade para Organizações de Pequenos Produtores. Versão: 01.05.2011 v. 1.2 52 p. Disponível em:
<http://www.fairtrade.net/fileadmin/user_upload/content/2009/standards/documents/2014-07- 16_PT_SPO.pdf >. Acesso em: 08 out. 2014.
FAIRTRADE Internacional. Disponível em: <http://www.fairtrade.net/products.html?&L=0>. Acesso em 05 nov. 2014.
FAIRTRADE Internacional. Boost for Fairtrade in Brasil. Disponível
em:<http://www.fairtrade.net/single_view1.0.html?&cHash=bba9084d39&tx_ttnews%5btt_n ews%5d=201 >. Acesso em: 28 out .2014.
FAIRTRADE Internacional. Boost for Fairtrade in Brasil. Disponível
em:<http://www.fairtrade.net/products.html?&L=0 >. Acesso em: 28 out .2014.
FAJARDO, Elias. Consumo consciente, comércio justo: conhecimento e cidadania como fatores econômicos. Rio de Janeiro: Senac Nacional, 2010. 136 p. Inclui Bibliografia.
FERREIRA, Johnny Herberthy Martins. Dimensões de Inovações Organizacionais e Sociais no Processo de Certificação Fair trade: O caso da Casa Apis. 2012. 105 f. Dissertação (Mestrado em Administração) – Universidade Federal do Ceará.
57 FRETEL, Afonso Cotera; SIMONCELLI-BOURQUE, Eloise. O Comércio justo e o
consumo ético. Rio de Janeiro: DP&A: Fase, 2003. 80 p.
GIL, Antonio Carlos.Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002 ______. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2008
______. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2010
GONÇALVES, J.E. Análise do programa comércio justo e solidário: o caso da coopercaju no estado do Rio Grande do Norte. 102f. Dissertação (Mestrado em Economia Rural) – Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2002.
GRUNINGER, B.; URIARTE A. Fair Trade: Uma introdução e algumas considerações. In: FRANÇA, C. L. (Org.). Comércio Ético e Solidário. São Paulo, Fundação Friedrich Ebert / ILDES, 2002. p. 67-75.
LANKSHEAR, Colin; KNOBEL, Michele. Pesquisa pedagógica: do projeto à implementação. Porto Alegre: Artmed, 2008. 328 p.
MACHADO, R.T.M. Rastreabilidade, tecnologia da informação e coordenação de sistemas agroindustriais. 2000. Tese (Doutorado em Administração) –Faculdade de Economia e Administração.São Paulo, 2000.
MAIA, Tatiana; VIEIRA, Luciana Marques; WILK, Eduardo de Oliveira. Um estudo exploratório sobre o sistema de certificação fair trade e suas possibilidades de aplicação na cadeia apícola. SIMPOI - POMS - 2007.
MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Técnicas de pesquisa. 1. ed. São Paulo: Atlas, 1986.
MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Metodologia científica. 6.ed. São Paulo: Atlas, 2011. 314 p.
MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Metodologia do trabalho científico. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2009. 228 p.
METELLO, Daniela Gomes. Os benefícios da associação em cadeias produtivas
solidárias: o caso da Justa Trama – cadeia solidária do algodão. 2007. 157 f. (Dissertação em Engenharia) – Universidade Federal do Rio de Janeiro.
MISES, Ludwig Von. O que realmente é o mercado. 2013. Disponível
em:<http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=1398>. Acessado em: 07 out. 2014.
OCDE. 2006. Organisation for economic co-operation and development. Oslo Manual: Disponível em:<http://www.oecd.org>. Acesso em: 18 nov. 2014.
POLIS PESQUISA. Disponível em <http://www.polispesquisa.com.br/qualitativa.php>. Acesso em: 07 out. 2014
RENARD, M. C. Fair Trade: quality, market and conventions. Journal of Rural Studies, Oxford, v. 19, p. 87-96, 2003.
ROCHA, A.F; MENDES, A.C.A. Certificação de café: Análise da validação dos benefícios propostos pela FLO aos agentes envolvidos na obtenção do selo fairtrade em uma cooperativa de cafeicultores de Minas Gerais. APGS. Viçosa, vol. 3, n. 4, p. 421-441, out./dez. 2011. SCHMITT, V. G. H. As dimensões da sustentabilidade nas relações de poder: o comércio justo no setor alimentício brasileiro. 2011. 176 f. (Doutorado em Administração)- Fundação Getúlio Vargas.
SCHNEIDER, Johann Wolfgang. Pesquisa mundial de comércio justo. Brasília: SEBRAE, 2007. 211p.
SEBRAE. Comércio Justo: pesquisa mundial. Brasília: SEBRAE, 2004.p.10. Disponível em <http://www.sebrae.com.br/br/aprendasebrae/comercializacao.asp>.Acesso em: 10 out. 2014. SILVA FILHO, J. C. L. ; CANTALICE, F. L. B. M. Fair Trade (comércio justo) como um tópico quente internacional e sua abordagem no brasil. Revista Eletrônica de Estratégia & Negócios, v. 4, p. 223-244, 2011.
TERRAMAR. Disponível em: <http://www.terramar.org.br/noticias/vii-assembleia-da-rede- tucum-todxs-em-coqueirinho>. Acesso em: 28 out .2014.
UOL ECONOMIA. As 10 tendências globais de consumo em 2014. Disponível em: <http://economia.uol.com.br/noticias/bbc/2014/01/15/as-10-tendencias-globais-de-consumo- em-2014.htm>. Acesso em: 08 out. 2014
URIARTE, Flavia Maia da Nova. Portal corporativo como canal para gestão do conhecimento. 2006. 117 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia e Gestão do
Conhecimento)- Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2006. Disponível em: < http://www.bsd-net.com/bsd_brasil/artigoft.pdf>. Acesso em: Outubro de 2014.