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4. CASOS ESTUDADOS

4.2. Associação B – ACOOPAC

4.2.1. Variáveis de análise de comércio justo conforme a FLO

a) Organização dos produtores em cooperativas e associações.

Segundo a análise da FLO, a organização é considerada uma associação. b) Pagamento de preços justos aos pequenos produtores.

Os entrevistados consideram o preço dos produtos vendidos um preço justo. c) Redução da intermediação especulativa, até chegar à sua eliminação. Quanto

mais forte e direta for a ligação entre produtor e consumidor, melhores serão os resultados.

3 O sistema agrícola mandala é uma plantação sustentável com formato de círculo. Cada anel é destinado a um determinado tipo de cultivo e um ajuda o outro a sobreviver

47 Com a venda da bodega e a produção limitada de produtos, extinguiu-se o atravessador, assim o produto passa diretamente para o consumidor.

d) Relações duradouras tanto de compra e venda como de contratos. Não existe relação duradoura de contratos ou mesmo de compra e venda. Merenda escolar

e) Pagamento no ato do recebimento do produto. Não é admitida a venda em consignação, na qual o produtor só recebe do vendedor ou do intermediário o valor referente ao que foi vendido.

O pagamento é feito quando o produto é entregue, mas conforme visto pelos resultados da entrevista, tem ocorrido situações em que essa regra não está sendo aplicada. Tanto nas situações em que, para não perder a venda, o produtor entrega o produto para receber o pagamento depois, quanto na situação em que o produtor está recebendo os produtos não vendidos de volta, suportando assim, os custos de sua perda.

A. Pagamento de bônus ou Premium. A palavra tem, neste caso, o sentido de algo extra. Não se trata de um estímulo dado apenas a quem, individualmente, produziu mais e se destacou. No comércio justo, além de pagar o preço combinado, o comprador oferece um bônus, uma quantia que deve ser aplicada em algo que vá beneficiar toda a comunidade produtora em iniciativas que ela mesma decidir. Esta é uma das principais diferenças em relação ao comércio tradicional.

Não existe pagamento de bônus ou Premium.

f) Rejeição à discriminação de raça, gênero e religião nas relações comerciais, mulheres não devem receber menos do que os homens, quando executam a mesma tarefa, por exemplo. E trabalhadores indígenas ou negros não devem receber menos do que os brancos.

Não existe discriminação nas relações comerciais, mulheres e homens recebem pela quantidade produzida e vendida. A única discriminação que os agricultores sofreram foi dos antigos moradores da região vizinha, quando chegaram ao assentamento.

g) Rejeição ao trabalho infantil. A participação de crianças no trabalho só é admitida quando não prejudica seu bem-estar, sua segurança, sua frequência na escola e seu tempo para o lazer.

Apesar de não ter sido relatada a existência ou não do trabalho infantil, é comum os jovem ajudarem os pais na agricultura, no entanto a atividade é realizada sem que os filhos prejudiquem sua frequência ou rendimento na escola.

h) Rejeição ao trabalho escravo.

Durante o período de estadia no assentamento não foi observada a existência de trabalho escravo em nenhum estágio da produção, todos os moradores da comunidade estão em famílias.

i) Prioridade na preservação da saúde, tanto do produtor como do consumidor, durante todo o processo produtivo.

Foi percebido que os membros do assentamento estavam todos em plena saúde, e que muitos não aparentavam a verdadeira idade: um exemplo, foi a entrevistada Sra. Zildene.

j) Preocupação com a conservação dos recursos naturais e com a busca pelo desenvolvimento sustentável.

É notável a preocupação com a conservação dos recursos naturais por parte dos produtores, até porque eles tiram o sustento, de suas famílias da terra. “No começo, o pessoal fazia queimada pra poder plantar, mas viram que trazia malefícios e pararam” diz um entrevistado.

k) Respeito aos direitos trabalhistas de produtores e vendedores, de acordo com padrões estabelecidos pela Organização Internacional do Trabalho (OIT). Os únicos trabalhadores da comunidade são os próprios assentados, não existe a contratação de pessoas de fora da comunidade para cumprir as atividades diárias de produção.

l) Demandas de longo prazo e uma política de relações éticas que vai desde a contratação de uma compra até a entrega final do produto.

O excedente de produção não é tão relevante, apenas alguns produtos como: manga, caju e goiaba, possuem uma produção além da produção necessária para a subsistência da comunidade do assentamento.

m) Corresponsabilidade entre os diversos elos da cadeia produtiva. Um gerente de loja e um colhedor de palha de palmeira têm a mesma importância profissional.

Nos elos da cadeia produtiva no assentamento Coqueirinho, entre as pessoas que ficam responsáveis pelo Turismo Comunitário, pelos quintais ecológicos, e fabricantes de cosméticos existe corresponsabilidade produtiva.

49 n) Financiamento de produção ou do plantio, ou a antecipação do pagamento da safra, quando necessário. Com isso, o comprador procura garantir o fluxo do fornecimento e o produtor tem mais condições de atendê-lo de maneira continuada.

Já foi feito financiamento para a aquisição de animais, porém uma doença se alastrou entre eles chegando a matar mais da metade dos bichos, ocasião em que houve um prejuízo que gerou uma dívida a ser paga. Até o encerramento do presente trabalho, o assentamento ainda conservava a dívida e não possuía financiamento.

o) Respeito à legislação e às normas nacionais e internacionais referentes à qualidade do produto.

No que se refere à produção de cosméticos, é uma produção bem artesanal que precisa de uma melhor estrutura e financiamento para melhorar a produção; na agricultura são frutas e legumes de qualidade, mas ainda não atendem às normas nacionais e internacionais de legislação.

p) Garantia de segurança e um ambiente de trabalho seguro para todos os participantes. Isso inclui uso de equipamentos adequados para a execução das tarefas e para prevenção de acidentes.

Apesar de não haver tantos riscos quanto à segurança do trabalho e um ambiente seguro, bem como não ter havido nenhum acidente com trabalhadores do assentamento, eles têm a consciência da importância de um ambiente de trabalho seguro.

Quadro 5 - Análise dos requisitos de comércio justo da ACOOPAC

REQUISITOS SIM NÃO RELATADO OU

IDENTIFICADO NÃO a) Associação X b) Pagamento justo X c) Atravessadores X d) Relações duradouras X e) Pagamento à vista X f) Bônus X g) Discriminação X h) Trabalho infantil X i) Trabalho escravo X

j) Saúde do produtor e do cliente X

k) Desenvolvimento sustentável X

l) Direitos trabalhistas X

n) Corresponsabilidade produtiva X

o) Financiamento da produção X

p) Qualidade do produto X

q) Segurança no trabalho EPI X

Fonte: Elaborado pelo Autor.

Com a apresentação dos dados da pesquisa, auxiliados pelo quadro 5, que relaciona cada item do Comércio Justo com os resultados encontrados, comprova-se, também, que muito dos requisitos necessários para a participação no Comércio Justo ainda não são atendidos pela Associação Cooperativista do Projeto de Assentamento Coqueirinho (ACOOPAC).

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