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Após a análise dos conceitos necessários acerca do assunto proposto, importante elencar os principais pontos que foram levantados e esclarecidos no decorrer da pesquisa.

Primeiramente, cumpre salientar que o crime possui diversos conceitos de ordem formal, material e analítico, sendo majoritário o entendimento que o concebe como uma conduta típica, antijurídica e culpável.

Já os atos ilícitos têm o condão de analisar pormenorizadamente os elementos constitutivos do crime, quais sejam, a tipicidade, antijuridicidade e a culpabilidade do agente.

Resumidamente, pode-se dizer que o fato típico é aquele comportamento positivo ou negativo que tem como resultado uma infração no âmbito do Direito Penal, enquanto que o fato antijurídico contraria as normas estabelecidas no diploma penal. Por fim, a culpabilidade diz respeito à capacidade ou não do agente ser punido em razão da prática do delito.

Consoante exposto no decorrer do presente trabalho, existem diferenças entre os conceitos de crime e contravenção, eis que aquele corresponde a delitos de menor potencial ofensivo e por tal motivo, as espécies de penas previstas para cada tipo de infração são diversas.

No mesmo sentido, a exposição acerca da classificação dos crimes foi de vital importância, eis que se relaciona diretamente à possibilidade ou não do crime ser consumado ou tentado, visto que alguns crimes não admitem sua forma tentada ou até mesmo culposa.

Quanto à diferenciação entre o crime doloso e culposo, a análise das teorias que orientam esses conceitos representou um ponto essencial, visto que no dolo o agente tem vontade de praticar o ato lesivo ou assume o risco de produzi-lo, enquanto que na culpa, a conduta do agente decorre de atos permeados por imprudência, negligência ou imperícia.

Acerca do erro de tipo, restou claro que não representa uma transgressão da norma, em virtude de que o agente desconhece a tipicidade inerente ao seu ato, pessoa ou coisa prevista na caracterização do delito. Entretanto, cumpre observar que existe a possibilidade, nos casos previstos em lei, do agente responder pelo crime na forma culposa.

A análise do iter criminis, por meio do estudo de todas as suas fases, desde a cogitação até a execução do crime, representou o ponto essencial do trabalho.

O estudo da cogitação leva à conclusão de que essa fase não é passível de punição, assim como a decisão, eis que a vontade de transgredir a norma não foi exteriorizada pelo agente, sendo restrita a representação mental da figura típica. É admitida somente uma exceção a esse caso, com relação ao delito previsto no art. 288 do Código Penal, eis que a formação de quadrilha e bando já é considerada por si só um delito punível.

A preparação, por sua vez, representa a prática de atos necessários e essenciais à execução da conduta que lesará bem jurídico de terceiro. Nessa fase, tal qual a fase de cogitação, não se mostra plausível a punição do sujeito, eis que ausente a prática do delito, exceto pelo crime previsto no art. 291 do Código Penal. Outrossim, cumpre observar que essa fase possui relevância quando da dosimetria da pena, afim de que analisar a capacidade delitiva do agente.

Por outro lado, configurando a realização perfeita ou não do tipo penal, os atos executórios são passíveis de incriminação do agente, através da consumação ou tentativa do delito pelo autor.

Importante considerar que o crime consumado é aquele em que houve a realização integral do tipo, enquanto que o crime tentado é a realização incompleta do tipo penal, por circunstâncias alheias a vontade do agente. Com relação às teorias da tentativa, restou cristalina a aplicação da teoria objetiva pelo ordenamento jurídico, eis que o referido diploma legal determina a aplicação de penas mais brandas para os casos de crimes tentados.

Na sequência, o estudo com intuito de se chegar à diferenciação entre os atos preparatórios e executórios, permite concluir que o critério objetivo-individual é o mais adequado para se identificar o momento do início da execução e consequentemente da possibilidade de punição do agente transgressor, eis que somente as atitudes que realmente configuram a lesão ao bem jurídico de terceiro é que são objeto de punição.

Por fim, discorreu-se sobre casos especiais que podem ocorrer durante ou após a prática da conduta típica, como desistência voluntária, que representa o abandono voluntário do agente durante a fase do iter criminis e o arrependimento posterior, que configura a reversão da consequência inerente ao cometimento da infração. No mesmo sentido, restou conceituado o arrependimento posterior e o

crime impossível, sendo o primeiro a caracterizado pela ausência de violência à pessoa e reparação do dano até o recebimento da denúncia ou queixa e o segundo, como uma excludente de tipicidade, ante a impropriedade do objeto ou a ineficácia do meio utilizado pelo agente para atingir e lesar bem jurídico de outrem.

Assim, com base em todo o assunto pesquisado e, ainda, nos ensinamentos doutrinários, conclui-se que o estudo do iter criminis é essencial para o desenvolvimento de um Direito Penal mais justo e eficaz, eis que promove a delimitação e estratificação das condutas do agente, que são ou não passíveis de punição, possibilitando a correta e justa aplicação da norma.

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