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VII. ATIVIDADES DE NATUREZA CIENTÍFICO-PEDAGÓGICA

7.1 Atividade Científico-Pedagógica Individual

7.1.9 Conclusões

Os Desportos de Adaptação ao Meio são um meio privilegiado para desenvolver competências nos jovens de modo a formá-los para um meio instável, incerto e por vezes perigoso que irão enfrentar ao longo da vida.

As composições curriculares das escolas, em geral, são tremendamente tendenciosas pois desconsideram os Desportos de Adaptação ao Meio e relativas potencialidades, insistindo em atividades desportivas do mesmo grupo taxonómico.

7.1.10 Apreciações gerais

A ação científico-pedagógica individual ACPI intitulada de “O Valor Educativo dos Desportos de Adaptação ao Meio” decorreu em conformidade com as expectativas criadas durante o processo de conceção e planeamento. Tentou-se encontrar um equilíbrio entre a superficialidade e profundidade que se abordariam as questões relativas à conceptualização dos Desportos de Adaptação ao Meio. Se por um lado interessava aprofundar o modelo taxonómico das atividades desportivas de Almada et al. (2008) fornecendo maior suporte teórico à proposta operacional, por outro, o tempo disponível (90m) e a predisposição voluntária dos professores exigiam que nos focalizássemos em questões mais práticas e operacionais, que no fundo pudessem responder à questão que levou os professores a comparecerem na ACPI: “Quais as situações de Desportos de Adaptação ao Meio que posso fazer nas aulas de Educação Física?”.

Já havia sido previsto que os alunos das Multiatividades Desportivas de Outdoor iriam estar envolvidos na ação, no sentido de demonstrarem algumas situações que iriam ser equacionadas ao público de professores. Porém, compareceram, “por arrasto” mais alunos do que inicialmente se esperava pelo que poderiam gerar burburinhos perturbadores do evento. Todavia, os discentes mantiveram uma excelente atitude e evidenciaram comportamentos de saber estar numa situação que exigia um certo nível de maturidade.

O programa que havia sido previsto foi cumprido em termos de “alinhamento” das atividades a serem desenvolvidas. Em primeiro lugar fez-se um breve enquadramento teórico que serviu para familiarizar os professores com o sentido conceptual e funcional dos Desportos de Adaptação ao Meio, procurando dar resposta aos problemas: “O que

88 são os Desportos de Adaptação ao Meio? Qual o enquadramento no seio escolar? Em que é que se diferenciam das Atividades de Exploração da Natureza? O que pensam os alunos sobre estas atividades? Quais as características mais marcantes? Quais as variáveis em jogo? Quais os comportamentos que solicitam? São abordados nas aulas de Educação Física”. De seguida partiu-se para os exemplos práticos e relativa análise do ponto de vista pedagógico-didático, enfatizando as estratégias de operacionalização: 1) nos espaldares, recorrendo à demonstração dos alunos para exemplificar um exercício de bouldering (travessia horizontal de uma parede); 2) através da reprodução de um vídeo de um circuito de parkour e funcionamento numa aula de Educação Física; 3) numa célere demonstração de uma estação de parkour de transposição de um objeto de cinco formas diferentes, apelando à criatividade (ligação e operacionalização dos objetivos da LBSE); 4) no skate longboard, com a ajuda do professor fornecendo mais pontos de apoio e servindo de agente que potencia uma descoberta guiada na compreensão da relação centro de gravidade – base de apoio, alguns alunos foram desafiados a experimentar várias bases de apoio e posições relativas do centro de gravidade sendo que em seguida eram questionados sobre a eficácia da configuração adotada. Poderá ter ficado a questão “Mas como vamos operacionalizar esses exercícios se não dispomos desse material?”. Deste modo, ficou por referir que as situações de skateboarding podem ser levadas a cabo naquela escola já que a mesma dispõe dos skates que são propriedade da professora Gilda que gentilmente permite a sua utilização; 5) após transição do ginásio para o Polidesportivo 1, propôs-se algumas situações de aprendizagem que, solicitando diferentes comportamentos, tinham como propósito familiarizar os alunos com a parede e seleção dos pontos de apoio, respeitando sempre a regras dos 3 apoios.

Apesar das 4 vezes que a apresentação foi exercitada, esteve sempre presente a preocupação de cumprir o horário previsto, havendo a possibilidade de terminar mais cedo. Sendo que imediatamente após o final da ação havia treino de voleibol, maior foi a necessidade de cumprir escrupulosamente com o programa. Este facto condicionou o dinamismo da ação que ficou marcada pela brevidade e concisão das situações apresentadas. Permaneceu, portanto a sensação que em determinadas situações a análise pedagógica poderia ter ido um pouco mais longe, nomeadamente no que diz respeito aos aspetos de intervenção e avaliação, contudo tal não se sucedeu pelas razões supra apresentadas.

89 A transição do Ginásio para o Polidesportivo 1, embora possa ter compreendido algum tempo de deslocação e refocalização dos professores nas situações revelou-se a melhor estratégia, pelos seguintes fundamentos: 1) Durante os primeiros 45 minutos da ação havia uma aula no Polidesportivo 2, pelo que poderia perturbar a ação (e a ação perturbar a aula) e nos seguintes havia aeróbica no ginásio; 2) Pretendia-se relevar a possibilidade de lecionar os Desportos de Adaptação ao Meio em vários tipos de instalações com diferenciados recursos materiais; 3) Não seria possível desenvolver toda a ação no ginásio e mesmo que fosse, não fazia sentido deixar de apresentar propostas na parede de escalada dado o manifesto privilégio que isto representa em termos de recursos espaciais e materiais.

Questionou-se coletivamente os professores em relação à implementação das propostas realizadas. Tendo em conta o vasto custo associado (não apenas financeiro), os professores mostraram-se interessados em desenvolve-las. Importa futuramente, relembrar (no caso de não seguir em frente) e estimular os professores no sentido destes debaterem em grupo a aprovação das propostas. Ficou bem patente a nossa motivação em concretizar todos os aspetos operacionais associados.

Com o intuito de reforçar a viabilidade da proposta de afixar as imagens de encordoamento e de colocação da corda no descensor, propôs-se que os professores respondessem aos referidos problemas, executando com sucesso os nós propostos. Com o nosso acompanhamento os grupos de professores conseguiram realizar o nó de oito duplo. Esta atividade foi importante na medida que descomprimiu o público dos momentos antecedentes que se exigia concentração e compreensão.

Decidiu-se não realizar um questionário para aferir o grau de satisfação dos professores após a ação pois considerou-se que é um momento habitualmente enfadonho e os dados recolhidos nem sempre correspondem à realidade dada a predisposição dos professores em responder ao inquérito. Contudo, com base nos indicadores que se recolheu durante a ação foi possível determinar que não houve muitos indicadores de aborrecimento ou desinteresse. Coloca-se a hipótese da dinâmica teórico-prática da ação associada à baixa carga horária ter surtido numa atividade interessante.

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