• Nenhum resultado encontrado

A abordagem teórica revisada mostra claramente a importância dos atributos definidos por Williamson (1979) como ferramentas de análise das estruturas de governança adotadas pelas empresas na definição das relações estabelecidas com seus parceiros comerciais.

O avanço desta abordagem, nos trabalhos de Ménard (2001; 2005) sugerem que a governança híbrida ou a estrutura contratual é a forma de governança mais comum e que seu sucesso pode ser suportado pelo correto gerenciamento de mecanismos não formais que são complementares aos contratos como confiança, influência, liderança e instituições ad hoc. Estes mecanismos são facilitadores para o prosseguimento das relações bilaterais entre empresas mediados por contratos, no sentido em que protegem o investimento em ativos específicos e reduzem o oportunismo.

A necessidade de mecanismos complementares pode se dar pela dificuldade e inviabilidade de se fazer contratos completos, bem como pela dificuldade em fazer valer os contratos em ambiente de processos judiciais demorados e custosos. A utilização de outros mecanismos que não os contratos apresentam-se como alternativa flexível e menos onerosa para as empresas no gerenciamento de suas relações com parceiros comerciais.

A revisão da literatura deixa clara a relevância dos estudos de governanças híbridas, já que são certamente é a mais complexa dentre as três possíveis. Os estudos realizados até mo momento destacam que do ponto de vista teórico o estudo das governanças híbridas proporciona oportunidade para investigar um conjunto de problemas negligenciados na literatura padrão sobre as organizações, a saber: os mecanismos de execução, as diferentes formas e papel da autoridade na coordenação parceiros autônomos, e os processos de decisão na condução destes acordos bem como as estruturas institucionais dentro das quais estes processos operam.

Ainda sob o ponto de vista teórico, além da explicação da economia dos custos de transação na definição da melhor estrutura de governança (mercados, hierarquias, e híbridos), existe uma crescente literatura sobre o modo como os atributos de transações podem também determinar o tipo de arranjo híbrido adotado, as disposições contratuais implementadas, as regras de incentivos selecionados, e os mecanismos desenvolvidos para resolver disputas.

Ao mesmo tempo, se percebe a multiplicação de estudos em de várias áreas além da economia, ciências gerenciais, marketing, sociologia e direito que ampliam o conjunto de questões teóricas ainda em aberto.

Uma delas diz respeito a convivência duradoura de diferentes modalidades que operam num mesmo setor e competindo uns contra os outros, com produtos homogêneos, tecnologias similares, e recursos muito semelhantes. Uma segunda questão e parcialmente relacionada tem a ver com o desempenho dos diferentes arranjos híbridos, particularmente quando várias formas estão competindo ou se mantém plurais.

Embora o entendimento da importância das governanças híbridas e de sua pluralidade, é fato que a literatura ainda não solucionou satisfatoriamente uma determinação de tipologia de formas híbridas. Nesse sentido, uma saída é o estabelecimento dessa tipologia de forma setorial, que será pretendida nesse trabalho, contudo se de um lado, esta definição é limitada e difícil de ser extrapolada para outros setores, de outro ela pode ser uma sinalização para que trabalhos futuros desenvolvam marco comum que possa ser replicado.

A figura 1.6 sintetiza as estruturas de governança que serão verificadas no setor estudado, segundo o arcabouço teórico utilizado na pesquisa. Especificamente no mercado brasileiro de distribuição de combustíveis persistem duas estruturas de governança: mercado e híbridas por meio do mecanismo contratual. A hierarquia não é possível, já que é impedida pela legislação vigente.

Figura 1.6 – Estruturas de Governança – Setor de distribuição de combustíveis

Fonte: Elaboração própria

Pressupostos comportamentais: oportunismo, racionalidade limitada:

Quebra contratual Híbridos

D

is

tr

ibu

ido

res

P

o

st

o

s R

ev

ende

do

re

s

Hierarquia - Contratos - Confiança - Influencia - Liderança - Instituição ad hoc

Frequência Incerteza Especif. do

Ativo

Alta/baixa Alta/baixa Alta

Alta/baixa Alta/baixa Alta/baixa Mecanismos de coordenação Integração Mercado Baixa Alta/baixa

Alta/baixa Contatos clássicos

Considerando que haja alinhamento entre as estruturas de governança encontradas no setor e os pressupostos teóricos, a especificidade dos ativos será o determinante para definição da melhor estrutura de governança. Adicionalmente a revisão da literatura sugere que para as estruturas híbridas contratuais, outros mecanismos de coordenação serão efetivados pelos agentes, logo sua identificação, será objeto fundamental da investigação posterior.

Em meio às proposições de Williansom (1991) e Mènard (2004) no se refere a melhor estrutura de governança das transações, ganha destaque em nossa análise o risco de quebra contratual resultado do comportamento oportunista ex post dos agentes envolvidos na transação, quando há investimentos compartilhados e sempre que este comportamento oportunista tiver consequências para a transação. Desta forma, quanto maior a chance de oportunismo, quanto maior o risco de um dos agentes descumprir os acordos, maior a necessidade de fazer valer os acordos, quer por vias formais, quer por mecanismos informais de prevenção, controle e enforcement, o que também ganham destaque no estudo.

Isto posto, a partir desta matriz teórica será feito o estudo setorial a fim de identificar os elementos preconizados pela teoria e verificar se os mesmos se aplicam satisfatoriamente ao setor analisado. Evidentemente, a contundência com que os resultados dos estudos empíricos de NEI tem sido confirmados, é esperado que a pesquisa de campo não apenas demonstre alinhamento dos resultados setoriais, mas certamente contribuições adicionais acerca das questões tratadas no estudo.

CAPÍTULO 2

CARACTERÍSTICAS DA ORGANIZAÇÃO DO MERCADO DE DISTRIBUIÇÃO DE