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4.1. Conclusões Globais do Estudo

Chegado o capítulo final deste estudo, importa focar o seu principal intuito e sumarizar os resultados atingidos cimentando-os como resposta à questão apresentada inicialmente. Os projetos desenvolvidos na área da multimédia são únicos em si mesmos, detêm particularidades específicas a todos os níveis, que os distinguem de projetos de outras áreas específicas. Essas mesmas particularidades demonstram-se, principalmente, ao nível da constituição da equipa de trabalho, apresentando-se esta, normalmente multidisciplinar e heterogénea.

É determinante, neste contexto, a existência de processos comunicativos e dinâmicas de trabalho em equipa que contribuam de forma positiva para a produtividade individual e coletiva, para o cumprimento de objetivos e prazos, e para o bem-estar entre os membros da equipa, tornando possível demonstrações de pro-atividade.

Nestes casos específicos, a gestão de projetos requer um conjunto de contornos que acompanhem as características dos projetos e da equipa. Os métodos e ferramentas ágeis, cujos princípios adaptativos combinam com a atitude exploratória dos projetos multimédia, apresentam-se como ideais para o controlo e monitorização de projetos e equipas.

Os métodos ágeis são, deste modo, uma resposta viável para o apoio da comunicação e dinâmicas de trabalho em equipa em projetos multimédia; no entanto, é fundamental adaptá-los aos contornos do projeto e, principalmente, da equipa.

Tendo em conta a clara heterogeneidade das equipas de desenvolvimento de projeto multimédia, a chave para ao seu sucesso passa pela existência de um processo de comunicação simplificado e apoiado em ferramentas de partilha que não exija esforços acrescidos e permitia o acesso facilitado por parte de todos os elementos da equipa. No caso o projeto estudado, que assume contornos particulares por força do seu contexto académico, as estratégias comunicativas evoluíram num processo de adaptação às novas circunstâncias que foram surgindo. Na reta final do estudo, o que parece revelar-se é que alguma da instabilidade sentida no processo comunicativo constituiu uma força determinante para inspirar a criação de propostas de novas abordagens metodológicas. Tanto a complexidade de toda a equipa envolvida no desenvolvimento do projeto ao nível da

organização hierárquica, como a dificuldade do processo de tomada de decisão em tempo útil, moldaram o trabalho da equipa de desenvolvimento, tendo inclusivamente em algumas etapas limitando a sua produtividade.

Inicialmente, o trabalho em equipa era dominado por questões e dúvidas relativas à logística do projeto e em torno de decisões/tarefas pendentes ou dependentes. Um sistema de controlo e monitorização permite orientar prazos de entrega, percentagens de execução e responsabilidade ao nível de cada tarefa a realizar, orientando a interação da equipa pela facilitação do acesso à informação formal e permitindo à equipa a utilização dos restantes recursos existentes - como o espaço de trabalho partilhado - para enriquecer a sua interação pessoal e partilha de informações determinantes para o aperfeiçoamento do seu trabalho.

Quando existe um sistema de controlo e monitorização do projeto, que tem em conta as suas particularidades, os processos de comunicação são simplificados: a partilha de ficheiros é feita através de meios partilhados e a que todos têm acesso a qualquer momento, evitando a perda de informação e atraso na recepção ou envio de informação; as decisões necessárias são tomadas pelos superiores hierárquicos e comunicadas aos membros nelas implicadas. Deste modo, a equipa de trabalho poderá ter práticas interação mais benéficas, na medida em que as tarefas são feitas com maior eficiência temporal e/ou com mais qualidade, possibilitando a demonstração de pro-atividade por parte dos elementos da equipa e, consequentemente, aumentando a produtividade.

Em síntese, com este trabalho foi possível, não só analisar e compreender as metodologias, instrumentos e ferramentas de desenvolvimento ágil, considerando as particularidades da área da multimédia, como também analisar dados recolhidos num contexto real de desenvolvimento, observando práticas e eventos de um projeto específico. Os dados recolhidos, assim como o estudo realizado sobre metodologias existentes permitiram o desenho e a proposta da metodologia de suporte apresentada, que se constitui como o principal resultado do estudo, apontando para a necessidade de (i) recorrer a uma ferramenta online de suporte à gestão de tempo e tarefas, (ii) utilizar uma ferramenta de partilha que permita um acesso constante por todos os elementos da equipa e (iii) promover reuniões periódicas, com ordem de trabalho definida.

4.2. Limitações do estudo

Tal como em qualquer outro estudo de caso, é necessário ter em conta o contexto em que este de desenvolve como fator fundamental. Não sendo exceção, um dos fatores limitativos desde estudo é o facto de se centrar num projeto desenvolvido em contexto académico com a particularidade de sincronizar o trabalho de três parceiros remotos. Para além deste fator, e da sua clara influência na possibilidade de generalizar as conclusões desta investigação para projetos na área da multimédia, também o papel da investigadora é considerado limitativo. Apesar de ter em conta as premissas teóricas que regulam o estudo, quando a observação é feita de forma participante e num contexto com que se está familiarizado, torna-se difícil aplicar imparcialidade em todas as ações tomadas e manter uma distância considerável ao objeto de estudo e seus participantes.

A limitação temporal e de calendário, tanto relativo ao projeto como relativo à produção da dissertação delimitou alguns contornos da investigação, nomeadamente ao nível da recolha de dados. Apesar das várias etapas de recolha de dados terem decorrido como previsto, a maior parte não coincidiu com as datas previstas, influenciando o decorrer da investigação e limitando os contornos da mesma. Assim sendo, uma recolha mais constante e de todos os momentos associados ao projeto permitiria um melhor conhecimento da equipa e dos elementos associados ao projeto; uma construção mais minuciosa dos instrumentos de recolha de dados e conjunto de resultados mais aprofundados e auxiliaria a possibilidade de generalização da proposta construída.

Por fim, é relevante referir as limitações decorrentes da tipologia do projeto e, consequentemente, da influência da investigadora. A existência de parceiros remotos limitou o acesso a todos os eventos relacionados com o projeto e a dependência das tarefas da equipa do lado da Universidade de Aveiro das decisões, orientações e prazos destes intervenientes, impossibilitou uma aplicação da proposta de monitorização e controlo mais ativa e, portanto, uma discussão coerente de um ciclo de experimentação das ferramentas e instrumentos propostos.

4.3. Sugestões de desenvolvimento futuro

A investigação descrita pode desenvolver-te futuramente em vários sentidos. Apesar de previsto no plano inicial da investigação, mas limitado pelas condições contextuais, a implementação da proposta de metodologia de controlo e monitorização construída de forma cíclica seria fundamental para complementar os resultados apresentados. Esta consistiria na utilização das ferramentas e métodos propostos por parte da equipa de desenvolvimento projetual em janelas temporais diferentes, intercaladas por momentos de reflexão, discussão e, caso considerado necessário, alterações ao nível da proposta, para que esta seja melhorada tendo em conta o seu contexto de aplicação.

Outra possibilidade de desenvolvimento futuro centra-se na criação de uma ferramenta de controlo e monitorização de projetos que refletisse as particularidades dos projetos na área da multimédia e cuja utilização se baseasse nas necessidades dos elementos destas equipas, numa usabilidade simples e numa atualização o rápida e eficaz.

Sendo um dos objetivos da investigação apresentados anteriormente, espera-se que os dados apresentados sejam relevantes para a respetiva área científica, ou que, de alguma forma e pese embora o carácter circunscrito da seja possível dar-lhes continuidade; que, de alguma forma, este sirva de oportunidade à colocação de novas questões e ao surgimento de novas investigações no âmbito do desenvolvimento ágil de projetos multimédia, não só em contexto académico como também em contexto empresarial, potenciando a evolução da relação ainda pouco explorada entre projetos multimédia e desenvolvimento ágil de projetos.