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6. CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA FUTUROS TRABALHOS

6.1 Conclusões

A crescente tendência internacional para o desenvolvimento sustentável, eficiência econômica e proteção ao meio ambiente, faz com que o problema de perdas de água seja de grande interesse pelo mundo inteiro. No seu sentido mais amplo, a busca da redução dos altos índices registrados, passa necessariamente pela melhoria da eficiência operacional, ou seja, quanto mais elevado for o padrão dos serviços prestados, menores serão as perdas. Além disso, outras questões institucionais de caráter externo têm reforçado a necessidade de um forte impulso no seu controle, a saber:

- as exigências dos organismos internacionais de financiamento (BIRD, BID etc.), com vista à melhoria de desempenho operacional;

- aumento da consciência coletiva na busca do crescimento auto-sustentado, por parte de órgãos governamentais e não-governamentais ligados ao meio ambiente, os quais cobram ações de controle de perdas como pressuposto para a aprovação de novos aproveitamentos de mananciais.

Nesse sentido, este trabalho teve como objetivo o desenvolvimento de um modelo multicritério de decisão em grupo para o planejamento estratégico do controle de perdas em sistemas de abastecimento de água. Discutiu-se o tal problema, mostrando-se sua importância dentro do contexto atual de falta de água e da crescente necessidade de racionalizar seu uso, da mesma forma que se apresenta uma questão bastante complexa pela falta de política de ação para empreendimentos dessa natureza, pela escassez de recursos disponíveis nesse setor e pela quantidade de agentes de decisão envolvidos no processo.

De maneira geral, o modelo proposto busca apoiar a decisão mediante a integração das abordagens soft e hard da Pesquisa Operacional, usando uma visão construtivista, em que se procura no decorrer do processo junto com os atores, construir um modelo formalizado que permitirá à evolução do apoio a decisão, em concordância com os objetivos e os sistemas de valores dos atores, por meio da modelagem de preferências.

A abordagem soft de estruturação de problemas foi incorporada para formalizar a integração e para facilitar o compartilhamento de informações entre os membros do grupo a partir do desenvolvimento participativo, com o intuito de proporcionar um ciclo de

aprendizagem sobre o problema, de forma a melhorar o entendimento de todos os participantes envolvidos, para então, gerar idéias alternativas de solução. Ainda por meio dessa abordagem, são estabelecidos os critérios a ser considerados, os quais podem ser individuais ou comuns, como também é construída a matriz de avaliação, sendo esta última considerada uma etapa crucial do processo decisório.

Vale destacar que essa abordagem, da forma em que foi aplicada ao modelo, permite não apenas o levantamento de alternativas inovadoras para serem incorporadas ao problema, mas também cria um ambiente propício ao debate e discussões sobre os planos de redução de perdas que já foram aplicados, tratando-se os seus aspectos positivos e negativos e os fatores que influenciaram no seu sucesso ou fracasso.

A abordagem hard é utilizada com o problema já estruturado, por meio da avaliação multicritério de forma individual com todos os membros do grupo. Nessa fase, para a obtenção das prioridades individuais, foi utilizado o método multicritério de sobreclassificação PROMETHEE II, destinado à problemática de ordenação.

Para tratar o problema da decisão final do grupo, foi apresentado um novo método, baseado na problemática de escolha. Esse método propõe, mediante uma seqüência de procedimentos em que são executadas quatro etapas de exploração, que a partir das ordenações individuais dada por cada decisor, se chegue a uma escolha, de forma a permitir uma maior quantidade de decisores satisfeitos com o resultado encontrado.

É importante enfatizar que esse método proposto, também foi estendido de forma a incorporar a relativa importância dos decisores, tendo em vista que no modelo proposto para tomada de decisão em grupo permite que seja avaliada a relação de importância entre eles, devido a um conhecimento mais específico acerca do assunto ou a uma reconhecida competência para lidar com o problema.

Esse peso dos decisores deve ser estabelecido entre o supradecisor e o analista, por meio de informação parcial, de forma a evitar que sejam atribuídos valores determinísticos a cada um dos agentes envolvidos. Assim, a informação requerida é apenas uma ordenação de importância entre eles, em que, por meio de programação matemática, são obtidos os valores dos pesos.

Em linhas gerais, o método proposto é: - destinado à problemática de escolha;

- compreensível aos decisores, sendo de rápida aplicação;

- capaz de incorporar a vantagem que uma alternativa tem sobre outra em relação à ordem;

- flexível quanto ao método utilizado para a obtenção dos dados de entrada, ou seja, as ordenações individuais, dando liberdade ao analista para utilizar um método adequado à problemática de ordenação que achar mais conveniente;

- apto a ser aplicado sem requerer necessariamente que todos os decisores estejam presentes simultaneamente numa reunião, fato particularmente útil no caso de decisores separados por grandes distâncias geográficas, ou no caso de pessoas que tenham agenda de compromissos com pouca flexibilidade para marcar encontros;

- capaz de incorporar ao processo de exploração a relativa importância dos decisores entre si (pesos).

O uso desse método, incorporado ao modelo multicritério para decisão em grupo aqui proposto, permite apontar as alternativas de redução de perdas mais favoráveis para determinado sistema de abastecimento de água, obtendo uma maioria de decisores satisfeitos com o resultado final encontrado.

Com o uso do modelo, e conseqüentemente a implantação de um adequado sistema de controle de perdas, será possível obter a ampliação de receita, a melhoria do desempenho operacional, uma melhor utilização da infra-estrutura existente e eventual postergação de novos investimentos, com a melhoria da imagem da empresa junto aos clientes.