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Métodos qualitativos de apoio a decisão (Brainstorm, Método Delphi, Mapas Cognitivos)

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.2 Apoio a decisão em grupo (abordagem soft)

3.2.1 Métodos qualitativos de apoio a decisão (Brainstorm, Método Delphi, Mapas Cognitivos)

• Brainstrom

O método de Brainstorm (traduzido como tempestade de idéias) estimula a criatividade na resolução de problemas. Esse método surgiu antes da Segunda Guerra Mundial (MUCCHIELLI, 1981) e foi formulado por Alex Osborn (HWANG; LIN, 1987). O conceito por trás do brainstorm é que as pessoas têm mais idéias quando trabalham em grupo do que sozinhas.

De acordo com Gomes et al. (2002), é usado para auxiliar um grupo a imaginar/criar tantas idéias quanto possível em torno de um assunto ou problema, de forma criativa. Deve ser usado quando for necessário conhecer melhor o universo de uma situação, colher

informações, opiniões e sugestões dos participantes, identificando problemas existentes e encontrando soluções criativas para o problema identificado.

Segundo Hwang e Lin (1987), o brainstorm está baseado em dois princípios e quatro regras que devem ser entendidos e obedecidos pelos participantes para que funcione. O primeiro princípio é o da protelação de julgamento, por meio do qual a parte criativa da mente das pessoas é incentivada, gerando idéias, sem que haja necessidade de julgar se são boas ou não. Elas são julgadas posteriormente, apenas depois que todas as idéias do grupo tiverem sido apresentadas. O segundo princípio é o de que a quantidade gera qualidade, ou seja, quanto maior o número de idéias, maior a chance de uma delas contribuir para a solução do problema. As regras básicas são: (1) as críticas são eliminadas do processo, a fim de que não haja comentários sobre a qualidade das idéias; (2) os pensamentos sem restrições são bem- vindos, encorajando os participantes a dizerem qualquer idéia que lhes venha à mente; (3) o que se quer é quantidade, pois quanto maior o número de idéias, maior a chance de aparecer idéias boas; e, (4) combinação e melhoria das idéias dos outros, pois os participantes podem aproveitar idéias apresentadas pelos outros para criar outras diferentes ou aprimorar aquelas já apresentadas.

De acordo com Mucchielli (1981), a principal vantagem da utilização do brainstorm como técnica de resolução de problemas em grupo é a eliminação do espírito crítico que, muitas vezes, é inimigo da imaginação. No entanto, Hwang e Lin (1987) dizem que uma das principais desvantagens do brainstorm é que ele deve ser usado preferencialmente para resolver problemas simples. Isso acontece porque o procedimento não encoraja uma maior estruturação dos conceitos apresentados, visto que eles devem ser compactos, resumidos em poucas palavras, embora o processo de geração de idéias seja divergente e criativo. Caso o problema a ser analisado seja mais complexo, deve ser decomposto em vários problemas mais simples para que essa técnica seja aplicada de maneira mais adequada.

• Método Delphi

O método Delphi, de acordo com Hwang e Lin (1987), é uma modificação do brainstorm, com o objetivo de obter o consenso mais confiável possível em um grupo de especialistas. O método consiste, basicamente, em agrupar os julgamentos individuais a respeito de um determinado assunto por meio de um conjunto de questionários seqüenciais cuidadosamente elaborados, intercalados com a análise das respostas a esses questionários.

O primeiro questionário geralmente solicita às pessoas que respondam a uma questão abrangente. Cada questionário subseqüente está baseado nas respostas do questionário anterior. O número de interações desse método varia de 3 a 5 (HWANG; LIN, 1987),

dependendo do grau de concordância das respostas dos especialistas e se a quantidade de informação obtida é suficiente para resolver o problema.

Para Hwang e Lin (1987), esse método apresenta como vantagens a preservação do anonimato das pessoas que respondem ao questionário; é possível envolver participantes espalhados em amplas áreas geográficas, pois não é necessário que as pessoas estejam reunidas fisicamente num mesmo lugar; é possível fazer uma recuperação posterior de todo o processo, devido ao fato de ser todo ele registrado graficamente; os participantes têm tempo para meditar sobre os questionários e buscar informações que permitam responder aos mesmos da forma que lhes pareça adequada; não existem pressões sociais que forcem as pessoas a abandonar suas idéias, pois não há inter-relações pessoais entre as pessoas que respondem aos questionários; mantém a atenção focada nos objetivos do problema, evitando dispersões que podem ocorrer em reuniões onde os participantes estão fisicamente presentes.

No entanto, são encontradas algumas desvantagens no método Delphi, tais como: alto consumo de tempo; não permite que haja clarificação verbal dos conceitos, o que é possível em métodos que permitem contatos face a face; as pessoas encarregadas em responder às questões podem não compreendê-las corretamente ou sentir dificuldades em se expressar por escrito (HWANG; LIN, 1987).

• Mapas Cognitivos

Segundo Gomes et al. (2002), a elaboração de um mapa cognitivo permite retratar idéias, sentimentos, valores e atitudes e seus inter-relacionamentos, de forma que se torne possível um estudo e uma análise posterior, utilizando-se uma representação gráfica. É uma técnica de modelagem bastante apropriada para situações problemáticas que são predominantemente descritas por noções qualitativas.

O mapa cognitivo tenta capturar a estrutura de relações causais de uma pessoa a respeito de um determinado assunto. Os conceitos que uma pessoa emite são representados por pontos, e as ligações causais entre esses conceitos são representadas com setas entres esses pontos (HWANG; LING, 1987).

Segundo Campello de Souza (2006) um elevado nível de desempenho cognitivo depende de redes socioculturais onde diversas pessoas interagem entre si em padrões entrelaçados de relacionamentos.

De acordo com Eden (1988), existem três métodos para construir mapas cognitivos. No primeiro método, os mapas são elaborados a partir de documentos. Tal procedimento tem a vantagem de não ser intrusivo, captando as preocupações dos decisores de forma mais espontânea. O segundo método é aquele em que a informação é obtida por meio de

questionários para a confecção do mapa cognitivo. A vantagem é que se podem obter mais informações do que com a análise de documentos. O terceiro método utiliza entrevistas como forma de obtenção das informações necessárias para se realizar o mapa cognitivo relacionado a uma situação problemática. Possui como vantagem uma maior interação entre o facilitador e os decisores. O facilitador pode iniciar as discussões com entrevistas individuais com cada um dos participantes, ou partir diretamente para uma seção de brainstorm com o grupo. Nesses encontros, o facilitador, usando um procedimento tão estruturado quanto queira, procura uma definição para o problema e, com base nela, tenta obter do decisor os fatores que são importantes no contexto por meio de questões do tipo (GOMES et al., 2002):

- Por que isto é importante para você? - Por que você está preocupado com isto?

- De que forma (como) seria possível melhorar esta situação?

- Como os dados se ligam? Como uma informação passa de um local para outro?

Os mapas cognitivos de grupos feitos com a da agregação de mapas individuais permitem que os participantes passem a conhecer o que os outros decisores levam em consideração no contexto decisório analisado. Além disso, o número de reuniões simultâneas com todos os membros do grupo é reduzido, pois elas só são necessárias no processo de agregação dos mapas cognitivos individuais. Outra vantagem dos mapas é que sua forma de representação gráfica possibilita a visualização clara das idéias de todos os envolvidos. Tal forma de representação também permite que ao final do processo as idéias estejam organizadas, facilitando a recuperação de informações.

Segundo Hwang e Lin (1987), uma das limitações dos mapas cognitivos é que existem formas de pensamento que não envolvem relações de causa-efeito ou de meio-fim, o que dificulta (ou até mesmo impede) a construção de um mapa cognitivo. Ainda segundo esses autores, os mapas cognitivos têm como desvantagem a falta de quantificação, ou seja, é difícil estimar o quanto um determinado conceito influencia outro.

A seguir será apresentada uma revisão da literatura sobre os modelos de decisão em grupo, sendo enfocados sob a ótica da estruturação de problemas, a fronteira entre esses métodos e a avaliação do problema.

3.2.2 Modelos de decisão em grupo baseados em métodos de estruturação de