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7. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

Esta pesquisa buscou apresentar os conceitos da Infraestrutura Verde como uma base para o planejamento urbano visando soluções de drenagem de menor impacto so- bre os recursos hídricos em áreas com elevado grau de ocupação do solo. Ao mesmo tempo, o trabalho indica que o estabelecimento de um planejamento de Infraestrutura Verde para as cidades, que ofereça os benefícios socioambientais para usufruto da popu- lação, em especial as mais carentes, pode inserir conceitos de sustentabilidade na comu- nidade. Ao invés de se esperar que parta da população um cuidado maior com o meio ambiente urbano, a ação de ofertar uma gama de benefícios por meio do planejamento da Infraestrutura Verde local pode ser mais efetiva na melhoria das condições urbanas locais e até mesmo na escala particular dos lotes, por meio da conscientização e da per- cepção dos mecanismos ecológicos.

Diante da dificuldade na promoção de ações governamentais que requalifiquem áreas urbanas com solo extremamente ocupado, no sentido do estabelecimento de siste- mas sustentáveis de drenagem com controle do escoamento na fonte, este trabalho bus- cou compreender a viabilidade de se trabalhar a mitigação dos impactos causados pela impermeabilização apenas nas áreas de parques. Não apenas com a alocação em seu interior de reservatórios de detenção provisória de caráter monofuncional que podem trazer riscos à população e, por isso, são espaços segregados e ociosos quando na época de estiagem. Mas, sim, propondo solução capaz de atender às diversas demandas de equipamentos e mobiliários urbanos ausentes, ao passo em que reconstitui e fortalece os espaços naturais com a formação de uma estrutura ecossistêmica. Nesse cenário, propôs lagoas provisórias com interface paisagística e ecológica com o meio natural e com a população, com baixa profundidade e comportando vegetação adaptável às condições elaboradas.

Os resultados obtidos com a modelagem no PCSWMM demonstraram que as la- goas propostas proporcionaram um pico de vazão no lançamento no corpo hídrico re- ceptor menor do que a vazão máxima estabelecida para o Distrito Federal no âmbito da regulação da ADASA, em que a eficiência de amortecimento de pico de vazão variou de 93 a 95%. Quando comparadas ao cenário da rede projetada, cujo amortecimento de vazão foi entre 85 a 88%, o cenário da Infraestrutura Verde indica vantagens que podem proporcionar atendimento a eventos com TR superiores.

Apesar de algumas lagoas, de acordo com os resultados, não serem necessárias para o alcance desse objetivo, a proposta não envolve apenas o controle de vazão, mas também a recuperação de área degradada e o estabelecimento de processos ecológicos. Nesse sentido, a comparação elaborada entre os cenários em relação ao atendimento dos objetivos elencados para a área, demonstra os benefícios da multifuncionalidade da pro- posta da Infraestrutura Verde, na possibilidade de atender a diversas demandas e ainda criando um espaço de integração para a população.

Vale ressaltar que ao criar um parque ecológico ou uma unidade de conservação, abre-se a oportunidade de aplicação de recursos oriundos da compensação ambiental que é valor percentual cobrado dos empreendedores com base no grau de impacto do empreendimento e em valor de referência baseado nos custos de implantação, seguindo metodologia específica definida no Decreto no 4.340, de 22 de agosto de 2002 e suas alterações, regulamentando o Sistema Nacional de Unidades de Conservação/SNUC. Na prática é valor de 0 a 0,5% dos custos de implantação de infraestrutura no parcelamento do solo e que deverá ser utilizado, entre outros, para fins de “aquisição de bens e servi-

ços necessários à implantação, gestão, monitoramento e proteção da unidade, compre- endendo sua área de amortecimento”. Em síntese, os dispositivos de drenagem conven-

cionais são implantados com recursos relacionados às obras de infraestrutura. No caso dos parques, podem ser utilizado recursos da Compensação Ambiental. Além disso, a gestão e manejo dessas áreas é de responsabilidade do órgão ambiental, o que facilita a manutenção e manejo voltado à drenagem e à recuperação da área.

Os benefícios alcançados pelo cenário proposto alcançam aspectos ambientais, sociais e de infraestrutura urbana. O SHSN por ter ocupação em áreas protegidas e sen- síveis tem indicação para realocação de população para áreas mais seguras estabelecidas no próprio setor. Nesse contexto, o cenário revela importância nessa delimitação de es- paço restrito à ocupação, tanto do ponto de vista ambiental quanto do fundiário, evitan- do sua ocupação e expansão da ocupação, o que agravaria ainda mais as condições de vida da comunidade. Os aspectos dos benefícios sociais trazem, entre outras coisas, um local propício ao programa de educação ambiental para a população local, exigência do procedimento de licenciamento.

Dentro de todos os aspectos abordados, é possível concluir que o cenário propos- to é indicado como solução compatível para ocupações com espaços de parques dispo- níveis que comportem a superfície necessária para o desenvolvimento de dispositivos

adequados, adicionando benefícios extras para a solução de importantes questões urba- nas atuais.

Recomenda-se a continuidade deste estudo na direção da valoração dos benefí- cios que a multifuncionalidade incorpora, podendo ser monetariamente valorados e po- der, assim, subsidiar dados para os tomadores de decisão. Da mesma forma, recomenda- se a continuidade do estudo com objetivo de compreender e indicar as ações de recupe- ração e as características necessárias para a eficiência do processo de biorretenção vol- tadas à qualidade das águas pluviais e ao manejo dos dispositivos.