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CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES PARA INVESTIGAÇÕES FUTURAS 

CAPÍTULO 8. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES PARA INVESTIGAÇÕES FUTURAS 

O conceito de qualidade vida surgiu da necessidade de medir o grau de desenvolvimento das sociedades e  de garantir as condições económicas, sociais, ambientais e culturais necessárias à satisfação dos indivíduos.  A  percepção  da  qualidade  de  vida  é  algo  que  não  é,  universalmente,  entendida  da  mesma  forma.  É  influenciada pelos progressos sociais, pelas referências culturais e pelas experiências vividas em sociedade.  No  entanto,  existem  temáticas  consideradas  as  mais  relevantes  para  avaliar  a  qualidade  de  vida  que  são  comuns  aos  vários  estudos  analisados,  independentemente  das  características  sociais  e  culturais  das  sociedades estudadas e do contexto cronológico em que os estudos foram efectuados. Tais temáticas são: o  ambiente, o emprego, a habitação, a mobilidade e transportes, as actividades de recreio (cultura, desporto)  e lazer, o rendimento, a saúde e a segurança pública. É sobre estas temáticas que as estratégias políticas  devem assentar para garantir um bom grau de desenvolvimento, que se pretende sustentável. 

Em  contextos  de  crise  económica,  como  o  que  se  vive  actualmente,  urge  implementar  acções  que  assegurem  a  gestão  eficaz  e  eficiência  dos  fundos  financeiros,  de  modo  a  garantir  a  concretização  de  investimentos que potenciem áreas que permitam contrariar tal situação.  

O  sector  do  turismo  pode  contribuir  para  ultrapassar  as  dificuldades  sentidas  em  contextos  sócio‐ económicos adversos e para melhorar a qualidade de vida da população do destino turístico. Para que tal  aconteça,  o  seu  desenvolvimento  deve  apoiar‐se  em  acções  de  natureza  sustentável  que  tenham  em  atenção as temáticas tidas como de maior relevância para a avaliação da qualidade de vida. O sistema de  indicadores  proposto  permite  monitorizar  as  acções  realizadas  no  âmbito  do  turismo  e  direccionar  actuações  futuras  no  sentido  de  potenciar  este  sector  e  de  contribuir  para  a  promoção  da  qualidade  de  vida. Assim, de acordo esta proposta, deverá ser efetuada uma aposta na protecção e gestão ambiental; na  garantia da qualidade do ar e da água; no tratamento eficiente de resíduos e de efluentes; no aumento do  rendimento produzido pela indústria do turismo; no emprego gerado pelo sector do turismo; no consumo  de produtos nacionais e locais; na garantia da segurança pública; na defensa de condições que permitam  uma  atitude  positiva  e  a  satisfação  dos  residentes  perante  o  turismo;  na  participação  dos  residentes  na  indústria do turismo no sentido de dar continuidade a actividades tradicionais; na garantia da preservação  do património cultural e na implementação de estratégias de planeamento para o sector do turismo.  A  qualidade  de  vida  no  destino  turístico  tem  uma  acção  indirecta  de  marketing  ao  contribuir  para  uma  experiência  satisfatória  ao  turista.  Esta  afirmação  está  associada  à  hospitalidade,  que  depende  da  disposição dos residentes, que por sua vez está associada à sensação de felicidade ou de satisfação com a  vida.  Se  os  residentes  se  sentirem  satisfeitos  com  a  sua  vida  expressam  essa  satisfação  através  da  boa  disposição  e  de  uma  forma  afável  de  receber  os  turistas,  o  que  se  revela  positivo  para  a  experiência  do 

Capítulo 8. Conclusões e recomendações  turista. A satisfação do turista pode resultar em acções de marketing que este realize de forma involuntária  ao sugerir esse destino a outros indivíduos.  A AMP, apesar de extensa em termos de dimensão, e das diferenças que a caracterizam ao nível territorial  (áreas urbanas versus áreas rurais), sofre de uma forte polarização em torno da cidade do Porto, que exerce  uma forte influência sobre o restante território. A sua imagem é extremamente forte, confundindo‐se com  a própria AMP. Tal situação poderá influenciar a percepção dos inquiridos e justificar o facto de não existir  uma  diferença  significativa  nas  respostas  obtidas  por  inquiridos  de  instituições/empresas  localizadas  em  concelhos  de  características  marcadamente  diferentes,  como  por  exemplo  entre  o  Porto  e  a  Trofa.  Esta  situação  é  notória  no  facto  da  temática  ‘Preservação  do  património  cultural’  ser  definida  como  um  dos  principais  impactos  positivos  do  turismo.  As  acções  de  preservação  do  património  ocorrida  no  Centro  Histórico do Porto resultaram numa melhoria substancial da qualidade de vida e a percepção deste facto  poderá ter conduzido os inquiridos a valorizarem a ´Preservação do património cultural’ em detrimento da  ‘Promoção de actividade de recreio e lazer’ referenciada na revisão da  literatura como um dos principais  impactos positivos do turismo para a qualidade de vida a par do ‘Emprego’. 

No sentido de perceber se existem diferenças na percepção do contributo do turismo para a qualidade de  vida,  é  recomendada  a  reprodução  deste  estudo  em  destinos  turísticos  de  características  marcadamente  opostas e que não tenham uma relação institucional ou territorial que imprima este tipo de influência. Seria  interessante  averiguar  se  a  escolha  dos  inquiridos  recairia  sobre  as  mesmas  temáticas  e  os  mesmos  indicadores tendo em conta a localização geográfica (norte/sul; litoral/interior; continente/ilhas) e o tipo de  turismo que distingue os destinos turísticos (sol e praia, turismo de negócios, turismo de natureza, turismo  religioso, ente outros). Estes estudos deveriam incluir, também, a percepção dos residentes, principal parte  interessada na garantia da qualidade de vida. O resultado final destes estudos poderia permitir o desenho  de  um  modelo  de  avaliação  do  contributo  do  turismo  para  a  qualidade  de  vida  aplicável  em  qualquer  destino turístico. 

A principal dificuldade sentida no desenvolvimento desta investigação registou‐se ao nível da obtenção de  resposta  aos  inquéritos,  pelo  que  se  sugere  o  estabelecimento  de  um  compromisso  prévio  com  os  inquiridos, de forma a garantir que todos participem nas rondas necessárias à concretização dos objectivos  subjacentes à aplicação da técnica de Delphi.