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5.2 BCU500 Caso de Estudo

5.2.6 Conclusões Retiradas

O primeiro estudo realizado sobre o produto BCU 500 consistiu numa análise preditiva dos seus valores de fiabilidade e disponibilidade, tendo sido este realizado antes de o produto ser co- locado no mercado. Com base neste estudo previamente realizado fez-se uma análise ao compor- tamento do produto no mercado, tendo sido realizado também um estudo preditivo para a versão atualizada que irá substituir esta primeira iteração. Com base nos dados obtidos através das três análises foi possível retirar algumas conclusões que são ser apresentadas de seguida:

• Primeiramente, é importante mencionar o facto de o estudo preditivo para a primeira edição ter sido efetuado tendo em conta 7 configurações diferentes para o produto. Essas configu- rações poderão induzir em erro na medida em que não foi possível averiguar se as unidades do produto vendidas correspondiam a alguma dessas configurações utilizadas para o estudo. • Como mencionado em5.2.3, o facto de não ter sido possível obter detalhes mais concre- tos sobre o comportamento do produto no terreno obrigou à utilização de pressupostos e aproximações que, muito provavelmente, terão introduzido algum erro na estimação dos valores.

• Outro fator a ter em conta já mencionado durante a análise dos dois casos de estudo, é o "pessimismo"que as abordagens feitas utilizando a normal militar MIL-HDBK-217F nor- malmente têm. Isto, poderá traduzir-se em valores previstos mais baixos do que o o verifi- cado no terreno.

• Para o cálculo dos valores de fiabilidade e disponibilidade da nova versão foi utilizado uma configuração seguindo o worst case scenario para a BCU 500 contendo, ao mesmo tempo,

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todos os tipos de cartas de I/O existentes no catálogo do produto. Isto resultou numa configu- ração com um número elevado de cartas e, consequentemente, um valor de MTBF bastante mais baixo do que o obtido no estudo preditivo da primeira edição.

• Foi possível verificar que, para cada carta eletrónica existente no produto o valor de MTBF obtido foi também ele mais baixo na edição mais recente. Isto poderá dever-se, em grande parte, ao aumento exponencial da complexidade de cada uma das cartas. A título de exem- plo, note-se que a carta MAP8021 (32 entradas digitais) apresenta na edição 1 um total de 806 componentes com influência direta no cálculo da fiabilidade da mesma, ao passo que esse número na segunda edição sobe para 1978. Este aumento da complexidade reflete-se na fiabilidade total da carta na medida em que a influência que cada componente tem nesse cálculo está diretamente ligado à sua quantidade.

• É importante referir também que o estudo preditivo realizado não é final, na medida em que algumas questões levantadas aquando da realização deste estudo sobre a constituição das cartas encontram-se agora em estudo por parte da Engenharia de Produto não tendo chegado, à data deste relatório, novas informações sobre alterações a serem realizadas no produto.

• Crê-se que a ferramenta utilizada no cálculo dos valores de fiabilidade, ao utilizar a norma militar, tenderá com o avançar dos anos a produzir valores finais com maior discrepância para os valores reais dada a complexidade e quantidade de novos componentes a serem uti- lizados nos produtos. No entanto, foi possível verificar nos dois produtos alvo de estudo que para o primeiro estudo preditivo realizado não se verificaram diferenças muito acentuadas nos valores obtidos, apesar destes serem inferiores ao verificado nas análises baseadas nos dados de campo. Desta forma o valor previsto através da norma pode ser usado como um valor base que o fabricante poderá utilizar com uma margem de confiança elevada.

• Outra conclusão importante a retirar, e que conjuga os estudos feitos para os dois produtos, prende-se com a precisão dos dados obtidos através de um produto cuja manutenção efetu- ada é de primeira linha (PNs XSafe) e outro cuja manutenção é efetuada pelo próprio cliente e depois comunicada à EFACEC. Isto leva a que os tempos de manutenção e o tempo entre falhas seja bastante mais preciso no primeiro produto e que seja possível evitar algumas aproximações e considerações, que poderão introduzir algum erro no valor final, garantindo desta forma valores mais fiáveis e aproximados à realidade.

Capítulo 6

Conclusões e Trabalho Futuro

Neste que é o último capítulo do documento, será apresentado um balanço geral do traba- lho desenvolvido, dos resultados obtidos e ainda as principais linhas do trabalho que poderá ser desenvolvido futuramente.

6.1

Conclusões

As análises RAM a produtos eletrónicos têm assumido cada vez mais preponderância no seio das grandes organização permitindo, numa fase inicial, prever qual será o comportamento, ao nível da fiabilidade, manutenibilidade e disponibilidade, que o produto poderá ter quando for produzido e conseguindo saber isso mesmo para um produto pioneiro no seu mercado. Outro fator de grande importância prende-se com, depois da produção e introdução do produto no mercado, a perceção do seu desempenho face a estas variáveis RAM. O conhecimento destes valores poderá transformar-se numa apreciável e considerável ajuda sobre o que deverá ser alterado ou mantido para que o produto continue competitivo e o mais fiável possível.

Foram nestas duas características principais das análises RAM que incidiu o principal foco desta dissertação. Primeiramente foi realizada uma análise do comportamento do produto XSafe, desenvolvido e produzido pela unidade de Transportes da EFACEC, no terreno, tendo para isso sido analisados todos os relatórios de intervenções realizadas ao longo do período de estudo es- tipulado. A análise destes dados e consequente filtro e gestão dos mesmos até à obtenção dos resultados pretendidos, revelou-se num processo um pouco moroso. Por isso mesmo, foi realizada uma automatização deste processo, tendo para isso sido criado um documento Excel que recebe como entradas dados como a localização da passagem de nível onde ocorreu a falha, subsistema afetado, as datas e horas em que esta falha foi detetada e corrigida e ainda a informação se a intervenção realizada é a continuação de uma anterior ou uma nova. Estas informações intro- duzidas, e que são geradas através dos relatórios de intervenção, permitem obter, à medida em que estes dados vão sendo introduzidos, valores estatísticos sobre os subsistemas e PNs onde as avarias se manifestaram, ao mesmo tempo em que os valores de MTBF, MTTR, taxa de avaria, disponibilidade operacional e intrínseca do produto são calculados. Esses resultados obtidos, para

além de serem gerados para o produto geral, são paralela e automaticamente divididos por tipo de passagem nível. É possível encontrar algumas imagens desta plataforma em excel no anexoB.

O documento de cálculo automatizado, mencionado em cima, será adaptado e utilizado como ferramenta de obtenção de valores de fiabilidade e disponibilidade, para o projeto do metro ligeiro de Bergen que está, atualmente, a ser realizado pela EFACEC.

Depois da análise dos dados de campo do produto XSafe, foi feita uma comparação dos valores obtidos com os gerados pelo estudo preditivo realizado aquando da conceção do produto. Foi possível verificar que os valores de MTBF estimados foram superiores aos obtidos através do estudo teóricos tendo a maior diferença sido verificada nas passagens de nível de Plena Via. Isto dever-se-á ao facto de existir um maior número deste tipo de PNs no estudo realizado, o que se traduzirá numa maior amostra e, consequentemente, num tempo de funcionamento maior aquando do tratamento destes produtos como um só. Isto permite perceber que este tipo de produto se encontra num maior estado de maturação face às passagens de nível com influência de estação, o que se manifesta num valor de fiabilidade mais elevado. Contrariamente ao valor de MTBF, o valor de MTTR estimado verificou-se como sendo inferior ao previsto teoricamente. Este facto poderá dever-se à não consideração da intervenção dos fatores meteorológicos e da realização de testes, para verificar a conformidade do produto depois de efetuada a intervenção, no estudo teórico pois estes fatores poderão levar a um maior consumo de tempo aquando de uma intervenção. Devido ao facto de a fórmula utilizada para o cálculo da disponibilidade do produto utilizar o valor de MTTR, os valores obtidos foram também eles, um pouco mais baixos do que o esperado.

Por forma a tentar evitar algumas das diferenças verificadas nos preenchimentos dos relatórios, aquando da causa da avaria, foi realizada uma análise FMECA para, desta forma, tentar tipificar os modos de falha que são mais prováveis de ocorrer neste produto. Esta tipificação poderá permitir uma simplificação em futuras análises dos relatórios de intervenção.

Terminada esta análise, seguiu-se um novo produto a ser alvo de estudo, a BCU 500, desenvol- vido e produzido pela unidade de Automação e Sistemas de Energia da EFACEC. Também para este produto foi realizado um estudo dos dados de campo, análogo ao realizado para o produto XSafe. No entanto aqui, e pelos já mencionados factos de, por um lado, a manutenção efetuada nestes produtos não ser diretamente efetuada pela EFACEC e, por outro lado, o facto dos regis- tos de produção e venda deste produto estarem a ser migrados para uma plataforma informática, não estando ainda concluído esse processo, os dados de campo obtidos não tinham um nível de detalhe semelhante às passagens de nível XSafe. Por isso mesmo, a gestão e utilização dos dados obtidos não foi tão intuitiva, tendo sido necessária a utilização de aproximações e considerações para tornar os resultados o mais fiáveis possível.

Aproveitando a migração para a plataforma informática, foi implementado nesta uma secção para o cálculo do valor de MTBF dos produtos produzidos por esta unidade. Esta implementação seguiu os mesmos passos utilizados, durante esta dissertação, para o cálculo deste valor e em5.2.3 na figura5.9é possível ver o resultado final da implementação desta secção na plataforma.

Os resultados obtidos ficaram na linha dos obtidos para o estudo do produto XSafe, tendo se verificado valores mais altos do que os previstos para o MTBF e o contrário para o valor de MTTR

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