A TtTULO DE CONCLUSmO CABE AQUI RETOMAR ALGUNS PONTOS Ji DESENVOLVIDOS AO LONGO DO TEXTO. EM PRIMEIRO LUGAR O FATO DE QUE PARA ALTHUSSER O OBJETO DO MATERIALISMO HISTyRICO p A HISTyRIA, NO ENTANTO, PARA ELE, Sy SE CONSTITUEM EM FATOS HISTyRICOS AQUELES QUE DE ALGUMA FORMA SE RELACIONAM COM AS ESTRUTURAS. O QUE NOS LEVA j CONCLUSmO DE QUE O OBJETO ~LTIMO DO MATERIALISMO HISTyRICO p MANUTENomO OU TRANSFORMAomO DAS ESTRUTURAS SOCIAIS E A DINkMICA ENTRE ESTAS ESTRUTURAS NAS FORMAo}ES SOCIAIS PARTICULARES. UMA QUESTmO INTERESSANTE A SER RESSALTADA, QUANDO SE TRATA DA DISCUSSmO
SOBRE INDIVtDUO E SOCIEDADE NA OBRA ALTHUSSERIANA, p PERCEBER QUE AS
FORMAo}ES SOCIAIS NmO TERIAM PRp-ESTABELECIDAS DE QUE FORMAS AS ESTRUTURAS - ECON{MICA, JURtDICO-POLtTICO E IDEOLyGICA - SE RELACIONAM.
ELAS MUDAM DE ACORDO COM O MOMENTO HISTyRICO E COM CADA FORMAomO
SOCIAL ESPECtFICA.
OUTRO PONTO RELACIONADO A ESTE QUE DEVE SER ENFATIZADO p QUE, PARA ALTHUSSER, ENTRE ESTRUTURA E PRiTICA EXISTE UMA RELAomO DE CAUSALIDADE METONtMICA. Sy PODEMOS RECONHECER A EXISTrNCIA DAS ESTRUTURAS - E CONSEQENTEMENTE ENTENDER SEU FUNCIONAMENTO - A PARTIR DE SEUS EFEITOS, OU SEJA, AS PRiTICAS DOS INDIVtDUOS. MAS A ESTRUTURA Sy PODE AGIR ENQUANTO CAUSA ATRAVpS DE APARELHOS
MATERIAIS, OS CHAMADOS APARELHOS IDEOLyGICOS DE ESTADO. A PARTIR DISSO CHEGAMOS A UMA CONCLUSmO RELEVANTE: PARA ALTHUSSER O QUE REALIZA A MEDIAomO ENTE ESTRUTURA E INDIVtDUO p A IDEOLOGIA. ASSIM, A TEORIA DA IDEOLOGIA ALTHUSSERIANA PODE SER ENTENDIDA COMO UM INSTRUMENTO CONCEITUAL PARA ANALISAR E ENTENDER AS Ao}ES DOS INDIVtDUOS EM SOCIEDADE. NAS PALAVRAS DO PRyPRIO ALTHUSSER (1999, P.199):
A VANTAGEM DESSA TEORIA DA IDEOLOGIA p MOSTRAR-NOS CONCRETAMENTE COMO FUNCIONA A IDEOLOGIA EM SEU NtVEL MAIS CONCRETO, NO NtVEL DOS SUJEITOS INDIVIDUAIS, ISTO p, DOS HOMENS TAIS COMO EXISTEM EM SUA INDIVIDUALIDADE CONCRETA, EM SEU TRABALHO, SUA VIDA COTIDIANA, SEUS ATOS, SEUS COMPROMISSOS, SUAS HESITAo}ES, SUAS D~VIDAS, ASSIM COMO EM SUAS MAIS IMEDIATAS EVIDrNCIAS.
e IMPORTANTE NmO CONFUNDIR - CONFUSmO ESTA MUITAS VEZES ENCONTRADA NA CRtTICA SOCIOLyGICA jS VIS}ES ESTRUTURAIS - AomO INDIVIDUAL E PENSAMENTO SUBJETIVO ALpM DA SOCIEDADE, EM SUMA, p IMPORTANTE NmO CONFUNDIR INDIVtDUO COM SUJEITO (NO SENTIDO ALTHUSSERIANO DO TERMO). QUANDO WEBER ESTUDA AS Ao}ES E OS PENSAMENTOS DOS PROTESTANTES NA CONSTITUIomO DO CAPITALISMO, O FAZ TENDO EM VISTA QUE SmO SUJEITOS INSERIDOS EM PRiTICAS RITUALIZADAS E NmO ENQUANTO INDIVtDUOS AGINDO DE FORMA ³LIVRE´, OU SEJA, CRIANDO A SOCIEDADE CADA UM DELES INDIVIDUALMENTE A CADA INSTANTE. PODERIA SER REALIZADO TODO UM OUTRO ESTUDO ANALISANDO A INFLUrNCIA DO INDIVIDUALISMO METODOLyGICO DE WEBER NO MARXISMO, NO QUAL O SISTEMA ALTHUSSERIANO PODERIA TER ALGUM DESTAQUE. A DIFERENoA
ENTRE AMBOS ESTi NO FATO DE PARA ALTHUSSER, AINDA QUE A SUPERESTRUTURA TENHA UMA CERTA EFICiCIA SOBRE A ECONOMIA, A DIMENSmO ECON{MICA p UMA DIMENSmO PURAMENTE ECON{MICA. Ji EM WEBER, UM FEN{MENO ECON{MICO NUNCA p APENAS ECON{MICO, ELE p EM UM ~NICO MOVIMENTO ECON{MICO, POLtTICO RELIGIOSO ETC. ESTA DIMENSmO IMPORTA MAIS PARA WEBER DO QUE A DISCUSSmO SOBRE QUAL p A ESTRUTURA DETERMINANTE. EM ALTHUSSER AS COISAS TrM SEUS LUGARES MAIS BEM DEMARCADOS, CABENDO ANALISAR QUAL A RELAomO DE DETERMINAomO ENTRE ELAS.
PODEMOS NOS PERGUNTAR: ALTHUSSER RESOLVE A DICOTOMIA INDIVtDUO E SOCIEDADE EM SEU TRABALHO? MAS ANTES TERtAMOS QUE PERGUNTAR OUTRA COISA: RESOLVER ESTA DICOTOMIA p UMA PREOCUPAomO DO AUTOR? EM SUA AUTOBIOGRAFIA ALTHUSSER AFIRMA QUE NUNCA SE CONSIDEROU UM ESTRUTURALISTA E NEGA AS CRtTICAS QUE AFIRMAM QUE SEU TRABALHO NmO LEVA EM CONTA A AomO INDIVIDUAL. ESTA PREOCUPAomO COM A AomO INDIVIDUAL ESTi CLARA EM SUA TEORIA DA IDEOLOGIA, QUE, COMO AFIRMAMOS, p SUA TENTATIVA DE ENTENDER A AomO DOS INDIVtDUOS -SEMPRE-Ji SUJEITOS - EM SOCIEDADE. PODERtAMOS ESPECULAR QUE ALTHUSSER p UM AUTOR PREOCUPADO EM COMPREENDER AS Ao}ES DOS INDIVtDUOS COMO ALGO QUE NmO FOGE TOTALMENTE DO CONTROLE DESTES, OU SEJA, BUSCA DAR UMA RELEVkNCIA TAMBpM AO INDIVtDUO E NmO APENAS j ESTRUTURA, EMBORA NmO BUSQUE RESOLVER ESTA DICOTOMIA. NmO Hi UMA METODOLOGIA PARA RESOLVER ESTA DICOTOMIA EM ALTHUSSER, EMBORA HAJA UMA METODOLOGIA CAPAZ DE RELACIONAR ESTAS DUAS ESFERAS.
COMO FOI AFIRMADO NA INTRODUomO A QUESTmO INDIVtDUO E SOCIEDADE NmO p UMA QUESTmO QUE SE RESUME NO INDIVtDUO PROPRIAMENTE DITO (JOmO, PEDRO, PAULO) E NA ESTRUTURA (AIE, ESTRUTURAS DE DOMINAomO ETC), ELA ABRANGE AS DICOTOMIAS COMO REPRODUomO/MUDANoA, OBJETIVO/SUBJETIVO, TEORIA COMPORTAMENTALISTA/TEORIA ESTRUTURALISTA ETC. E O QUE SIGNIFICARIA RESOLVER ESTA DICOTOMIA? RESOLVER ESTA QUESTmO p FAZER QUE COM ELA DEIXE DE SER UM PROBLEMA SOCIOLyGICO, QUE ELA DEIXA QUE SER UMA QUESTmO DE DIVERGrNCIA PARA VIRAR UM ASSUNTO CONSENSUAL. MAS NmO SERIA EXATAMENTE ESSA A QUESTmO CHAVE QUE MOVE A SOCIOLOGIA, SENDO ELA O SEU PRyPRIO MOTOR?
SE CHEGARMOS j CONCLUSmO QUE EXISTE UM ESPAoO TEyRICO DENTRO DO SISTEMA DE ALTHUSSER PARA PENSAR A PRiTICA DOS INDIVtDUOS, p POSStVEL DIZER QUE EXISTE TAMBpM UM ESPAoO PARA A MUDANoA, OU SEJA, UMA QUEBRA NO CICLO REPRODUTIVO? AINDA QUE A REPRODUomO SEJA UMA PREOCUPAomO CENTRAL PARA ALTHUSSER, A CIrNCIA SERIA UMA POSSIBILIDADE DE IR ALpM DA REPRODUomO NA MEDIDA EM QUE POSSIBILITARIA A REVELAomO DA VERDADE SOBRE A TOTALIDADE SOCIAL, O QUE PARA ALTHUSSER - E PARA MARX - LEVARIA j TRANSFORMAomO. JUSTAMENTE POR ISSO A CIrNCIA SERIA O OPOSTO DA IDEOLOGIA E TAMBpM O OPOSTO DA REPRODUomO, E SE A IDEOLOGIA p O TERRENO DO SUJEITO A CIrNCIA SERIA O TERRENO DA NEGAomO DO SUJEITO.
UM EXEMPLO DO ESFORoO ALTHUSSERIANO EM LEVAR EM CONSIDERAomO A AomO INDIVIDUAL p A SUA ANiLISE DA AomO POLtTICA DOS
TEyRICOS MARXISTAS CLiSSICOS, NA HORA DE RECONSTITUIR OS SEUS SISTEMAS. ESTE SEU MpTODO PODE SER USADO PARA COMPREENDER O PRyPRIO ALTHUSSER. PERMITAM-ME USAR UM EXEMPLO PRiTICO DE MINHAS EXPERIrNCIAS EM AULAS DURANTE O CURSO DE CIrNCIAS SOCIAIS. EM UMA AULA O PROFESSOR ESTAVA EXPONDO O SISTEMA TEyRICO ALTHUSSERIANO, CHEGANDO NO FINAL DA EXPOSIomO j CONCLUSmO QUE O SISTEMA CHEGA A SER TmO ESTRUTURAL EM ALGUNS PONTOS E OFERECENDO TmO POUCO ESPAoO PARA PENSAR A MUDANoA QUE BEIRA UM PESSIMISMO. APyS ISSO EU LHE PERGUNTEI ³POR QUE ENTmO ALTHUSSER MILITAVA NO PARTIDO COMUNISTA FRANCrS, SE NmO ACREDITAVA NA POSSIBILIDADE DE UMA MUDANoA?´. O PROFESSOR EM QUESTmO ME RESPONDEU QUE NmO SABIA, E QUE PROVAVELMENTE SERIA ALGUM TIPO DE INCOERrNCIA DO PRyPRIO ALTHUSSER. ORA, PENSANDO ESTA SUA AomO A PARTIR DE SUAS PRyPRIAS CATEGORIAS CONCEITUAIS, OU SEJA, QUE AS IDpIAS DE UM INDIVtDUO Sy PODEM EXISTIR NAS SUAS Ao}ES, ESTA AomO - E IN~MERAS OUTRAS Ao}ES QUE TERIAM CONSEQrNCIAS TEyRICAS - DEVE SER LEVADA EM CONTA, ASSIM COMO ALTHUSSER LEVA EM CONSIDERAomO AS Ao}ES POLtTICAS DE LrNIN PARA RECONSTRUIR SEU SISTEMA TEyRICO. SENDO ASSIM, UM ESTUDO ALTHUSSERIANO SOBRE ALTHUSSER TERIA QUE LEVAR EM CONTA A BIOGRAFIA DESTE AUTOR. TALVEZ ESTA SEJA UMA DAS RAZ}ES PARA ALTHUSSER TER ESCRITO DUAS AUTOBIOGRAFIAS DURANTE A SUA VIDA. UMA DAS HIPyTESES POSStVEIS PARA ESTA SUA MILITkNCIA NO PCF PODE SER AS EXPECTATIVAS QUE ALTHUSSER TINHA j RESPEITO DO PAPEL DO PARTIDO COMUNISTA FRANCrS ENQUANTO UM AGENTE DE TRANSFORMAomO DA
SOCIEDADE. MESMO COM TODOS OS SEUS PROBLEMAS (E ALTHUSSER APONTAVA ViRIOS) O PARTIDO AINDA SERIA O MEIO PRINCIPAL PARA A TRANSFORMAomO SOCIAL. OUTRA POSStVEL HIPyTESE p QUE ALTHUSSER REALMENTE FOSSE PESSIMISTA FRENTE j TRANSFORMAomO DA SOCIEDADE FRANCESA (E DO MUNDO) PARA O SOCIALISMO E O PARTIDO SERIA COMO UM ~LTIMO FIO DE ESPERANoA. MAS APENAS UMA SOCIOLOGIA DA OBRA E DA VIDA DE ALTHUSSER - UMA SOCIOLOGIA DOS INTELECTUAIS - PODERIA LANoAR ALGUMAS LUZES SOBRE SUAS PRiTICAS E CRENoAS.
TODO APARELHO MATERIAL (OU INSTITUIomO PARA NmO USAR UM TERMO ALTHUSSERIANO) p IDEOLyGICO, MAS ALpM DAS IDEOLOGIAS QUE PERPASSAM OS APARELHOS HAVERIAM AS IDEOLOGIAS INDIVIDUAIS QUE PREFEREM X OU Y APARELHO IDEOLyGICO. ALTHUSSER POR SER COMUNISTA, MILITANTE ETC FILIA-SE j IDEOLOGIA COMUNISTA DO PARTIDO
REVOLUCIONiRIO. MAS COLOCANDO A SITUAomO HIPOTpTICA DE UM SUJEITO IDEAL (COMO NEM UMA MiQUINA IDEAL DE NEWTON) QUE NmO CRr EM NADA (NEM NA CIrNCIA)2 PARA ELE TODAS OS APARELHOS SERIAM IGUALMENTE IDEOLyGICOS, OU SEJA, ESTARIAM EM UMA RELAomO IMAGINiRIA COM AS CONDIo}ES DE EXISTrNCIA REAIS, NmO HAVENDO HIERARQUIA ENTRE ELES. ISTO NOS COLOCARIA EM UM TERRENO SIMILAR AO DE FOUCAULT NO QUAL NmO Hi NENHUMA ESFERA SOCIAL SUPERIOR j OUTRA NO QUE SE REFERE j PROXIMIDADE DA VERDADE, TODAS SERIAM DISCURSOS DE PODER, OU SEJA, IDEOLOGIAS. O PRyPRIO FOUCAULT AO TOMAR ESTA ATITUDE SE ASSEMELHA AO CIENTISTA IDEAL ALTHUSSERIANO, OU SEJA, UM NmO SUJEITO, POIS A PRATICA CIENTtFICA p UMA PRiTICA SEM SUJEITOS.
CARICATURIZANDO E SIMPLIFICANDO, DIRtAMOS QUE FOUCAULT p UM ALTHUSSER SEM HIERARQUIA DE APARELHOS IDEOLyGICOS: TODO APARELHO IDEOLyGICO SERIA UM DISCURSO, MAS EM ALTHUSSER Hi CLARA
PREDOMINkNCIA DO DISCURSO DA IDEOLOGIA COMUNISTA E DO DISCURSO CIENTtFICO. SE TIRARMOS ESSA PREDOMINkNCIA VEREMOS APENAS
IDEOLOGIAS GLADIANDO PELA LEGITIMIDADE DA ORDEM SOCIAL; AO OLHARMOS AS IDEOLOGIAS SEM SERMOS SUJEITOS DE NENHUMA VEREMOS APENAS UMA DISPUTA ENTRE ELAS. EM ALTHUSSER, PORpM, A NASCENTE DA LUTA ESTi NA LUTA DE CLASSES, E VENDO ELE A POSSIBILIDADE DA
LIBERTAomO DO HOMEM NA IDEOLOGIA COMUNISTA, QUE SERIA UMA
ELIMINAomO DA LUTA DE CLASSES, ELE A TOMA PARA SI. MAS ISSO MOSTRA COMO O CONCEITO GERAL DE IDEOLOGIA ALTHUSSERIANO TRANSCENDE A TEORIA MARXISTA POSSIBILITANDO SUA APLICAomO (COM ALGUMAS
REFORMULAo}ES TEyRICAS p EVIDENTE) PARA OUTROS CAMPOS. AINDA FALTA SER REALIZADO UM ESTUDO COMPLETO SOBRE A INFLUrNCIA
ALTHUSSERIANA NO PENSAMENTO SOCIOLyGICO CONTEMPORkNEO,
PRINCIPALMENTE NO QUE SE REFERE j DOIS DOS MAIORES EXPOENTES ATUAIS 2 A PRyPRIA CIrNCIA PODE SER UMA FORMA DE IDEOLOGIA, POR ISSO QUE ALTHUSSER FALA QUE A CIrNCIA PERFEITA p AQUELA SEM SUJEITO, OU SEJA, SEM IDEOLOGIA.
DAS CIrNCIAS HUMANAS: FOUCAULT E BOURDIEU.
UMA OUTRA TENTATIVA DE ALTHUSSER PARA FUGIR DA DETERMINAomO ESTRUTURAL p AO SE COLOCAR j QUESTmO DE POR QUE E COMO MARX ESCAPA j IDEOLOGIA DE SUA pPOCA? NO TEXTO ³SOBRE O JOVEM MARX´ ALTHUSSER BUSCA COMPREENDER COMO SE Di A RUPTURA EPISTEMOLyGICA DE MARX, FAZENDO COM QUE O PERCURSO INTELECTUAL DESTE AUTOR POSSA SER DIVIDIDO EM DUAS FASES: O JOVEM MARX E O MARX MADURO. ALTHUSSER COLOCA NESSE TEXTO UMA POLrMICA TESE NO QUAL O JOVEM MARX NmO SERIA AINDA MARXISTA, POIS NEM TUDO QUE MARX ESCREVEU PODE SERVIR COMO ELEMENTO PARA UMA TEORIA MARXISTA DA SOCIEDADE. FAoAMOS UMA EXPOSIomO COMENTADA DESTE TEXTO QUE CONSIDERO IMPORTANTE PARA O NOSSO ESTUDO UMA VEZ QUE COLOCA UMA NOomO INpDITA ATp AQUI: A DE IDEOLOGIA INDIVIDUAL.
ALTHUSSER INICIA SUA EXPOSIomO CRITICANDO A LEITURA DOS TEXTOS DE MARX ATRAVpS DE UMA LIVRE ASSOCIAomO DE IDpIA OU POR UMA ANiLISE COMPARATIVA. PODE-SE COMPARAR TEXTOS DO JOVEM MARX COM HEGEL, COMPARAR ³O CAPITAL´ COM ³O MANUSCRITOS DE 44´, MAS POR MAIS QUE ESTA ANiLISE SEJA BEM REALIZADA E ABRAM NOVAS PERSPECTIVAS, ELA JAMAIS p UMA RAZmO EM SIM MESMA. ESSA ASSOCIAomO ESPONTkNEA DE ~NICOS ELEMENTOS TEyRICOS CORRE O RISCO DE FICAR PRESA NUMA CONCEPomO ACADrMICA COMUM DE COMPARAo}ES, OPOSIo}ES QUE DESEMBOCA NUMA ³TEORIA DAS ORIGENS (OU TEORIA DA ANTECIPAo}ES)´. ESTE MpTODO REDUZ UM SISTEMA TEyRICO EM DIVERSAS PARTES E A PARTIR DISSO COMPARAMOS UM ELEMENTO ISOLADO DESTE SISTEMA COM UM OUTRO ELEMENTO SEMELHANTE DE UM OUTRO SISTEMA, CAINDO DESTA FORMA EM UM FORMALISMO. E MAIS, DESTA FORMA O MUNDO DAS IDpIAS GANHA UMA AUTONOMIA QUE NmO CORRESPONDE j REALIDADE, O MUNDO DA IDEOLOGIA SE ASSEMELHA AO PRyPRIO PRINCIPIO DA INTELIGrNCIA.
ASSIM O DESENVOLVIMENTO TEyRICO DO JOVEM MARX p FEITO PELA REDUomO DE SEU PENSAMENTO TOTAL A SEUS ³ELEMENTOS´ (MAIS
ESPECIFICAMENTE EM DOIS BLOCOS: OS ELEMENTOS MATERIALISTAS E OS ELEMENTOS IDEALISTAS) E O SENTIDO DO TEXTO p TIRADO PELA COMPARAomO DESSES ELEMENTOS. DESTA PODERtAMOS ENCONTRAR ELEMENTOS MATERIALISTAS NOS MANUSCRITOS OU EM QUALQUER OUTRO TEXTO DA JUVENTUDE. OS ELEMENTOS DESTACADOS SmO PENSADOS POR SI MESMO COM ³ENTIDADES SIGNIFICANTES POR SI MESMAS´ (ALTHUSSER, 1979, P. 46); MAS ISSO Sy p POSStVEL POR UMA LEITURA ORIENTADA, TELEOLyGICA, DESSES TEXTOS. ISSO ACONTECE, POIS OS TEXTOS DA JUVENTUDE SmO LIDOS A PARTIR (A LUZ DE) DOS TEXTOS DA MATURIDADE, A DECOMPOSIomO DE O QUE p MATERIALISTA E O QUE p IDEALISTA PERDE DE VISTA A UNIDADE. COMO PODEMOS DESCOBRIR ELEMENTOS MATERIALISTAS EM TODOS OS TEXTOS DE JUVENTUDE DE MARX, FICAMOS INCAPACITADOS DE DESCOBRIR QUANDO MARX p REALMENTE MATERIALISTA (EM CONJUNTO) OU QUANDO NmO ERA. E MAIS, COMO DECIDIR O SENTIDO QUE UM ELEMENTO MATERIALISTA OU IDEALISTA TEM NA UNIDADE EFETIVA DE UM TEXTO? A PRyPRIA QUESTmO DE SENTIDO GLOBAL p ELIMINADA DESSA FORMA.
AGORA, SE DECIDIRMOS LER UMA OBRA DA JUVENTUDE (POR EXEMPLO ³A QUESTmO JUDAICA´, MAS PODERIA SER QUALQUER OUTRA) E TOMi-LA COMO UM TODO, COMO CONSIDERi-LA: MATERIALISTA OU IDEALISTA? MARXISTA OU NmO-MARXISTA? UM IMPORTANTE PONTO AQUI QUE MERECE MAIS ATENomO p QUE ALTHUSSER AFIRMA QUE ESSA QUESTmO NmO PRECISA SER RESPONDIDA APENAS TEORICAMENTE: SE UM MARXISTA USA UM TEXTO DA JUVENTUDE PARA TIRAR CONCLUS}ES PARA A TEORIA OU A AomO IDEOLyGICA ELE RESPONDE ESSA QUESTmO. ISTO p UMA IMPORTANTE
EVIDrNCIA DA IMPORTkNCIA DADA PELA AomO EM ALTHUSSER, POIS COMO VIMOS UM SUJEITO AGE CONFORME SUAS CRENoAS E SE ANALISARMOS A AomO POLtTICA DE UM INDIVIDUO PODERtAMOS DEDUZIR BOA PARTE DE SUAS CRENoAS (MAIS UMA VEZ PODERtAMOS TECER AQUI COMPARAo}ES ENTE ALTHUSSER E WEBER).
VAI AINDA CRITICAR O ESQUEMA HEGELIANO DA CONTRADIomO ENTRE CONTE~DO E FORMA, MUITAS VEZES USADO: MARX NA JUVENTUDE TERIA UM CONTE~DO MATERIALISTA MAS UMA FORMA IDEALISTA. A FORMA IDEALISTA NmO SERIA MAIS NADA DO QUE UMA QUESTmO DE TERMINOLOGIA, OU SEJA, MARX Ji p MATERIALISTA, MAS SERVE-SE DE CONCEITOS FEUERBACHIANOS E ENTmO, MARX ENCONTRARIA A MATURIDADE AO DESENVOLVER SUA UMA TERMINOLOGIA PRyPRIA. PARA ENTmO ANALISAR AS OBRAS DE JUVENTUDE DE MARX DE UMA FORMA MARXISITA DEVE-SE ANTES DE TUDO ROMPER COM O MpTODO ANALtTICO-TELEOLyGICO IMPREGNADO DE PRINCtPIOS HEGELIANOS. OS PRINCtPIOS MARXISTAS DE UMA TEORIA DA EVOLUomO IDEOLyGICA SERIAM: CADA IDEOLOGIA DEVE SER CONSIDERADA COMO UM TODO, UNIFICADA PELA SUA PROBLEMiTICA, E PORTANTO, QUALQUER ELEMENTO DESTACADO ALTERARIA SEU SENTIDO; O SENTIDO DE UMA IDEOLOGIA SINGULAR (O PENSAMENTO DE UM INDIVtDUO) NmO DEPENDE DE SUA RELAomO COM UMA VERDADE DIFERENTE DELA, MAS SIM DE SUA RELAomO COM O CAMPO
IDEOLyGICO EXISTENTE, COM OS PROBLEMAS E COM AS ESTRUTURAS SOCAIS QUE SUSTENTA ME SE REFLETEM NELA. Ji A EVOLUomO DE UMA IDEOLOGIA SINGULAR DEPENDE DA RELAomO ENTRE AS MUTAo}ES DESSA IDEOLOGIA SINGULAR E AS MUTAo}ES DO CAMPO IDEOLyGICO. O MOTOR DO
DESENVOLVIMENTO DE UMA IDEOLOGIA INDIVIDUAL NmO RESIDE NA PRyPRIA IDEOLOGIA MAS FORA DELA: NO ATOR COMO INDIVtDUO CONCRETO E A HISTyRIA EFETIVA QUE SE REFLETE EM SEU DESENVOLVIMENTO INDIVIDUAL SEGUNDO OS VtNCULOS COMPLEXOS DO INDIVtDUO COM ESSA HISTyRIA (ALTHUSSER: 1979).
ESSES PRINCtPIOS, DIFERENTES DOS QUE ALTHUSSER CRITICA, NmO SERIAM PRINCtPIOS IDEOLyGICOS, MAS SIM CIENTtFICOS. NmO SmO PORTANTO A VERDADE DO PROCESSO, NmO SmO VERDADE DE E SIM VERDADE PARA, OU SEJA, SmO VERDADEIROS COMO ³CONDIomO DE POSIomO LEGtTIMA DE UM PROBLEMA E POIS, ATRAVpS DESSE PROBLEMA, DA PRODUomO DE UMA SOLUomO VERDADEIRA´ (ALTHUSSER, 1979, P.51). A CIrNCIA NmO p A PRiTICA QUE DARIA RESPOSTAS CERTAS, MAS SIM AQUELA QUE COLOCA QUEST}ES CERTAS PARA A REALIDADE NO QUE SE REFERE j BUSCA DA COMPREENSmO OBJETIVA DESTA MESMA REALIDADE.
O MARXISMO ACABADO NmO SERIA UMA VERDADE APyS A SUA GrNESE, MAS SIM UMA ³TEORIA QUE PERMITE A INTELIGrNCIA DE SUA PRyPRIA GrNESE, COMO DE QUALQUER OUTRO PROCESSO HISTyRICO´ (ALTHUSSER, 1979, P.52). O MARXISMO NmO p VERDADE DE, MAS UMA DISCIPLINA DE INVESTIGAomO CIENTtFICA, ESTi TmO LIMITADO PELA HISTyRIA QUANTO QUALQUER OUTRA COISA. A DISCIPLINA NmO PAROU EM MARX E NOVAS DESCOBERTAS TORNARAM-SE POSStVEIS A PARTIR DA DESCOBERTA FUNDAMENTAL DE MARX. O MESMO TERIA OCORRIDO COM A FtSICA AO EVOLUIR COM NOVAS DESCOBERTAS A PARTIR DE GALILEU.
TEMOS UMA JUVENTUDE, TEMOS QUE COMEoAR A ESCREVER EM ALGUM LUGAR E MARX ³NmO ESCOLHEU NASCER PARA O PENSAMENTO E PENSAR NO MUNDO IDEOLyGICO QUE A HISTyRIA ALEMm TINHA CONCENTRADO NO ENSINO DAS UNIVERSIDADES. e NESSE MUNDO QUE ELE CRESCE, p COM ELE QUE EXPLICOU E p DELE QUE SE LIBERTOU´ (ALTHUSSER, 1979 P.52). ALTHUSSER CONTINUA MAIS ADIANTE (1979, P.52):
O FATO p QUE Hi UM COMEoO, E QUE, PARA SE FAZER A HISTyRIA DO PENSAMENTO DE MARX, p PRECISO APREENDER O SEU MOVIMENTO NO INSTANTE EM QUE ESSE INDIVtDUO CONCRETO QUE ERA O JOVEM MARX SURGIU NO MUNDO DOS PENSAMENTOS DO SEU TEMPO PARA, POR SEU TURNO, PENSi-LO E ENCETAR COM OS PENSAMENTOS DO SEU TEMPO ESSA TROCA E ESSE DEBATE QUE SERmO TODA A SUA VIDA DE IDEyLOGO [...] NESSE NtVEL DE TROCAS E DE CONTESTAo}ES, QUE SmO A PRyPRIA MATpRIA DOS TEXTOS, ONDE NOS SmO DADOS SEUS PENSAMENTOS VIVOS, TUDO PASSA COMO SE OS PRyPRIOS AUTORES DESSES PENSAMENTO ESTIVESSEM AUSENTES. AUSENTE O INDIVtDUO CONCRETO QUE SE EXPRIME NESSES PENSAMENTOS E NESSES TEXTOS, AUSENTE A HISTyRIA EFETIVA QUE SE EXPRIME NO CAMPO IDEOLyGICO EXISTENTE. ASSIM COMO O AUTOR DESAPARECE DIANTE DOS SEUS PENSAMENTOS PUBLICADOS PARA NmO SER MAIS QUE O SEU RIGOR, DA MESMA MANEIRA A HISTyRIA CONCRETA DESAPARECE DIANTE DOS SEUS TEMAS IDEOLyGICOS PARA NmO SER MAIS QUE O SEU SISTEMA.
A RELAomO QUE PRECISA SER PENSADA p JUSTAMENTE A RELAomO DA UNIDADE DE UM PENSAMENTO (SINGULAR) COM O CAMPO IDEOLyGICO EXISTENTE. BOM, ISSO IMPLICA, METODOLOGICAMENTE FALANDO, NUM CONHECIMENTO EFETIVO DA ESTRUTURA DESSE CAMPO IDEOLyGICO. POR SUA
VEZ, ESSE CAMPO IDEOLyGICO NmO PODE SER VISTO DE FORMA NEUTRA, COMO UMA CENA ONDE COMPARECEM PERSONAGENS. MARX NmO ESTi DIALOGANDO NUM DEBATE IDEAL COM HEGEL, FEUERBACH, STIRNER ETC. ESSES NmO SmO TAIS COMO APARECEM NA BIBLIOTECA E PODEMOS LER HOJE. ELES NmO SmO AINDA COMO APARECEM NAS OBRAS DE MARX, NEM NAS EVOCAo}ES GERAIS DADAS POR ENGELS E LrNIN. MARX JOGA COM:
PERSONAGENS IDEOLyGICOS CONCRETOS, jS QUAIS O CONTEXTO IDEOLyGICO IMP}E UMA FIGURA DETERMINADA, QUE NmO COINCIDE NECESSARIAMENTE COM A SUA IDENTIDADE HISTyRICA LITERAL, QUE ULTRAPASSA AMPLAMENTE A REPRESENTAomO EXPLtCITA QUE DELES Di MARX NOS PRyPRIOS TEXTOS´ (ALTHUSSER, 1979, P.53).
e PRECISO AINDA IR ALpM E ANALISAR A POSSIBILIDADE DOS PENSAMENTOS DE UM AUTOR; A SUA PRyPRIA PROBLEMiTICA, ISTO p:
A UNIDADE CONSTITUTIVA DOS PENSAMENTOS EFETIVOS QUE COMP}EM ESSE DOMtNIO DO CAMPO IDEOLyGICO EXISTENTE, COM O QUAL UM AUTOR SINGULAR SE EXPLICA EM SEU PRyPRIO PENSAMENTO. PERCEBE-SE, LOGO, QUE SE NmO SE PODE PENSAR SEM O CAMPO IDEOLyGICO A UNIDADE DE UM PENSAMENTO SINGULAR. ESSE CAMPO EXIGE, POR SI MESMO, O PENSAMENTO DESSA UNIDADE PARA SER PERCEBIDO. (ALTHUSSER, 1979, P.54).
A PROBLEMiTICA p A ³UNIDADE PROFUNDA´ DE UM TEXTO, A ESSrNCIA INTERIOR DE UM PENSAMENTO IDEOLyGICO. NmO p A FORMA DE RESPONDER ALGO QUE p FILOSOFIA, MAS A PRyPRIA QUESTmO COLOCADA, E NA PRyPRIA QUESTmO p NECESSiRIO BUSCAR A MISTIFICAomO IDEOLyGICA. ESTE CONCEITO p CAPITAL, POIS REMONTA AOS SISTEMAS DE QUEST}ES QUE COMANDAM AS
RESPOSTAS DADAS POR ESSA IDEOLOGIA. e NECESSiRIO ANTES DE TUDO COLOCAR QUEST}ES jS QUEST}ES DA IDEOLOGIA PARA COMPREENDER SUAS RESPOSTAS. NmO SE PODE EVIDENCIAR A PROBLEMiTICA DE UMA IDEOLOGIA SEM RELACIONi-LA E SUBMETr-LA AOS PROBLEMAS REAIS AOS QUAIS ELA Di UMA FALSA RESPOSTA.
EM RESUMO, A COMPREENSmO DE UM DESENVOLVIMENTO IDEOLyGICO IMPLICA (A) O CONHECIMENTO DO CAMPO IDEOLyGICO EM QUE SE DESENVOLVE ESSE PENSAMENTO E (B) EM TORNAR EVIDENTE A UNIDADE INTERNA DESSE PENSAMENTO: SUA PROBLEMiTICA. O CONHECIMENTO DO CAMPO IDEOLyGICO SUP}E O CONHECIMENTO DAS PROBLEMiTICAS QUE COM ELE SE COMP}EM OU A QUE ELE SE OP}EM. e O RELACIONAMENTO DA PROBLEMiTICA DO PENSAMENTO INDIVIDUAL CONSIDERADO COM AS PROBLEMiTICAS DO CAMPO IDEOLyGICO QUE PODE DECIDIR QUAL A DIFERENoA ESPECtFICA DO SEU AUTOR, ISTO p, SE SURGIU UM SENTIDO NOVO.
ALTHUSSER PASSA ENTmO PARA O PROBLEMA DA RELAomO ENTRE OS PENSAMENTOS DE MARX E A HISTyRIA REAL: OS VERDADEIROS AUTORES DESSE PENSAMENTO SERIAM O HOMEM CONCRETO E A HISTyRIA QUE O