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CONCURSO DE PESSOAS

No documento Prof. Leonardo dos Santos Arpini (páginas 55-61)

Prof. Leonardo dos Santos Arpini

Aula 00

Direito Penal para Policial Legislativo do Senado Federal

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funcionário público corrompido, corrupção passiva (art. 317, CP). Outro exemplo é o aborto. A gestante incorrerá no crime auto aborto (art. 124, CP) e o terceiro que realiza a manobra abortiva por autorização da gestante, responderá pelo crime do art. 125 ou 1267.

“Certo, Arpini! Mas e agora, como eu defino quem é autor, coautor ou partícipe?”

Ótima pergunta, meu amigo(a)!

Vamos à solução:

AUTOR COAUTOR PARTÍCIPE

É o sujeito que realiza o verbo nuclear. P.ex. “subtração”

É o sujeito que realiza atos de execução. P.ex. empunhar arma de fogo e apontá-la para a vítima.

É o sujeito que presta auxílio moral (que decorre de um induzimento ou instigação) ou material (forneceu a arma de fogo), sem praticar atos de execução ou o verbo nuclear.

Outra informação que é importante que saibamos é a classificação de crimes conforme a quantidade de sujeitos ativos.

Preste atenção no esquema!

a) Crimes monossubjetivos, unissubjetivos ou de concurso eventual: é um crime que pode ser praticado por uma ou mais pessoas em concurso.

b) Crimes plurissubjetivo ou de concurso necessário: o tipo penal exige a pluralidade de sujeitos ativos como elementar do crime.

b.1) de condutas paralelas: aquele crime plurissubjetivo em que os concorrentes possuem divisão de tarefas em busca de um objetivo comum, p.ex. o crime de associação para o tráfico de drogas, previsto no art. 35 da Lei 11.343/06 (mínimo 2 pessoas); associação criminosa, conforme o art. 288, CP (mínimo três pessoas); organização criminosa (mínimo de 4 pessoas).

b.2) de condutas convergentes: as condutas convergem ao encontro uma da outra, p.ex. crime de bigamia (art. 235, §1º, CP);

b.3) de condutas contrapostas: aquele em que os sujeitos praticam suas condutas uns contra os outros, p.ex. crime de rixa.

7 Aborto provocado por terceiro

Art. 125 - Provocar aborto, sem o consentimento da gestante:

Pena - reclusão, de três a dez anos.

Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da gestante:

Pena - reclusão, de um a quatro anos.

Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo anterior, se a gestante não é maior de quatorze anos, ou é alienada ou débil mental, ou se o consentimento é obtido mediante fraude, grave ameaça ou violência

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Certo, meu(a) nobre estudante! Agora que já estudamos a classificação dos crimes e, também, as teorias acerca do concurso de pessoas, para que reste configurado o referido concurso, alguns requisitos são necessários:

Pluralidade de pessoas e de condutas

Relevância causal das condutas

Unidade de desígnio/vínculo subjetivo/ identidade de

propósitos

Unidade de infração

Cada uma das pessoas deve praticar obrigatoriamente condutas penalmente relevantes (sejam ações

ou omissões)

Deverá haver nexo de causalidade entre a conduta e o resultado (art. 13, caput, do CP) e,

também a presença do verbo “concorrer” do art.

29, do CP. Feito isso, deverá ser verificado se o concorrente da infração é

coautor ou participe.

Corresponde à adesão voluntária à conduta criminosa. Não se exige

acordo prévio (“pacta sceleris”). Se não houver

unidade de desígnios, ocorrerá “autoria

colateral”.

Teoria unitária/monista (art. 29, caput, CP).

Todos respondem pelo mesmo crime.

“Certo, Arpini. Mas como ficam as questões dos §§1 e 2º, do CP?”

O §1º trata da participação de menor importância, sendo uma causa de diminuição de pena de 1/6 a 1/3. É aquela conduta dotada de reduzida influência causal. É, por exemplo, o auxílio (seja moral ou material) dotada de reduzida influência. Um exemplo para ilustrar é o do indivíduo que, sabendo da intenção homicida de um terceiro, apenas indica o local para o terceiro adquirir uma arma. Assim, pratica uma conduta que, embora tenha relevância causal, pode ser considerada como participação de menor importância.

O §2º trata da concorrência dolosamente distinta e, nesse caso, se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á plicada a pena deste. Porém, se o resultado era previsível, a pena do crime menos grave será aumentada de metade.

Trago-lhes o exemplo do colega André Estefam, vejamos:

“duas pessoas combinam praticar um furto e uma delas, sem o conhecimento da outra, leva consigo uma arma de fogo, que vem a ser utilizada, matando o ofendido. O atirador comete latrocínio, e o comparsa, furto qualificado pelo concurso de duas pessoas (ESTEFAM, André, p.326).

Agora que encerramos por completo o estudo do artigo 29 e seus parágrafos, vejamos o que nos diz o artigo 30 do CP.

Os dados da figura típica assim são compostos:

ELEMENTARES CIRCUNSTÂNCIAS

São comunicáveis São os dados acessórios da figura típica, que influenciam na pena, p.ex. agravantes, atenuantes,

causas de aumento e diminuição.

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São incomunicáveis as de caráter pessoal (subjetivas), p.ex. a reincidência, os antecedentes, a personalidade, a conduta social, os motivos do crime, a menoridade relativa, a maioridade senil e etc. Ao contrário, caríssimo,

todas aquelas que não dizem respeito ao caráter pessoal, são comunicáveis. Essa comunicabilidade pressupõe, ao menos, que o comparsa tenha ciência ou seja previsível. Assim, as circunstâncias objetivas são

comunicáveis.

Veja esse exemplo: dois sujeitos concorrem para um crime de peculato (art. 312, do CP). Um dos sujeitos é funcionário público (intraneus) e o outro é um particular (extraneus). Nesse caso, a elementar “funcionário público” é comunicável ao particular (se ele tiver conhecimento que seu comparsa é funcionário público) e,

dessa forma, ambos os agentes serão acusados pelo crime de peculato (art. 312, do CP).

Veja esse outro exemplo de Fernando Capez:

“A mãe mata o próprio filho, contanto com o auxílio de terceiro: mãe é autora de infanticídio, e as elementares desse crime comunicam-se ao partícipe, que, assim, responde também por ele. Somente no caso de o terceiro desconhecer alguma elementar é que responderá por homicídio. A “circunstância” de caráter pessoa (estado

puerperal) comunica-se ao partícipe, justamente porque não é circunstância, mas elementar. (CAPEZ, 2013, p.383).

Então, a partir de todo o exposto, vamos nos dar ao luxo de resolvermos algumas questões e evoluirmos ainda mais em nossa preparação.

Ano: 2018 Banca: VUNESP Órgão: PC-BA Prova: VUNESP - 2018 - PC-BA - Escrivão de Polícia É requisito para a configuração do concurso de pessoas

A) uma única conduta.

B) a irrelevância causal das condutas.

C) a identidade de crime para todos os envolvidos.

D) a autoria incerta.

E) o prévio ajuste entre os agentes.

Resolução: conforme o artigo 29, caput, do CP, e os requisitos necessários para a configuração do concurso de pessoas, é necessário que tenhamos a identidade de crimes para todos os envolvidos, como regra.

Gabarito: Letra C.

Ano: 2019 Banca: INSTITUTO AOCP Órgão: PC-ES Prova: INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-ES - Escrivão de Polícia Em relação ao concurso de agentes estabelecido no Código Penal, é correto afirmar que

A) todos respondem igualmente para o delito, independente da conduta realizada.

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B) as circunstâncias de caráter pessoal, como a menor idade, serão comunicadas a todos os integrantes da atividade delitiva.

C) se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída de um sexto a um terço.

D) não há distinção entre partícipe e coautoria.

E) o coautor que primeiro confessar o delito está isento de pena, independente do delito praticado.

Resolução: a partir da redação do artigo 29, §1º do CP, onde estudamos a participação de menor importância, sabemos que quando houver a incidência da referida figura, a pena do agente poderá ser diminuída de 1/6 a 1/3.

Gabarito: Letra C.

E, para fecharmos mais um capítulo de estudo na nossa aula, vejamos mais uma questão acerca do tema:

Ano: 2018 Banca: VUNESP Órgão: PC-SP Prova: VUNESP - 2018 - PC-SP - Escrivão de Polícia Civil A respeito do concurso de pessoas, é correto afirmar que

A) Mévio e Caio, pelo ajuste da prática de furto à residência de Tício, uma vez descoberto o plano, serão punidos, ainda que o crime não chegue a ser tentado.

B) Mévio e Caio, tendo furtado a residência dos pais de Caio, são isentos de pena, aplicando-se a ambos o perdão legal que exime de pena os crimes patrimoniais, cometidos sem violência, em detrimento de ascendentes.

C) Mévio, tendo ajustado com Caio apenas a prática de furto à residência de Tício, responderá pelos demais crimes eventualmente praticados por Caio, ainda que não previsíveis.

D) Caio, empresário, ciente da condição de funcionário público de Mévio, tendo o auxiliado na prática de peculato-furto, não responderá pelo crime funcional, já que a condição pessoal de funcionário público de Mévio a ele não se comunica.

E) Mévio, pela participação de menor importância na prática de furto à residência de Tício, poderá ter a pena diminuída.

Resolução:

a) conforme o artigo 31 do CP, o ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo disposição expressa em contrário, não são puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser tentado.

b) a escusa absolutória do art. 181 do CP não se comunica a Mévio, razão pela qual, responderá pelo furto.

c) Mévio somente responderá pelos demais crimes se eles forem previsíveis.

d) Nesse caso, Caio tem ciência da condição de funcionário público de Mévio, razão pela qual, a condição se comunicará a Caio e ambos responderão por peculato.

e) conforme o artigo 29, §1º, do CP, quando houver a incidência da participação de menor importância, a pena do agente poderá ser diminuída de 1/6 a 1/3.

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Gabarito: Letra E.

Dessa forma, meu(a) caro(a) estudante, encerramos mais um capítulo na nossa aula sobre teoria geral do delito.

A partir de agora, adentramos no último capítulo da nossa aula, em que estudaremos concurso de crimes.

Aguardo você no próximo capítulo!

Abraço!!

Prof. Leonardo dos Santos Arpini

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