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Condições de trabalho

No documento Trabalho docente e desempenho estudantil (páginas 100-110)

CAPITULO 4 APRESENTAÇÃO DOS DADOS E CARACTERIZAÇÃO DOS

4.2 Condições de trabalho

Oliveira e Assunção (2010), ao tratarem da condição de trabalho docente, partem do conceito mais geral presente na obra de Marx. Nesta perspectiva, a noção de condições de trabalho está relacionada ao conjunto de recursos que possibilitam a realização do trabalho, envolvendo as instalações físicas, os materiais e insumos disponíveis, os equipamentos e meios para a realização das atividades, e outros tipos de apoio necessários. As autoras chamam a atenção, porém, para o fato das condições de trabalho não estarem restritas somente ao local da realização de seu processo em si. As condições de trabalho se referem a um conjunto que envolve relações, as quais dizem respeito ao processo de trabalho e às condições de emprego (formas de contratação, remuneração, carreira e estabilidade). Ou seja, deve-se discutir os efeitos, sobre os trabalhadores e os resultados almejados, das condições em que eles próprios exercem suas atividades, pois a exposição aos riscos de adoecimento e os níveis de segurança nos ambientes ocupacionais influenciam diretamente a vida dos sujeitos.

Uma breve descrição da estrutura das escolas aqui pesquisadas será feita a seguir, com base em dados do Censo Educacional12. Como se pode observar pelo Gráfico 10, a seguir, a maioria das escolas selecionadas possui, em sua estrutura, biblioteca, laboratório de informática e sala de professores. Os laboratórios de ciências e as quadras de esportes ainda são estruturas inexistentes em boa parte dos estabelecimentos.

12

O Censo Escolar é um levantamento de dados estatístico-educacionais de âmbito nacional realizado todos os anos e coordenado pelo Inep. Ele é feito com a colaboração das secretarias estaduais e municipais de Educação e com a participação de todas as escolas públicas e privadas do país. Trata-se do principal instrumento de coleta de informações da educação básica, que abrange as suas diferentes etapas e modalidades: ensino regular (educação Infantil e ensinos fundamental e médio), educação especial e educação de jovens e adultos (EJA). O Censo Escolar coleta dados sobre estabelecimentos, matrículas, funções docentes, movimento e rendimento escolar. (Fonte: www.inep.gov.br).

GRÁFICO 10 – Estruturas presentes nas escolas pesquisadas (%) – MG – 2009

Fonte: INEP, Censo Escolar 2009.

Os gráficos a seguir demonstram o percentual dos docentes que avaliaram de forma positiva os recursos listados nas escolas em que trabalham. No caso dos anos iniciais (Gráfico 11), observa-se que o percentual de docentes que avaliam o recursos como positivos é maior no quartil 4 do que no 1, para a maior parte dos itens listados. A exceção, no caso, fica por conta da biblioteca, pois um percentual um pouco maior de docentes do quartil 1 (56,7%) avaliam o recurso de forma mais positiva do que do quartil 4 (51,3%).

GRÁFICO 11 – Avaliação positiva da estrutura da escola, anos iniciais do Ensino Fundamental (%) – MG – 2009

Fonte: GESTRADO, UFMG, Banco de Dados TDEBB, 2010.

No caso dos anos finais (Gráfico 12), a avaliação positiva aparece com um percentual maior no quartil 1 em um número maior de itens, além da biblioteca (67,3% contra 54,8%). Apesar de uma diferença pequena, um percentual maior de docentes do quartil 1 (65,9%) avaliaram de forma positiva os recursos pedagógicos, em relação aos docentes do quartil 4 (62,1%). A maior diferença é observada na avaliação da sala de professores, em que 63,2% dos docentes do quartil 1 avaliaram de forma positiva, enquanto no quartil 4 esse percentual não ultrapassou 35%.

GRÁFICO 12 – Avaliação positiva da estrutura da escola, anos finais do Ensino Fundamental (%) – MG – 2009

Fonte: GESTRADO, UFMG, Banco de Dados TDEBB, 2010.

Entre os docentes pesquisados, 54,9% trabalham em apenas uma escola e 41,7% em duas escolas. A divisão segundo o Ideb é demonstrada nos gráficos a seguir. Nos anos iniciais (Gráfico 13), a divisão entre os quartis apresenta valores muito próximos à distribuição geral. No quartil 4, correspondente às escolas com maior Ideb, há um percentual um pouco mais elevado de docentes que trabalham em apenas uma escola, em relação aos outros grupos. A diferença em relação ao primeiro quartil, correspondente à faixa de Ideb mais baixo, fica por conta do percentual de docentes que trabalham em três escolas, este mais elevado.

GRÁFICO 13 – Número de unidades educacionais em que trabalha, anos iniciais do Ensino Fundamental (%) – MG – 2009

Fonte: GESTRADO, UFMG, Banco de Dados TDEBB, 2010.

No caso dos anos finais (Gráfico 14), acontece um comportamento semelhante, mas com uma diferença do aumento do percentual de docentes que trabalham em apenas uma escola no primeiro quartil (61,4%). Mas, ainda assim, o percentual de docentes que trabalham em três escolas também é mais elevado nesse grupo.

GRÁFICO 14 – Número de unidades educacionais em que trabalha, anos finais do Ensino Fundamental (%) – MG – 2009

Fonte: GESTRADO, UFMG, Banco de Dados TDEBB, 2010.

O fato de receber apoio para a realização das atividades se mostra importante em relação à divisão das escolas segundo o desempenho no Ideb. Tanto nos anos iniciais quanto nos anos finais o percentual de docentes que afirmam receber apoio para o desenvolvimento de suas atividades tem uma elevação considerável do primeiro para o quarto grupo. No quartil 1, o percentual de docentes que recebem apoio é de 62,8% para os anos iniciais e 46,4% para os anos finais. No quartil 4, esse percentual sobe para 80,4% para os anos iniciais e 70,3% para os anos finais.

GRÁFICO 15 – Docentes que recebem apoio para a realização de suas atividades (%) – MG – 2009

Fonte: GESTRADO, UFMG, Banco de Dados TDEBB, 2010.

Em relação à satisfação dos docentes, observa-se uma diferença de comportamento dos dados em relação aos anos iniciais e finais. No caso dos anos iniciais, como se pode observar no Gráfico 16, a seguir, o percentual de docentes que demonstram um grau de satisfação com seu trabalho é maior no quartil 4 do que no quartil 1. O percentual de docentes que escolheriam ainda trabalhar na educação se tivessem que recomeçar sua vida profissional é de 58,4% no primeiro quartil, contra 63,8% do quartil 4. A satisfação por trabalhar na educação é manifesta por 67,7% dos docentes do quartil 1, subindo para 76,4% no quartil 4. O sentimento de que a educação permite que o docente utilize ao máximo suas capacidades é demonstrado por 65,8% no quartil 1 e 71,3% no quartil 4. O mesmo acontece com o sentimento de que têm muito a contribuir na educação, demonstrado por 94,7% dos docentes do quartil 1 e por 97,6% do quartil 4. Estes resultados demonstram que existe um percentual maior de docentes que manifestam sua satisfação em trabalhar na área de educação nas escolas com Ideb mais elevado.

GRÁFICO 16 – Percepção dos docentes sobre a satisfação no desenvolvimento de suas atividades, anos iniciais do Ensino Fundamental (%) – MG – 2009

Fonte: GESTRADO, UFMG, Banco de Dados TDEBB, 2010.

Esta perspectiva é reforçada pelos dados do Gráfico 17. Observa-se, neste gráfico, um percentual maior de docentes insatisfeitos no quartil referente ao Ideb mais baixo, uma vez que 29,6% dos docentes desse quartil pensam que utilizariam melhor suas habilidades em outra profissão, contra 25% do quartil 4. O percentual dos docentes que pensam em parar de trabalhar na educação também é maior no primeiro quartil do que no quarto (31% contra 22,6%). O mesmo comportamento é observado em relação aos docentes que se sentem frustrados com seu trabalho, com percentual maior no quartil 1 do que no quartil 4.

GRÁFICO 17 – Percepção dos docentes sobre a insatisfação no desenvolvimento de suas atividades, anos iniciais do Ensino Fundamental (%) – MG – 2009

Fonte: GESTRADO, UFMG, Banco de Dados TDEBB, 2010.

Nos anos finais, a lógica se inverte, uma vez que o percentual de docentes com maior satisfação no desempenho de suas atividades é maior no quartil 1 (docentes de escolas com Ideb mais baixo) do que no quartil 4 (Ideb mais alto), o que pode ser observado no Gráfico 18, a seguir. Mesmo nos enunciados em que há um equilíbrio maior entre os percentuais dos dois quartis, o percentual do primeiro quartil é maior, como, por exemplo, nos docentes que sentem a educação lhes permitir utilizar ao máximo suas capacidades (63,7% no quartil 1 e 62,1% no quartil 2).

GRÁFICO 18 – Percepção dos docentes sobre a satisfação no desenvolvimento de suas atividades, anos finais do Ensino Fundamental (%) – MG – 2009

Fonte: GESTRADO, UFMG, Banco de Dados TDEBB, 2010.

No caso dos anos finais, também, a tendência demonstrada nos enunciados sobre satisfação é confirmada pelos docentes insatisfeitos, conforme se observa no Gráfico 19, a seguir. O percentual de docentes do quartil 4 é maior do que o de docentes do quartil 1 em todos os enunciados.

GRÁFICO 19 – Percepção dos docentes sobre a insatisfação no desenvolvimento de suas atividades, anos finais do Ensino Fundamental (%) – MG – 2009

Fonte: GESTRADO, UFMG, Banco de Dados TDEBB, 2010.

No documento Trabalho docente e desempenho estudantil (páginas 100-110)