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Conforme Portaria anteriormente referida, na sua Secção III, artigo 14º, número 1, a exploração deve:

“Possuir um parque de retenção ou instalações fixas (figura 2) que permitam

assegurar, em situações excecionais, ou de forma temporária, o alojamento do efetivo autorizado, devendo estas instalações assegurar condições de proteção e possuir equipamentos que permitam a alimentação e o abeberamento dos animais em condições adequadas de higiene e de bem-estar animal”.

Diversas benfeitorias, como estábulos, pocilgas, aviários, etc., precisam de uma proteção contra os raios solares, ventos, frio e outras intempéries. Essa proteção pode ser conseguida através de uma localização adequada do edifício no terreno (Pereira, 2009). O cabril encontra-se naturalmente protegido contra o sol através de uma encosta que se encontra a Sudeste, permitindo o ensombramento. Já os efeitos dos ventos e frio são minimizados pela própria conceção das fachadas.

É necessário saber de que lado nasce o sol relativamente ao local onde se pretende instalar o cabril (Pereira, 2009). A orientação dos estábulos, neste tipo de explorações, é usualmente Este-Oeste. Em muitos casos, a fachada Sul é deixada aberta ou semiaberta, com ligação às zonas interiores (Rodriguez, 2007/2008), como as boxes dos animais. No inverno, quando o sol está baixo, esta orientação proporciona o aproveitamento dos raios solares e o consequente aquecimento do interior da nave. Já no verão, quando o sol vai alto, possibilita que grande parte do beiral ensombre o curral (Tomé et al., 2002), conforme figura 3.

Figura 3 - Orientação de um estábulo Fonte: Rodriguez (2007/2008)

No caso em apreço, e tendo em conta as particularidades do terreno, bem como do edifício, a melhor orientação do eixo longitudinal encontrada foi a Nordeste Sudoeste. Segundo Rodriguez (2007/2008) esta orientação é, outrossim, muito recomendável, pois evita que o sol da tarde entre nos estábulos, principalmente em regiões com verões muito quentes, como é o caso em estudo (figura 4).

Figura 4 – Orientação da uma nave

Fonte: Dirección General de Desarrollo Rural (2009).

As condições de alojamento dos animais devem proporcionar, a todo o momento, a satisfação das suas necessidades, tais como a liberdade de movimentos e aconchego. A circulação do ar, o nível de poeiras, a temperatura, a humidade do ar e a concentração de gases, devem estar dentro dos limites, para não prejudicá-los. Para tal, o isolamento, o aquecimento e a ventilação do edifício, devem possibilitar tais condições (Marques et al., n.d.). Deste modo, o estábulo está protegido por fachadas fechadas nos alçados virados a Nordeste e Sudoeste. Tem paredes em alvenaria de blocos de cimento (e respetivo revestimento) até 1,5 m de altura e placa isolante na altura sobrante, totalizando uma altura de 5,5 m ao nível da cumeeira. Nos alçados virados a Noroeste e Sudeste, a partir da mesma altura de parede (1,5 m), foram colocadas placas isolantes até a uma altura de 2,00 m. Acima deste revestimento há um espaço com 50 cm, permitindo a circulação e renovação de ar. A altura total destas fachas é de 2,50 m. Saliente-se que, como é referido por Barbosa (2011), a altura mais

comum das paredes situa-se entre os 2 e 3 metros, quer nos ovis quer nos cabris. No projeto em apreço, a cobertura do estábulo foi executada em placas isolantes de tipo “sandwich”.

Dada a inexistência de energia elétrica na exploração, foi instalado um Kit sistema isolado - energias renováveis, permitindo suprir as necessidades energéticas do cabril, o que contribuirá, também, para a redução dos custos gerais de exploração. Importa salientar que se verificou ser muito dispendioso solucionar o problema recorrendo à rede pública, pelo que, o investimento inicial proposto, sendo amortizado em mais de duas décadas, tornou-se uma solução economicamente mais viável, dispensando-se, aqui, explanações relativamente às vantagens do foro ambiental, por serem mais do que óbvias. Por outro lado, o investimento possibilitou uma independência total do cabril, em termos energéticos, diminuindo-se, assim, os custos gerais da exploração, viabilizando melhor o projeto.

Os animais devem ter à disposição pontos de alimentação e abeberamento que sejam de fácil acesso (Marques et al., n.d.). Deste modo, os comedouros tornam-se um equipamento fundamental para otimizar o aproveitamento dos alimentos, devendo ser concebidos de forma a permitirem uma adequada higienização pelo tratador, bem como as operações de administração dos alimentos (Tomé et al., 2005). As manjedouras podem ser fabricadas em alvenaria, madeira (Alves et al., 2005; Oliveira, 2008; Oliveira & Albuquerque, 2008) e outros materiais (Alves et al., 2005), desde que possam ser higienizados facilmente e não acumulem restos de ração (Oliveira, 2008; Oliveira & Albuquerque, 2008). No caso em apreço, as manjedouras foram construídas a partir de várias unidades de chapa galvanizada (material duradouro e de fácil limpeza). Para Oliveira (2008) e Oliveira & Albuquerque (2008), as manjedouras devem ser colocadas do lado de fora das instalações onde se encontram os animais, o que, de acordo com Alves et al. (2005) permite acautelar a conspurcação da água e rações por fezes e urinas, bem como, proporcionar um adequado acesso e higienização desses equipamentos pelo operador. No atinente ao cabril em causa, os comedouros foram colocados fora da zona de repouso e alimentação dos caprinos. Segundo Alves et al. (2005), o fundo das manjedouras deve ficar a 20 cm de distância do chão do estábulo. Por conseguinte, as manjedouras foram colocadas acima de um murete construído em alvenaria de tijolos,

com 20,0 cm de altura e 15,0 cm de largura. O murete é um pequeno muro de obra destinado a separar a zona de acesso dos animais à manjedoura (zona de repouso e alimentação) e o corredor de alimentação (Tomé et al., 2002). Precisa-se de um comedouro com 30 a 40 cm de comprimento por animal adulto (Wikitercero, 2011). Quando se opta por uma manjedoura corrida, o seu comprimento mínimo, por cabra, é de 40 cm. Se possuir cornadiça (como é o caso) essa medida deve ser de, apenas, 33 cm por animal (Tomé et al., 2005). Por outro lado, é necessário cerca de 20 a 30 cm de espaço na manjedoura por cada chiba. Já as crias precisam de entre 15 a 20 cm de comprimento de comedouro por cabeça (Wikitercero, 2011). A largura da manjedoura instalada é de 40 cm, dimensão há muito recomendada. Já Boavida (1904) propunha uma largura entre 30 a 40 cm. Pelo exposto, na zona de repouso e alimentação (área coberta), no total foram necessários 67,0 m de comprimento de manjedouras e o mesmo comprimento de cornadiças (figura 5) e grelhas, mais 3,0 m de portas (4 portas).

Figura 5 - Cornadiças para cabras, com possibilidade de se acoplar um sistema de prisão (zona de repouso e alimentação das cabras)

A utilização de cornadiças, ao nível do corredor de alimentação, minimiza as perdas de alimento. Foram necessários 44,0 m de comprimento de cornadiças (acopladas às manjedouras das cabras, dos bodes e da zona de quarentena) e 23,0 m de comprimento de grelhas de livre serviço (encimadas nas manjedouras dos cabritos e das chibas). Nas zonas reservadas às cabras e cabritos, contíguas ao corredor de alimentação, foram colocadas ao longo de 48,0 m de comprimento, acima das manjedouras (38,0 m de cornadiças ao nível da boxe das cabras + 10,0 m de grelhas ao nível do cabriteiro), entre a zona de repouso e o corredor de alimentação. Em cada extremo existe uma porta (com 0,8 m de largura cada) de acesso individual a cada compartimento, uma de entrada para o cabriteiro e outra que permitirá a passagem para a zona destinada às cabras. Apenas 7 m lineares de manjedouras e grelhas de livre serviço ficam no interior do cabriteiro. Nas áreas destinadas ao bodil, curral das chibas e enfermaria, situadas no lado Sudeste do edifício, os comedouros foram colocados, outrossim, fora da zona de repouso, paralelamente ao corredor de alimentação (acima de um murete). Assim, no exterior destas zonas foram instalados 2,0 m de manjedouras e cornadiças para o bodil (mais uma porta de 0,7 m), 6,0 m de manjedouras e grelhas para o curral das chibas e 4,0 m de manjedouras e cornadiças para a enfermaria (mais uma porta de 0,7 m). No quadro 5 encontra-se um resumo do dimensionamento dos comedouros, cornadiças e grelhas, instalados na área coberta do cabril, onde descrevemos esses equipamentos, respetivas medidas, bem como as observações que considerámos pertinentes.

Quadro 5 - Resumo - dimensionamento dos comedouros, cornadiças e grelhas, instalados na área coberta

Zona de repouso e alimentação das cabras

Descrição Medida Observações

Manjedoura 38 m Contígua ao corredor de alimentação

Cornadiças 38 m Contíguas ao corredor de alimentação

Porta de serviço 1 de 0,8 m Comprimento de manjedoura / lugar 38 m / 120 lugares = = ± 0,32 m / lugar Cabriteiro Manjedoura 10 m 7,0 m

Contígua ao corredor de alimentação No interior do cabriteiro

Grelhas de livre serviço 10 m 7,0 m

Contígua ao corredor de alimentação No interior do cabriteiro Porta de serviço 1 de 0,8 m Comprimento de manjedoura / lugar 17,0 m / 74,4 cabritos = ± 0,23 m/cabrito

Zona de repouso e alimentação dos bodes

Manjedoura 2,0 m Contígua ao corredor de alimentação

Cornadiças 2 m Contíguas ao corredor de alimentação

Porta de serviço 1 de 0,7 m

Comprimento de manjedoura / lugar

2,0 m / 6,0 lugares = 0,33 m/lugar

São 4 bodes mas há capacidade para albergar 6 machos

Zona de repouso e alimentação das chibas

Manjedoura 6 m Contígua ao corredor de alimentação

Grelhas de livre serviço 6 m Contíguas ao corredor de alimentação

Porta de serviço

Não necessita de porta de serviço porquanto a entrada e saída na boxe é feita através da movimentação da grade (amovível) que delimita essa zona. Comprimento de manjedoura / lugar 6,0 m / 23,0 chibas = 0,26 m/chiba Enfermaria (quarentena)

Manjedoura 4 m Contíguos ao corredor de alimentação

Grelhas de livre serviço 4 m Contíguos ao corredor de alimentação

Porta de serviço 1 de 0,7 m

Comprimento de manjedoura / lugar

4,0 m / 12 lugares = 0,33 m / lugar

Os bebedouros são dimensionados de acordo com o número de animais existentes, tendo em conta (Figura 6) o consumo de água de cerca de 3 a 5 litros/animal/dia (Oliveira, 2011). Quando os bebedouros são automáticos ou de chupão, em confinamento necessita-se de um bebedouro individual por cada 8 a 10 animais (Imelda, 2011). Aconselha-se a sua colocação a uma altura acima da cauda dos animais, a fim de impedir a conspurcação com os dejetos dos mesmos (Filho et al., 2009). Contudo, deve-se colocar um degrau a fim de que as crias os possam alcançar para beberem (Fernandes et al., 2011).

Tendo em conta as considerações supra, foram instalados 26 bebedouros automáticos, a uma altura acima da cauda dos animais, nas diferentes zonas da área coberta:

 12 na zona de repouso e alimentação das cabras (120 cabras / 10 cabeças = 12,0);

 7 no cabriteiro (74 cabritos / 10 cabeças = 7,4), tendo-se povidenciado um bloco de betão ao pé de cada bebedouro, a fim de que os cabritos possam alcançá-los.  2 para o bodil (4 bodes / 8 cabeças = 0,4), uma vez que em cada lote devem

existir, no mínimo, dois bebedouros (Rodriguez, 2007/2008).

 3 para a zona de repouso e alimentação das chibas (23 chibas / 8 cabeças = 2,9);  2 para a zona de quarentena (12 caprinos / 8 = 1,5).

Figura 6 - Bebedouro em aço inoxidável (30 cm × 20 cm), com boia (zona de repouso e alimentação das chibas)

A área total descoberta é formada pela zona de exercício, pelo parque de maneio e pelo escorredouro.

A zona de exercício está vedada com rede. Na vedação foram colocados bebedouros automáticos (com boia) coletivos (figura 7). Segundo Fernandes et al.

(2011), é aconselhável instalar os bebedouros a uma altura aproximadamente de 80 cm do piso, no sentido de evitar que a água seja contaminada através dos dejetos. A utilização de recipientes com boia é necessária a fim do nível da água estar sempre constante e disponível, acrescentam os autores. Assim, foram colocados a uma altura acima da cauda dos animais, para evitar a sua conspurcação com fezes e urina. Para que as chibas mais pequenas se possam encavalitar e ter acesso aos bebedouros, foram colocados degraus (blocos de betão) junto aos mesmos. Nos bebedouros com flutuador a água está sempre a um nível constante, sendo o bebedouro de reservatório mais aconselhado, aquele que possui uma superfície lisa, permitindo uma fácil higienização, e que possibilite que 10 % dos animais bebam ao mesmo tempo (Imelda, 2011). Os cabritos da raça Serrana costumam ser criados exclusivamente com leite materno, até ao abate (Monteiro, et al., 2005), pelo que, não terão acesso ao exterior. Deste modo, podendo em determinadas alturas do ano existir 147 animais (120 fêmeas, 4 machos e 23 chibas de substituição), para se conseguir abeberar 10% dos animais ao mesmo tempo, foram instalados 4 bebedouros (um por cada 4 animais), cada um dos quais com 100 cm de comprimento e 20 cm de largura.

Figura 7 - Bebedouro (100 cm x 20 cm), com boia, para pendurar na vedação da zona de exercício

Os comedouros da zona de exercício são metálicos (possuindo bandeja, grelha, cobertura e patas), amovíveis, duplos e estão distribuídos pelo parque (figura 8). De facto, de acordo com Tomé et al. (2005), as manjedouras amovíveis são normalmente metálicas e são formadas por uma bandeja inferior, para colocação do alimento concentrado, bem como por um rastrilho superior, a fim de se colocarem as forragens. No caso em estudo, têm um comprimento de 250 cm e uma altura de 120 cm, sendo de fácil maneio e mobilidade. Alves et al. (2005) e Wander et al. (2005) aconselham, de um modo geral, um comprimento de manjedoura de 25 cm por animal adulto. Por outro lado, podem-se alimentar, simultaneamente, 8 cabeças por metro linear de comedouro, quando os animais têm acesso a ambos os lados do mesmo (Alves et al., 2005). Dado o exposto, em cada uma destas manjedouras podem alimentar-se, ao mesmo tempo, pelo menos 20 (10 de cada lado) animais (0,25 m / animal), sendo certo que alguns poderão alimentar-se nos topos do comedouro (margem de segurança). Assim, tendo em conta que podem coabitar, ao mesmo tempo, 147 animais, foram necessárias 7 manjedouras, permitindo que os animais hierarquicamente inferiores se possam alimentar ao mesmo tempo que os hierarquicamente superiores.

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