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“As vedações exteriores dos parques de pastoreio dos animais devem assegurar de forma eficiente a contenção dos mesmos e serem concebidas de forma a evitar traumatismos nos animais ou nas pessoas.” (alínea 5, artigo 14º, secção III, Portaria n.º

638/2009 de 9 de Junho)

A vedação das pastagens tem uma importância significativa no aumento dos custos de produção, não obstante tenha vantagens do ponto de vista da gestão do pastoreio e diminuição da mão-de-obra. O custo com vedações aumenta à medida que reduz o tamanho da pastagem e com o parcelamento da mesma, uma vez que, deste

modo, aumenta significativamente a relação perímetro/superfície, crescendo o custo por unidade de superfície para valores impeditivos em explorações minifundiárias, com grande número de parcelas (Moreira, 2012). Dado o exposto, não se efetuaram vedações exteriores das parcelas de pastagens. No quadro 9 note-se a reduzida dimensão das cinco parcelas existentes com aptidão para o cultivo de espécies herbáceas, perfazendo, apenas, uma área total de 4,37 ha, evidenciando-se a elevada relação perímetro superfície, aludida pelo autor. Salienta-se que na parcela com 2,00 ha foi instalada uma nova pastagem biodiversa permanente, de regadio, sendo as restantes culturas já existentes. Por outro lado, as zonas silvopastoris retratadas são, na realidade, áreas de baldios, não sendo autorizada a sua vedação por parte dos respetivos compartes. Não obstante, recorreu-se, a um baixo custo, a cercas elétricas amovíveis, permitindo a compartimentação das pastagens e consequente melhoria da gestão do pastoreio, conforme se explanará adiante.

Quadro 9 - Localização das atividades/investimentos do plano empresarial.

F) Sistemas de Abastecimento de água e alimentação dos parques do pastoreio

Nº de local Localização das atividades/investimentos do

plano empresarial Área (ha)

1 Pastagem semeada biodiversa 0,22

2 Pastagem semeada biodiversa 2,00

3 Pastagem semeada biodiversa 0,45

4 Pastagem semeada biodiversa 0,91

5 Área Silvopastoril (baldio) 26,00

6 Pastagem semeada biodiversa 0,35

7 Cultura arvense (centeio) 0,78

8 Área Silvopastoril (baldio) 40,02

9 Área social (cabril) 0,60

“Os parques de pastoreio dos animais devem dispor de sistema de abastecimento de água de qualidade adequada ao abeberamento dos animais e de

sistema de alimentação complementar, com a capacidade adequada ao efetivo a instalar” (alínea 6, artigo 14º, secção III, Portaria n.º 638/2009 de 9 de Junho).

Os caprinos devem ter à disposição, a todo o momento, uma fonte apropriada de água limpa, potável e fresca, mesmo os que se encontram em pastoreio (Appleby et al., 2006; CAP, 2005/2006). Por conseguinte, deve ser providenciado um número adequado de bebedouros, tanques ou reservatórios, de tamanho suficientemente grande e de forma adequada (CAP, 2005/2006). As exigências hídricas devem ter-se em consideração quando se pretende aferir o consumo de água, principalmente para se determinar a capacidade de armazenamento dos depósitos. As necessidades de água dos pequenos ruminantes são de cerca de 10 litros/dia/fêmea parida, 5 litros/dia/reprodutora seca e chibas, e 3 litros/dia/cria (Rodríguez, 2007/2008). No quadro 10 são apresentados os valores referidos pela DGAV (2014):

Quadro 10 - Estimativa das necessidades médias em água por Ovinos / Caprinos

Fonte: DGAV (2014)

Os dados supra devem ser usados com uma certa prudência uma vez que são, apenas, orientadores do cálculo das necessidades de abastecimento e/ou de

Necessidades em água de ovinos e caprinos Litros/ Dia

Carneiros / Bodes 2 – 3

Ovelha / Cabra em manutenção 2 - 2,5

Ovelha / Cabra final gestação 3 - 4,5

Ovelha / Cabra - lactação ou c/ cria 4 - 4,5

Borregos/ Cabritos 5 a 15 kg 0,4 - 1,2

armazenamento da água de abeberamento, em certas épocas (DGAV, 2014). Convém, ainda, ter em consideração que, durante o período seco, onde as temperaturas são mais elevadas, uma cabra ou ovelha necessita de ingerir por volta de 1 a 2 litros de água por dia, se for alimentanda à base de forragens verdes e tenras. Todavia, se a alimentação for à base de forragens secas, o consumo pode alcançar até 6 litros de água, diariamente (Filho & Júnior, 2009). No cálculo efetuado não se teve em conta o consumo de água pelos cabritos, uma vez que não terão acesso ao pastoreio. Assim, estando prevista a concentração de partos em determinadas épocas do ano, considerando uma taxa de fertilidade de 90 %, uma taxa de substituição de 15% e uma taxa de mortalidade de adultos de 4%, poderá haver em pastoreio, a determinada altura:

 120 cabras reprodutoras x 0,9 = 108 cabras reprodutoras paridas;

 120 cabras reprodutoras – 108 cabras reprodutoras paridas = 12 cabras reprodutoras secas;

 (120 cabras reprodutoras x 0,15) + (120 x 0,04) = 22,8 chibas de substituição;

 4 machos reprodutores.

Dado o exposto, e tendo em conta o menor consumo de água verificado em pastoreio, optou-se pela utilização dos coeficientes mais baixos, indicados anteriormente:

 108 cabras paridas x 4 litros de água / dia = 432 litros de água;  12 cabras secas x 2 litros de água = 24 litros de água;

 23 chibas de substituição x 2 litros de água / dia = 46 litros de água;  4 machos reprodutores x 2 litros / dia = 8 litros;

 Total = 510 litros de água.

Uma vez que o rebanho reparte o seu tempo entre a pastoreio e o repouso no cabril, onde tem de alimentar as crias, receber a suplementação alimentar, pernoitar, acarrar no verão, e onde também pode beber, consideramos um consumo em campo de, sensivelmente, metade do valor calculado. Assim, temos:

 510 litros / 2 = 255 litros de água.

A estimativa do consumo de água e, principalmente, da capacidade dos depósitos de água, deve prever a satisfação das exigências hídricas dos animais durante

2 a 3 dias, devido a eventuais dificuldades de abastecimento, avarias, entre outros (Rodríguez, 2007/2008). Deste modo, temos:

 255 litros de água * 2,5 dias = 637,5 litros de água para 2,5 dias. Deve haver um bebedouro por cada 50 animais (Rodriguez, 2007/2008), de forma que:

 637,5 litros de água / 200 litros por bebedouro = 3,2 bebedouros. As áreas de pastagem que se encontram mais perto das zonas de abeberamento, normalmente são pastoreadas em demasia relativamente a outros sítios que se encontram localizados mais longe dos pontos hídricos. Para uma adequada gestão das áreas pastoris, a água deve ser providenciada nos locais do prado a serem pastoreadas pelo rebanho em primeiro lugar (DGAV, 2014). Deste modo, foram adquiridos 3 bebedouros amovíveis, com depósito de 200 litros e patas reguláveis, os quais poderão ser transportados para os locais a pastorear em primeiro lugar, além de poderem acompanhar os animais, outrossim, aquando da rotação das pastagens (figura 16).

Figura 16 - Bebedouro com depósito de 200 litros e patas reguláveis Fonte: Martín (2010b)

Em Trás-os-Montes o sistema de produção é o extensivo tradicional. Neste sistema o rebanho faz um pastoreio livre, de percurso, consumindo os recursos naturais

da região, como os freixos, choupos, olmos, giestas, urzes e carquejas, que os rebanhos muito gostam (Monteiro et al., 2005). Os animais também podem ser alimentados à manjedoura, quando são estabulados (Abreu, 2006). No que concerne aos comedouros para as pastagens, não se vislumbra a sua necessidade, no caso em apreço, uma vez que os caprinos regressam diariamente ao cabril, onde é fornecida a alimentação complementar necessária.

G) Comp,artimentação dos Parques de Pastoreio.

“Os parques de pastoreio devem estar compartimentados de forma a promover a rotação das pastagens” (alínea 7, artigo 14º, Secção III, Portaria n.º 638/2009 de 9 de

Junho).

Fala-se de pastoreio rotacional quando se subdivide a área total de um prado em várias parcelas equivalentes. Cada subdivisão é pastoreada por um conjunto de animais que vão rodando de compartimento em compartimento. Normalmente fazem-se quatro a oito parcelas, sendo que o tempo de permanência em cada uma delas poderá ser constante ou ter uma duração oscilante. Considera-se que o pastoreio em faixas é uma modalidade de pastoreio rotacional em que o prado é subdividido, usualmente por uma cerca elétrica, num grande número de faixas. O rebanho vai tendo acesso, diariamente, a uma parcela diferente, regressando à inicial na altura em que já haja pascigo em condições de ser pastoreado (Freixial & Barros, 2012). As cercas elétricas amovíveis são um equipamento que poderá ter a uma função importante na economia das explorações, principalmente em pequenos projetos cujas áreas não alcançam os 100 hectares. A correta divisão dos prados, utilizando-se estas cercas, proporciona as condições essenciais para um adequado maneio dos animais e criteriosa gestão das pastagens (Melado, 2015). Importa salientar que as cercas elétricas, quando os animais contactam com elas, apenas lhe deverão causar um leve incómodo. Para o efeito, deverão ser desenhadas, fabricadas, utilizadas e mantidas, com base nesse requisito (CAP, 2005/2006). Assim sendo, para uma melhor gestão do pascigo, através da subdivisão (vedação) das áreas de pastoreio, foram adquiridos dois rolos, de 50 m cada, de rede de nylon e aço inox (figura 17). Esta rede, através de um sistema especial de

alimentação, tanto pode funcionar ligada a uma bateria de 12V (figura 18), com autonomia para cerca de 30 dias, como ligada à corrente de 230V (Saiadacasca, 2015).

Figura 17 - Rede nylon e aço inox.

Figura 18 – Bateria. Fonte: Saidacasca (2015).

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