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3 METODOLOGIA

3.5 Confiabilidade do instrumento de coleta de dados

A fiabilidade de uma medida refere-se a sua capacidade de ser consistente. Se um instrumento de medida apresenta sempre o mesmo resultado (dados) quando aplicado a alvos estruturalmente iguais, pode-se confiar no significado da medida e dizer que a medida é fiável (MAROCO; GARCIA-MARQUES, 2006).

Segundo Malhotra (2006), a aplicação de testes de confiabilidade, buscando medir o desempenho de um instrumento de pesquisa em uma dada população e evitando o agrupamento de questões aparentemente relevantes, se faz necessária para reduzir o máximo possível os erros da pesquisa.

Quanto menos erros houver, mais confiável será a observação. Isso porque uma pesquisa livre de erros aleatórios, que proporciona resultados consistentes ao longo do tempo, é considerada uma pesquisa confiável.

Como observa Malhotra,

A confiabilidade é avaliada determinando-se a proporção de variação sistemática na escala, o que, por sua vez, é realizado por meio de associação entre os escores obtidos em diferentes situações em que a escala foi administrada. Se a associação for alta, a escala produz resultados consistentes, sendo, portanto, confiável. (MALHOTRA, 2008, p. 276).

Os processos de avaliação de confiabilidade incluem métodos de teste-reteste, formas alternativas e consistência interna, sintetizados no Quadro 6, a seguir.

Quadro 6 – Verificação de confiabilidade do instrumento de coleta de dados

Verificação de confiabilidade do instrumento de coleta de dados

Método Definição Características

Teste-reteste Uso do mesmo instrumento uma segunda vez em condições tanto quanto possíveis idênticas.

Há vários problemas associados à abordagem do teste-reteste para determinar a confiabilidade, podendo ser citadas como as principais:

1) Dificuldade em localizar e obter cooperação dos entrevistados para um segundo teste.

2) A primeira mensuração pode alterar a resposta do entrevistado na segunda mensuração.

3) Os fatores ambientais e pessoais podem mudar, alterando a segunda mensuração.

Assim, a melhor maneira para aplicar uma abordagem teste-reteste é em conjugação com outro tipo de abordagem, como formas alternativas. Formas alternativas Uso de dois instrumentos tanto quanto possíveis similares para medir o mesmo objeto durante o mesmo período de tempo.

Há dois problemas fundamentais com esse tipo de abordagem, a saber.

1) Consome muito tempo e é dispendiosa;

2) É muito difícil construir duas formas equivalentes de uma mesma escala em relação a um mesmo conteúdo.

Consciência interna

Comparação de amostras diferentes dos itens usados para medir um fenômeno durante o mesmo período de tempo.

É a maneira mais adequada quando se pretende medir, por meio de escalas de multi-itens, diferentes aspectos de um mesmo constructo multidimensional, em que cada item mede algum aspecto do constructo medido em toda a escala.

Fonte: Adaptado das obras de Malhotra (2008) e Leal (2004).

O Quadro 6 permite visualizar as dificuldades apontadas pelos autores para utilizar os métodos de verificação de confiabilidade dos tipos teste-reteste e formas alternativas. Problemas de logística na reaplicação de um teste na mesma população ou na criação de formas equivalentes para a mesma análise tornam essas duas opções dispendiosas e pouco confiáveis, o que faz da confiabilidade de consciência interna a mais adequada para avaliar uma escala somatória em que vários itens são somados para formar um escore total.

Ledesma, Ibañez e Mora (2002) observam que a confiabilidade interna é a forma mais comum para se estimar a fiabilidade de testes. A principal vantagem desse método é que requer apenas a administração dos dados com base nessa abordagem, tornando-se muito simples de calcular e disponível em programas de análises estatísticas mais populares.

Segundo Malhotra (2006), a medida mais simples de consistência interna é a confiabilidade meio a meio (split half), na qual os itens que constituem a escala são divididos em duas metades e os meios escores resultantes são correlacionados. Para se evitar que os resultados sejam afetados pela forma como os itens da escala são divididos, faz-se necessária a aplicação do coeficiente alfa ou alfa de Cronbach, que é a média de todos os coeficientes meio a meio que resultam das diferentes maneiras de se dividir ao meio os itens da escala.

Ledesma, Ibañez e Mora (2002) garantem que, dentro da categoria de confiabilidade de consciência interna, o método mais utilizado pelos pesquisadores é sem dúvidas o alfa de Cronbach, que estima o limite inferior do coeficiente de confiabilidade e é expresso pela seguinte fórmula:

Na qual:

- É a variância do item i;

- É a variância dos valores totais observados e K - É o número de itens do instrumento.

O valor do alfa de Cronbach varia entre 0 e 1, assim, quanto mais alto for seu valor, mais confiável será o instrumento de pesquisa. Como parâmetro, Hair et al. (2010) sugerem a seguinte escala para avaliação da confiabilidade segundo alfa de Cronbach (Quadro 7).

Quadro 7 – Força de associação do alfa de Cronbach

Alfa de Cronbach Força de associação

˂ 0,6 Pobre

Entre 0,6 a ˂ 0,7 Moderada

Entre 0,7 a ˂ 0,8 Boa

Entre 0,8 a ˂ 0,9 Muito boa

˃ 0,9 Excelente

Fonte: Hair et al. (2010).

Assim, se por acaso, em um exemplo absurdo, as variáveis refletirem apenas erros e nenhuma exatidão, a variância da soma será idêntica à soma das variâncias de cada item considerado individualmente. Nesse caso, o segundo termo da expressão será igual à zero, o que fará resultar o alfa de Cronbach em zero também, o que reflete a pouca exatidão do modelo (VIRGILLITO et al., 2010).

Partindo desse princípio, Leal (2004) garantiu a confiabilidade do seu instrumento de coleta de dados quando, considerando o conjunto total de assertivas das questões 6 a 15, que se referem às práticas do marketing de relacionamento da empresa farmacêutica, obteve um alfa de Cronbach no valor de 0,818. Esse índice, segundo a escala idealizada por Hair et

al. (2010), representa uma força de associação muito boa, em uma medição da confiabilidade da escala utilizada para avaliar o constructo das práticas do marketing das empresas farmacêuticas.

No caso desta pesquisa, o alfa de Cronbach foi calculado para as 10 variáveis de marketing e obteve um valor de 0,615, o que é considerado por Hair et al. (2010) uma força de associação moderada. No entanto, como o instrumento já foi validado por outras pesquisas - Leal (2005) e Gomes, Resende e Oliveira (2008) - com um alfa de Cronbach de 0,779, ratificou-se o questionário.