ORGANOGRAMA DA DEPRESSÃO
CONFLITO DE MENTALIDADES
A mentalidade grega e a mentalidade judaica
Teologicamente, existem duas mentalidades que podem traçar rumos bem diferentes para a nossa vida: a mentalidade grega e a mentalidade judaica.
- Na mentalidade grega, a soberania de Deus não interage com a responsabilidade humana. Ou seja, não podemos mudar
as coisas porque elas já estão determinadas. O que será, será! O predeterminismo, a predestinação amarrando as pessoas numa perspectiva cômoda e muitas vezes fatalista.
O futuro das pessoas já está selado, não importa qual seja ele, se de honra ou desonra, justiça ou injustiça. Não podemos alterá-lo. O que percebemos é que esta mentalidade reforça o comodismo, a passividade, a irresponsabilidade moral, a apatia e a depressão.
Você pode até encontrar alguma base bíblica para este raciocínio, porém percebe-se claramente uma ambiguidade, pois isto agride frontalmente o caráter de Deus:
“Pois quem faz injustiça receberá a paga da injustiça que fez; e não há acepção de pessoas” (Ef 6:25).
“Mas se fazeis acepção de pessoas, cometeis
pecado, sendo por isso condenados pela lei como
transgressores” (Tg 2:9).
“E, se invocais por Pai aquele que, sem acepção de
pessoas, julga segundo a obra de cada um, andai em
temor durante o tempo da vossa peregrinação” (I Pe 1:17), etc.
- Na mentalidade judaica, a soberania de Deus interage com a responsabilidade humana. Nossas escolhas presentes vão determinar o nosso futuro. Somos co-criadores com Deus e responsáveis pelo nosso destino.
Por incrível que pareça, podemos mudar situações que já estavam determinadas por Deus, por causa do relacionamento que mantemos com ele. Isto pode parecer estranho e até heresia, mas é totalmente bíblico. Temos inúmeros eventos bíblicos que respaldam este pensamento.
Se você examinar o texto de Is 38:1-9, vai descobrir como o Rei Ezequias mudou a sua história e afetou o seu próprio destino. Sua morte eminente estava determinada pelo próprio Deus:
“Assim diz o Senhor: Põe em ordem a tua casa, porque morrerás, e não viverás”. Porém, ele não aceitou isto
passivamente. Não se acomodou. Ele teve a iniciativa de se humilhar e orar. Reagiu com quebrantamento e por causa daquela profunda conversa com Deus as coisas tiveram um resultado diferente.
O nosso futuro depende tanto da soberania de Deus quanto do nosso relacionamento com ele. Nossa atitude de quebrantamento, arrependimento, intercessão, perdão, justiça, etc. pode traçar um novo destino para a nossa vida e a vida de outros. Joel reforça esta compreessão:
“E rasgai o vosso coração, e não as vossas vestes; e convertei-vos ao Senhor vosso Deus; porque ele é misericordioso e compassivo, tardio em irar-se e grande em benignidade, e se arrepende do mal” (Jl 2:13).
Além de receber um bônus de 15 anos a mais de vida, Deus disse ao rei Ezequias que defenderia sua cidade, e como sinal fez com que o tempo voltasse:
“Assim recuou o sol dez graus pelos quais já tinha declinado” (Is 38:8b).
Precisamos entender que o governo moral de Deus é dinâmico e está atrelado às escolhas humanas. Não que Deus não pudesse controlar todas as coisas independentemente do homem, mas ele escolheu compartilhar com o homem sua autoridade.
A mentalidade judaica nos incentiva a ter iniciativas e realizar semeaduras que vão afetar nosso destino aqui e na eternidade:
o que o homem semear, isso também ceifará.” (Gl 6:7). É
assim que o Reino de Deus funciona.
A mentalidade subserviente e a mentalidade empreendedora
É interessante notar como o sistema educacional funciona nas diferentes partes do mundo. Normalmente, nos países do chamado terceiro mundo, o sistema educacional é projetado para moldar a pessoa como um “empregado”. O aluno estuda, faz um longo curso universitário e tudo que aprende a almejar se resume em conseguir uma vaga numa grande empresa.
Cada vez mais a pessoa adquire uma mentalidade subserviente, onde até se torna um excelente profissional, porém, empregado de alguém. Aprende a lutar pela estabilidade no emprego pensando que isto é uma grande vantagem. São poucos os que querem se arriscar ou sabem como se arriscar numa atividade empreendedora.
O trabalho é visto como um penoso esforço para sobreviver. Se acomodam na rotina e assim vão levando a vida de maneira medíocre e limitada. Acabam condicionados trabalhando a contra-gosto, apenas por causa de um salário que mal paga as suas despesas.
Desta forma vão se desgastando numa vida sem muitas expectativas e ao mesmo tempo enterrando os próprios talentos. Quanto desperdício de potencial! Isto afeta diretamente o estado emocinal do indivíduo predispondo-o a depressão.
A mesma mentalidade acabou se instalando na igreja por uma questão de condicionamento coletivo. Quase sempre, o conceito de liderança praticado se baseia na subserviência do rebanho a um lider inquestionável, que rotula os inovadores de rebeldes.
Este é o modelo colonizador praticado pelos catequistas, pelas capitanias hereditárias, pelos coronéis, pelas multinacionais e assim por diante. Um tipo de adestramento. O aspecto pejorativo desta palavra é que ela designa o processo
usado para a educação de animais e que produz uma submissão que tem apenas aparência de obediência porque se fundamenta no serciamento e insatisfação, gerando pessoas anuladas. Este é um dos mais desafiadores paradigmas que precisam ser quebrados.
Em contra-partida, nos países de primeiro mundo, o sistema educacional é projetado para moldar a pessoa como uma empreendedora. O trabalho é visto como algo realizante e não um castigo. A liberdade com responsabilidade é um valor fundamental para a vida.
A pessoa estuda, sendo treinada para despertar o seu talento e criatividade, rompendo novas fronteiras onde as oportunidades são palpáveis. Esta pessoa aprende não a ter um emprego, mas a ter um trabalho que a empolga. Aprende também a como investir seus recursos e principalmente seu dinheiro. Ou seja, ela não vai trabalhar pelo dinheiro, mas vai fazer o seu dinheiro trabalhar para ela.
A mentalidade empreendedora reforça a iniciativa, a criatividade, a ousadia e a fé. Isto ressalta a diferença entre emprego e trabalho. Pessoas empreendedoras não estão à cata de emprego, elas querem trabalho. Estão exercendo o seu dom, de maneira apaixonada, com criatividade e inteligência.
Emprego produz comodismo, dependência e uma mentalidade subserviente e limitada. Trabalho produz incentivo, autonomia, interdependência, instiga a criatividade gerando inovação, crescimento e sucesso de dentro para fora. Trabalho nos leva além das nossas limitações, quebrando paradigmas ultrapassados, disponibilizando um serviço que irá de encontro às necessidades das pessoas com maior eficiência e utilidade.
Precisamos mais do que nunca entender a nova dinâmica que está moldando o mundo. A tendência é que o emprego está dando lugar ao trabalho.
Focando os valores do reino de Deus, o empreendedorismo apenas de cunho financeiro pode traçar um paradigma radicalmente equivocado. Precisamos como líderes priorizar os nossos esforços e dons em como alcançar o bem mais precioso: a alma perdida: “Porque o Filho do homem veio buscar e salvar
o que se havia perdido” (Lc 19:10).