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Conflitos em cena: Papado, Império e o ideal de pobreza franciscano no

Assim como ocorre com Alonso de Espina, tampouco conseguimos traçar com segurança a biografia de Álvaro Pais. Possuímos apenas alguns indícios que o próprio autor nos oferece em suas obras. Mas, apesar das dificuldades, é possível propor algumas hipóteses com um pouco de imaginação histórica e com base em fontes

353 “… não devemos pensar de forma isolada quando se trata “dos significados das palavras”. Devemo- nos, pelo contrário, concentrar no uso a que estão sujeitos no contexto de determinado jogos de linguagem e, mais genericamente, no interior de certas formas de vida”. In: SKINNER, Quentin. Visões

indiretas que analisem as similitudes e correspondências com a linguagem política utilizada pelo autor, identificando as comunidades de debate às quais ele pertencia, e programas de ações que foram colocados em prática no cenário político em que ele se desenvolvia. Por meio dessas hipóteses poderemos dar outra dimensão às intenções e ações presentes nas obras de Álvaro Pais. Importa dizer também que não nos dedicaremos a averiguar se os leitores estavam dispostos a aceitar as opiniões de Álvaro Pais sobre o papado ou sobre a pobreza franciscana. Importa-nos sobretudo estudar as premissas sobre as quais seu discurso político era efetivado. Ou seja, buscamos compreender a obra de Álvaro Pais como resposta aos enfrentamentos políticos em que o autor estava inserido, os quais estão registrados por escrito, seja pelo debate entre intelectuais ou pelas memórias produzidas destes acontecimentos.

Para apresentar o cenário político, acompanharemos a trajetória de João XXII e Ludovico da Baviera, entre os anos mais críticos do papado: 1316-1328. É nesse período que podemos situar as principais preocupações de Álvaro Pais refletidas em suas obras. Vamo-nos centrar em analisar as táticas argumentativas que ele utilizou e, para entender “o que ele estava fazendo” quando defendeu suas ideias, dependemos, em grande parte, de nossa compreensão da situação em que se encontrava, do argumento que desejava defender e da ação ou norma que queria validar - ou invalidar - conforme a circunstância. Essa situação se insere nas limitações e oportunidades do contexto macro- político que o autor percebia e vivia. Conforme Pocock especifica: “agentes atuam sobre outros agentes, os quais, por sua vez, efetuam atos em resposta aos deles”. 354 Preocupamo-nos, portanto, com os atos de fala de Álvaro Pais que evocam respostas a situações concretas. Buscamos destacar a finalidade (política) a que se destinava a obra, e, por este motivo, somos compelidos a reconstruir a malha política para apreender as respostas dadas por Álvaro Pais. Para alcançar nosso objetivo, analisaremos a trajetória política de Jacques D’Euse, futuro papa João XXII.

Nascido em Cahors, em 1249, Jacques d’Euse foi entronizado papa em 5 de setembro de 1316. Foi educado na infância pelos dominicanos de sua cidade natal, depois estudou Direito Canônico, Direito Civil e teologia em Montpellier, e em Paris.355 Posteriormente, lecionou Direito Canônico e Civil em Toulouse e Cahors, quando

354 POCOCK, J. G. A. Op.cit., p. 42.

355 WEAKLAND, John E. John XXII before his pontificate, 1244-1316: Jacques Duèse and his family.

Archivum Historiae Pontificiae. Vol. 10, 1972, p.161-185. VALOIS, N. Jacques Duèse, pape sous le nom

de Jean XXII. In: Histoire littéraire de la France. Tomo XXXIV. Paris: Imprimerie Nationale, 1914, p. 394-395.

estabeleceu uma relação estreita com Carlos II de Nápoles e, sob sua recomendação, foi nomeado bispo de Fréjus, em 1300. Em 1309, foi nomeado chanceler de Carlos II. Em 23 de dezembro de 1312, Clemente V o nomeia cardeal-bispo do Porto. Após a morte de Clemente V (20 de abril de 1314) a Santa Sé fica vacante durante dois anos e três meses. Os cardeais reunidos em Carpentras para eleger o papa se encontravam divididos em duas facções violentamente opostas, sem chegar a um acordo. O colégio eleitoral compunha-se de oito cardeais italianos, dez da Gasconha, três da Provença e três de outras partes da França. Após várias semanas de discussões, inclusive sobre o lugar onde o conclave deveria ser realizado, o colégio eleitoral foi dissolvido. Os esforços de vários príncipes para que os cardeais elegessem um papa fracassaram: nenhum lado queria ceder. Após sua coroação, Felipe V da França consegue, finalmente, reunir um conclave de 23 cardeais no monastério dominicano de Lyon, em 26 de junho de 1316 e, no dia 7 de agosto, Jacques Duèse, cardeal do Porto, foi escolhido papa. Após sua coroação em Lyon, no dia 5 de setembro sob o nome de João XXII, o papa partiu para Avignon, onde instalou sua residência. 356

João XXII procurou, durante o seu pontificado, defender os interesses políticos e religiosos da Igreja. Da mesma maneira, não foi menos vigilante sobre a influência do papado nas questões políticas temporais. Por essa razão, será implicado em severas disputas que ocuparão grande parte de seu governo da Igreja. Dentre elas, a grande controvérsia que dividia os franciscanos e que, Clemente V, seu antecessor, tentou, em vão, resolver. 357

Na década de 1270, depois de anos de tensão após a morte de São Francisco, os conventuais, partido majoritário da Ordem, chegaram a um compromisso quanto à doutrina da pobreza, esperando, assim, adaptar-se melhor à institucionalização crescente da Ordem: os franciscanos não possuíam domínios ou propriedades, mas apenas o uso (usus) de bens e direitos que permaneciam propriedade dos doadores. Os espirituais, por outro lado, liderados pelo provincial Pedro João Olivi, sustentavam que, além da falta de propriedade, o voto franciscano de pobreza consistia essencialmente no “uso pobre” (usus pauper), ou seja, uso restrito de bens, apenas na medida em que fossem necessários para os irmãos.

356 Cf. JOUDOU, J.B. Histoire des souverains pontifes qui ont siégé dans Avignon. Tomo I. Avignon: Typog. De Théodore Fischer Ainé, 1885, p.112-115. VALOIS, N. L’élection du pape Jean XXII. Revue

d’histoire de l’Église de France. Tomo 1, nº1, 1910, p. 34-49.

357 Para uma compreensão geral sobre a questão da controvérsia sobre a pobreza Cf. BRUNNER, Melanie. Pope John XXII and the ideal of absolute poverty. Tese de doutorado. University of Leeds, 2006, 267 p.

O Papa Nicolau III, simpatizante dos franciscanos, finalmente forneceu uma interpretação oficial da Regra na bula Exiit qui seminat, publicada em 1279. Buscando impor um meio-termo, Nicolau III faz uma distinção entre usus juris e usus facti: os frades não têm “uso do direito” de quaisquer bens, mas apenas “uso de fato”. Isto é, eles têm uso das coisas que são necessárias para a vida sem ter a posse. Nicolau reservou a propriedade dos bens franciscanos à Santa Sé, de modo que os frades faziam um “uso de fato” com consciência limpa. Como os frades eram proibidos por sua Regra de manejar dinheiro, o papa estabeleceu um sistema de procuradores encarregado de suprir materialmente a Ordem.

Nem por isto, aquele parece ter abdicado da propriedade, uso e domínio de qualquer coisa, é um ser conjeturado para ter renunciado ao simples uso de tudo, que diz não o usus juris mas o usus facti tanto quanto ter o nome de "factos" oferece, entretanto, no uso de nenhum direito àqueles [assim] usando, nem mesmo de coisas necessárias tanto quanto para o sustento da vida como para a execução dos deveres do próprio estado, exceto aquele que é subjugado abaixo sobre dinheiro, o uso moderado de acordo com seu governo e toda a verdade foi concedida aos frades; as coisas que os frades podem usar licitamente, durante a licença do que concede [os], e de acordo com o que está contido no presente arranjo [deste documento]. Nem se discerne resistir a essas coisas que nas coisas humanas prevalece humanamente a providência civil, a saber, que não é possível que o uso ou usufruto sejam separados do domínio perpétuo; e para que o domínio do dono não seja sempre inútil, renunciando ao seu uso, aquele que provê estas coisas [deveria ter] declarado em [o ato de] conceder-lhes apenas um uso temporário. Desde que a retenção do domínio de tais coisas, quando pela concessão [seu] uso foi concedido aos pobres, não é inútil para o proprietário, uma vez que é meritório para a eternidade e oportuna para a profissão dos pobres, que tanto quanto é julgado mais útil para si mesmo, tanto mais que troca temporal por coisas eternas. Em seguida [se ou não] esta era a intenção do confessor de Cristo em instituir a regra; antes, ao contrário, escreveu o contrário, observou o contrário ao viver; já que ele mesmo era pela necessidade de usar as coisas temporais e manifesta em muitos lugares na regra que tal uso é lícito para os frades: pois ele diz na regra que os clérigos devem recitar o ofício divino, para o qual o pode ter breviaries: a partir disso insinuando abertamente, que os frades estariam tendo o uso de [aqueles] breviários e livros, o que poderia ser oportuno para a [recitação] do ofício divino; também em outro capítulo se diz que os Ministros e Custódios para as necessidades dos enfermos e para o vestuário dos outros frades podem conduzir um cuidado solícito por meio de amigos espirituais de acordo com lugares e estações e regiões frias, como pode parecer a eles para acelerar a necessidade; mesmo em outro lugar exortando os frades a evitar a ociosidade por meio de um exercício adequado de trabalho, ele diz, para que recebam para si e para seus irmãos [as coisas] necessárias para o corpo como o salário para seu trabalho. ; também em outro capítulo está contido que os frades podem ir com confiança para esmolas. Mesmo na mesma regra é tido que na pregação, que os frades fazem, seu discurso seja examinado e casta pela utilidade e edificação do povo, anunciando-lhes vícios e virtudes, castigo e glória. Mas isso prova que isso supõe ciência; a ciência requer estudo, o exercício do estudo realmente não pode ser normalmente feito sem o uso de livros: a partir do qual é suficientemente claro para todos [os homens] que da

regra o uso dessas coisas necessárias para comida, roupas, adoração divina e estudo da sabedoria foi concedido aos frades. 358

Esta importante constituição, que os franciscanos tomaram a seu favor como um documento definitivo e de autoridade sobre a questão da pobreza, inclui uma proibição final da discussão de seu conteúdo e da Regra Franciscana.

Portanto, uma vez que das coisas citadas e outras discutidas por Nós em grande detalhe, é manifesto que a regra em si é lícita, santa, perfeita e observável, e não evidentemente exposta a qualquer crítica, a ela e a todos os nossos estatutos escritos acima, decretos, concessões, arranjos, decretos, declarações e até suplementos, pela plenitude do poder apostólico. Aprovamos, confirmamos e desejaremos existir em perpétua validade, precepting em virtude da obediência real que esta constituição, apenas as constituições ou decretos de outras letras, seja lida. nas escolas. E visto que sob a aparência do que é lícito, não poucos na leitura, expondo e encobrindo, podem derramar o veneno de sua iniqüidade contra os próprios frades e a regra, e produzir em diversas e adversas proposições de acordo com sua própria invenção pervertida a própria compreensão desta constituição, e [uma vez] a diversidade de opiniões e a distorção de entendimento podem emaranhar as almas piedosas de muitos e roubar os corações de muitos de entrarem na religião, evitando a perversidade de tais detratores nos incita a impedi-los de fazer as coisas citadas e para determinar uma certa maneira de proceder para aqueles que lêem esta constituição. Portanto, sob a dor da excomunhão e da privação real do ofício e benefício, preceitamos que a presente constituição, quando acontecer de ser lida, como foi mencionado, seja tão fielmente exposta à letra, que nenhuma harmonia, contrariedade ou opiniões divergentes ou adversas podem ser introduzidas pelos leitores ou expositores, [que] glosas não serão feitas sobre a própria constituição, a menos que talvez a palavra ou sentido da palavra, ou a construção ou a própria constituição, seja exposta gramaticalmente apenas de acordo com a letra ou [para torná-la] mais inteligível, nem a compreensão da mesma deve ser pervertida pelo leitor em outra coisa ou distorcida em alguma outra coisa, do que as próprias letras significam. E para que o dito acima não trabalhe mais contra os detratores deste tipo, preceitamos estritamente todas as pessoas e cada uma delas de qualquer preeminência, condição ou estado, não ensinar, escrever, criticar, pregar ou falar perversamente em público ou privada contra a referida regra eo estado dos frades acima mencionados ou contra as coisas acima estabelecidas estabelecidas, ordenadas, concedidas, organizadas, decretadas, declaradas, suplementadas, aprovadas e mesmo confirmadas por nós. Mas se alguma coisa relativa a alguma ambiguidade nestas questões surgir, que seja submetida à cúpula da referida Sé Apostólica, de modo que pela própria autoridade Apostólica possa ser manifestado em relação a ela a intenção [dele] de a quem somente foi concedido nestes [assuntos] para estabelecer estatutos e esclarecer aquelas coisas [que] foram estabelecidas. Deixem os doutores acima de todos ou os leitores, realmente encobrindo em [seus] escritos esta constituição [de uma maneira] diferente daquela que Nós explicamos, enquanto eles ensinam em público, [ambos] de certo conhecimento e deliberação, distorcendo a compreensão deste tipo de constituição, [e] também comentando, produzindo escritos ou folhetos e fazendo distinções nas escolas, [ambos] de certo conhecimento e deliberação, ou pregando contra as coisas citadas ou outras ou qualquer [parte] das coisas citadas, não resistindo outros privilégios ou indulgências ou Cartas Apostólicas, concedidas a quaisquer pessoas de classe, indivíduos, ordens ou

casas religiosas ou seculares, juntos ou individualmente sob qualquer forma ou expressão de palavras, que não desejamos ser aprovados por qualquer pessoa nos acima mencionados [ importa] de qualquer maneira, [Dizemos que os deixem] se conhecerem sob a sentença de excomunhão, que nós, doravante, decreto contra eles; do qual eles não podem ser absolvidos exceto pelo Romano Pontífice. Além daqueles como estes, contra os quais a sentença de excomunhão foi decretada por nós, [e] também a outros, se houver algum, entrando em nossa [presença] ou aquela da dita vista contra as coisas acima mencionadas ou [contra ] qualquer coisa [pertinente] a eles, Desejamos que seja anunciada, que o rigor da punição apostólica os afasta dessas coisas proibidas, a quem uma medida prevista de equidade não impediria. 359

A publicação da bula Exiit não resolveu a tensão dentro da Ordem, e a primeira intervenção oficial de João XXII, em 1322, já tinha sido precedida por outra de Clemente V, que tentara restabelecer a unidade da Ordem, defendendo uma observância moderada em sua bula Exivi de paradiso, de 1312. Numerosos franciscanos se chamavam de “espirituais” ou “Fraticelli”, aderentes das vias mais rigorosas do ideal de pobreza, se recusavam a submeter-se às decisões de Clemente V e, após sua morte, rebelaram-se particularmente no sul da França e na Itália, declarando que o papa não tinha o poder de os separar de sua regra, já que ela não estabelecia nada que não estivesse contido nos Evangelhos. Eles começaram a perseguir os conventuais em seus mosteiros, dos quais tomaram posse, provocando, assim, escândalo e grandes desordens. O novo ministro geral da ordem, Miguel de Cesena, fez um apelo a João XXII que ordenou aos frades refratários de se submeterem a seus superiores e comandou uma inquisição sobre a doutrina e os ideais dos espirituais. 360

Os espirituais, desacatando as ordens de João XXII, declararam guerra aberta contra todos os frades pregadores, sitiando-os em seus conventos, devastaram seus campos e destruíram mais de 15 mosteiros ou hospícios, expulsando os religiosos depois de os ter despojado dos bens. Ao punir a revolta, o papa buscava enfraquecer o movimento e, para favorecer o retorno dos monges à ordem, fixou alguns pontos da regra, enviando-os aos superiores de cada província. Longe de se arrependerem, os espirituais ficaram ainda mais furiosos e atacaram o papa dizendo que “ele não tinha o direito de explicar uma regra” e acrescentaram que ele “era um herético, inimigo da

359 Disponível em: https://franciscan-archive.org/index2.html Acesso em: 01/fev/2019 [tradução nossa] 360 Cf: AUBERT, Jean. Histoire des souverains pontifes qui ont siégé dans Avignon. Avignon: Imprimeur-Libraire, 1774, p. 57. MOLLAT, G. Les papes d’Avignon. Paris: Librairie Victor Lecoffre J. Gabalda & C, 1912, p.49.

vida evangélica”. Como resultado desta revolta, 4 espirituais foram relaxados ao braço secular e queimados em Marselha. 361

Os espirituais no Languedoc passaram a considerar esses condenados como mártires, e exortaram a população, pregando publicamente, dizendo que

o papa e todos aqueles que o obedeciam eram hereges da seita do Anticristo, da sinagoga de Satã e não da Igreja de Jesus Cristo: e que se o papa não era o anticristo, era, ao menos, seu precursor; que os únicos cristãos eram aqueles que, como eles [os espirituais] levavam a vida pobre e humilde de Jesus Cristo.362

Enquanto João XXII lutava contra os franciscanos espirituais, pensava também em estender seu poder no Império, diminuindo o poder dos gibelinos na Itália. Os decretos do Concílio de Viena, que Clemente V havia aumentado, ordenado e apresentado aos cardeais em um consistório realizado em Monteux, foram publicados pelo novo papa sob o nome de Clementinas, e ordenou por meio de uma bula endereçava à Universidade de Avignon que fossem ensinadas e que tivessem força de lei. 363 Neste período, Frederico da Áustria e Ludovico da Baviera disputavam o Império

361 “A repressão oficial contra os Espirituais assumiu um caráter mais violento na Provença, pois ali o referido grupo de frades era muito ativo. Alguns deles, que não quiseram aceitar as determinações papais e a disciplina da Congregação, foram encaminhados ao inquisidor Miguel le Moine, que, após inquiri-los e julgá-los, acabou por condenar à morte na fogueira os seguintes religiosos: João Barrani, Deodato Miquelis, Guilherme Santoni e Ponce Roche. Os mesmos foram executados em Marselha em 7 de maio de 1318”. In: SOUZA, José Antônio de C. R. As relações de poder na Idade Média Tardia. Porto Alegre: EST Edições, 2010, p. 17. “Dominus papa dictos fratres remisit ad prelatos communitatis ordinis memorati, et quedam contenta in dicta regula declaravit. Quidam vero illorum noluerunt in hoc summo pontifici obedire, dicentes quod papa dictas declarationes facere non poterat, tamquam hereticus et vite evangelice dissipator: quorum quatuor per inquisitores ordinis Minorum in Aquensi provincia traditi sunt justitie seculari, et apud Massiliam sunt combusti [1318]. Quidam vero ex ipsis fuge presidio se dederunt. In: BALUZE, E. Vitae paparum avenionensium. Prima Vita Johannis XXII. Disponível em: http://baluze.univ-avignon.fr/read_index.html# acesso em: 05/fev./2019

362 “[...] le Pape & tous ceux qui lui obéiffoient étoient des hérétiques de la fecte de l’Ante-Chrift, de la fynagogue de Satan, & non de l’Eglife de Jefus-Chrift: & que fi le Pape n’étoit pas l’Ante-Chrift lui- même, il étoit au moins fon Précurfeur; que les feuls chrétiens étoient ceux, qui comme eux, menoient l avie pauvre, & humble de Jefus-Chrift. AUBERT, Jean. Histoire des souverains pontifes qui ont siégé

dans Avignon. Avignon: Imprimeur-Libraire, 1774, p. 59. “Eodem tempore heresis illa in tantum invaluit

in provincia Narbonensi quod multi tam Minores quam Begardi, de tertio ordine sancti Francisci, publice asserebant dominum papam et omnes ei obedientes hereticos esse et de secta Antichristi, non de Ecclesia Christi, sed de sinagoga sathane, pertinentes ad meretricem magnam Babilonem per Dominum reprobatam, et in illis solis Christi Ecclesiam remanere qui vitam Christi pauperem et humilem observabant. Dicebant papam misticum Antichristum et precursorem veri Antichristi. Et pro isto errore tuendo multi permiserunt se comburi, et multi ad ignem ultronei se offerebant, vocantes jam combustos martyres gloriosos”. In: BALUZE, E (ed.); MOLLAT, G (reed.). Vitae paparum avenionensium. Prima Vita Johannis XXII. Disponível em: http://baluze.univ-avignon.fr/read_index.html# acesso em: 05/fev./2019

363 “Item anno Domini MCCCXVIJ, mense novembris, fecit publicari et sub bulla sua ad generalia studia destinari constitutiones quas dominus Clemens, predecessor ejus, fecerat tam in Viennensi concilio quam ante et post, que nondum fuerant ad generalia studia destinate, sed usque tunc steterant in suspenso”. In: In: BALUZE, E (ed.); MOLLAT, G (reed.). Vitae paparum avenionensium. Secunda Vita Johannis XXII. Disponível em: http://baluze.univ-avignon.fr/read_index.html# acesso em: 05/fev./2019