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EDIFICAÇÃO DA PONTE

2.1 ELEMENTOS CONSTRUTIVOS: METODOLOGIA

2.1.7 Conhecendo os construtores “da ponte pra cá”: Jovens bolsistas

O Projeto Voz Ativa contou com a colaboração de seis distintos acadêmicos, de diferenciados cursos do Setor de Ciências Humanas, Letras e Artes da UEPG. Os bolsistas residiam apenas durante o ano letivo na cidade de Ponta Grossa, sendo todos (as) pertencentes a outras cidades distintas. Todos(as) passaram por um processo seletivo para participar do Projeto Voz Ativa, realizado e efetivado pelo NUREGS.

A seleção dos bolsistas para entrevistas da geração de dados também se deu através de convites individuais por mim, dado que todos(as) já estavam à espera, conforme havíamos combinado anteriormente. Para dar início as entrevistas, primeiramente, também fora providenciado o TCLE de todos os participantes que espontaneamente aceitaram participar da entrevista, da mesma forma que já estavam ativos durante toda a pesquisa.

É válido ressaltar que as questões pautadas para o grupo de bolsistas participantes foram relacionadas somente às relações de gênero, étnicorraciais e identidade juvenil, adequada aos seus contextos e sobre todo o processo do projeto de extensão realizado.

E também não foi mencionado o nome de nenhum participante na pesquisa, sendo todos substituídos por pseudônimos, escolhidos por eles(as) durante a discussão da pauta da entrevista, de acordo com a metodologia adaptada à pesquisa, a MCC (Braga et al., 2010). Foi permitindo que todos(as) participassem em pé de igualdade da análise prévia das questões, para que refletissem sobre o que seria pertinente e importante para o objetivo da pesquisa, deixando-os(as) que se sentissem livres e à vontade (individualmente) para modificar, retirar e acrescentar no questionário o que julgasse necessário, dando sugestões muito significativas. O foco estabeleceu- se no conhecimento dialógico, entre pesquisado(a) e pesquisadora.

Como pseudônimos, todos(as) escolheram os nomes de Orixás, por conta da interpretação como tal, dos(as) mesmos(as) na abertura do evento realizado pelo NUREGS, como citado anteriormente.

Os mitos sobre os orixás, as histórias sobre valores da comunidade, envolvendo animais, crianças e adultos, bem como os toques de atabaques, baterias de escolas de samba, o bumba-meu-boi , os blocos afros, o frevo, a congada e muitas outras formas de festejos e danças, revelam força de vida, contam como são os orixás – nossa essência mais profunda – falando dos heróis da comunidade, ensinando amizade, perdão, responsabilidade e Buscando caminhos nas tradições dando identidade cultural a todo um grupo de brasileiros, que só aprendeu a ter vergonha de suas raízes (THEODORO, 2005, p. 96-97).

A autora ainda destaca que, “por meio de uma releitura dos elementos que compõem as culturas negras no Brasil é que poderemos tentar um meio, um aprofundamento pedagógico, ou seja, “capaz de resgatar para todos os brasileiros uma cultura nossa, considerada até agora marginal” (p. 97).

A apresentação dos bolsistas:

15 A autodeclaração se deu conforme os critérios do Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística (IBGE).

PSEUDÔNIMO

ESCOLHIDO DESCRIÇÃO BIOGRÁFICA

NANÃ

“A mais temida dos orixás, a mais respeitada, mais velha, poderosa e séria” (BARCELLOS, 2002, p. 93). Mulher, se autodeclara15 parda, 21 anos, solteira, nascida em Presidente Prudente/SP; reside atualmente na zona urbana central de Ponta Grossa; acadêmica do 3º ano de Jornalismo; entrou na UEPG através do sistema de cotas para escolas públicas; permaneceu no Projeto Voz Ativa no período de um ano.

OBÁ

“É a segunda esposa de Xangô, enganada por Oxum, que a levou a cortar sua própria orelha para oferecer a Xangô; [...] é poderosa sábia, madura e realista” (BARCELLOS, 2002, p. 85). Mulher, se autodeclara preta, 24 anos, casada, nascida em Ponta Grossa/PR; reside na zona urbana central de Ponta Grossa; acadêmica do 4º ano de Licenciatura em História e ingressou na UEPG através do sistema de cotas para escolas públicas; permaneceu no Projeto Voz Ativa pelo período de seis meses.

OBALUAÊ

“Também conhecido como Omolu, é o Orixá que cobre o rosto, está no organismo, no funcionamento do organismo. Na dor dos sentimentos pelo mau funcionamento dos órgãos” (BARCELLOS, 2002, p. 63). Homem, se autodeclara preto, 23 anos, solteiro, nascido em Palotina/PR; atualmente reside na zona urbana central de Ponta Grossa/PR; Recém- graduado em Letras/Espanhol, entrou na UEPG através do sistema universal; iniciou o curso de Bacharelado em Educação Física na UEPG; permaneceu no Projeto Voz Ativa pelo período de um ano.

OSSAIM “Também chamado de Ossãe, o deus das ervas, dono das matas, Orixá da medicina, da cura, da convalescença” (BARCELLOS, 2002, p. 57). Mulher, se autodeclara branca, 21

Dos instrumentos;

Durante o processo da pesquisa, foram selecionados vários instrumentos de dados, como gravação de relatos em vídeo, relatos para o relatório da SETI, atas, planejamentos, no entanto, a análise através de entrevistas individuais se tornou mais adequada, por conta do direcionamento e foco nos objetivos a serem verificados, que giraram em torno de questões identitárias e conflitos enfrentados durante a extensão.

 Entrevistas (semiestruturadas) com os jovens bolsistas em áudio (as datas de realização das entrevistas seguem juntamente com

anos, solteira, nascida em Prudentópolis/PR; atualmente reside na zona urbana central de Ponta Grossa/PR; acadêmica do curso de Licenciatura em Letras/Espanhol do 4º ano; ingressou na UEPG através do sistema universal; estudou em escola privada; permaneceu no Projeto Voz Ativa pelo período de seis meses.

OXUM

“Primeira esposa de Xangô, a mais amada por ele, mãe da água doce, Rainha das cachoeiras, deusa da candura e da meiguice, Dona do ouro, Orixá da prosperidade, da riqueza, ligada ao desenvolvimento da criança ainda no ventre da mãe” (BARCELLOS, 2002, p. 77). Mulher, se autodeclara branca, 22 anos, solteira, nascida em Itapeva/SP; atualmente reside na zona urbana central de Ponta Grossa/PR; acadêmica do curso de Bacharelado em História do 4º ano; já aprovada em outro vestibular vai iniciar o curso de Licenciatura em História também pela UEPG; ingressou na UEPG através das cotas para escolas públicas; permaneceu no Projeto Voz Ativa pelo período de seis meses.

OXUMARÉ

“É o Arco-Íris, sinal de bons tempos, de bonança. È o Orixá da riqueza, do dinheiro, chamado carinhosamente de „o banqueiro dos Orixás‟” (BARCELLOS, 2002, p. 60). Homem, se autodeclara amarelo, 21 anos, solteiro, nascido em Castro/PR; atualmente reside na zona urbana central de Ponta Grossa/PR; acadêmico do curso de Licenciatura em História; ingressou na UEPG pelo sistema de cotas para escolas públicas; já aprovado em outro vestibular, vai iniciar o curso de Bacharelado em Jornalismo também na UEPG; permaneceu no Projeto Voz Ativa pelo período de onze meses.

XANGÔ

“Talvez, o Orixá mais cultuado e respeitado no Brasil, porque ele foi o primeiro deus iorubano, por assim dizer, que pisou em terras brasileiras; é o Orixá mais vaidoso e mais conquistador entre os deuses masculinos africanos” (BARCELLOS, 2002, p. 67). Homem, se autodeclara branco, 21 anos, solteiro, nascido em Belo Horizonte/MG; atualmente reside na zona urbana de Ponta Grossa/PR; acadêmico do curso de Bacharelado em História; ingressou na UEPG pelas cotas para escolas públicas; permaneceu no Projeto Voz Ativa pelo período de seis meses.

os discursos recortados, nos momentos das análises dos mesmos).

Segundo Gil (1991), a entrevista é a técnica em que o investigador se apresenta frente ao investigado e permite lhe formular perguntas, com o objetivo de obtenção dos dados que interessam à investigação. A entrevista é, portanto, uma forma de interação social, mais especificamente, é uma forma de diálogo assimétrico, em que uma das partes busca coletar dados e a outra se apresenta como fonte de informação (GIL, 1991).

Deste modo, vale aqui enfatizar que optamos pela entrevista, porque ela é uma das técnicas de coleta de dados mais utilizadas no âmbito das Ciências Sociais, considerada como a técnica por excelência na investigação social, por sua flexibilidade, e é adotada como técnica fundamental de investigação nos mais diversos campos (GIL, 1991). Conforme a metodologia utilizada, foi dedicada atenção especial ao processo de seleção dos participantes, como também no nivelamento do tema e formulação das perguntas.

Nesta pesquisa, as entrevistas foram registradas em áudio (gravador) seguidas de transcrições para análises e também que neste tipo de entrevista as perguntas são formuladas previamente, seguindo uma sequência de perguntas. As transcrições foram realizadas pela acadêmica do curso de Letras, Amanda Chofard, da Universidade Estadual de Londrina.

Sobre as marcas da oralidade das vozes, optei por mantê-las, visto que não era o meu objetivo submetê-las a análise, considerei o que diz Dijk (2010)sobre a análise dos ECD (Estudos Críticos do Discurso), que “consideram que a gramática da língua é a mesma para todos [...] e não vão variar em função do poder do falante [...] o abuso de poder pode-se manifestar através da variação de escolhas lexicais [...]”. Partindo dessa afirmação, optei por sustentá-las nas transcrições, considerando que os entrevistados(as) provinham de contextos muito distintos. E por conta da abordagem do rap como estilo musical, reforçou ainda mais a escolha pela fidelidade às vozes, visto que, o rap tem sua linguagem especificamente marcada no discurso. Somente foram padronizadas as vozes que provinham dos diários de campo, conforme foram descritas por quem (bolsistas) observou e colheu.

O recorte dos discursos formou-se através dos temas que foram surgindo em comum entre todos, isto é, os mais salientes, constituindo eixos temáticos (JOVINO, 2005).

Com almejo em responder aos objetivos geral e específicos: “Qual o papel da extensão na formação dos jovens bolsistas participantes? E quais conflitos, embates, disputas, em termos de identidades podem surgir entre os jovens bolsistas durante a realização do projeto de extensão?”; os discursos virão em vários momentos do trabalho, em especial no Capítulo IV – Sobre a Ponte.

2.1.8 Conhecendo os construtores “da ponte pra cá”: Jovens da