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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 Dado, Informação e Conhecimento

2.1.1 Conhecimento, Cultura e Comunicação nas Organizações

O conhecimento em suas diferentes tipologias está sempre atrelado ao indivíduo e às suas experiências e conjunturas. Especificamente no âmbito organizacional o conhecimento apresenta como componentes básicos: experiência, verdade fundamental, complexidade, discernimento, normas práticas e intuição e valores e crenças, segundo Davenport e Prusak (1999), neste sentido apresenta-se a Figura 1 que compreende os componentes do conhecimento organizacional:

Figura 1 - Componentes do Conhecimento Organizacional

Fonte: Adaptado de Davenport e Prusak, 1999.

O conhecimento se traduz em um recurso econômico que aplicado à organização possibilita a criação de novas estratégias competitivas, de inovação de produtos e serviços, bem como de melhorias na solução de problemas, apontam Probst, Raub e Romhardt (2002).

Os autores Barbosa (2008) e Hoffmann (2012) destacam que à medida que as organizações se tornam mais complexas, a informação se traduz em ferramental cada vez mais imponente, passível de garantir às organizações: eficácia nas tomadas de decisão; antecipação de tendências; de aprendizagem e principalmente de inovação.

De acordo com Barbosa (2008), o conhecimento organizacional pode ser considerado como um elemento central na gestão estratégica da organização, pois se trata de matéria única e peculiar. Não obstante, não há como discorrer sobre conhecimento organizacional sem adentrar em temáticas como cultura e comunicação nas organizações.

Para Schein (2010) a cultura é uma abstração, um fenômeno dinâmico, uma força, que é refletida no comportamento dos indivíduos dentro das organizacionais. O autor enfoca que é necessário compreender de maneira holística como e para quê "as coisas" acontecem organizacionalmente e assim aprender com as experiências vivenciadas, sejam elas de sucesso ou não.

Morin (2011) destaca que não há sociedade humana sem cultura, pois esta se traduz em um conjunto de saberes, fazeres, regras, protocolos, valores e crenças que as gerações propagaram com o passar do tempo.

As culturas organizacionais são criadas por indivíduos que carregam seus valores, crenças e regras e juntos em uma organização, compõem a cultura organizacional. Santos e Valentim (2013) discorrem que se não houver cultura e comunicação organizacional favoráveis aos processos, dificilmente as organizações conseguirão atingir o propósito de impulsionar o conhecimento gerado no ambiente da organização, para as autoras, a cultura e a comunicação são sustentáculos para garantir ações efetivas no que se refere a GC na organização.

A cultura organizacional de acordo com Schein (2010) tem suas investigações e reflexões dentro de áreas como a Antropologia, Sociologia, Psicologia Social e Psicologia Cognitiva. Temática complexa estudada há várias décadas que com o advento das TICs se revela ao centro das investigações, visto que a cultura organizacional tem mudado devido as novas tecnologias.

A cultura organizacional, ou seja, a interação social entre os indivíduos que compõem a organização, está ligada aos valores, costumes, comportamento, normas, regras e diversidades que regem os indivíduos, portanto, que regem também a organização e sua cultura, assim como o conhecimento e as formas de comunicação são inerentes da natureza

humana. A cultura define a missão e os objetivos da organização como apontam Srour (2005) e Schein (2010).

Investigações simples e complexas devem ser feitas nos modelos organizacionais e mentais com vistas a aperfeiçoá-los ou até modificá-los, isto inclui o comportamento ou cultura informacional.

Especificamente com relação a informação e conhecimento dentro das organizações, de acordo com Woida (2008) e Alves (2011) existe uma diferença entre cultura organizacional e cultura informacional, pois enquanto a primeira aborda questões mais amplas da organização, a segunda relaciona-se diretamente aos aspectos da informação, conhecimento e TICs.

Pode-se considerar que a cultura informacional se insere dentro da cultura organizacional, ela está atrelada às diversas maneiras como os indivíduos administram a informação e o conhecimento e suas respectivas ferramentas.

Santos e Valentim (2013) dissertam que a cultura informacional estruturada e proativa pode estimular comportamentos positivos com relação ao compartilhamento de informação e conhecimento.

Quando se remete ao compartilhamento, automaticamente o processo de comunicação fica evidente, neste sentido, o que distingue o homem dos animais é a fala, ainda que todas as espécies de animais possuem formas de expressões e sinais, particularmente o homem tem a faculdade da linguagem, de acordo com Chanlat e Bedard (1992), neste sentido, pode-se remeter a teoria da ação comunicativa1.

Dessa maneira, nas organizações o processo não é diferente, a comunicação se faz proeminente, Santos e Valentim (2013) destacam que os processos de comunicação podem ser entendidos como base para que dados, informações e conhecimento perpassem pelos variados níveis organizacionais. De maneira que possam propiciar condições favoráveis a produção, armazenamento e disseminação de conhecimento aos indivíduos e assim, estes consigam tomar decisões e executar ações favoráveis dentro das organizações.

As autoras Sachuk e Machado (2011) afirmam que o cerne da ação comunicativa pauta-se entre a conexão do pensar e do agir, somente através da ação dialógica e interlocutória é que se consolidam ações comunicativas organizacionais, desse modo, o RI se manifesta como um instrumento que oferece um grande volume de informações e para

1 De acordo com Habermas (1989) na teoria da ação comunicativa, a sociedade é guiada por suas interações, ou seja, são os processos comunicativos, juntamente com os políticos e éticos que dão explicações ao mundo em que vivemos.

isso, a organização deve desenvolver a cultura do depósito e do acesso à essas informações, ou seja, há necessidade de mudanças culturais para a ação efetiva da ferramenta (LEITE, 2009).

Neste sentido, processos que conduzam ao armazenamento e compartilhamento das informações e do conhecimento nas organizações são imprescindíveis, especificamente nas organizações de ensino.

Assim, os RIs se apresentam como ferramentas já consolidadas para armazenar e disseminar a produção científica (LEITE, 2009). O autor destaca que:

a utilidade dos softwares para a repositórios institucionais extrapola, então, a jurisdição do ambiente acadêmico e científico. Eles podem ser aplicados para a construção de serviços de informação em outros contextos, como o de instituições governamentais (LEITE, 2009, p. 14). Neste sentindo, a proposta de utilização do RI, como menciona Leite (2009) extrapola o campo científico, assim, sugere-se para o estudo, a implementação de um RI que contemple além das esferas científica e acadêmica, também as esferas administrativa, cultural e memorial da organização.

Especificamente no caso das organizações de EPT é salutar um modelo de GC próprio, assim como políticas de armazenamento e acesso às informações contidas no RI, pois um modelo de GC retrata uma realidade complexa e será através do modelo proposto que a GC poderá se consolidar na organização, visto que para que tal feito seja concretizado se faz necessário um Plano de Implementação da GC.

Utilizar um RI neste processo é corroborar com as iniciativas do acesso aberto à informação, é oferecer soluções inovadoras para problemas corriqueiros, como elucida Leite (2009). O RI pondera: a guarda e a preservação da memória institucional; a divulgação ampliada e gratuita das pesquisas e produções realizada, entre outros.

Alberts (2002) e Leite (2009) destacam que informação científica e técnica se constituem em patrimônio público, de forma que devem estar disponíveis para a sociedade. Nesta perspectiva, os autores Johnson (2002), Weitzel (2006) e Leite (2009) destacam a relevância do RI, pois ele se apresenta como um modelo alternativo de comunicação científica, contrapondo o modelo da comunicação tradicional, em que os grandes editores detêm os direitos sobre as obras publicadas e também possibilita que toda a produção organizacional possa ser facilmente acessada e utilizada, desde que sempre seja obedecida a autoria das referidas publicações.