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O CSNU, conforme já mencionado, é um dos dois órgãos da ONU que detêm poder de decisão. Ele é composto por cinco membros permanentes e dez não-permanentes,

119 LASMAR, Jorge Mascarenhas; CASARÕES, Guilherme Stolle Paixão e. A Organização das Nações

Unidas. Belo Horizonte: Del Rey, 2006, p. 1.

120 Ibidem, p. 3-6.

121 UNITED NATIONS.Member States.Disponível em: <http://www.un.org/en/member-states/index.html>.

Acesso em: 23 out. 2017.

122 LASMAR, op. cit., p. 2. 123 Ibidem, p. 13.

estes eleitos pela Assembleia Geral a cada dois anos, conforme consignado no artigo 23 da Carta das Nações Unidas.124

São membros permanentes a República da China (China), a França, a Federação Russa (Rússia), o Reino Unido da Grã-Bretanha e a Irlanda do Norte e os Estados Unidos da América. São, atualmente, membros não-permanentes do CSNU: Bolívia, Egito, Etiópia, Itália, Japão, Cazaquistão, Senegal, Suécia, Ucrânia e Uruguai.125

As decisões do CSNU são visivelmente fundamentadas em considerações de cunho político e, nos termos do Artigo 25 da Carta das Nações Unidas, obrigam todos os Estados-membros: “Os Membros das Nações Unidas concordam em aceitar e executar as decisões do Conselho de Segurança, de acordo com a presente Carta.”126

No que tange ao processo decisório, tem-se que o Conselho deve se reunir a qualquer momento a pedido de: um Estado-membro, para qualquer controvérsia (artigo 35, 1); de um Estado não-membro, para qualquer controvérsia em que seja parte, desde que aceite as obrigações de solução pacíficas constantes na Carta (artigo 35, 2); da Assembleia Geral (artigo 11, 3); e do Secretário-Geral (artigo 99).127

O presidente do CSNU é escolhido rotativamente a cada mês e, nas votações, cada Estado-membro do Conselho tem direito a um voto. Há um sistema de votação duplo: questões processuais e não processuais.

Quando houver uma questão processual, as decisões serão tomadas pelo voto afirmativo de nove membros. Quando, no entanto, a questão não for processual, as decisões dependerão do voto afirmativo de nove membros e de votos afirmativos de todos os membros permanentes. E é nas questões não processuais – de maior relevância para a sociedade internacional – que se manifesta o poder de veto, bastante criticado por doutrinadores e por autoridades da comunidade internacional:

O direito ao veto é o reconhecimento da relação entre o direito internacional clássico e as relações públicas de poder, em um claro reconhecimento de seu desenho realista e pouco preocupado com um direito internacional voltado para a busca da justiça.128

124 ONU. Nações Unidas no Brasil.Carta da ONU. Disponível em:

<http://unicrio.org.br/img/CartadaONU_VersoInternet.pdf>. Acesso em: 12 out. 2017.

125 UNITED NATIONS.Current Members. Disponível em: <http://www.un.org/en/sc/members/>. Acesso em:

23 out. 2017. Original em inglês.

126 ONU. op. cit. 127 Ibidem.

128 LASMAR, Jorge Mascarenhas; CASARÕES, Guilherme Stolle Paixão e. A Organização das Nações

O veto é a melhor expressão de poder dentro do CSNU, ao qual Lasmar e Casarões se referem como eixo do debate político da ONU. Seitenfus, acerca do poder de vetar, lembra que “o peso de cada Estado-Membro é de fundamental importância no processo de tomada de decisões” e que um único voto é capaz de impedir o funcionamento do sistema.

129

O CSNU é responsável, em suma, por verificar a existência de ameaça à paz ou ruptura desta ou ato de agressão e adotar medidas concretas para o restabelecimento da paz e da segurança internacionais.130

Dentre suas competências, destacam-se: regulamentação de armamentos; apreciar as questões que envolvam ameaça à paz e a segurança internacionais; intervenção em situações de crise política e militar; votar a exclusão de membros; investigar situações que possam vir a criar conflitos internacionais; buscar solucionar controvérsias internacionais; adotar medidas militares contra um agressor; e, principalmente para este trabalho: determinar a existência de uma ameaça à paz e adotar as medidas adequadas.131

Com base nos princípios constantes na Carta das Nações Unidas – todo Estado deve procurar solucionar suas controvérsias pacificamente e se abster de usar a força em suas relações internacionais – tem-se que o uso da força armada é proibido em toda e qualquer guerra, salvo nas seguintes hipóteses, em que ela é considerada lícita: em caso de legítima defesa ou caso seja autorizado pelo CSNU, que, ao tomar uma atitude nesse sentido, representa a vontade de toda a comunidade internacional.132

A mediação e a negociação dos conflitos, conforme o artigo 41 da Carta das Nações Unidas, são medidas diversas do emprego das forças armadas que o CSNU pode tomar para restabelecer a segurança internacional. No entanto, para os casos mais graves, admite-se o uso das forças armadas sim, conforme disciplina o artigo 42:

No caso de o Conselho de Segurança considerar que as medidas previstas no Artigo 41 seriam ou demonstraram que são inadequadas, poderá levar e efeito, por meio de forças aéreas, navais ou terrestres, a ação que julgar necessária para manter ou restabelecera paz e a segurança internacionais. Tal ação poderá compreender

129 SEITENFUS, Ricardo Antônio Silva. Manual das organizações internacionais.2 ed. Porto Alegre: Livraria

do Advogado, 2000, p.46-47.

130 ONU. Nações Unidas no Brasil.Carta da ONU. Disponível em:

<http://unicrio.org.br/img/CartadaONU_VersoInternet.pdf>. Acesso em: 12 out. 2017.

131 LASMAR, Jorge Mascarenhas; CASARÕES, Guilherme Stolle Paixão e. A Organização das Nações

Unidas. Belo Horizonte: Del Rey, 2006, p. 69-70.

demonstrações, bloqueios e outras operações, por parte das forças aéreas, navais ou terrestres dos Membros das Nações Unidas.133

Essa atuação mais enérgica e intervencionista já foi observada na história da ONU, de diferentes formas. Conforme apontado por Lasmar e Casarões, as intervenções realizadas na primeira década de funcionamento da ONU consistiram na formação de forças armadas integradas sob um comando militar e em missões de observação (observadores militares não armados). Essas missões exigiam neutralidade, consentimento do Estado em que seriam realizadas as operações e não-utilização da força armada pelas tropas da ONU, salvo em caso de legítima defesa. 134

Porém, com as mudanças no cenário internacional, principalmente no que tange à multiplicação de conflitos armados internos envolvendo grupos não vinculados aos Estados, as operações de paz precisaram ser diversificadas:

As mudanças ocorridas no cenário internacional vieram acompanhadas da proliferação de conflitos internos envolvendo, cada vez mais, grupos armados que não integram o efetivo direito dos exércitos regulares. Esses conflitos, que têm características políticas diferentes dos conflitos interestatais clássicos, colocaram em xeque a eficiência das operações de manutenção da paz [...]135

Nas palavras de Bierrenbach, o fim da Guerra Fria ampliou as possibilidades de atuação do CSNU, uma vez que as disputas ideológicas e a confrontação bipolar que paralisavam a atuação do órgão cederam lugar a conflitos armados, motivados por diferenças étnicas e raciais, além de interesses econômicos. A ONU, então, passou a atuar progressivamente em conflitos domésticos, colocando-se entre os grupos armados rivais para garantir a paz e a segurança regionais.136

Ocorre que a atuação de uma organização internacional em uma conjuntura que não ultrapassa as barreiras de um único Estado gera controvérsias: de um lado, fala-se da afronta à soberania estatal; do outro, defende-se a condição de potência protetora que a Organização ostenta, argumentando por sua responsabilidade como garantidora da paz e da segurança internacionais. E violações do DIH podem constituir ameaça a ambos.

133 ONU. Nações Unidas no Brasil.Carta da ONU. Disponível em:

<http://unicrio.org.br/img/CartadaONU_VersoInternet.pdf>. Acesso em: 12 out. 2017.

134 LASMAR, Jorge Mascarenhas; CASARÕES, Guilherme Stolle Paixão e. A Organização das Nações

Unidas. Belo Horizonte: Del Rey, 2006, p. 70-73.

135 Ibidem, p. 72.

136 BIERRENBACH, Ana Maria. O conceito de responsabilidade de proteger e o direito internacional

3.2 INTERVENÇÃO HUMANITÁRIA E RESPONSABILIDADE DE PROTEGER

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