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Conselho escolar ou colegiado

No documento Escola e participação (páginas 73-76)

Capítulo 2 Gestão Democrática e Participação Escolar de Docentes

2.13 Órgãos que auxiliam a efetivar a gestão democrática

2.13.1 Conselho escolar ou colegiado

Outro órgão se suma importância na construção de uma gestão democrática são os Conselhos Escolares ou Colegiados, que tem como objetivo dar suporte e estimular praticas participativas em todas as esferas da escola, pois sua composição é feita por todas as pessoas que compõem a comunidade escolar, como: pais, professores, alunos, funcionários etc. mas nesse contexto todos aos membros desse conselho necessitam ter acesso aos dados e informações que auxiliem a compreender a realidade escolar.

O Conselho Escolar é o órgão de poder importante, pois é entendido como um espaço de descentralização do poder, quando se garante maior participação e diálogo, que tem como resultantes decisões conjuntas que reforçam as relações participativas e transformadoras dos sujeitos da escola e decisões sobre os destinos da escola, liderando a definição de seu perfil, missão, linhas pedagógicas, valores e princípios, bem como sobre os problemas educacionais em geral que afligem e dinamizam o cotidiano. Criar, formar, fortalecer e consolidar esse conselho em cada escola pública brasileira é tarefa dos gestores e de toda a comunidade escolar interessada na qualidade do ensino, ao lado dele deve também ser estimulada a criação, funcionamento e fortalecimento de outros órgãos colegiados, parceiros como o Conselho de Classe, Associação de Pais e Mestres (APM).

Os Conselhos Escolares concebido pela LDB como uma das estratégias de gestão democrática da escola pública, tem como pressuposto o exercício de poder, pela participação, das “comunidades escolar e local”,art. 14. Sua atribuição é deliberar, nos casos de sua competência, e “aconselhar” os dirigentes em nome de sociedade (Ministério da Educação, 2004).

Para Maia e Bogoni (2008) o Conselho Escolar é aquele órgão que diante da lei, tem o dever de coordenar a gestão escolar em seu cotidiano (mas que se formos para a realidade este quase sempre está atrelado à vontade do diretor); dessa forma, o Conselho será o órgão responsável por estudar, planejar, deliberar, acompanhar e controlar a avaliação dos atos da escola, não apenas no campo pedagógico, como também no administrativo e financeiro.

Podemos observar que no interior dos conselhos escolares como assevera Abranches (2003), as discussões tem como temas recorrentes três aspectos: financeiro – que dizem respeito a decisões sobre uso de verbas da escola, prestação de contas, formas de administrar verbas provenientes de alguma parceria com empresas ou ONGs; financeiro – norteadas por questões relacionadas a eleição de diretores, gerencia e reivindicação de interferência na infra-estrutura, preparação do regimento interno da escola, coordenação de festas e eventos da instituição escolar ; pedagógicos – se relaciona com assuntos referentes com a apresentação, aprovação de projetos pedagógicos, elaborar o projeto político-pedagógico e resolver situações conflitantes entre professores, alunos e responsáveis.

Acerca das decisões tomadas pelo Conselho Escolar, Werle (2003, p. 102) nos coloca:

Os conselhos escolares adquirem vida e forma material nas articulações relacionais entre os atores sociais que os compõem; na forma como pais, alunos, professores, funcionários e Direção apropriam-se do espaço do conselho, enquanto o constroem, de maneira dinâmica e conflitiva.

Contudo apenas a participação não é o único meio de garantir uma gestão democrática, nesse processo é imprescindível que os componentes do Conselho Escolar tenham em mente que ao participar da tomada de decisões democraticamente o que deve pesar são as necessidades coletivas e dessa forma tentar evitar dirigir suas ações baseados em interesses individuais. O Conselho existe para dizer aos dirigentes o que a comunidade quer da escola e, no âmbito de sua competência, o que deve ser feito. Quanto à natureza do Conselho Escolar, pode ser:

- Deliberativa quando se refere à tomada de decisão relativas às diretrizes e linhas gerais das ações pedagogias, administrativos e financeiros quanto ao direcionamento das políticas públicas, desenvolvidas no âmbito escolar.

- Consultiva refere-se à emissão de pareceres para diminuir dúvidas e tomar decisões as questões pedagógicas, administrativa e financeiras, no âmbito de sua competência.

- Avaliação quando se refere ao acompanhamento sistemático das ações educativas desenvolvidas pela unidade escolar, objetivando a identificação de problemas alternativas para melhoria de seu desempenho, garantindo o cumprimento das normas da escola, bem como a qualidade social da instituição escolar.

- Fiscalizadora quando se refere ao acompanhamento e fiscalização da gestão pedagógica, administrativa financeira da unidade escolar, garantindo a legitimidade de suas ações (Ministério da Educação, 2004, p.56).

Os Conselhos não falam pelos dirigentes (governos), mas aos dirigentes em nome da sociedade. Por isso, para poder falar da comunidade (escolar e local), desde os diferentes pontos de vista, a composição dos conselhos precisa representar a diversidade, a pluralidade das vozes de sua comunidade. A visão do todo requer um ponto de vista desde os diferentes pontos: da direção, dos professores, dos funcionários, dos pais, dos estudantes e de outros atores sociais aos quais a escola também pertence.

Trata-se de um mecanismo largamente utilizado pelos sistemas de ensino como expressão de gestão democrática. Segundo Luck (2009, p.66):

Um órgão colegiado escolar constitui em um mecanismo de gestão da escola que tem por objetivo auxiliar na tomada de decisão em todas as áreas de atuação, procurando diferentes meios para se alcançar o objetivo de ajudar o estabelecimento de ensino, em todos os seus aspectos, pela participação de modo imperativo de pais, professores e funcionários.

Apesar dos Colegiados Escolares serem constituídos por representações dos diferentes segmentos que compõem a comunidade escolar, há uma visão geral de que essas instâncias organizadas buscam o bem comum e não vantagens e benefícios para as facções representadas.

A prática e as avaliações dos próprios sistemas de ensino têm demonstrado, no entanto, que, muitas vezes, os objetivos dos diferentes segmentos não se harmonizam, sendo necessários buscar a formação colegial da decisão por maioria, com o consequente compromisso de acatamento por parte dos membros vencidos. Na visão de Abranches (2003, p. 53):

Os órgãos colegiados têm possibilidades a implementação de novas formas de gestão por meio de um modelo de administração coletiva, em que todos participam dos processos decisórios e de acompanhamento, execução e avaliação das ações nas unidades escolares, envolvendo as questões administrativas, financeiras e pedagógicas.

Na visão da autora citada, há indicações de que a participação de pais em instâncias organizadas externas à escola é capaz de outra qualidade ao funcionamento dos colegiados, o que pode indicar a necessidade de uma melhor articulação entre a escola e essas associações da comunidade onde se situam.

No documento Escola e participação (páginas 73-76)