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Governo Pedro Neiva de Santana

No documento Escola e participação (páginas 91-94)

Capítulo 3 A Educação Maranhense

3.2 Governo Pedro Neiva de Santana

Pedro Neiva de Santana no setor educacional deu continuidade às políticas iniciadas por José Sarney, houve somente a reformulação de um projeto (João de Barro) e ênfase a outros como o CEMA (Centro Educacional do Maranhão). O Governador Pedro Neiva apresentou no plano de governo (vol. I), uma vez que seu plano era composto por dois volumes, dados que não se teve acesso no governo José Sarney na área da educação referente ao ano de 1968. Segundo estes, houve uma melhoria geral no setor educacional, em comparação com os dados de 1958. Pode se inferir que a nível de discurso, apesar das dificuldades apresentadas, existiu sempre uma busca por soluções, quantificada com o crescimento no número de escolas, de matriculas e do corpo docente, no ensino primário, no ensino médio e ensino superior.

Antes, porém, de se considerar essas informações serão apresentados os objetivos para o setor educacional. Sobre os objetivos do Governo, Pedro Neiva destacou a promoção do progresso do Maranhão através de um processo auto- sustentável de crescimento econômico global, pelo desenvolvimento do Setor Primário. Para atingir os objetivos propostos, o tipo de educação definida foi a

profissionalizante que preparava mão de obra para o mercado, conforme as orientações econômicas do Governo Federal, e seria promovida pelo Programa Estadual de Educação (Plano de Governo, vol. II, p.105 apud Costa, 2008, p. 50).

Em relação às diretrizes apresentadas pelo Programa Estadual de Educação, convém destacar dois aspectos que mais uma vez evidenciam a preocupação com a formação para o trabalho, o primeiro: “... deve ser dada prioridade, nos dois primeiros anos, à educação dos adolescentes e adultos que já estão engajados ou se engajarão proximamente na força de trabalho” (Plano de Governo, vol. II, p.105 apud Costa, 2008, p. 50).

O tipo de educação oferecida pelo governo residia em preparar o homem para mão de obra, daí o interesse em priorizar quem estava mais próximo de contribuir com o desenvolvimento de uma minoria (empresários e latifundiários).

O segundo aspecto: “A educação de adolescentes e adultos, em particular aquela voltada para a formação de mão de obra para o desenvolvimento, antes de tudo deve ser informada de uma verdadeira filosofia de vida, tornando-se assim um veículo de comunicação da política do Governo...” (Plano de Governo, vol. II, p.106

apud Costa, 2008, p. 50). Mais uma vez era perceptível a continuidade no setor

educacional do governo Sarney, pois a ideologia do governo era obrigatoriamente transmitida através do ensino, dando-se ênfase na ação governamental para o desenvolvimento e da importância do indivíduo nessa construção do Estado.

Para obter êxito foram criados subprogramas como: Reforma e Integração do Sistema Educacional do Estado, que visava organizar o “sistema educacional estadual, mediante a conjugação harmoniosa das diversas esferas do Poder Público entre si e com a iniciativa particular na área da educação” (Plano de Governo, vol. II, p. 109 apud Costa, 2008, p. 50). O Estado desejava ter o controle sobre o tipo de ensino e os recursos que adentravam na área de educação, além de subsidiar a iniciativa privada, porém, dividindo a responsabilidade do ensino com a mesma, principalmente o ensino médio, o que já vinha ocorrendo desde o governo Newton Bello, e tendo continuidade nos governos de José Sarney e Pedro Neiva.

Outro subprograma anunciado foi batizado de Educação Fundamental e de 2º Grau cujo objetivo era:

a reforma dos ensinos primários e médio, que se encontram inteiramente desvinculados da realidade brasileira, distantes dos objetivos que lhe são próprios, envolve uma completa modificação da situação atual, ou seja, a

implantação de uma nova filosofia e de uma nova política de educação, mudança de métodos e técnicas até agora adotados, ampliação e melhoria da rede de prédios escolares para que atendam, a médio prazo, a demanda potencial de matriculas, agora ainda mais ampliada pela extensão da obrigatoriedade a oito anos de escolarização, garantida pela educação fundamental” (Plano de Governo, vol. II, p. 111 apud Costa, 2008, p. 51).

A afirmação de que o ensino ofertado não condizia com a realidade (industrialização), estava diretamente relacionada com o novo Regime e seus interesses, e nos objetivos que lhe eram próprios, quais sejam, as metas do setor econômico desse período. No Maranhão o que ocorreu foi uma intensificação do modelo de ensino que vinha sendo formulado desde o governo Newton Bello, através da execução do Plano Trienal de Educação, que não levou em consideração os problemas educacionais locais, conforme nos mostra Bonfim: no caso do Maranhão, a própria introdução de técnicas de planificação no setor educacional, já apareceria atrelada a diretrizes traçadas pelo “Acordo MEC/USAID”; portanto, desde os primeiros arremessos, estava o planejamento comprometido com ações externas, visto que ele não despontaria de solicitações inerentes ao sistema de educação local. (1985, p.58

apud Costa, 2008, p. 51).

O subprograma 03 referia-se ao Incremento da Educação não-Convencional, esse programa visou “o emprego de novas tecnologias educacionais e outros meios inovadores para fazer face aos graves problemas de distribuição rarefeita da população rural e da demanda acumulada de escolarização para o nível médio” (Plano de Governo, vol. II, p.112 apud Costa, 2008, p. 51). Como exemplos de meios não convencionais implantados no Estado tiveram-se escolas João de Barro, Ginásios Bandeirantes, Escolas-Fazendas e a TV-Educativa. O tipo de ensino oferecido nessas instituições era direcionado para formação da força de trabalho de adolescentes e adultos, podendo ser comprovado pelas seguintes palavras:

A prioridade conferida ao desenvolvimento do Setor Primário, dentro da programação governamental para os quatro anos, torna, por outro lado, imprescindível o incremento da educação de adolescentes e adultos – o contingente disponível de mão de obra rural já integrado ou prestes a se integrar na força de trabalho... Assim o investimento na educação desta massa rural oferecerá rentabilidade a curto e médio prazos, repercutindo significativamente no crescimento da produção do setor agropecuário. (vol. II, p.112 apud Costa, 2008, p. 52).

Quanto ao subprograma quatro por conveniência será analisado dentro do tópico ensino superior, passa-se ao antepenúltimo programa que compõe o Plano de Governo na área educacional. Este tratava da Melhoria das Condições de Remuneração do Magistério cuja meta “é a fixação de uma política salarial que atenda as necessidades e aspirações do Magistério”. (Plano de Governo, vol. II. p. 118 apud Costa, 2008, p. 52). Infelizmente, ficou no discurso a adoção de tais políticas. O penúltimo programa era de Assistência ao Escolar, cujo objetivo era dar “suporte ao desenvolvimento físico e intelectual da criança maranhense que, de um modo geral apresenta um quadro carencial dos mais graves”. (Plano de Governo, vol. II. p.119

apud Costa, 2008, p. 52); O último programa do governo foi o de Incentivo à Cultura

e ao Esporte.

No documento Escola e participação (páginas 91-94)