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Conselho Escolar como parte dos Novos Movimentos Sociais: participação, emancipação e identidade

O CONSELHO ESCOLAR: HISTÓRIA DA PARTICIPAÇÃO E SEU LUGAR CENÁRIO DE LUTAS SOCIAIS NO BRASIL NO SÉCULO

2.1 Conselho Escolar como parte dos Novos Movimentos Sociais: participação, emancipação e identidade

Nas sociedades contemporâneas, há indícios de uma insatisfação com a democracia representativa que se nota nos últimos anos, pelo fato de os cidadãos desejarem muito mais fazer e tomar parte das decisões em âmbito global e local o que gera consequências diretas na vida das comunidades e modifica suas estruturas comprometendo seus rumos.

Provavelmente, ficará evidente, nesta leitura, que há uma sensibilidade política na compreensão da validade dos dois processos, emboraexista uma imagem que emerge dos processos político-sociais contemporâneos que demonstra uma coerência mais evidente nas ações democráticas efetivas e não representativas.

Esta concepção de participação social é identificada como possível em duas dimensões básicas: a dimensão Microssocial e a Macrossocial. É importante tratar de cada uma delas neste momento. Fazemos este registro como forma de esclarecimento por compreender que há uma construção sui generis a partir de cada uma destas formas de participação.

A primeira forma é caracterizada pela sustentação em pilares intrasubjetivos e na maneira como os sujeitos constroem ações para satisfazer em médio e longo prazo suas necessidades, utilizando, como instrumentos de participação, as organizações comunitárias, as associações de bairro, de pais e mãesativos nas periferias do Brasil.

Especificamente, no nordeste, em associações comerciais, as comunidades religiosas, e ainda, como forma de especificar o nosso campo e objeto de estudo, em nível institucional, identificamos o espaço escolar e junto a este espaço, os Conselhos Escolares (CE) como colegiados integrados, interativos, plurais, polifônicos. Esta polifonia de que fazemos alusão traduz a multiplicidade de vozes e possibilidades de tomadas de decisão em núcleos alternativos dentro de uma instituição do Estado.

Esta forma de participação (nos Conselhos) aproxima-se do que vamos identificar como Participação Microssocial, resultado de mobilização comunitária. Esta concepção nos possibilita analisar o tema como vinculado a interesses públicos e com forte tendência à ruptura com os anseios individuais e movidos por desejos intrasubjetivos.

A troca direcionada, consciente, racionalizada de ideais, de leituras e compreensões de mundo, de objetivos comuns, somado ao direcionamento da ação para a transformação local e global determina a noção de participação social vinculado à produção, gerência e usufruto de bens coletivos. Uma sociedade participativa seria, então, aquela em que todos os cidadãos têm parte neste processo maior.

Numa sociedade democrática, todas as instituições estariam organizadas para este fim, para tornar prático o princípio da participação social. O que torna a construção deste tipo de sociedade na, contemporaneidade, uma utopia-força que dá sentido a todas microparticipações (Bordenave, 1994).

Nesse sentido, as participações na família, nas associações, nos movimentos religiosos, nos encontros e nas organizações da juventude, no trabalho, nos partidos políticos, no esporte, na comunidade e, mais especificamente, na escola, constituiriam a aprendizagem e o caminho para a participação em nível macro, numa sociedade que caminha para retirar da marginalidade os diversos segmentos que compõem a sociedade ocidental, singularmente a brasileira.

2.2 Diversos Olhares sobre “Participação”

Para explicitação dos fundamentos em torno da participação como ordenamento nos Conselhos, apresentamos aqui uma interpretação sobre as possibilidades e os tipos de participação a partir das referências e perspectivas de Bordenave (1994) e Castells (1999), além de fazer uso da abordagem histórico da participação em estados com orientação republicana e liberal.

Bordenave (1994) distingue formas específicas de participação em sociedades organizadas, que são: a participação de fato, a espontânea, a imposta, a voluntária, a provocada e a participação concedida.

O primeiro tipo é a participação de fato, é aquela praticada desde o começo da humanidade, quer no seio da família nuclear e do clã, quer nas tarefas de subsistência, isto é, a prática da caça, pesca, agricultura ou aquela praticada no culto religioso ou ainda na recreação ou mesmo na defesa contra inimigos. É a participação que identificamos aqui como condição de existência social.

Existir, na sociedade, pressupõe estar internalizando um conjunto de elementos simbólicos, traduzidos como elementos culturalmente definidos, por vezes, elementos anteriores ao sujeito que fundamentam a tradição, os princípios familiares, os primeiros vínculos que dão ao sujeito a compreensão de fazer parte de um grupo social.

Para alguns autores já citados, este processo é compreendido como o de socialização primária: a noção de o “Outro em mim”, ou ainda de: “para ser sujeito eu participo do processo de subjetivação da realidade, internalização de significados, símbolos e comportamentos”, ou seja, não há existência sem a vivência intersubjetiva.

É estabelecido entre os indivíduos um tipo de relação, um nexo de motivações que vai se estender para o futuro. Ou seja, não é possível a existência sem participar do mundo do/com o outro. Somente depois de ter realizado este nível de interiorização é que o indivíduo se torna membro de uma sociedade.

Muito embora haja uma discussão contemporânea que sinaliza a existência social bem antes da participação efetiva na construção e definição dos rumos da sociedade. Nessas análises, o ser humano faria parte desta ideia de pertença mesmo estando na condição de indivíduo em formação na dimensão uterina.

Um forma de existência que, pelo contato direto com a mãe (através da dependência alimentar e afetiva), se estabelece como existência real, internalizando características da comunidade que o circunda e que lhe servirá como espaço de re-significação.

O segundo tipo é a participação Espontânea que é aquela sem organização, estável ou com propósitos claros e definidos, a não ser os da satisfação de necessidades psicológicas de pertença, expressar-se, receber e dar afeto ou ainda para obter reconhecimento e prestígio. Esse tipo de participação espontânea leva os homens a formarem tipos de grupos que Bordenave (1994) chama de “grupos fluidos”.

No terceiro tipo, a participação imposta, o indivíduo é obrigado a fazer parte de grupos e a realizar certas atividades consideradas indispensáveis. Exemplificando este tipo de participação, pode-se lembrar das tribos indígenas que obrigam os jovens a submeterem-se a cerimônias e rituais, como também as sociedades mais estratificadas possuem seus próprios ritos de passagem e pertença.

Na participação voluntária, quarto tipo de participação, o grupo é criado pelos próprios participantes. Os membros do grupo definem sua própria organização, estabelecendo seus próprios objetivos e métodos de trabalho.

O autor acima cita, como exemplo, os sindicatos, as associações profissionais, as cooperativas e os partidos políticos ou ainda o de participar de um negócio seja como sócio ou como gerente. Diz ainda que esse tipo de envolvimento nem sempre surge de iniciativas dos membros do grupo. Esse modelo de participação pode ser provocado/vivenciado por agentes externos, ou internamente como estratégia para realizar objetivos comuns ou sua manipulação.

Por último, a participação concedida. Nesta, o grupo viria a ser parte do poder ou da influência exercida pelo próprio grupo aos seus dominantes. Cita o autor, o “planejamento participativo” como exemplo de participação concedida. Independentemente da ideologia dominante que objetiva manter o envolvimento do indivíduo restrito aos grupos e a local de

trabalho, à paróquia, às cooperativas de modo a criar uma “ilusão de participação” política e social. Essa participação encerra em si mesmo um potencial de crescimento de consciência crítica e da capacidade de tomar decisões e de adquirir poder. Em síntese, nas palavras do autor:

A participação é o caminho natural para o homem exprimir sua tendência inata de realizar e fazer coisas e dominar a natureza e o mundo. Além disso, sua prática envolve a satisfação de outras necessidades não menos básicas tais como a interação com os demais homens, a auto-expressão, o desenvolvimento do pensamento reflexivo, o prazer de criar e recriar coisas e ainda, a valorização de si mesmo pelos outros (BORDENAVE, 1994:16).

Segundo o exposto, é válido considerar que a participação social possui duas bases sólidas e complementares: a primeira, chamada pelo autor de Necessidade de Participação como ação existencial afetiva: a busca de fazer as coisas com o outro para satisfação pessoal e do grupo, sem uma noção utilitarista de fazer algo para conseguir uma resposta eficiente para um tipo de empreendimento coletivo, mas fazer algo na coletividade porque é possível sentir- se melhor no ato coletivo e há uma noção de segurança.

A segunda base se estrutura na concepção utilitarista do termo: fazer algo em conjunto possibilita uma ação mais eficiente e mais eficaz do que fazer sozinho: a base Instrumental.

Como forma de circunscrevermos o eixo de nossa argumentação e focalizarmos o objeto de pesquisa, utilizaremos essas duas bases conceituais para compreendermos como a ação participativa pode provocar alterações no comportamento de uma comunidade e, ao mesmo tempo, criar mecanismo de alteração na formação identitária e nos papéis sociais do sujeito.

Desse modo, a reflexão sobre participação precisa ser entendida como o resgate da ação coletiva e deve levar-nos à compreensão das lutas sociais por acesso aos direitos sociais e à cidadania. Nesse sentido, a participação é, também, luta por melhores condições de vida e pelos benefícios dos processos civilizatórios.

Ainda no campo de análise conceitual, o estudo sobre os processos participativos que envolvem coletivos organizados nos remete a pensar a própria função atribuída à participação ao longo do tempo.

Faremos essa análise breve como forma de contextualizar o que chamaremos de ápice da ação coletiva, na acepção de Touraine (1989) ou a grande manifestação da ação coordenada dos movimentos sociais em busca de ampliação do nível de intervenção, divulgação de ações e o estabelecimento de diálogo em torno de direitos sociais.

Contextualizaremos o termo para tratarmos de um evento que aconteceu no Brasil e que reúne uma significativa quantidade de representantes de movimentos sociais de todo o mundo: o Fórum Social Mundial, ao qual atribuímos grande influência sobre a estruturação e ampliação das formas organizadas de participação civil nas estruturas do Estado e, especificamente, na definição do caráter político-social das escolas, alterando a identidade da gestão institucional através da participação dos populares nos Conselhos Escolares. Seguiremos a análise histórica e, em seguida, demonstraremos como o modelo de gestão por Conselhos se tornou referência nas sociedades democráticas.

Em termos de análise conceitual e cronológica, na modernidade, poderíamos localizar a participação como campo de intervenção direta, nos termos gregos, até o contexto do século XVIII com as formulações de J.J. Rousseau, bem como as formulações dos teóricos liberais como Jonh Sturat Mill, G.D.H. Cole e Alexis de Tocqueville, quando na análise do modelo de democracia nos Estados Unidos (mesmo considerando que o caso norte-americano possui singularidades que não permite colocar sob o mesmo pilar revolucionário ou de participação popular direta já caracterizado).

Além desses intelectuais do século XVIII, temos, na abertura do século XIX, as formulações dos socialistas utópicos e os socialistas libertários, principalmente Proudhon e Kropkin. Na mesma linha, Marx e Engels deram origem a uma tradição analítica que gerou um paradigma.

Na análise de Gonh (2003), o século XX viu a ampliação do leque de autores que seguiram esta última corrente e os autores que se destacam nesta linha são Lenin e Rosa Luxemburgo sobre os conselhos de operários alemães e sobre as manifestações e participação das massas. Além desses autores, outros exemplos podem ser destacados ao longo da segunda metade do século XX.

Na teoria clássica do pensamento social, Jean Jacques Rousseau pode ser entendido como a referência para pensar o significado da participação popular na busca de redefinição de modelos políticos. O teórico que definiu o bem público como referência para ação da comunidade e diferenciou aqueles que direcionam seu interesse para a dimensão privada daqueles que, ao contrário, tem a coisa pública como objeto de luta, envolvimento e interesse. Para este autor, o cidadão só pode ser assim identificado quando quer o bem geral e não o seu bem particular. A participação, além de exercer papel determinante no campo coletivo, é também referência para pensar a construção do próprio cidadão, o agente da ação. Nesse caso, essa atividade tem dupla direção: sobre os efeitos sobre o sistema social e sobre os efeitos sobre o próprio sujeito.

A participação, portanto, é uma evidência da não alienação e elemento constituinte dos valores como liberdade, verdade, cooperação, além de permitir ao sujeito a experiência democrática efetiva.

Do mesmo modo, na perspectiva liberal é possível destacar a abordagem de Jonh Stuart Mill quando este se preocupa com o desenvolvimento mental de uma comunidade e vê a possibilidade deste desenvolvimento se expressar em ações que denotem um espírito público, com caráter ativo dos indivíduos, no contexto de instituições populares participativas.

Na análise de Gonh (2003) “Mill encara a função educativa da participação quase nos mesmos termos de Rousseau. Quando o indivíduo se ocupa somente de seus assuntos privados, argumenta, e não participa das questões públicas, sua auto-estima é afetada, assim como permanecem sem desenvolvimento suas capacidades para uma ação pública responsável”. Para este autor, o melhor luar para a aprendizagem da participação é o nível local, sendo este nível, para o autor, onde se aprende a se autogovernar e aprende sobre democracia.

Alexis de Tocqueville, na análise da democracia nos Estados Unidos no século XIX, em sua obra A Democracia na América, exaltou o modelo francês da Comuna como sendo a grande força dos homens livres, onde estes exercem a força dos poderes sociais. Na interpretação de Gonh (2003:24)

Mesmo se referindo a um sistema que existiu nos Estados Unidos no século XIX, o que se observa é um intricado sistema de participação representativo,que ia da comuna ao poder central, passando pelos condados. Acreditando na democracia como uma maneira de ser da sociedade, e poder no “império da lei”, a soberania do povo é vista como uma forma de governo, e o estado social democrático como inevitável [...] para evitar a centralização, o despotismo e o individualismo Tocqueville recomenda um esforço na formação dos próprios cidadãos como portadores de um caráter livre [...] uma nova ciência política que inclua em suas tarefas educar a democracia mediante a formação de homens independentes e capazes, no pleno sentido do termo, de autogoverno.

A análise do século XVIII pode ser entendida como a doutrina mais consistente de participação popular na definição de políticas e formas de governabilidade. Porém, no contexto marxista, do século XIX, podemos identificar as formas de apropriação do Estado pelos populares sob a égide de uma leitura tradicional que impulsionou intelectuais e comunidades na interpretação das formas de dominação institucional sobre a sociedade, conduzindo assim, a uma reinvenção dos modelos de estado e tornando as décadas seguintes até a primeira metade do século XX, um tempo de grandes mudanças nos modelos de

organização política no ocidente. Entram, em cena, novos conceitos como os de lutas e movimentos sociais.

Esses conceitos nos remetem a pensar os objetos de lutas e elementos de organização, mobilização e envolvimento das pessoas em movimentos estruturados, sob o prisma do marxismo, em torno de transformações nas condições materiais existentes na realidadesocial, de carências econômicas e/ou opressão sociopolítica e cultural. Sobre essa realidade, a análise dos movimentos sociais, do ponto de vista marxista, supõe um engajamento popular na perspectiva de mudanças estruturais e alcance de direitos sociais.

Não se trata do estudo das revoluções em si, mas do processo de luta histórica de classes e camadas sociais em estado de subordinação. As modificações e as revoluções, nessa ótica, acontecem quando há uma ruptura da “ordem” dominante, da hegemonia de classe, do poder das elites e confrontação das forças sociopolíticas em luta, ofensivas ou defensivas.

Dos elementos conceituais apresentados até aqui, depreendem-se alguns conceitos de participação, entre os vários presentes nos estudos sociológicos, escolares e políticos, destacamos como forma de complementação e aprofundamento os conceitos de Bobbio (1986), Outhwaite e Bottomore (1993) e Freire (1986).

Para estes autores, o termo participação, apesar da ambiguidade presente na construção conceitual e advindo do contexto social, contexto de manifestação, pode ser entendido como lugar comum de agregação da força e das intenções de grupos sociais destacados e definidos por interesses comuns, envolvidos na ação que responde muito mais ao interesse de classe do que o interesse individual. O dicionário de política de Noberto Bobbio esclarece que:

O termo participação se acomoda também a diferentes interpretações, já que se pode participar, ou tomar parte nalguma coisa, de modo bem diferente, desde a condição de simples espectador, mas ou menos marginal à de protagonista de destaque (1986:888).

Seguindo a mesma linha de reflexão, Outhwiaite & Bottomore (1993:558) no “Dicionário do Pensamento Social do século XX”, apresentam o conceito da seguinte forma:

[...] é um conceito ambíguo nas ciências sociais,pode ter um significado forte e fraco [...] o princípio da participação é tão antigo quanto a própria democracia, mas se tornou imensamente mais difícil em conseqüência da escala de abrangência do governo moderno, bem como pela necessidade de

decisões precisas e rápidas- como omissão é motivo de protesto por parte dos que exigem maior participação.

Do mesmo modo, no campo da sociologia, o termo em análise sublinha a possibilidade de integração ao grupo. Nesse caso, participar significa objetivamente estar incluído, fazer parte, o contrário é verdadeiro e, para isso, tem mais significado para determinação da integração dos grupos sociais, dos movimentos sociais do que as políticas públicas voltadas ao emprego precário ou mesmo as políticas de caráter assistencialistas.

Por fim, seguindo a linha freiriana de análise do termo no campo educacional, Bordenave (1994:32) ainda dispõe do conceito da seguinte maneira:

[...] Participação na criação do conhecimento, de um novo conhecimento, participação na determinação das necessidades essenciais da comunidade, participação na busca de soluções e, sobretudo, na transformação da realidade. Participação de todos aqueles que tomam parte no processo de educação e de desenvolvimento.

Esta forma de conceber a educação como objeto dos movimentos e dos processos participativos, do mesmo modo como um conjunto sistemático de concepções, imagens e comportamentos que se desenvolvem no interior de um grupo social determinado se relaciona diretamente com a estrutura da sociedade que temos. Não obstante, as contradições em torno dos objetivos educacionais, a educação tem sido, ao longo da história, elemento de estratégica importância na construção de consensos e de perfis na composição do sistema social.

Sobre esta realidade e considerando o potencial visto na educação, entendemos que o princípio formativo, intencionalmente formulado, lança as bases para a construção de sujeitos que respondem a tipos ideais em cada momento da história e em cada contexto que envolve um coletivo.

Nesse caso, a objetivação em torno do processo educativo mira a inserção dos sujeitos no curso da história, ora com a intenção de intervir, ora com a intenção de apenas definir um comportamento de adequação à ordem evidente.

No percurso dos estudos da sociedade contemporânea, entendemos que a educação tem assumido (ou tornado evidente) o papel de campo de conflitos de interesse, sobretudo pelo poder que esta possui de gerar consensos e formação com propósitos previamente definidos.

Nesse campo, além dos espaços institucionalizados, as escolas e os institutos de caráter estatal, a educação tem encontrado, nos movimentos de organização popular, um

espaço de desenvolvimento singular. A exemplo dessa realidade, entendemos que movimentos como as organizações populares em torno de distribuição de renda e terra, moradia e trabalho utilizam formas de poder que subtraem dos sujeitos suas potencialidades na tomada de decisão e na ruptura da tradição.

O entendimento sobre os processos de mobilização social em torno da construção de novos referenciais de governabilidade, redefinições dos modelos de gerência das instituições de Estado, bem como a luta engajada em torno da conquista e efetivação dos direitos sociais, reestruturação e distribuição econômica e, por fim, as formas de convivência e uso dos recursos naturais estão na origem dos fundamentos da organização e presença dos Conselhos gestores.

Mais especificamente, esta forma de participação popular como alternativa para o diálogo Estado e Sociedade, foi vista com mais ênfase na constituição de um dos eventos que