O Conselho Estadual de Desporto do Rio Grande do Norte está fechado atualmente e não há nenhum tipo de informação ou posicionamento quanto a sua funcionalidade. No site do Governo do Estado não há informação atual, e em contato através do telefone oficial disponível no site, não há representante legal para a pasta do esporte, e não sabem informar sobre a existência do conselho.
Existem poucas reportagens no site do Governo do Estado, e uma delas está disponível nos arquivos, o qual informa sobre a eleição para presidente do conselho no ano de 2015. Sobre o período que ele esteve inativo, não se tem informações nos sites oficiais sobre o tempo que o conselho esteve nesta situação, e o que foi discutido.
O site oficial do Governo do Estado3, na página da Secretaria de Estado de Esporte e Lazer - SEEL não possui informações sobre como funcionava o conselho e sua estrutura. No decreto 16.654 de dezembro de 2002, onde foi normatizado providencias e orientações para a criação da política de desporto do estado, o documento cita que o órgão colegiado possui caráter consultivo, normativo e deliberativo, em matéria de desporto, vinculado à Secretaria de Estado de Educação, Cultura e Desportos.
Este estudo levantou diversos fatos que corroboraram para a importância de um conselho que seja normativo, consultivo e deliberativo quanto as políticas locais, especificamente a de esporte, tratado neste estudo. Mas, a realidade precisa ser investigada para que se compreenda o que tem acontecido na prática, e como tem
acontecido. A existência concreta, de um conselho voltado para as políticas de esporte e lazer, tanto a nível federal, estadual e municipal, torna-se um elemento importante para a construção, deliberação e efetivação das políticas públicas voltadas para o setor (MEZZADRI, 2006; CASTELLANI FILHO, 2006, 2007; STAREPRAVO, 2007; BONALUME, 2009; WERLE, 2010).
Deste modo, a pesquisa não pode ir a campo em busca de dados concretos, pois o prédio onde funcionava a antiga pasta de esporte (SEEL), encontra-se fechada, e em contato com o setor administrativo do Governo do Estado nos meses de março e abril, foi informado que o conselho já não funcionava há muito tempo, e que até o momento não se possuía representante para a pasta de esporte.
Os dados recolhidos até o momento, em estudos teóricos, demonstram que o Conselho possui a estrutura normativa baseada na Lei nº 7.133 de 13 de janeiro de 1998, e ainda com o decreto 16.654 de dezembro de 2002, onde é estabelecido normas e diretrizes para a criação da política estadual, onde o CED seria responsável pelo processo.
Sabe-se através de conversas informais com pessoas que atuam no setor esportivo do estado, que o Presidente do conselho até o ano de 2018 foi Roberto Cabral. A eleição é realizada através do Colegiado do Conselho, que é composto por atores do Poder Executivo Estadual e membros de entidades e associações que compõem o esporte no Rio Grande do Norte, em matéria publicada no Site Oficial do Governo do Estado4, a última eleição foi do ano de 2015.
Seria importante conhecer e analisar as várias perspectivas e a dinâmica existente dentro do órgão, e a partir de então analisar de forma concreta, a partir de atas, imagens, vídeos o papel do Conselho para verificarmos a real situação do Conselho Estadual de Desporto ter ficado à parte das ações das gestões e, consequentemente, das Políticas Públicas em Esporte e lazer potiguar, que de forma concreta não existe. O que há, são programas que fomentam ações específicas como o desporto escolar e ações voltadas para o alto rendimento. Mas, como levantado neste estudo, até a publicização de dados sobre as antigas reuniões do conselho é desconhecida.
Sob o mesmo ponto de vista, Araujo et. al (2011) faz um mapeamento da situação real dos conselhos de Esporte e Lazer no Nordeste, com entrevistas,
4Informação obtida em matéria publicada no site Oficial do Governo do Estado do Rio Grande do Norte, com data de 12 de junho de 2015.
aplicação de questionários e observações direta acerca do material observado. O autor observou que, com exceção do Ceará, em todos os outros modelos havia necessidade e conveniência de implantação ou reestruturação dos conselhos. O mesmo artigo faz referência ao fato do Rio Grande Norte possuir seu conselho, baseado na Lei nº 7.133 de 13 de janeiro de 1998, possuir caráter consultivo e deliberativo.
Para tanto, esta natureza deliberativa do conselho do Rio Grande do Norte seria importante, pois garante a participação da população na gestão onde os participantes devem ser dotados de poder de decisão. É fundamental manter o caráter deliberativo dos conselhos para que não se tornem órgãos consultivos ou de assessoramento do executivo, fragilizando dessa forma o poder decisório de participação da sociedade na relação com o Estado.
Os estudos e pesquisas sobre Política Pública em Esporte e Lazer como forma de garantias de participação e controle social efetivo evoluiu nos últimos anos. As discussões na área têm crescido, e a questão é alimentada por diversos autores (MEZZADRI, 2006; CASTELLANI FILHO, 2006, 2007; STAREPRAVO, 2007; BONALUME, 2009; WERLE, 2010), que vem construindo um caminho histórico sobre como essa participação tem acontecido, como tem funcionado estes órgãos, quais são seus atores e como têm sido efetivos no que concerne a participação social nas deliberações dos conselhos.
As pesquisas acadêmicas têm contribuído, inclusive no Rio Grande do Norte, e alimentando o debate no campo das gestões. Porém, ainda há inúmeras lacunas sobre a efetivação desse direito e do acesso aos mecanismos que garantem a participação e o controle social nas políticas públicas em Esporte e Lazer no caso do Rio Grande do Norte.
Há a necessidade de aprofundar os estudos na área, pois o Conselho Estadual de Desporto do Rio Grande do Norte deveria constituir-se como um canal de articulação e interação entre governo e sociedade na busca da efetiva participação da população no processo de democratização do Estado.