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Para avaliar as políticas públicas a administração Pública Brasileira utiliza de critérios, tornando as formas de controle e avaliação sob o processo de formulação e implementação das políticas públicas importantes para entender se seus objetivos estão sendo alcançados. Sabe-se que, após o período de redemocratização, o país viveu transformações em todas as áreas gerenciais de sua administração. Surgiram novas formas de organizações e novos modelos gerenciais, junto com uma mudança no seio social onde a sociedade passou a cobrar de forma efetiva as ações do Estado em prol da coletividade.

Conforme Castro (2006) esclarece, a reforma administrativa ocorrida no Estado brasileiro trouxe benefícios para a administração pública, e entre eles um dos maiores foi a aprovação da Emenda Constitucional n. 19 de 04 de junho de 1998, modificando o regime e dispondo sobre princípios e normas da administração pública, servidores e agente políticos, ainda incluindo na emenda o controle de despesas e finanças públicas e o custeio de atividades de responsabilidade do governo federal. A mesma adotou o princípio da eficiência na administração pública, criando o aditivo de formas de inovações nesse setor. O autor esclarece:

Entre suas principais alterações, pode-se arrolar a reserva percentual de cargos em comissão para servidores de carreira; teto máximo para subsídios dos servidores; incentivo ao controle social sobre a administração pública; critérios diferenciados de remuneração, admissão e demissão de servidores; contrato para os órgãos públicos; incentivos à economia com despesas correntes; flexibilização da estabilidade do servidor público, com a insuficiência de desempenho podendo ser punida até com perda de cargo (CASTRO, 2006, pág. 3).

Como o autor esclarece, medidas como essas contribuem para uma maior eficiência das ações públicas, podendo haver um controle maior e uma fiscalização sobre a ação dos estados e municípios. No caput 3º da emenda, o artigo 37 esclarece que a administração direta e indireta, bem como todos os entes da

federação deve obedecer aos princípios constitucionais legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência, entre outros citados em parágrafos.

Sabe-se que atualmente existem três princípios que regem a administração pública no Brasil: eficiência, eficácia e efetividade. O mais utilizado pela administração pública é o princípio da efetividade, sendo este um conceito mais moderno e mais abrangente, não utilizando apenas a metodologia de avaliação de entender se o objetivo foi alcançado, mas buscando identificar se houve melhoria para a sociedade, ou seja, se o programa analisado alterou a realidade local (CARDOSO, 2011).

Para compreender o conceito destes princípios e entender o porquê desta pesquisa adotar o termo efetividade, vamos observar as diferenças entre os três princípios por meio do Quadro 2.

Quadro 2- Conceitos de eficiência, eficácia e efetividade

Princípio Descrição

Eficiência A eficiência surge como um conceito preocupado com os custos da política. Se

eles foram alcançados, utilizando poucos recursos. Conceitualmente, temos: Eficiência é a capacidade de ‘fazer as coisas direito’, é um conceito matemático: é a relação entre insumo e produto (input e output). (...) um administrador é considerado eficiente quando minimiza o custo dos recursos usados para atingir determinado fim. Da mesma forma, se o administrador consegue maximizar os resultados com determinada quantidade de insumos, será considerado eficiente (MEGGINSON et al., 1998, p.11).

Eficácia Na Eficácia, a preocupação está em investigar se os objetivos e metas

estabelecidos foram alcançados. Como conceito, temos: Eficácia: basicamente, a preocupação maior que o conceito revela se relaciona com o atingimento dos objetivos desejados por determinada ação estatal, não se importando com os meios e mecanismos utilizados para atingir tais objetivos (TORRES, 2004, pag. 175).

Efetividade Neste conceito, o termo se refere à qualidade do resultado da política pública.

Ainda utilizando como referência o conceito de Torres (2004) temos: efetividade: é o mais complexo dos três conceitos, em que a preocupação central é averiguar a real necessidade e oportunidade de determinadas ações estatais, deixando claro que setores são beneficiados e em detrimento de que outros atores sociais. Essa averiguação da necessidade e oportunidade deve ser a mais democrática, transparente e responsável possível, buscando sintonizar e sensibilizar a população para a implementação das políticas públicas (...) (pag. 175).

Fonte: Elaborado pela autora (2019) com as contribuições de Torres (2004) e Megginson et. al (1998).

Portanto, a partir do momento que as preocupações com a administração pública surgem nesse meio de transformações sociais, a sociedade começa a buscar por mais qualidade nos serviços. A reforma gerencial do Estado foi um passo importante para o procedimento de avaliação das políticas públicas, e como a

política pública está inserida em um ciclo de ações, esta pode ser avaliada a qualquer momento, pois a interdependência entre suas etapas permite esta ação.

Desta forma, compreende-se que, com a contemporaneidade, é preciso garantir que as qualidades das políticas e dos mecanismos dispostos na sociedade promovam uma mudança real e positiva na proposição das políticas públicas.

Não apenas que outros princípios não devam ser considerados, mas o princípio de efetividade engloba o escopo, de como e para que deve ser pensada uma política pública. Wholey et. al (1994) esclarecem a importância de que no procedimento de avaliação de uma política pública, os três critérios sejam analisados em fases distintas, de forma que a eficiência trate acerca dos recursos que foram utilizados, os resultados do programa sejam medidos pela eficácia e, por último, os impactos gerados nesta política sejam avaliados a partir da análise da efetividade, para entender se houve a mudança no tecido social.

Sabe-se que a efetividade então torna-se um dos princípios da nova administração pública, que permite a real noção se determinadas ações estão sendo feitas ou não, e o que isso tem gerado e qual seu impacto real sobre a realidade da tratada.

3 ESPORTE ENQUANTO POLÍTICA PÚBLICA: UMA TRAJETÓRIA NÃO LINEAR NO BRASIL

Neste capítulo será abordada a trajetória da política de esporte após sua efetivação na Constituição Federal de 1988, procurando demonstrar seus limites e possibilidade. Ainda, sobre a questão dos conselhos de esporte e seu quadro atual bem como realizamos uma apresentação sobre a situação do Rio Grande do Norte frente à política de esporte e seus mecanismos participativos.