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A partir do período da redemocratização, o esporte começa a ser tratado como política pública, e ser um direito do cidadão. Sabe-se que com a criação do Ministério do Esporte, em 2003, pode-se começar a pensar o esporte enquanto política pública, e traçar metas e objetivos para os estados e municípios, e não esquecendo que na década de 1940, com a criação do conselho nacional de esporte, trazendo o tema de esporte e lazer a pauta do governo.

No Rio Grande do Norte, a secretaria estadual de esporte e lazer, é criada no ano de 2007, e a municipal em 2009, mas sempre esteve presente, em pastas da educação e cultura anteriormente. Ainda há um déficit quanto a questão de esporte potiguar, enquanto política pública pois ao pensar na criação da secretaria estadual do esporte e lazer, não se concretizou desde seu período de criação, a construção

do plano estadual de esporte, que seria importante para trazer investimentos para diversos programas de lazer e qualidade de vida para a população.

A realidade da secretaria de esporte do Rio Grande Norte é mesma que a maior parte das outras, tendo um orçamento limitado, uma falta de estrutura física e de recursos humanos, sem plano de política de esporte, e excluindo consequentemente a sociedade do poder de decidir e a questão do esporte do estado fica apenas em torno de jogos escolares e atividades de alto rendimento, tratando a população apenas como meros espectadores.

Em dezembro de 2002, o decreto Nº 16.654 estabeleceu diretrizes básicas para implantação da Política Estadual de Desportos, citando e responsabilizando o Conselho estadual de desporto para sua criação, orientando novas diretrizes e competências para o mesmo. Em um de seus artigos, o decreto estabelece que caberá ao CED a coordenação geral da implantação da política desportiva estadual, de caráter permanente, e em prol do desenvolvimento esportivo estadual.

Porém, a Política Estadual de Desportos não se concretizou. Mesmo com instrumentos normativos, com espaço definido para sua discussão e criação, as políticas de esporte no Estado não progrediram. Em Seminário na UFRN em março de 2018 sobre Esporte, Sociedade e Política Pública, atual secretário de esporte Canindé de França expôs a situação real (na época não estava no cargo atual) relatou o que ele pode viver e presenciar em se tratando da política de esporte do Rio Grande do Norte.

Canindé de França, foi secretário de estado de esporte e lazer nos anos de 2015-2018. O atual secretário adjunto expôs a situação de como encontrou a secretaria, descrevendo que a mesma foi criada, sendo esta, resultado de uma política de captação de recursos, através da lei Agnelo/Piva (Lei N° 10.264).

O recurso destinado a pasta, aproximadamente 1 milhão e meio de reais por ano, segundo o Canindé, informando que a maior parte era destinado ao desporto escolar. Ele explica que a secretaria não foi criada com o objetivo de concretizar uma política pública, mas como uma forma de captar recursos.

Ele explica que foi feito um levantamento sob sua supervisão, e informou que precisaria de 150 profissionais, pelo menos, para concretizar uma base para a construção de algo voltado para as políticas públicas de esporte, e o mesmo informa que em 3 anos, conseguiu apenas a contratação de 32 profissionais.

Ainda, Canindé expõe que não havia por parte do governo do estado, interesse em criar algo concreto para orientar as políticas públicas de esporte, pois o mesmo informa que o orçamento destinado a pasta de esporte fora menos de 1% do orçamento total do Estado.

A secretaria do Estado de esporte e lazer, nasceu sob essa motivação de captação de recursos, em 2007 e com pouca estrutura física e pessoal. Canindé explica, que o governo não conseguiu compreender a importância de criar lei do plano estadual de esporte, sendo este instrumento o caminho de concretizar ações, metas, diretrizes e princípios, podendo ter um indicador para orçamento.

Segundo o secretário, houveram diversas tentativas de construção do plano de forma participativa, incluindo universidades e entidades públicas e privadas, sendo proposto a realização de 16 audiências públicas em todo o Rio Grande do Norte, tendo estas um custo de 180 mil reais. Foram 16 audiências, onde foram planejados ouvir mais de 1500 pessoas, sendo estes pesquisadores, professores, estudantes da área, as críticas esportivas, o setor de educação das universidades, porém o Estado informou que não havia a possibilidade, não havia orçamento.

Em entrevista ao jornal Tribuna do Norte (TRIBUNA DO NORTE, 2016), na época, Canindé ainda ocupava a secretária de estado de esporte e lazer, e foi convidado para uma entrevista onde ele pudesse expor a situação do esporte, e o mesmo, utilizando de sua sinceridade não mediu palavras, e disse que o estado não possuía compromisso com a política pública de esporte.

Ainda, Canindé, comenta sobre sua gestão, que na matrícula do Estado, existiam em torno de 300 mil crianças de 12-14 e de 15-17 anos, em toda rede de ensino pública e privada. A verba de 1,5 milhão que chegava na secretaria seria destinada a realização dos jogos escolares da juventude, e ao chegar no período dos jogos, constatou que 1.500 crianças participavam do evento, concentrada praticamente todo na capital. Canindé e sua equipe multiplicaram os 1.500 para 6.300 meninos e meninas, atingindo 40 municípios a mais, abrangendo os jogos para quase 100 municípios do Rio Grande do Norte. Ainda assim, Canindé chama a atenção que esses 6.300 alunos são apenas 2% dos 300 mil que ele queria atingir.

Porém, para atingir uma política de esporte de forma ampla, onde possa contemplar todos os municípios do Estado há a necessidade de garantir que haja estrutura e orçamento, equipamentos, ginásios, além de contratação de profissionais

e de mão de obra especializada. Todavia, sem um plano estadual de esporte a concretização deste objetivo fica distante.

A experiência do Rio Grande do Norte não é uma exceção quando se analisa as políticas públicas de esporte e lazer, algumas experiências como as citadas na obra Políticas Públicas para o esporte e o lazer nas Cidades do Estado do Paraná identificaram a baixa participação popular em cidades que foram pioneiras em se tratando de políticas públicas de esporte. Bonalume (2009) também chama atenção para o mesmo caso, trazendo experiências do Rio Grande do Sul.

Canindé de França, atual Secretário Adjunto de Esporte e Lazer desde o dia 01 de fevereiro de 2019, em entrevista a TVURN explica que, atualmente, a situação da Secretaria de Esporte e lazer passa por um período de análise por parte do Governo do Estado. Canindé chama atenção da importância para a importância da política pública de esporte, e explica que há a possibilidade de construção de uma secretária com profissionais capacitados, unindo a educação, cultura e esporte para que possa ser executada uma política pública de esporte eficiente.

4 CONSELHO ESTADUAL DE DESPORTO DO RIO GRANDE DO NORTE

Com base nos apontamentos levantados, a pesquisa sobre o Conselho Estadual de Desporto do Rio Grande do Norte busca fazer um levantamento teórico, quanto a sua parte física e administrativa, e ainda sobre a efetivação de seus mecanismos de participação.