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O município é um espaço considerado privilegiado para a construção da cidadania ativa e para o aprendizado de direitos e deveres. Aqui se origina a idéia do Cmds como uma importante instância de reflexão, orientação e animação da municipalidade. Cabe a ele a atribuição fundamental de intensificar e oxigenar a participação da sociedade tanto junto ao poder público estadual quanto municipal, através de um trabalho integrado e de constantes parcerias.

O Cmds é a instância máxima na municipalidade, no que diz respeito às políticas públicas municipais, pois é no espaço dessa entidade que se planeja e se discute todas as políticas públicas no âmbito municipal. No município de Quixeramobim o Cmds tem demonstrado uma certa viabilidade no tocante as decisões do PSJ, pois aquele tem aprovado um volume demasiado de projetos sejam de eletrificação rural, sejam abastecimento de água, etc. Certamente, sem o aporte do PSJ, dificilmente o Cmds funcionaria bem em alguns municípios. Pois, o incentivo material e a perspectiva de encaminhar os projetos, na realidade de Quixeramobim, de uma certa maneira, têm estimulado uma maior participação de conselheiros e associados.

O Cmds é também um espaço onde a participação dos diversos setores significativos da sociedade civil não se consolidou ainda efetivamente. Poucos são os conselheiros que participam assiduamente das reuniões ordinárias e extraordinárias. Mazé disse que em Quixeramobim somente participam: “os membros da Igreja, do Clube dos Diretores Lojistas (CDL) e da Secretaria de Saúde. Outros raramente vão às assembléias”.

A estrutura interna do Cmds de Quixeramobim é constituída por representantes dos diversos segmentos sociais que compõem o município, dentro das seguintes áreas:

Quadro de membros do Cmds de Quixeramobim

Coordenação Geral do Cmds

Nome Função Entidade Maron Simão

Aluízio Cosme Maria José Damasceno Américo Militão Wilma Valdenor Pinheiro Manuel F. Silva Amélia Izaure Reis Fagner Saldanha Carmino Martins Cleonilde Simão Fco. Correia José M. Pimenta Ana Maria Martins Paulo Tarso Raimundo Doth Cirilo Vidal BB S/A e BEC Sargento Sampaio Presidente Vice presidente Secretária Técnico agrônomo Sindicalista Funcionária Agricultor Agricultor Professora Universitário Estudante Médico Funcionária sindicalista funcionário funcionária religioso funcionário sindicalista não identificado policial

Rep. do Poder Legislativo Rep. do Poder Legislativo Rep. da FACQ

Rep. da Ematerce Rep. do sindicato rural Rep. do Sebrae Rep. da zona rural Rep. da zona rural Rep. dos professores Rep. dos universitários Rep. do ensino médio Rep. da saúde

Rep. da merenda escolar Rep. do sindicato patronal Rep. da Sec. de Agricultura Rep. da Pestalozzi

Rep. da Igreja

Rep. Banco do Nordeste Rep. do Sind. Agropecuário Idem

Exército

Fonte: do autor

O Cmds apresenta uma organização mínima. Ele tem uma coordenação representativa formada por um conselheiro de cada área presente no fórum e escolhido por seus pares, com função de convocar e mobilizar todos os representantes da municipalidade.

Para oferecer maior agilidade às demandas das comunidades, foi ativada a subcomissão do São José (CCSJ), com objetivo de permitir uma análise mais rápida dos projetos encaminhados ao Cmds. A CCSJ se reúne uma vez por mês e tem autonomia na avaliação e aprovação dos projetos, apesar de que a aprovação dos projetos passa pela homologação do Cmds.

Na pesquisa de campo foi possível assistir, como observador, duas assembléias gerais: uma da CCSJ e outra do Cmds, sobretudo, convocadas para encaminhar as demandas comunitárias do PSJ. A reunião da CCSJ de 18/10/2000, realizada no auditório da FACQ foi convocada extraordinariamente a pedido das comunidades para avaliação e aprovação dos projetos de casas populares, motomecanização e projeto de poço profundo, etc.34 Nesta reunião do CCSJ estiveram presentes 17 pessoas, sendo elas: o representante do sindicato dos trabalhadores rurais, a extensionista social da Ematerce, o funcionário do

Sebrae e um representante da zona rural. Ao passo que pelas associações participaram: os presidentes da associação comunitária de Lagoa do Teodósio, da associação comunitária Perdição de São Joaquim, da associação comunitária de Tranqueira, da associação comunitária Parada Mil, do assentamento Recreio, da associação comunitária Santa Isabel, da associação comunitária assentados de São Joaquim 25 de Maio e da associação comunitária Novo Muxuré Velho.

Tomando-se por base a Ata da assembléia do CCSJ constatamos que foram para discussão e avaliação cerca de 16 projetos solicitados, embora somente 14 deles tenham obtido aprovação. Os presidentes das associações requerentes fizeram um breve relato da reunião que antecedeu a aprovação da solicitação comunitária para os conselheiros. Para maior esclarecimentos não foram aprovados os projetos de caprinocultura por não ser prioridade no programa governamental e nem o projeto de confecção de roupas populares da associação comunitária Vila de Passagem, pois esta associação não estava representada. Portanto, não havia ninguém para defender o subprojeto. Finalmente, a maioria dos representantes das comunidades questionou a demora nas aprovações dos trabalhos pelos conselheiros e cobrou mais agilidade e determinação.

Na assembléia do Cmds de 08/11/2000, estiveram presentes 11 conselheiros, um número relativamente na média das reuniões do Cmds. A reunião foi de curta duração, pois no início quase não havia quorum suficiente na primeira chamada, de modo que faltavam muitos conselheiros. Em seguida, a reunião iniciou com algumas entidades: Banco do Nordeste, Ematerce, CMDEC e FACQ.

O representante do Banco do Nordeste salientou as metas do banco para investir em Quixeramobim no ano 2001. O conselheiro ressaltou o investimento na irrigação através da experiência do Projeto Pingo D’água criado e totalmente financiado por pelo Banco do Nordeste (BN), que hoje vem beneficiando a população com a fruticultura. Para finalizar, o representante da COMDEC enfatizou que o governo havia liberado para o abastecimento d’água nas comunidades mais dez caminhões carros-pipa. Postura extremamente desfavorável e criticada por alguns conselheiros, já que a região apesar de estar no sertão central, dispõe de um grande potencial d’água, com mais de cem quilômetros de rio perene. Motivo pelo qual levou o conselheiro e representante sindical questionar “a cultura tradicional e de dependência dos carros-pipa ainda impregnada na mentalidade dos

políticos”, que através desse problema mantém a dominação e o assistencialismo – indústria da seca.

A CCSJ tem na coordenação geral: 1) representante da prefeitura, 1) representante do legislativo indicado pela Câmara de Vereadores. A sociedade civil organizada se faz representada pelos sindicatos dos trabalhadores rurais, pela federação e pelos representantes das associações comunitárias.

A subcomissão da CCSJ é composição de oito representantes: Tabela nº 10

Quadro de membros da CCSJ

Coordenação Geral da Subcomissão do CCSJ

Nome Função Maron Simão Representante do Poder Legislativo

Aluízio Cosme Representante do Poder Legislativo Maria José Damasceno Representante da FACQ

Militão Presidente do sindicato dos trabalhadores rurais

Ivone Representante da Ematerce

Wilma (funcionária) Representante do Sebrae Manoel Ferreira e Silva Representante da zona rural Valdenor Pinheiro Representante da zona rural Fonte: do autor.

É importante destacar que nenhum dos conselhos tem sede própria para organização interna do material e também para fazer suas reuniões ordinárias. No momento, a CCSJ estava instalada provisoriamente na FACQ, que cedeu seu espaço físico para reuniões quinzenais e a organização da sua documentação. Na sede da FACQ existe uma sala para pouco mais de vinte pessoas, que foi transformada em um mini-auditório para realização das reuniões tanto da FACQ quanto da CCSJ.

O problema maior há tempos atrás era justamente do Cmds, que não tinha nenhum local certo e apropriado para realizar suas reuniões ordinárias e extraordinárias. De modo que ainda hoje o Cmds desenvolve suas atividades provisoriamente no auditório da sede da secretaria de educação do município. Mazé recorda que antes a entidade ocupava o espaço da Ematerce, mas, muitas vezes, as reuniões deixaram de acontecer ou foram adiadas, porque a Ematerce precisava usar o seu espaço. Militão, representante sindical e conselheiro, diz que: “um ponto extremamente negativo do Cmds é, sem dúvida, a questão da organização da documentação e dos arquivos, pois em caso de necessidade para se rever um parecer de um projeto dado anteriormente pelo Cmds, hoje, não se sabe ao certo onde encontrar”.

No município de Quixeramobim, o Cmds tem passado por alguns problemas de funcionamento, sobretudo no início de sua criação quando ainda era uma experiência nova de organização política na municipalidade. De todo modo, não havia uma estruturação do próprio Cmds que sofreu um processo de esvaziamento e de completa ausência de seus membros, de modo que não se conseguia fazer nem as reuniões ordinárias.