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2 REVISÃO DA LITERATURA E FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.8 CONSELHOS COMUNITÁRIOS CONSULTIVOS NO BRASIL

Segundo Fontoura (2001), os Conselhos Comunitários Consultivos foram organismos previstos pela ABIQUIM desde os estágios iniciais do programa AR no Brasil.

5 Site na web é constituído de um sistema de informações sobre um determinado assunto, disponível na

Eles foram concebidos na tentativa de estreitar o diálogo entre a indústria química e as partes interessadas locais.

O Código de Diálogo com a Comunidade e Preparação e Atendimento a Emergências propõe, na Prática Gerencial nº 08 (Diálogo Continuo com a Comunidade Externa), a implantação de um Conselho Comunitário Consultivo para a empresa, ou que esta participe do CCC Regional, caso ele exista. Essa Prática Gerencial orienta sobre a necessidade do diálogo com representantes da comunidade externa para responder as suas dúvidas, preocupações e sugestões sobre segurança, saúde ocupacional e meio ambiente, bem como sobre assuntos relevantes e de interesse comunitário.

Segundo orientação da ABIQUIM, a decisão de implantar um CCC em unidades da empresa deve levar em consideração fatores diversos, que vão desde o grau de interesse da comunidade frente aos assuntos ligados à empresa, até a estrutura interna da organização. Por se tratar de um tipo especial de canal de diálogo, a implantação deve ser feita de forma consistente, já que demanda uma nova abordagem de comunicação, não convencional.

Após a conclusão do Código de Diálogo com a Comunidade e Preparação e Atendimento a Emergências, em 1997, as empresas associadas a ABIQUIM discutiram amplamente seus temores em relação ao diálogo direto com as comunidades externas e as estratégias de comunicação com as mesmas, levando-se em consideração que o processo deveria ser transparente, buscando ouvir e responder as preocupações da comunidade sobre os seus produtos e operações e os seus riscos envolvidos.

Não se pode esquecer a grande importância que a especialização em comunicação de riscos assume quando a empresa resolve informar sobre a periculosidade de suas operações, processos e produtos. Mal abordada, a comunidade externa pode reagir fortemente e de forma negativa, afetando todo o processo. (ABIQUIM, 1997a, p. VIII.24).

Desta forma, a partir de 1997, após a ABIQUIM publicar o Código de Prática Gerencial, destinado à relação com comunidade, os Conselhos Comunitários Consultivos no Brasil, exceto Camaçari-BA que foi implantado em 1994, começaram a ser instalados.

Desde em 1999 está funcionando o Painel Consultivo Comunitário do Pólo de Cubatão – São Paulo, que realiza um encontro mensal das empresas da região, promovido pelo Centro Industrial daquela região. O encontro envolve representantes e líderes comunitários de associações e instituições da comunidade local, com o objetivo de propiciar o conhecimento das empresas de Cubatão, suas operações, processos, produtos, focado predominante em meio ambiente, saúde e segurança ocupacional.

A Regional do ABC paulista conta com mais de 11 empresas químicas e instituiu o seu Conselho Comunitário Consultivo em 05/09/2000, contando com 30 membros de 4 municípios da região, sendo 16 da comunidade, 5 da área de saúde, 3 de segurança, 3 de Meio Ambiente e 3 de escolas. São realizadas reuniões trimestrais itinerantes nas quais a participação média dos conselheiros é de 73%. Para implementar o seu CCC, foram visitados os Conselhos Comunitários de Camaçari-BA, Kodak-SP e Cubatão-SP. Principais ações adotadas: visitas às empresas, maior divulgação do CCC, informações sobre as empresas e palestras em escolas

Na Região Metropolitana de Curitiba o relacionamento com a comunidade ainda não ocorre em todas as empresas, e, quando existe, fica restrito ao programa de visitas à empresa. Apenas a Associação das Empresas daquele Complexo Industrial desenvolve um relacionamento com a comunidade curitibana. A presença de uma regional no estado seria um fator que facilitaria o desenvolvimento dos programas nas empresas, o intercâmbio de experiências e informações entre as empresas (ABIQUIM, 2002). A região pretende implantar o seu Conselho Comunitário até 2004.

O Conselho da Comunidade da Kodak, em São Paulo, foi implantado em 1999 e realiza reuniões mensais. Foram realizados brain storming para avaliar o que a comunidade desejaria discutir e implantado o programa Portas Abertas. As melhorias no processo produtivo da empresa são informadas ao CCC e são realizadas atividades com escolas locais. Um panfleto é criado semestralmente para a comunidade ter acesso às informações. Existe um telefone para contato com o Conselho e disponibilidade de pessoal técnico para proferir palestras sobre SSMA, além de convites para representantes da comunidade participarem das atividades internas da Kodak.

O Pólo Cloroquímico de Alagoas foi o segundo complexo industrial do ramo a constituir seu Conselho Comunitário Consultivo no Brasil, em 1997. Precedeu a implantação do CCC em Alagoas, visitas de conselheiros comunitários de Camaçari-BA a Maceió e participação de lideranças populares daquela localidade em duas reuniões do Conselho do Pólo Petroquímico de Camaçari-BA. Vários trabalhos foram realizados pelo pessoal de Alagoas, destacando-se a implantação do Plano de Contingência na comunidade próxima a Salgema (atual Braskem Vinílicos de Alagoas).

O Pólo Petroquímico do Rio Grande do Sul iniciou a discussão com líderes populares locais para a formação e implantação do seu CCC em 2002 e convidou membros do CCC de Camaçari-BA para reunião com seus pretensos conselheiros, em setembro daquele ano.

Segundo ABIQUIM (2002), o número de atividades das empresas associadas àquela entidade com comunidades, cresceu de 1017 casos em 1999, para quase 1500 no ano 2000, o que representa um aumento de quase 50% em um ano.

Como pode-se observar ao longo deste capítulo, os sistemas de gestão em SSMA existentes poderão ser de grande utilidade para que as empresas possam praticar uma adequada Responsabilidade Social Corporativa e a relação com as comunidades é uma ferramenta indispensável para essa prática.

A inter-relação entre RSC, stakeholders e AR, assim como a compreensão conceitual dos mesmos, servirá de elemento para analisar a relação do COFIC com o CCC e a influência deste sobre a gestão do COFIC na SSMA do Pólo. Destaca-se que a o diálogo entre as partes interessadas e a busca da confiança nessa relação serão exigidos, tanto na RSC quanto no programa Atuação Responsável. Por sua vez, as empresas precisarão gerenciar, cada vez melhor, os seus riscos de SSMA, almejando maximizar as suas contribuições para a sociedade, reduzindo os impactos negativos do processo produtivo.

CAPÍTULO 3 O PÓLO INDUSTRIAL DE CAMAÇARI