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2 REVISÃO DA LITERATURA E FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.6 INFORMAÇÕES SOBRE EVOLUÇÃO DO RESPONSIBLE CARE

A pesquisa é um instrumento revelador de problemas. Uma pesquisa social revela a intensidade de problemas sociais numa determinada área geográfica, num serviço específico e junto a um público beneficiário das ações sociais. Portanto, a pesquisa também contribui para a “focalização do projeto”. Este auxilia na constituição de uma ação preventiva ou corretiva dos problemas existentes ou antecipados.

Segundo Melo Neto e Froes (2001), é através de uma pesquisa que são definidas as justificativas de um plano, programa ou projeto. A pesquisa é o ponto de partida para uma ação eficaz de planejamento e busca de soluções. Sem elas corre-se o risco de perder o foco da ação planejada – ações que se destinam a problemas não prioritários ou que focalizam sintomas de um problema maior, permanecendo suas verdadeiras causas como fatores geradores desses problemas.

A pesquisa também contribui para a formulação correta dos objetivos e metas, do público beneficiário, dos resultados a serem atingidos, dos pressupostos, meios de verificação e indicadores, e da definição da estratégia de institucionalização do plano, programa ou projeto (MELO NETO E FROES, 2001, p. 52).

Segundo ABIQUIM (1997b), os destaques do seu relatório apresentado no

Filadélfia, em outubro em 1997 indicam a percepção das pessoas entrevistadas sobre Alerta para as Comunidades e Resposta a Emergências. A seguir serão apresentados quatro gráficos relacionados com os destaques do relatório citado.

Gráficos 2.1 - Percepção sobre a Indústria Química

Percentual que concorda que a Indústria Química: Cuida da Segurança e Saúde da comundade Interna

25% 45% 60% 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% CL CPEL E Gráfico 2.1.1 - % da comunidade entrevistada que concorda que a Ind. Química

cuida da Seg. e Saúde da comunidade interna. Fonte: ABIQUIM (1997b)

Percentual que concorda que a Indústria Química: Faz bom Trabalho com grupos de Emergência locais

43% 66% 73% 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% CL CPEL E

Gráfico 2.1.2 - % da comunidade entrevistada que concorda que a Ind. Química faz bom trabalho com grupos de emergências locais.

Percentual que concorda que a Indústria Química: Mantêm o público bem informado sobre sua preparação ao combate a

Emergência 16% 38% 42% 0% 10% 20% 30% 40% 50% CL CPEL E

Gráfico 2.1.3 - % da comunidade entrevistada que concorda que a Ind. Química mantém o público bem informado sobre sua preparação ao combate a emergência.

Fonte: ABIQUIM (1997b)

Percentual que concorda que a Indústria Química: Está Acessível e deseja conversar com o público

19% 45% 50% 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% CL CPEL E

Gráfico 2.1.4 - % da comunidade entrevistada que concorda que a Ind. Química está acessível e deseja conversar com o público

Fonte: ABIQUIM (1997b) Legenda: E = Empregados; CL = Comunidade Local;

CPEL = representantes extra-indústria de Comitês de Planejamento de Emergências Locais.

Conforme pode ser observado nos gráficos 2.1.1, 2.1.2, 2.1.3 e 2.1.4 acima, os menores índices obtidos na pesquisa se relacionam com as Comunidades Locais e os melhores com os trabalhadores das respectivas empresas. Daí a necessidade da constituição de estratégia de RSC, como os Conselhos Comunitários Consultivos, para servir de elemento de ligação comunidade – empresa, visando dar maior conhecimento das atividades industriais.

Ainda ABIQUIM (1997b) informa que em 1991 a Chemical Manufacturers

Association (CMA), associação das indústrias químicas americanas, começou uma extensa

campanha de comunicação com o público americano, sobre as atividades do Responsible

Care e melhoramento de sua percepção sobre a Indústria Química dos EUA. A campanha

incluiu propaganda endereçada ao público geral e programas para aperfeiçoar a comunicação com vários segmentos-chave da sociedade, incluindo os empregados da Indústria Química, residentes locais, órgãos estaduais e locais, a mídia, educadores e estudantes. A campanha interrompeu um declínio de 25 anos na opinião pública americana sobre a Indústria Química. Entretanto, pesquisas recentes e auto-avaliações de membros da

CMA mostram que ainda era necessário maior progresso na comunicação com o público,

particularmente com as comunidades vizinhas.

Durante o 6º Congresso do AR da ABIQUIM - SP, em outubro de 2002, Geraldo André Fontora apresentou o resultado da sua pesquisa, envolvendo empresas químicas de 36 países, na qual 80% delas indicaram como motivador para adesão ao

Responsible Care (Atuação Responsável) a busca da melhoria da imagem da indústria

química e do desempenho em SSMA. O Programa Responsible Care é obrigatório para todos os membros da Associação em 13 países, inclusive no Brasil.

Como fatores limitadores da implantação do Responsible Care foram indicadas as limitações nas estruturas de pessoal das empresas e as reduzidas participações e comprometimentos das altas administrações das empresas. Outros resultados da pesquisa de Fontoura (2001) diagnosticam o Responsible Care nos países abaixo relacionados: • Canadá: Nos últimos 10 anos observa-se uma pequena melhoria com relação à

imagem da indústria química junto à opinião pública. Entretanto, entre as partes interessadas (comunidade local, governo, ambientalistas e mídia) a imagem melhorou significativamente. Observa-se uma alteração no objeto da preocupação do público em geral, que deixou de focar-se nas emissões e acidentes nas indústrias químicas, para transferir-se para os efeitos de longo prazo dos produtos químicos sobre a saúde humana e o meio ambiente. Planeja-se realizar a pesquisa a cada 3 anos

• Estados Unidos: As pesquisas evidenciaram um melhor entendimento dos temas principais com relação às partes interessadas.

• Holanda: A pesquisa demonstrou pequena melhoria na imagem da indústria química. • Itália: O grau de conhecimento do programa ainda não é muito grande. Iniciativas

como o programa de "Portas Abertas" contribui para a difusão direta de informações sobre a indústria química na localidade e para melhorar a sua imagem. Um relatório é publicado anualmente e apresentado às partes interessadas.

• Reino Unido: Pesquisas anuais mostram que 20% dos entrevistados são favoráveis à indústria química e que apenas cerca de 2% entendem o programa RC.

• México: Não foram promovidas ainda pesquisas de opinião, pois as empresas ainda não iniciaram as atividades de comunicação com a comunidade e pretende-se treinar os associados antes de realizar tais pesquisas de opinião pública.

• Noruega: Não pretende realizar tais pesquisas, pois acredita que a indústria química não será aceita pela sociedade. Acredita que seja mais conveniente a realização de pesquisa sobre cada empresa

• Brasil: Realizou uma pesquisa estruturada em etapas: na primeira e segunda etapas foram ouvidos o público interno (profissionais da indústria química) e alguns segmentos do público externo. A terceira etapa foi à realização de uma pesquisa aberta para o público em geral. Há duas conclusões importantes relacionadas diretamente ao Programa de Atuação Responsável: a primeira, muito positiva, é que o programa tem o reconhecimento e é respeitado pelo público interno do seguimento industrial; a segunda, é que o AR é pouco conhecido fora deste seguimento.

Segundo Fontoura (2001), as principais conclusões dessa pesquisa podem ser resumidas abaixo:

- O Atuação Responsável tem colaborado em grande parte para o amadurecimento da indústria química frente às questões relacionadas com meio ambiente,

saúde e segurança e constitui-se elemento gerencial importante para este segmento no enfrentamento das questões relacionadas ao produto químico.

- Os benefícios alcançados pelo Responsible Care são muito mais evidentes no âmbito interno das empresas do que na construção de uma imagem melhor junto às partes interessadas. Na visão deste autor, talvez a indústria química nacional devesse investir mais na comunicação com as comunidades vizinhas, intensificando os trabalhos com os seus respectivos CCC.

- Observa-se uma tendência para a incorporação dos conceitos de Responsabilidade Social Corporativa e de Desenvolvimento Sustentável aos programas dos diversos países.

Um dos Princípios Diretivos do AR estabelece que se deve transmitir para as autoridades, empregados, clientes e comunidade, informações adequadas quanto aos riscos dos produtos e operações das indústrias químicas, além de recomendar medidas de proteção e de emergência. Outro Princípio Diretivo do AR enfatiza que a indústria química deve ouvir e responder as preocupações da comunidade sobre seus produtos e as suas operações. Neste contexto, o Programa Atuação Responsável tem como um dos seus principais pilares a necessidade de construção e manutenção do relacionamento direto com lideranças das comunidades. Assim, a indústria química mundial tem formado Comitês Públicos Consultivos, que abrigam representantes de diversos segmentos da sociedade, com o objetivo de atender ao AR. Estes representantes das comunidades têm trazido suas percepções sobre SSMA.