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1.3 Gestão democrática das unidades escolares

1.3.2 Conselhos de escola

Ao legislar sobre a gestão democrática da educação pública, a LDB trata da definição das normas e da autonomia das unidades educacionais, estabelecendo as seguintes diretrizes: a participação da comunidade (escolar e local) e dos profissionais da educação em conselhos escolares e na elaboração do projeto pedagógico. Desse modo, a LDB torna o conselho escolar e o projeto pedagógico instituintes da gestão democrática e remete aos sistemas de ensino, à regulamentação e à sua efetivação (BRASIL, 1996, 2004).

O Conselho de Escola é uma entidade com atribuições deliberativas, consultivas, fiscais e mobilizadoras, definidas em legislações estaduais ou municipais e no próprio Regimento Escolar. As questões discutidas no seu âmbito compreendem aspectos político-pedagógicos, administrativos e financeiros (BRASIL, 2004; LIBÂNEO, 2008).

Uma vez que os sistemas de ensino adotam diferentes concepções e alternativas para a participação na gestão colegiada da escola, as atribuições do conselho escolar podem ser:

Deliberativas: quando decidem sobre o projeto político-pedagógico e outros assuntos da escola, aprovam encaminhamentos de problemas, garantem a elaboração de normas internas e o cumprimento das normas dos sistemas de ensino e decidem sobre a organização e o funcionamento geral das escolas, propondo à direção as ações a serem desenvolvidas. Elaboram normas internas da escola sobre questões referentes ao seu funcionamento nos aspectos pedagógico, administrativo ou financeiro.

Consultivas: quando têm um caráter de assessoramento, analisando as questões encaminhadas pelos diversos segmentos da escola e apresentando sugestões ou soluções, que poderão ou não ser acatadas pelas direções das unidades escolares.

Fiscais (acompanhamento e avaliação): quando acompanham a execução das ações pedagógicas, administrativas e financeiras, avaliando e garantindo o cumprimento das normas das escolas e a qualidade social do cotidiano escolar.

Mobilizadoras: quando promovem a participação, de forma integrada, dos segmentos representativos da escola e da comunidade local em diversas atividades, contribuindo assim para a efetivação da democracia participativa e para a melhoria da qualidade social da educação. (BRASIL, 2004, p. 46).

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Para Gracindo (2005, p. 40),

o Conselho Escolar, como órgão consultivo, deliberativo e de mobilização mais importante do processo de gestão democrática, não deve configurar-se como instrumento de controle externo, mas como um parceiro de todas as atividades que se desenvolvem no interior da escola.

Em várias unidades da Federação, o Conselho de Escola é eleito no início do ano letivo, para um período que varia de um a dois anos, sendo composto por docentes, especialistas, funcionários, pais e alunos, observando a paridade de 50% de membros da instituição e 50% de usuários. Também é conhecido como Colegiado e sua função é a democratização das relações de poder (PARO, 1996; CIZESKI; ROMÃO, 1997; LIBÂNEO, 2008; BRASIL, 2004). Ressalte-se, ainda, que número de componentes varia de acordo com a estrutura dos estabelecimentos e deve ser proporcional ao número de classes da instituição escolar.

A Secretaria de Educação Básica (SEB), órgão vinculado ao Ministério da Educação (MEC), e as instituições: Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed), União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) elaboraram o “Programa Nacional de Fortalecimento dos Conselhos Escolares”,1 visando a estimular sua criação e consolidação (BRASIL, 2004).

Os documentos enfatizam as seguintes atribuições do conselho escolar:

 Elaborar o Regimento Interno do Conselho Escolar;

 Coordenar o processo de discussão, elaboração ou alteração do Regimento Escolar;

 Convocar assembléias-gerais da comunidade escolar ou de seus segmentos;

 Garantir a participação das comunidades escolar e local na definição do projeto político-pedagógico da unidade escolar;

 Promover relações pedagógicas que favoreçam o respeito ao saber do estudante e valorize a cultura da comunidade local;

 Propor e coordenar alterações curriculares na unidade escolar, respeitada a legislação vigente, a partir da análise, entre outros aspectos, do

1 O material didático-pedagógico do Programa Nacional de Fortalecimento dos Conselhos Escolares

é composto por um caderno instrucional e 12 cadernos destinados aos conselheiros escolares e aos dirigentes e técnicos das secretarias municipais de educação.

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aproveitamento significativo do tempo e dos espaços pedagógicos na escola;

 Propor e coordenar discussões junto aos segmentos e votar as alterações metodológicas, didáticas e administrativas na escola, respeitada a legislação vigente;

 Participar da elaboração do calendário escolar, no que competir à unidade escolar, observada a legislação vigente;

 Acompanhar a evolução dos indicadores educacionais (abandono escolar, aprovação, aprendizagem, entre outros) propondo, quando se fizerem necessárias, intervenções pedagógicas e/ou medidas socioeducativas visando à melhoria da qualidade social da educação escolar;

 Elaborar o plano de formação continuada dos conselheiros escolares, visando ampliar a qualificação de sua atuação;

 Aprovar o plano administrativo anual, elaborado pela direção da escola, sobre a programação e a aplicação de recursos financeiros, promovendo alterações, se for o caso;

 Fiscalizar a gestão administrativa, pedagógica e financeira da unidade escolar;

 Promover relações de cooperação e intercâmbio com outros Conselhos Escolares. (BRASIL, 2004, p. 48-49).

No Quadro 4, pode-se visualizar o funcionamento do conselho escolar adotado pelo sistema estadual de ensino de São Paulo.

Quadro 4 – Natureza, composição e funcionamento do conselho escolar na rede estadual paulista. Denominação Regulamentação Categorias Escolha Presidência Conselho de Escola Regimento da escola Estudantes e pais 50%, docentes 40%, especialistas 5% e funcionários 5% Eleição em assembléia da respectiva categoria Diretor da escola (membro nato) Fonte: Brasil (2004, p. 49).

Cabe informar que grande parte das redes municipais de ensino paulistas adota as concepções do Conselho de Escola da rede estadual como alternativas para a participação da comunidade na gestão da escola.

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