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Consequências Psicológicas

No documento Revista (páginas 62-67)

AS CONSEQUÊNCIAS PSICOLÓGICAS DA INFANTILIZAÇÃO DO IDOSO, SENDO ESTE, DEPENDENTE OU NÃO.

2.4. Consequências Psicológicas

60 Segundo pesquisas realizadas por Medeiros et. al. (2016) constatou-se que não são raros os idosos que se sentem menosprezados e diminuídos, devido as perdas decorrentes do envelhecimento, perdas estas que por diversas vezes acabam por ser incapacitantes; ocasionando na dependência do outro. Os autores ainda ressaltam que o fato de “se tornar dependente” levam os idosos a olhar para o envelhecimento de forma negativa, gerando neles um sentimento de inutilidade.

Araújo (2011) ressalta em seu trabalho que a autonomia é fortemente valorizada em nossa sociedade, o que faz com que o idoso seja visto como inferior quando este demanda de auxílio, mesmo que para realizar suas necessidades básicas de higiene e alimentação; a autora ainda defende que o ato de comparar o idoso com as crianças não passa de mera justificativa para sua dependência.

De acordo com Santos et. al. (2016) e Rotilli et. al. (2017) quando o familiar ou o cuidador, compara o idoso com uma criança, infantilizando-o, está desconsiderando-o como pessoa adulta, com sua história, suas experiências e suas capacidades; e logo, contribuindo com a perda da autonomia e a dependência física e emocional do seu cuidador e / ou familiar.

Segundo Marques (2016), a infantilização é um dos estereótipos mais prejudiciais para os idosos, considerada por muitos como uma atitude controladora e de falta de respeito, já que segundo pesquisas realizadas pela autora, pode causar um “impacto negativo na dignidade, na identidade, na autoestima, nas habilidades linguísticas e na percepção de auto eficácia das pessoas idosas”. Em complemento, Andrade (2015) considera que tal estereótipo, no caso, a infantilização, pode acarretar as pessoas idosas consequências psicológicas e emocionais, entre elas: angústia, tristeza, ansiedade, insegurança, falta de autoestima, sentimento de culpa, revolta, e até mesmo depressão, o que sem dúvidas, irá influenciar negativamente na qualidade de vida do idoso.

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Após análise da bibliografia estudada, é possível concluir que é de extrema importância que os familiares e os profissionais da área da saúde, em especial os que lidam com idosos e os cuidadores se policiem constantemente a fim de não praticarem atos que segregam e/ou marginalizam as pessoas idosas, e dentre

61 esses atos, a infantilização, que é o ponto de partida dos estudos deste artigo; considerando que tais atos podem gerar inúmeras consequências emocionais e psicológicas, como foi mencionado no decorrer do trabalho, e logo, contribuir para uma redução na qualidade de vida do idoso.

Ainda hoje, em plena era do envelhecimento, foi possível perceber a escassez de materiais publicados sobre o tema em idioma português, sendo que os materiais publicados são voltados para área acadêmica e para profissionais da área da saúde, desconsiderando a importância de também levar conhecimento a família e outras pessoas com menor grau de instrução, que também convivem com pessoas idosas; partindo deste princípio, se faz necessário, futuras pesquisas que tenham como foco o idoso e o processo de envelhecimento, como público alvo a família e outras pessoas próximas aos idosos, e ofereça informações claras e com linguagem acessível, para que todos possam se beneficiar das informações apresentadas.

REFERÊNCIAS

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RESILÊNCIA: SUPERANDO AS ADVERSIDADES POR UMA

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