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Já sabemos que metade da população brasileira são mulheres, essa população está cada vez mais qualificada no mercado de trabalho. Quase 50% da força econômica ativa no Brasil são mulheres, atualmente 58% dos universitários são mulheres. Mas voltando o olhar para o mercado de trabalho, é perceptível que nas tomadas de decisões, em aspectos políticos quase não existe presença feminina.

Hoje apenas 11% das grandes empresas brasileiras são coordenadas por mulheres e ninguém ganha com esse cenário. As mulheres não conseguem exercer seu pleno potencial e as empresas também não conseguem usufruir desse talento feminino para gerar mais negócios a economia também perde. O Brasil poderia ganhar muito tendo mais mulheres na economia. Como muda então esse cenário em que tantas mulheres são qualificadas e entram no mercado de trabalho, mas não conseguem ascender nas carreiras, também não conseguem entrarem algumas áreas que são predominantemente masculinas.

É obvio que as mulheres devem ser protagonistas dessa mudança, para ser mais protagonista da sua vida, e sua carreira essa mulher tem que superar alguns obstáculos, ela precisa superar os principais estereótipos que estão nas crenças do que é certo ou adequado para uma mulher, na sua família. No mercado de trabalho nas suas relações sociais, ela precisa estabelecer uma rede de contatos que são aquelas relações profissionais que contribuem para seus objetivos e, é difícil para uma mulher fazer essa rede de contatos sendo que em boa parte dos lugares onde ela que estar as pessoas mais estratégicas com as quais ela precisa se relacionar são homens, que carregam em si toda a superioridade concedida pela sociedade patriarcal.

As mulheres têm um desafio especial para isso, por ter menos tempo também, porque enfrentam um outro obstáculo que é um desequilíbrio dos papeis dentro de casa. As mulheres dedicam quase o triplo do tempo que os homens dedicam aos cuidados dos filhos e da casa. Então, a mulher precisa também construir um relacionamento pessoal familiar mais equilibrado, feito isso ela precisa fazer algumas coisas diferentes na sua carreira, negociar mais, pedir o lhe deve não só esperar o reconhecimento e, se lançar para áreas que talvez não achasse que era seu espaço.

Para crescer na carreira as mulheres têm que entrar em áreas que talvez não tenha sido instigada a se desenvolver, a gente tem outros atores importantes nessa equação como as empresas.

Enquanto as empresas não mudarem a sua forma de pensar o ser feminino vão seguir enfrentando obstáculos mesmo que as mulheres mudem a sua postura, as empresas precisam então realmente questionar se os seus espaços são verdadeiramente inclusivos e equidade, porque a igualdade não se faz tratando necessariamente tratando todo mundo igual, mais entendendo as necessidades especificas, para que aí sim as pessoas tenham as mesmas condições de trabalho, buscar então olhar se existe paridade salarial, analisar os processos de seleção, de atração, de promoção, e desenvolvimento de carreira, vê se realmente essas decisões super importantes de negócios estão sendo tomadas sem vieses, sem crenças.

Outro ator importante é a sociedade, em parte ela é o governo, aquela entidade que está ali toma as grandes decisões para todos nós, mas ela também representa os indivíduos. O governo pode provocar mudanças, podem criar algumas políticas públicas que tornem mais fácil a vida da mulher profissional, como por exemplo, aumentar a licença paternidade para que os homens desde cedo sejam instigados a ter um papel ativo na paternidade.

Mudar as regras para o acesso a programas sociais na perspectiva de universalizar o cuidado a quem precisa, criando centros para oferecer atendimento as demandas, assim como flexibilidade na carga horarias das mães de crianças com necessidades especiais, pode por exemplo, garantir que toda mulher consiga creche para seus filhos, isso ainda não é realidade para todas as brasileiras.

Sobre as próprias mulheres é preciso se questionar e mudar sua postura em relação a sua carreira. Mas também se questionar e mudar sua postura em relação as outras mulheres, passar a valorizar umas às outras. E os homens também precisam ter um papel ativo nessa discussão porque hoje a liderança é majoritariamente masculina em todos os setores da economia, os homens podem ter um impacto transformador na promoção da igualdade de gênero. Deveriam fazer isso porque a igualdade de gênero é boa para todos, com as mesmas oportunidades para os indivíduos.

Até conquistarmos a igualdade de gênero levaremos muitos anos, mas podemos acelerar um pouco essa mudança se esses três atores: mulheres, sociedade, Estado, assumirem um protagonismo nessa mudança com certeza trairia muito mais

realizações para as mulheres, reiterando, traria muitos ganhos sociais, culturais e para nossas relações sociais.

Podemos concluir que a questão do cuidado precisa ser discutida dentro da esfera política, e ter a conscientização dos indivíduos com a responsabilidade coletiva no cuidado. Repassar aspectos de igualdade para a nova geração, com novas brincadeiras, novas estratégias para descontruir essa degradação da figura feminina na sociedade.

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