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Considerações Finais

No documento DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO (páginas 144-146)

CAPÍTULO VI – CONCLUSÕES

6.1. Considerações Finais

A partir do que foi desenvolvido anteriormente, ao nível da triangulação dos resultados obtidos e não querendo ser repetitiva nas ideias e na análise, apresentamos para as considerações finais, as conclusões predominantes da investigação. Portanto, a sua leitura complementa-se com a leitura do ponto anterior.

A presente investigação tem como tema as lideranças no binómio escola-comunidade educativa: estudo de caso numa escola da RAM. Esta explora a influência das lideranças na relação entre a escola e a comunidade educativa, que vem assumindo uma centralidade crescente neste século, devido às tendências evolutivas que vêm sendo apresentadas no plano da organização e ação do Sistema Educativo Português.

Neste contexto, tem havido uma proliferação de conceitos como autonomia, projeto educativo, territorialização, descentralização, democratização, participação e comunidade, bem como o surgimento de novas políticas e práticas de administração escolar, que originam parcerias socioeducativas entre a escola e instituições locais de saúde, serviços sociais, empresas, entre outras entidades. Estas parcerias contribuem para a valorização da escola na comunidade e para que haja uma maior visibilidade e reconhecimento da sua participação no desenvolvimento local. Nesta ótica, observamos que os processos de descentralização e de territorialização da educação são atribuídos pela administração central às Autarquias, ou seja, ao poder local. Para que estes processos se concretizem, precisam de uma efetiva autonomia. Esta é, por sua vez, construída a partir do estabelecimento de relações entre a escola e a comunidade na qual está inserida.

Pretendemos com a elaboração deste estudo, responder ao seguinte problema de investigação: De que forma as lideranças influenciam a relação entre a escola e a comunidade educativa? Deste modo, analisamos se as lideranças têm influência sobre a relação entre a escola e a comunidade educativa, se no contexto escolar existe abertura à comunidade e como se desenvolve.

Os resultados da pesquisa indicaram que o estilo de liderança mais observado nos comportamentos dos presidentes dos órgãos de direção da Escola Básica e Secundária Gonçalves Zarco, pelos inquiridos, foi o estilo transformacional. Na sua prática, os líderes conhecem bem as realidades sociais da escola, desenvolvem diversos projetos em conjunto com a comunidade, valorizam os recursos existentes na comunidade, são acessíveis e abertos ao diálogo, mobilizam os colaboradores para causas e processos coletivos, partilham os

sucessos com a equipa, estabelecem relações de confiança com a comunidade educativa e incentivam a participação na tomada de decisões.

A liderança transformacional torna-se, portanto, uma dimensão essencial, tanto para a escola como também para a comunidade local, na qual desenvolve as suas ações. Constatamos que os comportamentos transformacionais dos presidentes influenciam a forma como a escola interage com a comunidade educativa. Comprovamos que essa relação é mediada pelas lideranças e que estas são fundamentais para o desenvolvimento dessas interações. Por este motivo, focamos o nosso estudo nos órgãos responsáveis pela direção da escola, mais especificamente o Conselho Executivo, o Conselho da Comunidade Educativa e o Conselho Pedagógico, com o intuito de verificar a sua influência e como esta é posta em prática.

A análise realizada aos resultados obtidos nos inquéritos por questionário revela unanimidade entre a perceção dos colaboradores (DT, MCCE e MCP) e a perceção dos presidentes (PCEx, PCCE e PCP), quanto ao estilo de liderança praticado. Assim sendo, não houve discrepâncias entre as análises efetuadas pelos líderes e pelos seus colaboradores.

Quanto aos resultados da liderança, os inquiridos verificaram como mais frequentes os comportamentos que revelam a satisfação. Nos tipos de motivações dos presidentes, os inquiridos evidenciaram que a principal motivação é para a afiliação, seguindo-se da motivação para o sucesso. Estes indicadores mostram que os presidentes dos órgãos de direção da EBSGZ, no seu dia-a-dia, tentam manter a equipa sempre unida e satisfeita, através do desenvolvimento de métodos de liderança satisfatórios, fazendo a gestão dos conflitos, esforçando-se por criar harmonia no seu grupo de trabalho, valorizando todos os elementos da equipa e trabalhando para alcançar o sucesso da organização.

A aquisição destes dados é importante, na medida em que gera informação aos indivíduos participantes e ao estabelecimento de ensino a que pertencem, sobre os seus pontos fortes e fracos relativamente às práticas de liderança, no sentido de melhorá-las progressivamente.

A escola, de um conceito de sistema fechado passou, atualmente, para um conceito de sistema aberto à comunidade, onde muros e fronteiras se esbatem. O que ocorre no espaço escolar é um reflexo de situações sociais que surgem da comunidade envolvente. Os resultados da pesquisa mostram que a atual crise e as transformações sociais ocorridas na comunidade afetam a escola e, portanto, as suas lideranças. Nesta lógica, a escola cria condições propícias para combater esses problemas, por meio de ações de solidariedade, realização de atividades e projetos de cariz educativo e social e, também, através de parcerias.

O estabelecimento de parcerias e protocolos, por parte da escola, com entidades da comunidade local contribuiu para garantir uma eficiente articulação de espaços e recursos (materiais, técnicos e financeiros), permitiu uma maior abertura da instituição ao meio e a uma participação coerente e mais ativa dos elementos da comunidade educativa nas dinâmicas escolares. Inclusive, a EBSGZ, através destas parcerias, assegura a colocação dos alunos dos Cursos Profissionais e dos CEF, em estágios. Verificamos também que, mediante o Conselho da Comunidade Educativa, esta tem um contacto direto com a Autarquia (atual Departamento de Educação e Qualidade de Vida) e com entidades locais da área da saúde e segurança social.

De acordo com as diversas perceções, esta relação estabelecida entre a escola e a comunidade está em desenvolvimento, visto que os seus líderes manifestam a intenção de reforçar cada vez mais essas interações com a comunidade educativa, tentando, assim, aproximar os vários atores envolvidos no processo educativo, designadamente os alunos, pessoal docente e não docente, pais, encarregados de educação e comunidade, implicando-os nas decisões internas da escola, mediante a organização de reuniões, formações, conferências, palestras, ações de sensibilização, clubes, exposições, entre outros.

Para agilizar a abertura ao meio envolvente, a escola, através das suas lideranças, faz uma divulgação da sua imagem junto da comunidade. Esta imagem favorável é construída por meio da publicação de todos os projetos e atividades escolares desenvolvidas. Estas são estratégias que a escola utiliza para aumentar a viabilidade das suas ações, a fim de estabelecer novas colaborações e parcerias.

Por fim, pretendemos evidenciar que todos estes processos, que contribuem para uma real abertura da escola ao meio, representam oportunidades educativas (formais, não formais e informais) para os vários atores implicados na relação entre a escola e a comunidade educativa.

No documento DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO (páginas 144-146)