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Técnicas de Análise e Interpretação de Dados

No documento DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO (páginas 77-80)

CAPÍTULO III METODOLOGIA

3.6. Técnicas de Análise e Interpretação de Dados

Segundo Bento (2011), a análise de dados é um “conjunto de métodos estatísticos que permitem visualizar, classificar, descrever e interpretar os dados recolhidos junto dos sujeitos da investigação” (p. 51). Nesta fase da análise, as informações são organizadas por categorias, simplificando assim a posterior comparação dos dados (Bell, 2004). Para Yin (2003), “a análise de dados consiste em examinar, categorizar, classificar (…) para tratar as proposições iniciais de um estudo” (p. 137). Na perspetiva de Bogdan e Biklen (1994), este é um processo de pesquisa que envolve o manuseamento dos dados recolhidos, sobre os quais o investigador pretende aumentar a sua própria compreensão e permite partilhar ou publicar o que encontrou. Nesta lógica, a análise tem “a tarefa de interpretar e tornar compreensíveis os materiais recolhidos” (Idem, p. 205).

Quando o investigador estiver a elaborar a análise dos dados, terá de procurar em especial “categorias e critérios comuns” (Bell, 2004, p. 205). De certa forma, “o trabalho do investigador consiste em procurar continuamente semelhanças e diferenças, agrupamentos, modelos e questões de importância significativa” (Idem, p. 183), para a investigação.

Conforme Bell (2004), quando trabalhamos com dados descritivos, é necessário efetuar uma análise de conteúdo. Confirmando esta perspetiva, “o tratamento dos dados poderá ser efetuado, por exemplo, utilizando a técnica de análise de conteúdo, podendo-se organizar no final as categorizações por áreas” (Sousa, 2009, p. 142). Para esta investigação, adotámos como técnicas a análise de conteúdo, para os dados recolhidos das entrevistas, e a triangulação.

3.6.1. Análise de Conteúdo

Segundo Bardin (1977), a análise de conteúdo é “um conjunto de técnicas de análise das comunicações, que utiliza procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens” (p. 38). Esta é uma técnica de investigação que só tem início quando todos os documentos ou dados descritivos são recolhidos e selecionados adequadamente (Bell, 2004; Bogdan & Biklen, 1994). Na opinião de Bauer (2000), referenciado por Flick (2009), “a análise de conteúdo é um dos procedimentos clássicos para analisar o material textual, não

importando qual a origem desse material – que pode variar desde produtos [dos media] até dados de entrevista” (p. 291).

Devido ao número significativo de entrevistas efetuadas e para facilitar o processo de análise dos dados, efetuamos uma análise de conteúdo. A análise dos dados iniciou-se com a criação de uma matriz (Apêndice 8), onde se registaram todos os dados recolhidos pelos itens das entrevistas (Sousa, 2009). Deste modo, sintetizamos e organizamos os conteúdos por categorias. Para Bogdan e Biklen (1994), “as categorias constituem um meio de classificar os dados descritivos que recolheu, para que o material contido num determinado tópico possa ser fisicamente apartado dos outros dados” (p. 221).

Neste âmbito, Bardin (1977) organiza a análise de conteúdo em torno de três fases: 1.º, a pré-análise; 2.º, a exploração do material e, 3.º, tratamento dos resultados obtidos, inferência e interpretação. A primeira fase possui três etapas: “a escolha dos documentos a serem submetidos à análise, a formulação das hipóteses e dos objetivos e a elaboração de indicadores que fundamentem a interpretação final” (Idem, p. 95). A segunda fase consiste essencialmente na análise, onde se administra sistematicamente, através de operações de codificação, desconto ou enumeração, as regras previamente formuladas na fase da pré- análise. Quanto à terceira fase, “os resultados brutos são tratados de maneira a serem significativos e válidos” (Idem, p. 101), por meio de operações estatísticas e provas de validação, para aumentar o rigor dos resultados. Após obter resultados significativos e credíveis, o analista “pode então propor inferências e adiantar interpretações a propósito dos objectivos previstos, ou que digam respeito a outras descobertas inesperadas” (Ibidem).

O objetivo da análise de conteúdo é “a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção (ou, eventualmente, de recepção), inferência esta que recorre a indicadores (quantitativos ou não)” (Idem, p. 38). Nesta lógica, se a descrição é a primeira etapa e se a interpretação é a última, então, de acordo com a autora, “a inferência é o procedimento intermediário, que vem permitir a passagem, explícita e controlada, de uma à outra” (Idem, p. 39).

3.6.2. Triangulação

Em educação, a triangulação é uma metodologia de investigação que observa e analisa o mesmo fenómeno a partir de três ou mais pontos diferentes e através da combinação de diferentes instrumentos (Sousa, 2009). O objetivo da triangulação é “procurar recolher e analisar dados obtidos de diferentes origens, para os estudar e comparar entre si” (Idem, p.

173). Segundo Bento (2011), o conceito de triangulação é definido como “o uso de múltiplos métodos ou perspectivas para a recolha e interpretação de dados sobre algum fenómeno, para que haja convergência quanto a uma representação precisa da realidade” (p. 64). Nesta perspetiva, a aplicação de vários métodos permite ao investigador obter um resultado mais autêntico da realidade e uma compreensão mais completa do fenómeno em análise.

Bisquerra (1989, citado por Sousa, 2009) identificou quatro tipos básicos de triangulação, bem como uma combinação entre os mesmos, que passamos a descrever:

Triangulação de dados – os dados são recolhidos de diferentes fontes, para serem comparados entre si;

Triangulação de investigadores – ocorre quando vários observadores analisam o mesmo fenómeno e são debatidas as suas convergências e divergências;

Triangulação teórica – sucede quando os investigadores estudam teorias alternativas ou opostas sobre diferentes perspetivas, procurando, sobretudo, obter uma melhor compreensão do fenómeno;

Triangulação metodológica – ocorre quando o investigador utiliza diferentes métodos e técnicas, para comparar entre si os resultados obtidos e aumentar assim a segurança em suas interpretações.

Triangulação múltipla – esta é a combinação dos diferentes tipos de triangulação já supracitados.

Para a elaboração desta investigação utilizei a triangulação de dados, incluindo assim os dados provenientes de várias fontes, como dos inquéritos, entrevistas e revisão da literatura, comparando-os entre si. Também optei pela triangulação metodológica das técnicas de recolha de dados, visto que a aplicação de mais do que dois métodos ou técnicas facilita a comparação e a validação dos resultados obtidos, produzindo evidentemente uma maior confiança nesses resultados (Ibidem).

De acordo com Stake (2009), a técnica da triangulação é utilizada com o propósito de assegurar a validade de uma investigação. Sousa (2009) partilha este mesmo parecer, afirmando que “a triangulação possui o mérito de conferir um certo robustecimento à validade de uma investigação de caráter qualitativo” (p. 173). Conforme o mesmo autor, a triangulação é um método apropriado, em determinadas circunstâncias, designadamente para o estudo de caso.

No documento DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO (páginas 77-80)