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Procedimentos para a Tomada de Decisões

No documento DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO (páginas 121-123)

CAPÍTULO V – APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS

5.2. Análise dos dados recolhidos através das Entrevistas

5.2.3. O Líder

5.2.3.3. Procedimentos para a Tomada de Decisões

O PCEx considera que um líder deve ter a capacidade de saber tomar decisões e assumir as decisões que toma. No dia a dia, o PCEx e a VPCE mencionam que há certas situações que têm de ser decididas de imediato, porque não deixam dúvidas ou porque são urgentes. Sob este ponto de vista, Goleman et al. (2011) confirma que os acontecimentos urgentes exigem decisões rápidas. Entretanto, existem outras situações que procuram a opinião dos grupos ou que são decididas em reuniões alargadas.

Nos normativos legais está determinado que o Conselho Executivo é um órgão colegial, mas o PCEx tem uma visão muito crítica relativa a este ponto, afirmando que “de colegial não tem nada”. Justifica esta afirmação, alegando que em “toda e qualquer decisão, a responsabilidade recai sobre o Presidente do Conselho Executivo”, seja do ponto de vista financeiro, seja do ponto de vista da gestão escolar. Segundo Bolívar (2012), o exercício de uma liderança distribuída apresenta alguns “dilemas e tensões”. Por um lado, o poder e a responsabilidade precisam ser compartilhados, envolvendo todas as partes interessadas (stakeholders); por outro, quem tem, em última instância, a derradeira responsabilidade de fazer com que a escola funcione, é o líder.

Relativamente às decisões de âmbito geral, o PCEx declara “ouço sempre os colegas”. Como equipa, têm uma política de levar os assuntos aos grupos e, estes, por sua vez, sugerem qual a decisão a tomar. Esta conduta interliga-se com o estilo democrático de Goleman, dado que o líder democrático valoriza o contributo e escuta as opiniões de cada membro, obtendo a unanimidade das pessoas através da participação nas tomadas de decisão (Goleman et al., 2011; Fraga, 2014; Goleman, 2015). Por este motivo, o PCEx argumenta que “há muitas situações, que nós levamos ao Conselho Pedagógico, que nem teríamos de levar, mas preferimos porque têm a ver com a escola”. Esta é uma forma de envolver todas as pessoas interessadas a participar, obrigando-as a assumirem a responsabilidade, para que sintam que a decisão também é delas. Na liderança democrática, o líder delega responsabilidades e fomenta a participação dos liderados na tomada de decisões (Chiavenato, 2004; Bento & Ribeiro, 2013). A participação ativa e a responsabilização conjunta foram, igualmente, aspetos evidenciados por Barroso (2005). O PCEx expõe que “existem até decisões que pedimos a opinião e, acaba, por não ser aquela que nós concordamos enquanto Conselho Executivo, mas optamos por assumir, porque é a ideia geral da escola”. Neste sentido, sublinha que “as decisões não são tomadas de cima para baixo”. Tendo em consideração esta apreciação, a VPCE é da opinião que por vezes “não é a questão de ter autonomia ou não ter autonomia

para tomar sozinha a decisão, às vezes, se envolvermos os outros na tomada de decisão, eles interiorizam melhor aquilo que queremos transmitir e envolvem-se rapidamente”.

O PCCE defende as suas ideias e gosta que vão avante, mas geralmente tenta chegar a um certo consenso, em relação ao que é aprovado, com os elementos do CCE e com os outros órgãos da escola. Em último caso, se o mesmo não for suficientemente convincente a exprimir as suas ideias, os outros membros do CCE podem votar contra a decisão. Conforme garante, “eu apenas oriento o conselho, o meu voto não se sobrepõe ao dos outros”. Inferimos que este é um líder democrático, pois assume o papel de orientador do grupo (Bento & Ribeiro, 2013). A PCP afirma que “no Conselho Pedagógico, muito raramente, diria até quase nunca, decidimos sozinhos”, primeiro ouvem-se sempre os grupos e os departamentos, antes de tomar alguma decisão. Mesmo depois, quando emitem um parecer, este é partilhado com todos os representantes assentes no Conselho Pedagógico. Como podemos constatar, as decisões nunca são tomadas individualmente, são sempre em conjunto, menciona: “damos muita importância à opinião dos nossos colegas, é necessário que eles se sintam parte da organização e só assim é que nos vamos comprometer e vamos ter uma cultura de escola”. De acordo com Kouzes e Posner (2009), a PCP permite que os outros participem através do sentido de trabalho em equipa. Reforçando esta ideia, os autores adicionam “os líderes permitem que os outros ajam, não a exibir o poder que têm, mas a abrir mão dele e a transmiti-lo” (p. 43). A presidente acrescenta que muitas das decisões são levadas ao CCE e conclui, convicta, praticamos uma liderança partilhada. Em conformidade com Sergiovanni (2004b), nas boas escolas “pratica-se uma liderança partilhada, respeitando os professores como profissionais, realçando a resolução de problemas através da colaboração e envolvendo os funcionários nos aspectos críticos da escola, incluindo os valores em desenvolvimento, objectivos e a sua missão” (p. 106). A prática desta liderança distribuída, salientada por Bolívar (2012), faz com que a iniciativa e influência sejam partilhadas por todos os elementos da escola. O mesmo autor considera que a liderança distribuída ou partilhada “reconhece que as deferentes pessoas – e não só os que ocupam cargos oficiais - podem emergir como fontes de influência em diferentes ocasiões, com efeitos positivos nas atividades da escola” (p. 75).

A PCP assinala que os diretores de turma solicitam a intervenção dos pais nas decisões, e cita, “nós tentamos sempre incluir os pais nas decisões”. Quando surge problemas com algum aluno, informam os pais ou encarregados de educação e tentam colocá-los a colaborar na decisão. Um estudo de Duttweiler (1990, cit. por Sergiovanni, 2004b) revela que “as boas escolas envolvem os pais na vida escolar” (p. 106). Neste sentido, Nóvoa (1995) considera que os pais são um grupo que intervém no processo educativo e, por este motivo, devem

participar nas decisões e, assim, ajudar a orientar os seus filhos, associando-se aos esforços dos professores. É, pois, importante a criação de condições propícias à colaboração efetiva dos encarregados de educação na vida escolar.

Relativamente à forma como a PCP lida com os alunos, esta dá um exemplo, quando é necessário aplicar uma medida disciplinar a um aluno. Primeiramente, analisa todos os antecedentes desse aluno. Segundo a sua opinião, “há sempre antecedentes que temos de ter em conta, não pode ser tudo by the book”. É preciso ouvir, perceber e considerar. Mas é claro que o aluno não sai impune, pois a presidente toma sempre alguma decisão.

A representante da Autarquia refere que, ao nível das decisões, o seu papel não é determinante, esclarecendo que “o nosso voto é um voto complementar a algo que já foi decidido pelas pessoas que têm essas competências, acabamos por dar apenas o nosso aval”. Quando assiste às reuniões, “parece que nós não temos um papel muito interventivo e os outros elementos que estão fora da escola também têm essa sensação”. Com efeito, não tem dúvidas que só por participar e dar o seu parecer sobre os assuntos relacionados com a escola, esta é uma vantagem para ambas as instituições. Contudo, Fraga (2008) sublinha que este é um poder meramente consultivo, mas necessariamente praticável.

No documento DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO (páginas 121-123)